Capítulo 195: O Motivo Pelo Qual Ela Está Aqui (1/4)

Chohong chegou à Montanha Rochosa da Pedra Imensa por volta do meio-dia. Ela não conseguiu se sentar nem caminhar confortavelmente durante toda a viagem, mesmo estando de visita a um lugar que deveria trazer lembranças nostálgicas.

Como as únicas memórias que tinha daquela montanha envolviam rolar no chão como um cachorro, até respirar o ar dali a fazia se sentir mais enojada do que revigorada.

“Ter sido líder temporária realmente salvou minha pele…”

Depois de chegar ao local que Jang Maldong lhe indicara, Chohong soltou um suspiro profundo antes de esticar o pescoço e olhar ao redor. À distância, viu algo preto se movendo em zigue-zague de um pico a outro.

— Heeey!

Ela esperou até aquilo se aproximar e, quando acenou com as mãos, Hugo parou após descer pela encosta da montanha. Ele olhou para Chohong e enxugou o suor que pingava de seu rosto.

— Você chegou?

— Alegrem-se! Sua Messias veio salvá-lo do seu sofrimento.

— Messias… Por que não veio antes?

— Cuidado com o que diz! Esta montanha é o território de um demônio maligno. Até eu, a Messias, preciso enfrentar perigos inimagináveis para chegar aqui.

— Merda, você se chama de Messias sendo que a sua própria segurança é sua prioridade número um?

Quando Hugo resmungou, Chohong caiu na gargalhada.

— Já que você ainda está inteiro, estou imaginando que não foi tão ruim assim, né?

— Não, não — Hugo balançou a cabeça e sorriu.

— Treinei de verdade enquanto uma certa pessoa ficava de pernas pro ar em casa.

— Oh?

— Só espere para ver os frutos do meu treinamento, fufufufu!

Os músculos faciais de Chohong se contraíram ao ouvir a declaração de guerra de Hugo. Ela colocou a mão no ouvido e se inclinou para ele.

— O que você disse?

— Deixa pra lá.

— O quêêê?

— Tá surda?

— Hã? Ah, desculpa. É que eu não consegui ouvir direito, porque veio de um PERDEDOR que nem Alto Ranker é.

A expressão de Hugo enrijeceu.

— V-Você só é uma falsa Alto Ranker.

— Mhm, próximo Level 4 que nem falso Alto Ranker consegue ser, por favor.

— Sua desgraçada!

Hugo avançou nela, mas recuou rapidamente. Chohong havia sacado sua maça, a Espinho de Aço +2.

— Kyaaa, olha só essa belezura. É magnífica toda vez que eu olho. Não acha?

— Vai se ferrar!

— Sabe, eu estava mesmo com vontade de uma briga. E por algum motivo, nem vi um único monstro no caminho até aqui.

Quando Chohong lançou um olhar para ele, Hugo se encolheu e gritou, indignado.

— V-Você só teve sorte porque o Seol te deu essa maça!

— Olha quem fala. Não foi você quem pegou a alabarda do Khan quando ele morreu na Floresta da Negação?

— Uma coisa não tem nada a ver com a outra!

— Aham, aham~ Fazer o quê~? O Seol gosta mais de mim. Se não está feliz, vá você também bajular ele~ — Chohong sorriu e zombou de Hugo. — De qualquer forma, não devia ser você quem está preocupado comigo? Você perdeu todo o seu equipamento quando foi capturado da última vez.

Chohong acertou bem onde doía, e o rosto de Hugo se contorceu. No fim…

— Huaaaang! — Ele explodiu em lágrimas e saiu correndo.

— Hmph, você não é páreo para mim. — Chohong bufou e seguiu caminhando despreocupadamente. Logo, avistou uma árvore velha e estranha. Era uma árvore tão grossa que dois braços abertos mal a abraçariam, mas o mais curioso era que todas as folhas haviam caído no chão.

“Droga, o velho deve ter inventado outro método de treino esquisito.” Foi o que pensou ao ver aquela pobre árvore. Logo depois, encontrou o esconderijo na colina. Vendo Jang Maldong parado em frente à entrada, ela imediatamente se curvou até a cintura.

Jang Maldong respondeu sem sequer olhar para ela.

— Chegou.

— Cheguei.

— Está com boa aparência.

— Como pode saber se nem olhou para mim?

— Basta ouvir sua voz para saber.

— Se está pensando em me fazer treinar, pare de sonhar. Tenho que voltar logo para cuidar de um assunto importante.

Chohong parou, pois Jang Maldong havia levantado a mão. No entanto, ele apenas olhava para a distância com uma expressão pensativa.

Chohong também virou o olhar. E ali, viu um jovem brandindo uma lança no ar, executando uma série de técnicas enquanto desviava de cerca de uma dúzia de troncos de madeira voando em sua direção.

— Já está fazendo ele fazer isso?

— Fique quieta. — Jang Maldong cruzou os braços, tamborilando com o polegar direito no braço.

— Oh? — Chohong exclamou surpresa ao ver Seol Jihu desviando dos troncos com habilidade.

— Quantos ele já desviou?

— Mais de cem.

Chohong ficou ereta, observando o jovem com uma expressão relaxada. Mas isso só durou um momento. Quando ele ultrapassou duzentas, depois trezentas esquivas, ela não conseguiu conter um salto de surpresa.

— Não é o primeiro treino dele?

No momento em que perguntou isso, Seol Jihu desabou. Diversos troncos voaram de todos os lados. Talvez ele tivesse calculado errado, pois não conseguiu desviar de um deles e acabou sendo atingido na lateral.

O polegar de Jang Maldong parou.

— 312.

Um sorriso satisfeito brotou em seu rosto envelhecido.

— Então finalmente passou dos trezentos. Esse é o novo recorde dele.

Chohong assobiou.

— Uau! Ainda assim, o meu recorde é 1008.

— Você conseguiu isso uma vez.

— Mas recorde é recorde.

— Está certa. Embora tenha demorado mais de um ano para alcançar isso.

— …Tsk. — Chohong virou o rosto. Jang Maldong sorriu vendo Seol Jihu se lamentando, antes de se virar para Chohong.

— E qual é esse assunto importante?

— Não é só um, são vários. Inclusive teve um incidente enorme…

— Fale.

— Explico no caminho de volta. O cocheiro deve estar tremendo de nervoso.

— Você realmente inventa de tudo para escapar do treinamento.

— Não é isso! Vamos logo!

Chohong gritou indignada antes de sair correndo morro abaixo. Jang Maldong sorriu e então anunciou que o treino havia terminado. Seol Jihu e Hugo imediatamente correram até ele.

Como já tinham arrumado suas coisas pela manhã, não demoraram para partirem.

— Hut, hut!

Seol Jihu jogou suas mochilas no ombro e lançou um último olhar para trás. Ao observar a caverna onde havia passado o último mês, um sentimento agridoce cresceu dentro dele.

“Posso sempre voltar depois.”

Pouco depois, ele sorriu de maneira revigorante e seguiu adiante.