Capítulo 220: Seol Jihu (5/8)
Foi realizada uma conferência.
Dessa vez, não era apenas uma reunião entre representantes, mas sim de todas as 110 pessoas restantes.
Outro ponto digno de nota era que os membros da facção minoritária estavam sentados junto com a equipe da aliança entre Carpe Diem e Umi Tsubame. Para a facção majoritária, que até então havia permanecido em silêncio e sem agir agressivamente, era uma visão bastante estranha.
O primeiro a falar foi o homem que havia convocado a conferência, Kazuki. No entanto, ele não disse nada de especial. Apenas recapitulara a situação em que estavam e descrevera uma direção geral para onde precisavam seguir.
Simplificando, ele estava preparando o palco para que Seol Jihu pudesse falar.
— Então — Oh Rahee, que ouvia tudo com uma expressão indiferente, finalmente abriu a boca. — Acho que já está na hora de irem direto ao ponto.
Kazuki deve ter achado que aquilo já era suficiente, pois logo encerrou suas palavras. Quando ele terminou, Seol Jihu trocou olhares com seus companheiros.
Chohong assentiu levemente, e Hugo mostrou um polegar para cima em silêncio. Maria parecia impassível, enquanto a Sacerdote de manto… parecia olhá-lo com certa preocupação.
Isso lhe deu confiança.
Logo, ele se levantou após trocar um último olhar com Kazuki. Naturalmente, olhares curiosos recaíram sobre os dois homens.
“É diferente.”
Diante de dezenas de olhares, Seol Jihu sentiu uma pressão distinta daquela que havia sentido antes. Ele podia ver vários Alto Rankers, incluindo Oh Rahee, bem como Olhos de Cobra, ou Audrey Basler. Cada um deles se sentava com confiança e descontração. No entanto, essa atitude apenas o irritava.
Enquanto isso, Oh Rahee brincava com as pontas do cabelo e sorria.
— Quem é ele?
— Pode parar com o comentário local de fofoca? — Oh Rahee respondeu de imediato ao ouvir a pergunta. O homem que havia falado fez uma expressão amarga.
— Quem diabos… N-Não, senhora. É que precisamos saber quem ele é…
— Hnng. — Oh Rahee assentiu com a cabeça e riu. — Você disse que era o Seol de Haramark?
Murmúrios, murmúrios.
Um pequeno burburinho se espalhou. Seol Jihu pôde ouvir várias variações de ‘É ele?’ ou ‘Carpe Diem?’
Vendo o interesse das pessoas aumentar, Seol Jihu abriu a boca e foi direto ao ponto.
— Há pouco tempo, as 32 pessoas da facção minoritária, que anteriormente recusaram participar da conquista da Praça do Sacrifício, expressaram sua intenção de participar.
O burburinho cessou. Seol Jihu não estava tão nervoso quanto pensara que estaria. Apenas sentia que estava fazendo o que precisava ser feito.
— Sendo assim, sugiro que organizemos várias equipes a partir dos 110 participantes.
Os cerca de 70 membros da facção majoritária trocaram olhares. A participação da minoria era algo que vinham pedindo. Mas, ainda assim, reorganizar novas equipes era algo um tanto…
— Como existem sete portas dentro da Praça do Sacrifício, dividiremos todos em sete equipes.
Seol Jihu sugeriu formar equipes de 15 a 16 pessoas para lidar com cada uma das sete portas. O problema estava na proposta de reorganizar as equipes. Ele disse que os membros deveriam ser capazes de se mover conforme a situação exigisse e, mais importante, que os 32 membros da minoria precisavam ser distribuídos igualmente.
Em outras palavras, ele estava pedindo que a facção majoritária cedesse.
Embora muitos pudessem não aprovar mentalmente, sabiam que, logicamente, não era um pedido irracional.
Contudo, aceitar algo racionalmente e aceitar de coração eram coisas bem diferentes.
— Uau… — Alguém soltou uma reclamação em voz alta.
— Estão bem mimados, hein? — A dona da voz era ninguém menos que Audrey Basler.
— Que tal ficar quieta?
Quando ela estava prestes a retrucar, alguém a interrompeu. Basler virou-se com uma expressão que parecia dizer ‘quem ousa?’, mas então viu um homem robusto encarando-a.
— Quem diabos é você… — Basler falou de forma provocativa, mas, ao ver seis homens altos e imponentes atrás dele com as mãos cruzadas nas costas, assobiou.
— Ooh~ Se fazendo de assustador~ Então é o jovem lorde dos da Triade~
— …
— Tá bom, tá bom, entendi. Para de me encarar assim, beleza? Eu só…
— Eu disse, cala a boca. — Hao Win continuou, com um olhar de superioridade. — Não está vendo que ele ainda está falando?
— Aff. — Basler deu de ombros e fez um estalo com os lábios. — Como é que gente sem proteção consegue sobreviver nesse mundo cruel?
Depois de conseguir calar Olhos de Cobra, Hao Win voltou-se novamente para a frente. Seol Jihu e Oh Rahee estavam no meio de uma conversa.
— Não.
— Não?
— Cada vez que conquistarmos a Praça do Sacrifício, precisaremos enviar seis pessoas para a Praça do Desejo Dissonante. Isso é obrigatório.
— Por quê?
— Como você sabe, o número de participantes vai diminuir conforme as batalhas prosseguirem.
— Isso é verdade. — Oh Rahee concordou, pelo menos por enquanto. Ela sabia que era irreal esperar que ninguém morresse durante as 19 batalhas.
Embora os participantes tivessem conquistado facilmente a Praça do Sacrifício quando ainda eram 140, esperar o mesmo com apenas 110 era ser ganancioso demais. Como a dificuldade da praça era fixa, era óbvio que menos pessoas tornaria as vitórias muito mais difíceis.
