Capítulo 10 — Uma Pedreira Para Colonizar

Em certo topo de montanha, muito acima das nuvens, um herói e um vilão travavam uma grande batalha.  

“Tome isso — [Espada Divina das Trevas para Banir Heróis Irritantes]!”  

“Hah, isso não é nada contra o meu [Égide da Luz Sagrada Brilhante para Repelir as Trevas Nocivas]!”  

De fato, enquanto uma pedra estivera ocupada apenas existindo, algumas centenas de anos se passaram — e o tempo da grande batalha chegara mais uma vez.  

Grandes feitiços e habilidades voavam para todos os lados, destruindo a paisagem e cortando as nuvens abaixo. Era uma batalha verdadeiramente grandiosa—aquela que decidiria o destino do mundo.  

E então um dragão passou voando.  

A massa rugidora, com escamas verdes e vermelhas entrelaçadas em um padrão ofuscante, passou pelo par em duelo, enviando rajadas de vento tempestuoso ao topo da montanha.  

Ambos os combatentes se distraíram por apenas um segundo, mas, infelizmente, o [Herói] estava no lado mais próximo do dragão e foi arremessado ao chão pelas rajadas. O Senhor Demônio aproveitou a vantagem e enfiou sua arma demoníaca diretamente no peito do humano, um golpe final mortal.  

“Hah, agora que você está acabado, meu reinado durará 666 anos, condenando a humanidade a uma eternidade de servidão!”  

“Não — demônio tolo. Sempre haverá outro nobre [Herói], pronto e disposto a—”  

Tudo bem, vamos ignorar esses dois por agora, um espetáculo irrelevante que eles são.  

Voltemos ao nosso verdadeiro herói. Sem colchetes neste, pois ele era apenas uma [Pedra Rolante] — ou melhor — uma pedra voadora.  

A pedra observou seu contador de missão, sentindo um certo alarme.  

Que catástrofe! O número estava mais alto do que no início da jornada! Todos os desafios que enfrentara teriam sido em vão?  

Por um breve momento — a pedra sentiu um traço de desespero em sua alma. Mas então se acalmou, principalmente porque era uma pedra. Uma pedra realmente não deveria entrar em pânico por qualquer coisinha. Especialmente porque…  

Sim, venha o que vier — ela já alcançou grande sucesso nesta jornada. Talvez o destino não importasse, e o verdadeiro tesouro fossem os ganhos obtidos pelo caminho.  

A pedra sentiu-se em paz — liberta de sua missão monumental, aprendendo valiosas lições de vida.  

E então o dragão começou a mergulhar novamente, pois inspecionara os picos e percebera que nem o herói, nem o demônio eram possíveis culpados pelo furto sorrateiro. Ele só viera verificar o topo da montanha porque era um lagarto gigante metódico — que abordava o controle de pragas como uma [Empregada] abordava a limpeza de uma biblioteca empoeirada.  

Comece pelo topo, depois desça.  

E assim, o dragão desceu — asas coladas ao corpo, transformando-se em um verdadeiro míssil de potencial aerodinâmico. E a pedra ainda estava em sua garra. Celebrando.  

Porque o número da missão estava caindo novamente — tão rápido!  

A pedra esqueceu todas as lições e tranquilidade que aprendera ao vislumbrar o pico do Monte Tai, e voltou aos seus velhos hábitos. Números acima de tudo! Uma missão iniciada teria que ser concluída!  

Então — profundamente satisfeita — a pedra acomodou-se novamente dentro da cauda confortável onde residia e decidiu esperar para ver o que aconteceria. Quem sabe — talvez o dragão a levasse até o pé da montanha? Isso seria sorte.  

Assim, voltamos ao dragão, que circulava a montanha em um loop descendente, examinando cada centímetro em busca de [Aventureiros] chatos que pudessem ter roubado seu tesouro.  

Ele circulou e circulou, mergulhando alto e baixo, espiando cavernas e grutas — encontrando apenas goblins e coelhos. Mas… ele não estava com pressa. Abordou o assunto com a paciência de um dragão, rivalizada apenas por aqueles nascidos da pedra.  

Por fim, satisfeito com sua busca nas regiões desoladas do topo — o dragão finalmente decidiu entrar na segunda etapa de sua busca e mergulhou mais baixo. Abaixo das nuvens — e um novo panorama se expandiu diante da pedra.  

