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    Era uma pena, mas nunca consegui ver a luta entre os membros do Império e o Dragão de Pedra.

    Fomos evacuados da cidade logo após o início da batalha e enviados de volta à Academia.

    O mesmo valia para os nativos da cidade, que foram trazidos de volta à Academia como abrigo temporário.

    Tudo aconteceu tão rápido que, antes que eu percebesse, estávamos todos de volta à Academia.

    “Hoje é domingo. Vocês acabaram de voltar de uma longa viagem. Descansem um pouco. As aulas serão retomadas normalmente amanhã.”

    A voz da Professora Bridgette ecoou à frente.

    Suas palavras foram acompanhadas por gemidos sutis. Não dava para evitar, todos estavam cansados e ninguém estava ansioso para retomar as aulas tão rápido.

    Eu também não.

    “Ah, certo.”

    E então, como se tivesse lembrado de algo, a Professora Bridgette bateu o punho na palma da mão antes de sorrir.

    Era um sorriso que dava arrepios.

    “Os resultados dos seus testes. Eles sairão amanhã.”

    “…Hiek!”

    Ouvi um som estranho vindo de trás.

    Não precisava olhar. Eu podia adivinhar mais ou menos quem tinha feito aquele som.

    “Bem, então.”

    A Professora Bridgette bateu as mãos.

    “Aproveitem seu dia de folga!”

    Ela saiu logo em seguida.

    O mesmo aconteceu com os outros cadetes. Infelizmente, eu não tinha esse privilégio. Virando-me, meus olhos se encontraram com os do Professor Hollowe.

    Ele tinha uma expressão incomumente séria.

    “Prepare-se. Eles estão esperando.”

    “…Sim.”

    Ao contrário dos outros, eu não pude descansar.

    Era compreensível, considerando o que havia acontecido comigo. A Academia queria esclarecimentos sobre o ocorrido.

    Era por isso que eu estava sendo separado dos outros.

    “Vamos.”

    O Professor Hollow mal havia virado para seguir na direção em que deveríamos ir quando avistei uma certa figura à distância.

    Com o rosto pálido, as olheiras escuras sob seus olhos se destacavam especialmente. Além disso, eu conseguia ouvir seus murmúrios de onde estava: ‘maldito… sabia… livro…’

    Só bobagem.

    Como se notasse a anormalidade nele, o Professor parou.

    “Parece que a situação está mais séria do que imaginávamos.”

    “…É.”

    “O que você acha que aconteceu?”

    “Sei lá…”

    Meus lábios tremeram.

    “Talvez ele não tenha dormido.”

    “Pesadelos?”

    “…Hmm, provavelmente.”

    “Ele não é seu cavaleiro? Você não parece muito preocupado.”

    “Não, estou muito preocupado.”

    “Sério…?”

    O Professor inclinou a cabeça para me olhar melhor.

    Depois de alguns segundos, ele ergueu a cabeça.

    “Não parece.”

    “Já me disseram que tenho um rosto muito estoico.”

    “Huh, acho que sim.”

    Olhando para mim mais uma vez, o Professor acabou balançando a cabeça.

    “Bem, tudo bem. Vou ver como ele está mais tarde. Veremos se minha preocupação é infundada.”

    “…Claro.”

    E assim, nós dois partimos.

    ***

    “Huuu.”

    Já era noite, e eu estava do lado de fora do Salão de Interrogatório.

    O interrogatório levou mais de algumas horas. Diante dos líderes da Academia, só pude relatar tudo o que havia acontecido no tempo em que eu estava ‘morto’.

    Claro, omiti muitas informações, já que muitas delas tinham a ver com minha segunda habilidade.

    Mesmo assim, consegui sair de lá sem revelar muito.

    Mesmo que estivessem céticos, não podiam forçar informações de mim.

    Especialmente porque eu acabei resolvendo o incidente sozinho.

    “Hmm, certo.”

    Parei por um momento.

    “…Agora que penso nisso, eu resolvi realmente a situação sozinho.”

    Pelo menos a parte do necromante.

    “Você resolveu.”

    Uma voz familiar soou atrás de mim.

    Quando me virei, Delilah estava a alguns metros de distância.

    “Chanceler?”

    Instintivamente, levei a mão ao bolso, mas parei quando percebi que estava vazio.

    “……”

    Senti seu olhar e pressionei os lábios.

    “Acabei de voltar, então…”

    “…?”

    “…Não tenho nada comigo.”

    “Oh.”

    O olho de Delilah tremeu.

    “Não estou aqui por isso.”

    Por que você parece tão decepcionada, então?

    “De qualquer forma, tenho algumas coisas para discutir com você.”

    “…Algumas coisas?”

    “Sim.”

    “Primeira coisa.”

    Delilah acenou a mão e me entregou uma carta.

    “O que é isso?”

    “Um convite para um evento importante que acontecerá em um mês. Você pode ver depois e, se quiser ir, me avise.”

    “Uh?”

    Antes que eu pudesse expressar minhas dúvidas, ela continuou.

    “Além disso, os resultados do Prêmio Jovinc também serão revelados em breve. Pediram-me para repassar a informação a você. Você receberá um convite em breve.”

    Prêmio Jovinc…?

    Levei alguns segundos para lembrar e, quando lembrei, bati a palma da mão.

    “Ah.”

    Era o prêmio de atuação.

    ‘Ótimo, preciso de dinheiro.’

    O prêmio seria uma ótima oportunidade.

    Não votei em mim à toa.

    Assim que pensei que era tudo, Delilah falou novamente:

    “Há mais uma coisa.”

    “Mais…?”

    O que mais poderia ser?