— Por isso, precisaremos encontrar uma forma de reforçar nossa força de combate.
— E essa forma seria entrando na Praça do Desejo Dissonante?
— Entrar e voltar, para ser mais preciso. — Seol Jihu corrigiu. — É apenas uma suposição, mas não é o desejo de todos aqui sair do Estágio 2?
Os olhos de Oh Rahee brilharam. Ela finalmente entendeu aonde o jovem queria chegar.
De fato, a recompensa do Estágio 2 era realizar os desejos dos participantes, ainda que de forma distorcida. Era a recompensa mais aguardada pelos Terrestres. O Banquete ser um grande evento bienal era uma das razões, mas a recompensa era o verdadeiro atrativo.
Afinal, bastava concluir o Estágio 2 para receber uma recompensa de tirar o fôlego.
Ligando esses dois pontos, o plano de Seol Jihu fazia sentido. Seja uma arma de alta qualidade, uma armadura, uma poção ou um pergaminho, se até mesmo um pequeno número dos 110 participantes conseguisse obter algo assim, sua força geral aumentaria sem dúvida.
Talvez, com um pouco de sorte, até ocorresse um crescimento explosivo.
— O que você diz faz sentido… — Oh Rahee batia com o dedo indicador no joelho. — Mas sabe o que isso implica, certo?
— Sim.
— Ótimo. Então me diga como vai escolher as seis pessoas e como vai garantir que elas voltem sem atravessar o portal.
— As seis pessoas serão escolhidas pelos representantes das sete equipes.
— Por equipe…? Não, só seis podem entrar. Como existem sete equipes, escolher um de cada seria impossível.
— Não faremos isso. — Seol Jihu balançou a cabeça. — Seguiremos uma regra estrita para selecioná-los.
— Regra?
— É simples. — Seol Jihu continuou — Escolheremos quatro dentre os 78 e dois dentre os 32.
Havia 78 pessoas no lado da maioria e 32 no lado da minoria.
— Exceto que os seis escolhidos não devem ter qualquer relação entre si.
Sendo rápida de raciocínio, Oh Rahee entendeu imediatamente e soltou um — Ah. — Escolher quatro pessoas de força equivalente para se vigiarem mutuamente. Mesmo que algum deles tivesse outra ideia, teriam que voltar ao Estágio 2, onde o restante de seus companheiros estava. Caso contrário, seriam considerados culpados por associação.
Claro, seria difícil aplicar a culpabilidade por associação aos membros da minoria. Contudo, eles também não poderiam agir livremente com quatro da maioria vigiando como falcões.
— Hm… — Oh Rahee abaixou a cabeça, caindo em reflexão. Os dois acabaram discutindo o plano ali mesmo, mas todos os outros certamente ouviram tudo.
Seol Jihu desviou os olhos de Oh Rahee e observou ao redor. Ninguém havia se manifestado contra. Sabendo que o plano era um bom compromisso, todos pareciam ponderar cuidadosamente.
Seria ótimo se tudo ocorresse conforme o planejado, mas Seol Jihu não esperava que fosse tão fácil. Afinal, Kazuki havia garantido que alguém se oporia.
— Não, não, não! Escutem!
Afinal, era difícil não haver malucos entre os 78.
— Eu não aguento mais ouvir essa farsa.
Era Audrey Basler. Como se estivesse se divertindo imensamente com toda a situação, seus olhos venenosos e serpenteantes brilhavam maliciosamente.
— Que piada! — Quando Seol Jihu a encarou, ela fez um beicinho e murmurou: — Para ser sincera, eu não entendo esses caras decidindo participar agora.
— O que você não entende?
— Ah, fala sério~ — Basler riu. — Eles não fizeram nada quando dissemos ‘façam isso’ ou ‘façam aquilo’. Agora que a situação virou, estão se agarrando ao príncipe. Um bando de sanguessugas, não?
Ela despejava palavras venenosas sem parar.
— E é a mesma coisa sobre formar equipes. Vamos ser francos aqui. Cooperação? Você está apenas mandando a gente proteger esses fracos! Não é?
Basler procurava apoio, mas quando Seol Jihu abriu a boca para responder, ela ergueu a mão e continuou.
— Aaah, claro, eu sei o que você quer dizer. Você quer que a gente tenha pena deles e pegue leve. Agora que deu ruim, quer que a gente segure as mãos e trabalhe junto, certo?
Seol Jihu riu, se perguntando como ela conseguia distorcer suas palavras dessa forma.
— Vou ser honesta. Se fizermos do jeito que você quer, cada equipe terá que carregar cinco ou seis deles… Me desculpe, mas ao contrário de você, não é meu hobby fazer trabalho voluntário.
Seol Jihu perguntou calmamente:
— O que você está tentando dizer?
— Aha! Sabia que você era esperto! — Audrey Basler riu ainda mais. — Bom, não sou boa com palavras, então vou falar direto.
Ela falou sem vergonha alguma, enquanto lançava um olhar para o lado.
— Não tem o que fazer sobre o Estágio 3…
— …
— Mas que eles entreguem todos os 32 Desejos Dissonantes.
Era um pedido absurdo.
— Quanto à forma de dividir depois, a gente resolve… Se eles aceitarem, acho que temos um acordo.
— Não. — Seol Jihu recusou imediatamente. — Não é como se eles não estivessem fazendo nada. Não podemos fazer isso quando estão participando ativamente da conquista deste Estágio.
Olhos de Cobra fechou a boca e piscou lentamente. Sua expressão odiosa fazia Seol Jihu querer matá-la de raiva.
— Isso é o que você pensa, seu idiota.
Ela sorriu, e soltando um longo suspiro, passou a mão pela franja.
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