Árvores, grama, rios brilhantes, vales pacíficos e pitorescos, e a fauna delicada vivendo sua vida. Era uma visão totalmente nova para a pedra, um reino cheio de vida que contrastava fortemente com as zonas desoladas acima, e a pedra quase suspirou de admiração e maravilha.  

Não pela paisagem, é claro. Não — como sempre, a pedra estava focada no que realmente importava, ou seja, a telinha à sua frente.  

O número passara da metade! Sua missão estava perto de ser concluída!  

Que grande alegria — talvez o dragão fosse generoso o suficiente para levá-la pelo resto do caminho? Como um corredor de maratona finalmente chegando ao trecho final, a pedra sentiu sua antecipação crescer a alturas nunca antes vistas.  

O que ela ganharia ao completar a missão? Será que realmente conseguiria?  

E… o que faria depois?  

Essa última pergunta… incomodou a pedra. Pois ela não tinha um propósito maior, apenas aquele de sua irmandade de pedras. Seguir os caprichos da senhora gravidade e rolar para onde o destino a levasse.  

Ela realmente poderia se satisfazer com uma vida assim?  

Bem, sim. Provavelmente. Era uma pedra, não tinha desejos complexos.  

Encontrar uma cama de musgo aconchegante para ficar seria suficiente—pelo menos depois de crescer mais do que qualquer um de seus parentes que vira nesta grande viagem. Ainda tinha um caminho a percorrer para isso.  

E assim, com planos futuros claros e resolução afiada, a pedra preparou-se para a última etapa de sua jornada.  

O que foi, naturalmente, quando as complicações surgiram. Pois o dragão finalmente encontrou sua presa. Dentro de uma pedreira.  

Um grupo de aventureiros de quatro membros, um [Cavaleiro], uma [Clériga], uma [Maga] e uma [Ladina] — humano homem, anã, humana e elfa, respectivamente. Um arranjo… bem genérico. O dragão bufou para a composição, murmurando algo sobre “haréns patéticos com apenas um homem para três mulheres”, e então mergulhou mais perto.  

Pois quem mais poderia ser o culpado? A [Ladina] até carregava uma grande bolsa com um símbolo de dinheiro ao lado.  

O grupo arrastava-se para fora de uma pedreira na montanha, carregado com os ganhos de um longo dia de aventura. Exaustos, machucados e prontos para beber até cair em uma taverna, reuniam as forças necessárias para a longa descida da montanha.  

Foi quando, naturalmente, o dragão anunciou sua presença.  

“Miseráveis!”  

Ele gritou, enviando uma grande onda de choque pela paisagem, que fez as árvores balançarem violentamente e pássaros caírem do céu — mortos no local por vasos sanguíneos estourados. O dragão encarou maliciosamente os aventureiros, atordoados pela surpresa, olhando para ele em branco, e lentamente enrolou a cauda para trás.  

Suas grandes asas pararam de bater, e o dragão começou a descer pelo ar, cada músculo de sua cauda se preparando simultaneamente.  

O dragão ganhou velocidade, caindo sobre os aventureiros como um meteoro do juízo final, então balançou sua grande cauda, subitamente alterando seu voo para cima.  

O único membro masculino do grupo reconheceu a manobra do mundo de onde fora convocado, gritou algo sobre “malditos bombardeiros de mergulho” e então ergueu sua espada para enfrentar a carga lançada sobre ele.  

Não uma bomba — mas uma… pedra.  

Nosso herói se viu voando mais rápido do que nunca, direto para a espada mágica brilhante do [Cavaleiro].  

Agora, com sua nova [Pele de Diamante], a pedra talvez pudesse resistir à grande espada de Dâmocles prestes a esfolar seu couro pétreo, mas tinha um plano melhor.  

Observou os companheiros do [Cavaleiro], dispostos ao seu redor em uma formação triangular, a alguma distância. Jogou um dado mental de três lados, caiu na maga humana e preparou-se.  

Aproximou-se do cavaleiro, chegando perigosamente perto dele, e então…  

Ela pivotou para o lado, desviando completamente da espada, e esmagou a [Maga] desavisada contra a encosta rochosa da montanha.  

O corpo frágil da [Maga] foi reduzido a polpa sangrenta, e tão grande foi o impacto que até a pedra recebeu dano dele.  

O momento restante a impulsionou montanha acima, e ela ganhou meia dúzia de metros sobre os aventureiros surpresos, que encaravam seu companheiro morto com horror aberto.  

A pedra quicou para cima… montanha acima, então lentamente — inevitavelmente—ajudada por uma frenagem astuta com [Transferência de Energia]… desacelerou. Parou.  

