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    Dois dias depois.

    Enquanto Seol Jihu estava ocupado lendo um livro que havia emprestado da biblioteca sobre o Banquete, um pacote chegou ao escritório da Carpe Diem. A remetente era Kim Hannah e, assim que Seol Jihu confirmou o conteúdo do pacote, ele pulou de surpresa.

    Dava para ver várias peças de armadura empilhadas umas sobre as outras. A primeira coisa que chamou sua atenção foi uma brigandina com detalhes dourados. Junto dela, vinham um gorjal para proteger o pescoço e uma couraça para proteger o peito. O design da armadura exibia uma montagem prática e, só de olhar, era possível perceber que ela havia sido feita pensando no conforto.

    Ele também viu uma cota de malha pequena para usar por baixo. Era um pouco mais longa do que a que ele havia comprado na Zona Neutra, e os elos eram feitos de um metal branco desconhecido em vez de aço.

    E não era só isso. Também havia uma jaqueta de couro de alta qualidade, de cor marfim, calças de couro marrom-avermelhado e botas marrons com cadarços.

    Depois de ver os cinco itens, Seol Jihu ficou de boca aberta de espanto. Mesmo não sendo especialista em equipamentos, ele podia perceber à primeira vista que aqueles itens valiam muito mais do que várias dezenas de moedas de prata.

    A cota de malha e a brigandina pareciam especialmente extraordinárias. Ele estimou que deviam valer pelo menos algumas centenas de moedas de prata.

    “Ela não precisava ter feito tanto assim…”

    Mesmo pensando isso, já estava vestindo tudo com um sorriso radiante no rosto. Afinal, receber equipamentos de alta qualidade sem gastar nem uma moeda de prata, como não ficar nas nuvens?

    Claro, ele não se esqueceu de ligar para agradecer.


    Quatro dias antes do surgimento das entradas para o Banquete, Kazuki visitou o escritório.

    — Sinto muito.

    Havia apenas um motivo para Kazuki estar se desculpando: ele havia falhado em recrutar um Sacerdote.

    A presença de um Sacerdote era um fator vital em uma expedição. Como o Banquete era especialmente volátil e imprevisível, ter um Sacerdote de cura era absolutamente essencial.

    O fato de não terem conseguido encontrar um significava que precisariam reconsiderar a participação no Banquete.

    — Parece que a Tsuji Yuki está realmente levando isso a sério.

    Jang Maldong murmurou. Kazuki não negou nem confirmou a afirmação, mas seu rosto tenso estava carregado de uma raiva fria.

    — Procurei entre meus contatos tanto em Haramark quanto em outras cidades, mas…

    Kazuki estava tão furioso que nem conseguiu terminar a frase. Não era surpresa: um Arqueiro do calibre de Kazuki tinha muitos contatos. Não fazia sentido que ele não conhecesse ao menos um ou dois Sacerdotes.

    Se não encontrou ninguém, apesar disso…

    — Outras cidades também?

    — Sim. Foi como se tivessem combinado antes. Todos disseram que já estavam integrados a outra equipe.

    Então fazia sentido acreditar que a Federação Empresarial Japonesa havia interferido.

    — Haa.

    Jang Maldong balançou a cabeça com um suspiro. Era lamentável, mas era uma regra não escrita do Paraíso não se meter em disputas internas. A Federação Empresarial Japonesa provavelmente estava insatisfeita com a Carpe Diem por formar uma equipe com Kazuki.

    De qualquer forma, restavam duas opções: desistir do Banquete ou a Carpe Diem encontrar um Sacerdote por conta própria.

    A Federação Empresarial Japonesa não teria justificativa para interferir nas atividades da Carpe Diem. Mas o problema era que nem Hugo nem Chohong tinham contatos com Sacerdotes.

    Jang Maldong, que já havia se aposentado do Paraíso, também não queria se envolver em questões externas. Claro, se realmente quisesse, poderia encontrar alguém, mas não tinha certeza do que seria pedido em troca.

