Capítulo 149 — Descansem em paz, defensores
Theo correu para sua carruagem, somente para encontrar sua antiga espada descansando na almofada; a lâmina estava dividida em dois pedaços, além do material desgastado pela descarga de Malcolm.
— Merda! — xingou em exclamações.
— Eu te dou outra na capital — disse Jeanne, esperando Theo do lado de fora. — Vamos, seus colegas tem que descansar.
Todos da Trupe de Ataque, ao lado dos generais de Jane, se reuniram ao redor de uma enorme fogueira que foi mantida por mais de meia hora. Duas pequenas plataformas de madeira foram postas acima das chamas, a uma altura que a matéria-prima não fosse totalmente incinerada.
Formando um círculo ao redor do fogo, todos deram as mãos e formaram uma corrente de despedida.
Gradualmente, a partir de uma levitação criada por Nihaya, os corpos de Islan e Rod — que foram protegidos pelo djinn durante a explosão e receberam a preparação adequada para a cremação – foram colocados nas plataformas de madeira.
Aquele era um ato simbólico de descanso eterno: enquanto seus corpos existissem naquele mundo, eles poderiam se prender a algum acerto de contas. Cremar seus corpos iria garantir que eles descansassem e, acima de tudo, fosse a sua tão sonhada Valhalla.
Nos primeiros minutos, eles ficaram de olhos fechados e se esforçaram para manter uma energia positiva concentrada na fogueira.
Uma hora depois, eles se mantiveram no local, mas voltaram a interagir normalmente. Embora com o clima tenso, estavam de fato alegres.
— Daí o Jovem Mestre usou um feitiço divino e reduziu o nefilim a nada — disse Zemynder. — Hey, Nietsz, você conseguiu salvar os cadáveres dos nefilins?
— Não.
— Que pena… Queria fazer o Theo passar pelo ritual. Mas, de boa. Qualquer coisa eu busco matar mais alguns para isso.
Todos achavam um absurdo como Zemynder tratava o ato de matar um nefilim como se fosse normal. Na verdade, era só mais uma segunda-feira para o carrasco.
Jack decidiu contar a todos o comportamento de Carriel com Bastien, o que deixou o arauto de Hades bastante envergonhado. Eles riram e festejaram; embora não tivessem derrotado o maior perigo, o feito de Theo ao matar o nefilim foi a grande vitória do dia.
Quando seu estômago estava quase se contorcendo de tanto rir, Jeanne resolveu recuperar uma postura séria e se levantou, batendo suas roupas brancas para tirar o pó.
— Aí, aí. Bom, acho melhor fazer isso agora.
Ela caminhou e parou em frente a Theo. Nora, sua principal general, desembainhou uma espada e entregou à princesa que apontou a arma para Theo. Ele confiou no processo de Jane, afinal, estava tão curioso quanto todo mundo.
— Em nome do céu…
Ela tocou a lâmina no ombro direito de Theo.
— Em nome do mundo…
A lâmina tocou o ombro esquerdo do rapaz.
— Em nome do império Alsuhindr… — A espada tocou o topo da cabeça dele. — Eu, Jeanne Mospeliart, a filha do imperador Nihaya de Alsu, deusa do clã Vanir, o declaro, Theo Augustus De Lawrence, como um general oficial do império Alsu.
Sentado de pernas cruzadas, Theo encarou sua pequena deusa com espanto. Ele estava estupefato; os membros da trupe, no entanto, sorriram genuinamente e alegres.
— Você tem o direito, e dever, de eleger um tenente para sua legião. Assim que chegarmos em Kiescrone, iremos lidar com sua organização.
— Certo… — disse incrédulo.
Respirando profundamente, ele se levantou e encarnou a princesa nos olhos. Seu coração acelerava só de olhar ela; as orelhas queimavam acompanhando uma respiração ofegante.
— Obrigado, vossa alteza. — Curvou-se adequadamente. — Mas, se não se importarem… Podem não me chamar de Theo publicamente?
Selina e Nihaya foram os primeiros a entender o pedido.
— Nik’Hael… — disse Selina.
— Exatamente.
— Como assim? — perguntou Jack.
— Se Nik’Hael voltar até Bvoyna, que acredito que acontecerá, ele muito certamente irá expor o Theo — concluiu Selina. — Irá contar os poderes e habilidades, a aparência, a postura, o nome…
— Eu seria um alvo fácil — afirmou Theo, massageando o ombro esquerdo — Por isso, quero que me chamem de Liam Mason.
Nihaya conteve sua gargalhada. Depois de tanto reprovar o general Mason, ele teria coragem de adotar a identidade do seu eu antigo? Que hipócrita.
— General Mason? — sugeriu Jane.
O orgulho de Theo foi alfinetado, mas seu ego massageado. Agora que Theo e Liam eram um único ser, uma parte dele ainda reprovava a ideia, enquanto a outra aprovava.
— Parece ótimo — Selina apoiou. — Quanto a aparência? Como irá lidar com isso?
— Relaxem, eu cuido — disse Aidna, surgindo ao lado de Sara, Jess e Kris. — Irei te deixar tão lindo quanto já é.
Theo sorriu delicadamente para a druida.
— Então… Vamos a Kiescrone. Dominar e destruir o império de Bvoyna.
Após o decreto de Theo, toda a legião de Jane estendeu suas lâminas ao céu. Entre gritos e berros, a primeira declaração do novo General de Alsuhindr veio carregada com sua determinação.
