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    A conquista da Praça do Sacrifício acelerou.

    A segunda tentativa terminou sem nenhuma morte, principalmente graças à atuação ativa de Oh Rahee. Ela matou mais inimigos do que qualquer outra pessoa e, como era de se esperar, não foi por altruísmo.

    Descobriu-se que o florete que ela recebeu ficava mais forte e ainda restaurava a energia de seu usuário ao absorver sangue. Quando Seol Jihu soube disso, teve certeza de que se tratava de uma espada demoníaca.

    De qualquer forma, os participantes conseguiram conquistar a Praça do Sacrifício quatro vezes naquele dia e seis vezes no dia seguinte. Em apenas dois dias, haviam avançado mais da metade do caminho.

    E na sexta noite…

    — Incrível.

    Kazuki murmurou, admirado, depois de conquistarem a Praça do Sacrifício pela sexta vez em um único dia.

    — Nunca imaginei algo assim no primeiro dia.

    Era tarde da noite, mas dezenas de pessoas ainda estavam reunidas no campo gramado.

    Havia quem apenas observasse, quem impedisse ambulantes desinteressantes de tentar persuadi-los, quem ponderasse se aceitava uma troca e quem barganhasse…

    O campo inteiro estava movimentado. Com todos reunidos ao redor de uma grande fogueira, Kazuki sentia como se estivesse assistindo a um festival.

    — Sabe, eu nunca nem considerei a possibilidade de fazer trocas.

    Não era que ele não pudesse. Ele simplesmente não havia pensado nisso.

    Quando Kazuki riu, Seol Jihu também riu.

    — Não é nada de mais, na verdade.

    — O surpreendente é que você considerou essa possibilidade naquela situação.

    Kazuki não estava errado. Enquanto todos estavam obcecados em sacrificar os outros para escapar, Seol Jihu foi o único que teve a ideia de transformar o Desejo Dissonante em um Desejo Harmonioso.

    — Bem… eu só me perguntei por que esse lugar foi chamado de Banquete logo que abriu. — Seol Jihu continuou — Banquetes deveriam ser divertidos.

    Originalmente, um banquete era uma festa onde muitos se reuniam para celebrar ou felicitar. Seol Jihu havia interpretado isso à sua maneira paraisiana.

    — Pensei no motivo dos Desejos Dissonantes serem entregues… e achei que era para as pessoas interagirem e se aproximarem…

    Seol Jihu deixou a fala morrer e suspirou, agachando-se. Kazuki inclinou a cabeça.

    — Por que o suspiro?

    — Porque é difícil.

    — Mesmo que as coisas estejam seguindo seu plano?

    — É, mas… — Seol Jihu lambeu os lábios. — Pra ser honesto, eu dei sorte.

    — Sorte?

    — Sim. Só consegui forçar a situação porque várias condições foram favoráveis. Se nossa equipe aliada não fosse a força mais forte aqui…

    Na verdade, o plano inicial de Seol Jihu era persuadir os outros apenas falando sobre as trocas. Mas, ao ver como as coisas estavam funcionando, ele adotou uma abordagem mais impositiva. Só depois tirou a carta da troca. Caso contrário, nada do que dissesse teria peso.

    Kazuki deu de ombros.

    — Se você fosse o tipo de orador eloquente ou estrategista astuto, talvez as coisas tivessem saído conforme o planejado. O mesmo se aplicaria se tivesse uma daquelas auras de carisma que hipnotizam as pessoas à primeira vista.

    — Se realmente existirem pessoas assim… eu sou é invejoso.

    — Mas não acho que você esteja errado. Não precisa se culpar.

    — Também acho.

    Com isso, a conversa entre os dois terminou. Quem quebrou o silêncio foi Seol Jihu.

    — Enfim, o que você conseguiu?

    — Eu? Ahm… E você? — Kazuki rebateu, desviando da resposta.

    Seol Jihu respondeu com clareza: — Competência.

    Os olhos de Kazuki se arregalaram, e ele caiu na gargalhada.

    — Hahaha. Você é uma peça rara. Que tipo de desejo…

    De repente, ele inclinou a cabeça, como se tivesse percebido algo estranho, e murmurou seriamente:

    — Espera… sua recompensa deveria ser ‘dissonante’… mas não parece ter sido.

    — Né?

    — Pode me mostrar?

    Seol Jihu balançou a cabeça.

    — Não tenho mais.

    — Não tem?

    — Eu troquei.

    Seol Jihu havia desistido da Competência? Kazuki achou difícil de acreditar.

    — Não sei qual era a eficácia… mas duvido que fosse ruim. Com o que você trocou?

    Seol Jihu sorriu.

    — Segredo.

    Kazuki fez uma expressão como se tivesse levado um golpe certeiro.

    — Você também não me contou.

    — …

    Kazuki ergueu as mãos em rendição e foi embora sorrindo. Vendo Kazuki se misturar às pessoas absorvidas nas trocas, Seol Jihu se levantou e virou-se para o acampamento.