    No fim, todos os olhares se voltaram para uma pessoa.

    — Seol. — Hugo abriu a boca com cuidado. — Você pode pedir para a Maria?

    — Maria Yeriel?

    Quando Kazuki perguntou, Hugo assentiu com a cabeça.

    — O Seol recrutou ela pessoalmente para a missão na Vila Ramman.

    — Se for ela, tudo bem. Ela é gentil e habilidosa. — Jang Maldong assentiu em concordância.

    Os olhos de Kazuki também brilharam. — Seol, por favor, estou pronto até para me agarrar a qualquer esperança.

    “A Maria é… gentil?”, Seol Jihu inclinou a cabeça antes de fazer uma expressão preocupada.

    — Pedir não é difícil, mas… — Ele deixou a frase morrer e balançou a cabeça. — Duvido que ela aceite.

    Na missão anterior, Maria passou por perigos de vida e perdeu seu precioso artefato. A imagem dela chorando e declarando que nunca mais o seguiria ainda estava vívida em sua mente.

    Kazuki prosseguiu como se isso não importasse.

    — Não estou dizendo que você é nossa única esperança. Tenho outra coisa que posso tentar, mas ainda gostaria que você tentasse também.

    Pedir não seria difícil. Seol Jihu hesitava apenas porque sabia qual seria a reação de Maria. Claro, sabia que não estava em posição de ficar de braços cruzados, então aceitou relutantemente.

    — Qual é o seu outro plano?

    Ao ouvir a pergunta de Chohong, Kazuki olhou pela janela.

    — Vou vê-la.

    — Quem? …Ah.

    Chohong imediatamente pensou em alguém.

    — Bem, já que ela te criou, pelo menos não vai te ignorar.

    — Foi por pouco tempo, mas ela me ajudou muito.

    Kazuki parecia relutante, mas de um jeito ansioso.

    — Vou explicar nossa situação e pedir ajuda. Pode ser vergonhoso da minha parte, mas não temos o luxo de ser exigentes.

    Kazuki tirou uma bola de cristal do bolso.

    — Me avise como foi com a Maria, Seol.

    — Sim, te aviso na hora.

    Seol Jihu se levantou e pegou o cristal.


    Mesmo horário, em outro lugar.

    — Atchim!

    Maria espirrou alto em seu quarto no templo.

    — Porra… Por que tá tão frio?

    Ela fungou enquanto abraçava o próprio corpo diante da súbita onda de frio.


    Mesmo horário, em outro lugar.

    Seol Jihu foi até o templo da Luxuria visitar Maria.

    — Eu recuso.

    Encontrá-la não foi difícil, e sua resposta também não.

    — Porque eu, Maria, prezo mais a minha vida do que dinheiro. De que adianta dinheiro se você morrer e não puder usar? Não é?

    Ela colocou as mãos na cintura e declarou de maneira autoritária. Seol Jihu conteve o impulso de cutucar suas bochechas rechonchudas e abriu a boca.

    — Senhorita Maria.

    — Cale a boca. Vá embora antes que eu chame alguém. Xô!

    Maria o enxotou como se não quisesse mais nada com ele. Claro, Seol Jihu não veio despreparado. Ele trouxe o artefato de crucifixo que havia conseguido nos depósitos da família real para usar como isca. No entanto, surgiu um problema inesperado.

    O mesmo artefato de crucifixo já estava pendurado no pescoço de Maria. Parecia que, de alguma forma, ela havia conseguido um idêntico.

    Vendo que Seol Jihu não tinha intenção de sair, Maria abaixou a cabeça.

    — …Bom, reconheço que seu grupo é muito forte. Já que duas das melhores equipes de Haramark se uniram, realmente não poderia ser diferente.

    — Então por quê?

    — Precisa mesmo perguntar? A Federação Empresarial Japonesa. As Tríades. Eu odeio me envolver em relações complicadas. Prefiro muito mais ver o circo pegar fogo do outro lado do rio do que me jogar no meio.