    “Ainda não discutimos exatamente o que será, mas estamos planejando recompensá-lo.”

    “…”

    Levei um momento para processar suas palavras, mas quando o fiz, meus olhos se abriram levemente.

    Não fiquei surpreso com a notícia.

    Na verdade, estava esperando que acontecesse. Afinal, eu fiz muito do trabalho.

    “Que tipo de recompensa?”

    Tentei conter minha empolgação ao falar.

    “Não decidido.”

    “Posso decidir?”

    “…Depende.”

    “Hm?”

    Depende?

    Depende do quê?

    “A Academia não é a única que está considerando recompensá-lo.”

    Pisquei por um momento antes de perceber:

    “A família Megrail?”

    “…Correto.”

    Fechei os olhos por um breve momento.

    Certo.

    Mais uma vez, não estava surpreso.

    “Pode ser assim,”

    Delilah continuou.

    “A família Megrail contribui individualmente. E, nesse caso, nós também a recompensaremos individualmente. Ou, decidimos juntos sobre uma recompensa. A decisão ainda não foi tomada. Um dos principais motivos pelo qual o interrogamos hoje foi para decidir, qual opção escolheremos.”

    “Entendo.”

    Isso fazia sentido.

    Realisticamente, eu estava bem com qualquer opção.

    Duas recompensas ou uma recompensa maior. Tanto faz. Especialmente porque eu não podia escolher.

    “…É tudo?”

    “Sim.”

    “Hm.”

    Acenei levemente com a cabeça.

    Era uma notícia bastante agradável.

    ‘Que tipo de recompensa me darão?’

    Um manual melhor? Um osso? Dinheiro…?

    Eu ficaria bem com qualquer um dos três. Mas, se tivesse que escolher, seria dinheiro.

    Afinal, com a quantia certa, eu poderia comprar algo similar às duas primeiras opções por conta própria.

    “Atualizarei você sobre as duas primeiras informações que mencionei.”

    A voz de Delilah me tirou dos meus pensamentos. Olhando para cima, ela me encarava com seus olhos negros como tinta.

    ‘De novo…’

    Uma sensação familiar me invadiu quando olhei em seus olhos.

    A sensação…

    Era semelhante à que senti ao encarar o olho do Dragão.

    ‘Há uma correlação…?’

    Era estranho, mas, por algum motivo, não me sentia incomodado com a sensação.

    Pelo contrário, sentia que poderia fazer algo parecido.

    ‘Uh, talvez eu esteja ficando louco.’

    Ainda não, mas, com o tempo, talvez fosse possível.

    Meus dedos tremeram.

    Eu realmente queria perguntar mais sobre isso, mas, antes que percebesse, sua figura já havia desaparecido.

    “Ah…”

    Nem havia notado.

    Inclinei a cabeça para trás e soltei um longo suspiro.

    Talvez da próxima vez.

    Não havia necessidade de me apressar.

    Especialmente porque eu estava apenas especulando.

    ***

    A primeira coisa que Kiera fez ao voltar para seu quarto foi limpá-lo. Trocar de roupa para algo mais casual e começar a polir cada canto do meu quarto.

    Uma semana havia se passado desde que saí do dormitório e, embora estivesse limpo quando saí, o pó já havia começado a se acumular.

    Kiera não suportava aquele pó.

    Então,

    Esfregar. Esfregar.

    Kiera começou a limpar.

    Desde a área debaixo da cama até os cantos do quarto. Ela não deixou nada sem limpar e, em uma hora, terminou.

    “…Ufa.”

    Enxugando a testa, olhou ao redor do quarto.

    Estava brilhando.

    …Pelo menos, na cabeça dela.

    “Melhor.”

    Só agora ela se sentiu satisfeita e relaxada.

    Indo até a cama, abriu uma das gavetas e parou. Olhando para a caixa que estava lá, sua expressão mudou.

    “Que merda.”

    Fazia tempo desde que a vira pela última vez.

    …Fazia tempo.

    “Loucura.”

    Era um recorde para ela.

    Por uma semana inteira, ela não teve vontade de fumar.

    Costumava ser algo diário, mas…

    “Haha. Isso é loucura.”

    Kiera tinha sentimentos conflitantes sobre isso.

    Especialmente porque a razão pela qual parou de fumar era boba.

    “Sniff, sniff.”

    Pegando a camisa e levando ao nariz, cheirou.

    “Até o cheiro sumiu.”

    Kiera sentiu que estava quase irreconhecível.

    …..Ela estava começando a mudar.

    “Haa…”

    Jogando o maço de volta na gaveta, Kiera caiu na cama e olhou para o teto do quarto, sem expressão.

    Por um momento, deixou-se levar por seus próprios pensamentos.

    “……”

    Ficou assim até que, finalmente, apertou os lábios.

    “Vou receber os resultados das minhas provas amanhã.”

    O sistema de notas em Haven era bem simples.

    De F a A.

    As notas de Kiera ficavam entre E e D.

    Nunca na vida ela havia tirado algo acima de C.

    Amanhã seria a primeira vez…?

    Ba… Baque! Ba… Baque!

    Por algum motivo, Kiera começou a se sentir estranhamente nervosa com a ideia.

    Ela estava confiante em conseguir um E, talvez até um D.

    No entanto,

    “…Eu não quero isso.”

    Não era nem porque queria provar seu próprio esforço.

    Era mais porque serviria para provar ainda mais que ela estava mudando.

    Talvez…

    “Não, porra.”

    Kiera bateu nas próprias bochechas.

    “Não se iluda, vadiazinha. Não há garantia de que você foi bem.”

    Virando de lado, cobriu-se com o cobertor e fechou os olhos.

    “…Certo, não preciso criar expectativas.”

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