    Ao entrar na tenda, viu Maria, que havia adormecido depois de terminar de curar os feridos, e Hugo, sentado com uma expressão carrancuda.

    Vendo Hugo resmungando enquanto segurava o machado de batalha trocado com Oh Rahee, Seol Jihu clicou a língua.

    “Aquela arma é incrível.”

    Seol Jihu sabia exatamente o motivo da cara feia de Hugo. Embora a arma fosse impecável em muitos aspectos…

    Pzzzt!

    — Aaaak.

    Ela resistia toda vez que Hugo tentava infundir sua mana.

    Segundo Kazuki, existiam, embora raramente, armas inteligentes que escolhiam seus próprios usuários. Em outras palavras, o machado de batalha estava rejeitando a disposição de Hugo e se recusando a aceitá-lo como mestre.

    — Ehew…

    Vendo Hugo suspirar como se fosse o fim do mundo, Seol Jihu deu um tapinha em suas costas.

    — Ainda está assim?

    Hugo assentiu, desanimado. Ele vinha conversando com o machado há quatro dias, tratando-o como uma relíquia divina, mas parecia que isso não fora suficiente para mudar a opinião da arma.

    Depois de grunhir com força, Hugo explodiu de raiva:

    — Porra! Eu devo estar maluco, fazendo essa idiotice toda.

    — Por que você não simplesmente troca essa arma? Vai saber se alguém tem um machado melhor. Além disso, ainda tem gente que não entrou.

    Seol Jihu tinha um ponto, mas Hugo balançou a cabeça com firmeza.

    — Não, eu vou usar esse aqui. Vou sim!

    Seol Jihu achou que ele tinha desistido, mas Hugo, na verdade, estava era pegando fogo de determinação.

    — Quero dizer, no fim das contas, não passa de um pedaço de metal, né?

    — B-Bem…

    — Essa desgraça quer escolher o próprio mestre? Já devia era me agradecer por querer usar essa porcaria!

    Woong!

    O machado de batalha brilhou intensamente. Parecia irritado.

    — Hein? Essa merdinha… Ei, seu machado imbecil, você me odeia tanto assim?

    Woong!

    — Ah é? Nossa… Olha, eu sou um cavalheiro com meu parceiro, mas com você não vou ser não. Já que não entende na conversa, vou te domar à força!

    Seol Jihu assistia a tudo com interesse, até que começou a duvidar de seus olhos.

    Hugo, de repente, bateu o machado no chão e sentou-se em cima dele com a bunda suja. Sentou-se de pernas cruzadas sobre a arma, com uma expressão irritada.

    — Esta é sua última chance. Pretendo te usar de qualquer jeito. Ainda quer bancar o difícil?

    Woong! Woong!

    — Muito bem. Depois não venha se arrepender.

    Hugo cerrou os dentes antes de abrir os olhos de repente. Então, soltou um curto:

    — Haat!

    Psh!

    Uma bomba explodiu. Ou pelo menos foi o que Seol Jihu pensou antes de ver Hugo pular com a bunda.

    Até Maria acordou assustada.

    — Quê… o que aconteceu!?

    Com o rosto amassado de sono, ela olhou para os lados antes de começar a farejar o ar. Quando o fedor invadiu seu nariz, ela fez uma careta horrível.

    — AH, PUTA MERDA!

    Ela gritou antes de tapar o nariz e sair correndo da tenda. Seol Jihu pôde ouvir seus berros do lado de fora:

    — SEU FILHO DA PUTA! — enquanto vomitava.

    — Haha, que exagero. Pra mim, o cheiro tá ótimo.

    Hugo riu satisfeito enquanto esfregava a bunda no machado de batalha.

    — E então, hein? É pum fermentado por quatro dias!

    Woooooooooong!

    Vendo o machado de batalha vibrar em puro terror, Seol Jihu pediu desculpas mentalmente e se enfiou em silêncio dentro de seu saco de dormir.

    “Amanhã.”

    O Estágio 2 terminaria. E talvez esse exaustivo Banquete também chegasse ao fim.

    Seol Jihu olhou para o teto, depois enfiou a mão no bolso. Pegou o item e sorriu ao observá-lo.

    “Quem diria que algo assim existia?”

    A Competência que recebera tinha uma eficácia incrível. Naturalmente, ele hesitou muito antes de tomar a decisão. Mas depois de pensar bastante, Seol Jihu escolheu trocá-la. Acreditava que esse novo item tinha um valor muito maior em termos de utilidade.

    “Espero que ela fique feliz.”

    Lembrando-se de visitar a Floresta da Negação ao voltar para o Paraíso, Seol Jihu fechou os olhos, embalado pelos gritos de desespero do machado de batalha.

    A noite passou, e a manhã seguinte chegou.

    Os participantes completaram as quatro tentativas restantes instantaneamente. Assim que conseguiram limpar a Praça do Sacrifício 20 vezes, a Praça do Desejo Dissonante se abriu permanentemente.

    O Estágio 2 finalmente havia chegado ao fim.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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