Então começou a rolar de volta.  

Tendo ganhado um pouco de calor com a frenagem, a pedra tinha uma pequena reserva que podia usar para se impulsionar ainda mais, o que fez com prazer ansioso — desejando alcançar a emoção da velocidade que o dragão lhe proporcionara.  

Infelizmente, não conseguiu alcançá-la, mesmo impulsionada por suas rajadas de velocidade, mas mesmo assim, colidiu com o grupo novamente. Ela estava [Direcionando] cuidadosamente, mirando novamente no [Cavaleiro], que encarava o rochedo assassino com ódio, pronto para cortá-lo com sua espada, seus dois aliados restantes de cada lado dele. Mais uma vez, ele se preparou para o desafio.  

Mas desta vez… Logo antes de alcançá-lo — a pedra usou mais uma [Transferência de Energia], usando o resto de sua energia armazenada, direcionando toda a energia cinética para a esquerda. Direto na [Ladina] de aparência mole.  

No entanto, a [Ladina] não era tola e correu para trás do [Cavaleiro] para se proteger assim que a pedra se direcionou para ela, em um rápido [Salto para Trás].  

Mas a pedra também estava pronta. Preparou seu [Ponto de Pivô] — então o conectou ao [Cavaleiro]—  

E começou a girar em torno dele em um amplo arco.  

Primeiro, atingiu a [Ladina] surpresa, que foi esmagada contra o exterior rochoso, e então continuou, prontamente adicionando a [Clériga] à pilha.  

Mais dois membros do grupo foram atingidos pela pedra, então arrastados de volta à encosta e esmagados contra ela. Desta vez, a pedra usou [Pele de Diamante] com toda a força de sua base de cultivo, sem vontade de sofrer mais dano próprio.  

Mais dois corpos foram quebrados, esmagados em uma pasta vagamente humanoide, que lentamente começou a escorrer montanha abaixo.  

A pedra perdeu seu momento.  

E então… mais uma vez… começou a rolar para baixo.  

Mas o [Cavaleiro]… ele apenas olhava para frente, em branco, nem mesmo segurando sua espada. A luz de sua vida se apagara, três vezes, e o vazio era simplesmente esmagador demais para suportar.  

Ele caiu de joelhos, cobrindo o rosto com os braços trêmulos enquanto lamentos saíam de sua boca.  

E então uma pedra rolou sobre ele.  

E então não havia mais nenhum.  

E o dragão, que assistira tudo isso acontecer como resultado de lançar uma simples pedra, piscou os olhos — incrédulo. Para onde o mundo estava indo? Aventureiros não conseguiam nem lidar com uma simples pedra lançada — porque, antigamente, havia até provérbios sobre como aqueles que atiravam a primeira pedra acabaria se arrependendo!  

Mas com um simples arremesso — todos os seus inimigos foram derrotados!  

Suspirando, o dragão começou a mergulhar novamente, pronto para procurar as ferramentas mágicas deixadas pelos aventureiros, mas… os corpos que encontrou estavam vazios. Esmagados, sim — mas também vazios de todos os itens mágicos.  

Os aventureiros estavam tão fracos assim atualmente? Isso explicaria algumas coisas…  

Por um momento, o dragão sentiu um traço de suspeita e olhou para a floresta onde a pedra rolava feliz adiante. Para onde seu tesouro fora?  

Mas a pedra… ela era [Apenas uma Pedra]. Nada especial nela. Não valia a pena recuperá-la mais do que as miríades de outras pedras espalhadas pela montanha. E assim, o dragão começou a subir, cansado da alma, mais uma vez lembrado de como o mundo atual era fraco comparado aos dias antigos, pronto para se enrolar novamente em um sono de eras.  

E uma pedra celebrou.  

Ela celebrou não apenas os níveis, crescimento e habilidades obtidas, mas também os tesouros mágicos que absorvera em si mesma, ocupada em convertê-los em energia de cultivo. Quatro aventureiros, todos absolutamente carregados de equipamentos mágicos raros!  

Que achado sortudo!  

O núcleo ardente em seu centro brilhou ainda mais quente que antes, enchendo a pedra com uma quantidade incomparável de energia, mas mesmo isso não era a verdadeira fonte de sua alegria — pois lá embaixo… olhando para a base da montanha, ela viu o fim.  

Uma grande cidade no pé da montanha, com uma torre alta bem no centro. O objetivo, ela agora sabia, tinha que estar lá. Porque… o número estava tão baixo. O fim estava à vista.