Palácio Imperial, Cephian
Sala Celestial
O Palácio Imperial de Bvoyna era encantado por uma magia ancestral; capaz de permanecer uma estrutura colossal flutuando acima das nuvens. A Grande Sala Celestial, também chamada de El Trono Del Rey, ficava no centro do Palácio.
Vidraças que mostravam o fim da ilha; logo abaixo, estava todo o Império de Cephian. Naquela altura, o império era tão minúsculo que parecia somente uma ilustração em um mapa. Bvoyna, ou Cepheus, olhava por essa vidraça que possuía entalhes remetentes a estrelas.
O trono do Mephys ficava em um pilar de quase dez metros, cujo somente o imperador podia chegar. Abaixo desses dez metros, tinha um enorme saguão com dezenas de assentos — quase como uma catedral, e o trono seria o altar onde os apóstolos iriam derramar sua fé no rei.
Cepheus estava coberto por uma mancha negra e usava uma máscara umbra; seu corpo era robusto e imponente, com um brilho carmesim escapando dos olhos.
— Pai!
De repente, as portas da Sala Celestial se abriram com um estalo. Os devotos a Bvoyna se assustaram e olharam para trás.
Carriel surgiu atrás de Nik’Hael, completamente alterado. A filha de Cepheus ordenou que todos saíssem da sala, e assim fizeram.
Bvoyna manteve-se de costas e tomado por uma sombra absoluta, assistindo o movimento de Cephian.
— Aquele maldito Jinn! Ele me traiu!
— Era de se esperar.
A voz do imperador estrondou pelo El Trono Del Rey. Nik’Hael ficou confuso com a afirmação de seu pai.
— Como assim?
— Aquele djinn está se rebelando aos poucos contra mim. Estou perdendo a ordem com ele… Não sabe seu verdadeiro nome, meu filho? Nihaya.
Hael e Carriel se espantaram.
— O imperador de Alsu?…
— Por quê não o mata?! — exclamou Hael.
— Por que assim não haveria graça nessa guerra. E, qual o motivo de tua impaciência? Não se trata apenas de Nihaya.
Nik’Hael tentou se esconder de seu pai, quando este se virou para sentar no trono.
— Oh…
Bvoyna viu o estado deplorável de seu filho: completamente machucado.
— Quem fez isso?
— O protegido do djinn!
— É?… Diga-me, como ele é?
— Seu nome é Theo. Pai… Ele é o potencial que o djinn havia mencionado.
— Como podes ter tanta certeza? — Bvoyna escorou a cabeça em seu punho.
Hael suou frio.
— Ele sobreviveu à quarta dimensão…
Subitamente, todo o Palácio Imperial foi subjugado pela presença confusa de Cepheus. A ilha flutuante desceu cerca de vinte metros devido à pressão.
— Um… Temporal?
Noxis, o Emissário da Noite, cujo encontrava-se no topo do Palácio, temeu a vontade de seu pai. A maioria dos Emissários presentes foram esmagados pela força do Rei da Guerra.
Metcroy e Metzerai, ambos reunidos no castelo real do rei de Kiescrone, sentiram a tensão de seu pai e tiveram suas forças retrocedidas pelo Mephys.
— O pai está… Tenso — disse Metzerai com a garganta seca.
Ambos foram subjugados, embora Kiescrone estivesse na outra ponta do continente.
— Carriel! — exclamou Bvoyna. — Mostre-me o indivíduo!
— Cer… Certo.
Correndo em direção a seu pai, Carriel carregou uma esfera de cristal em mãos e a fez flutuar até diante dos olhos do Mephys.
Um olho azul surgiu debaixo da carruagem de Jeanne e rondou pelas sombras da reunião. Escondido abaixo da roda, o olho azul transmitiu as imagens na esfera.
Theo estava isolado, massageando o ombro esquerdo enquanto resmungava de dor. Bvoyna o encarou profundamente, estupefato com as semelhanças entre Theo e um antigo inimigo: Erling Lawrence.
Após minutos em silêncio, Bvoyna declarou:
— Emissários, apressem seus planos! Sejam perfeitos em cada ato! A Ascensão da Estrela Eterna deverá ocorrer mais rápido do que o esperado.
A voz do Mephys surgiu na mente de todos seus filhos, então, Metcroy retrucou:
— Meu pai, o que houve?
— Forças… Capazes de me derrubar.
Não apenas Theo, mas um olho surgiu para observar toda a Trupe de Ataque e os generais de Jane. Além disso, um olho surgiu no quarto de hospedagem de Javier e Moris em Kiescrone.
As ameaças em potencial despertaram o medo do Espírito da Guerra.
Fim do volume 4: Caminho da Liberdade! Quero agradecer a todos que continuaram lendo a obra até aqui, sou grato a vocês por continuarem lendo e me dando algumas motivações para continuar publicando – motivação essa que esteve sumida no início deste ano (2025), mas que pretendo recuperar. Peço perdão pelos vacilos na publicação inconstante, mas irei retornar a publicar de um a dois capítulos por semana. Eu até poderia tornar essa obra algo diário como pedido de desculpas pelo mal desempenho desse primeiro trimestre, mas, sinceramente, prefiro continuar usufruindo do processo que é escrever essa história. Não se preocupem! Existe cem capítulos na gaveta, esperando apenas uma revisão e publicação.
Por fim, nos vemos na próxima semana com os dois primeiros capítulos do Volume 5! O penúltimo volume deste arco – sim, ainda irá se estender por mais um livro… Volume este que é intitulado de: O Falso Elohim!
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