    Seol Jihu não sabia o que dizer, já que ela estava tão irredutível.

    “Acho que não tenho outra escolha.”

    No fim, decidiu desistir de persuadi-la. A Maria que ele conhecia era uma Sacerdotisa que se movia apenas por lucro. Parecia que precisava mudar de estratégia.

    Seol Jihu enfiou a mão no bolso.

    — De qualquer forma, chega de papo.

    Clang!

    O som de objetos metálicos se chocando ecoou. Maria parou e levantou os olhos. Ao ver Seol Jihu colocando uma bolsa na mesa, ela soltou um sorriso sarcástico.

    — Uau~ Que engraçado… Tudo bem, vou dar uma olhada já que insiste.

    Ela abriu ligeiramente a bolsa, e um canto de sua boca se curvou.

    — Dez moedas de prata? Você tá brincando, né?

    Ela ergueu o queixo e cruzou os braços e as pernas.

    — Fui com você para a Vila Ramman por quinze moedas de prata, mesmo tendo sido enganada. Enfim, isso aí não chega nem perto de me convencer a ir para o…

    Clang!

    Antes que pudesse terminar sua fala, uma segunda bolsa foi colocada sobre a mesa. Maria estreitou os olhos.

    — Vinte… Haa, só vá embora enquanto ainda estou sendo legal.

    Clang!

    — Sabe… Aqui tem uma vodca. Beba isso e veja se a cabeça funciona direito. Não estou tentando negociar. Eu realmente não quero…

    Clang!

    Quarenta moedas de prata. Maria mordeu os lábios carnudos.

    Clang!

    Outro ataque. Maria levantou o traseiro pela metade antes de rapidamente se sentar de novo. Ela apertou as têmporas e gemeu.

    Keuk. Se ao menos eu não tivesse gasto todo o meu dinheiro para conseguir esse artefato… Ah, n-não, não se deixe tentar!

    Ela respirou fundo várias vezes antes de se recompor com firmeza.

    — Já sei como isso vai terminar. Vou acabar me sujando de novo. Só uma idiota cairia duas vezes na mesma armadilha!

    Vendo os olhos de Maria tremerem, Seol Jihu soltou um risinho e jogou outra bolsa.

    Clang!

    Maria gritou em choque — P-Pare! O que você está fazendo!?

    — …

    — Você ficou louco!? Como pode gastar dezenas de moedas de prata para contratar uma Sacerdotisa que nem Alto Ranker é!?

    Clang!

    — S-Seu demônio! Você é um demônio!

    — …

    — Faça o que quiser! Acha que vai me comprar só com isso?

    Clang!

    — AH!

    Maria soltou um guincho antes de se levantar furiosa. Então…

    — Oppa~!

    Ela correu até Seol Jihu e agarrou todas as oito bolsas, abraçando-as como se fossem um tesouro.

    — Como pode jogar dinheiro assim? Pobrezinhas!

    De convidado indesejado a demônio, e de demônio a oppa, tudo o que precisou foram 80 moedas de prata.

    — Estou ansioso para trabalhar com você.

    — Hmph! Eu te odeio, Oppa!

    Ela até começou a falar com voz fanhosa. Seol Jihu observava, satisfeito, Maria enlouquecida esfregando as bochechas nas bolsas.

    “Dinheiro é uma maravilha, né.”

    Embora tivesse usado 80 moedas de prata, não considerava uma perda. Ainda tinha mais de 900 moedas de prata e diversos itens de valor inestimável, como uma peça de ouro e a Prova de Castitas. Além disso, acabou economizando o crucifixo.

    Depois de recrutar Maria com sucesso, Seol Jihu deixou o templo e tirou o cristal de comunicação que Kazuki lhe entregara.

    — Seol?

    — Senhor Kazuki.

    Assim que a conexão foi feita, Seol Jihu fez um sinal de V com a mão.

    — Eu a recrutei.

    — Eu também recrutei alguém.

    O jovem e o homem ficaram com expressões atônitas.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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