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    No primeiro dia de estádia no castelo Zal, Theo preferiu se trancar em seu aposento e ler as anotações que Jeanne fez sobre a tradução do livro dos Vanir. 

    Infelizmente, das 578 páginas do livro, Jeanne havia traduzido apenas 120 no período de 4 horas.

    Theo ficou surpreso e grato, pois esperava uma tradução lenta e demorada, mas a deusa dos Vanir conseguiu ler tudo rapidamente. Ela tinha lido cerca de 360 páginas, mas conseguiu traduzir menos da metade graças a sua escrita lenta.

    Depois de degustar de uma das melhores comidas e de um banho longo e perfeito, Theo passou a tarde lendo e praticando as anotações de Jeanne até que chegasse a noite.

    Eram métodos genuinamente incríveis de controle, manipulação, condensação, refinamento, densificação e polimento. Esses últimos termos Theo havia acabado de aprender, mas descobriu que já os praticava.

    Densificação se trata de conseguir impor sua aura na realidade, expandir sua consciência para o mundo físico. Enquanto polimento é o quanto que a aura daquele individuo é polida, saindo de algo “líquido” para algo “sólido”.

    No caso de Theo, a aura dele estava no quarto estágio do polimento. Tendo cinco estágios, e o estágio um sendo aquele que ele sonha em alcançar; a presença que os Titãs possuem, capaz de esmagar qualquer ser, inferior a ele, e perturbar suas mentes.

    Através do livro, Theo descobriu que os deuses já nascem com uma aura polida no grau dois, enquanto, se colocar na realidade, aquele era o grau que os Titãs alcançaram após anos de treinamento.

    A diferença entre as raças era discrepante.

    E a distância entre os Titãs e a aura que ele presenciou com Arcduth era infinitamente maior. Os deuses Vanir, aparentemente, não tinham ciência dos Arcontes quando classificaram aqueles graus. Pois se tivessem, teriam criado um nível infinitamente superior somente para aqueles anjos.

    A sensação do aether ainda corria na pele de Theo, quase como se o universo estivesse o tocando.

    Ele se banhou naquela sensação por alguns minutos. Quando notou o tempo passando, sacudiu a cabeça ligeiramente.

    “Acorda. O tempo tá passando. Preciso aprender esses métodos rápido.”

    [A energia que predomina teu núcleo não é a mesma que o forma. Para moldar um núcleo de energia, a prana envolve a energia mais compatível com seu corpo e cria uma pequena e fina camada de ki, para que a mana, éter ou quantum não esborre. Caso o corpo não seja compatível com nenhuma energia, a própria prana quem se limita e preenche o núcleo. Esses, portanto, são chamados de núcleos de ki.]

    Theo fez alguns rabiscos numa folha ao lado e voltou a ler.

    [No caso da psicoenergia, invés de se formar um núcleo no plexo solar, forma-se no cérebro. Estes são chamados de psíquicos, caso saibam controlar a mente, tornam-se invencíveis.]

    “Beca…” Foi a primeira pessoa que Theo pensou com esta característica.

    Em seguida, ele se desequilibrou emocionalmente. O rosto de cada colega da classe especial invadiu sua visão; ele conseguia, parcialmente, se lembrar do traço; dos olhos; das expressões; dos sorrisos sinceros…

    Mas, estavam gradualmente desaparecendo da mente. Talvez pelo pouco tempo passado juntos, ou os eventos recentes que traumatizaram a mente dele a ponto de se esquecer gradualmente dos próprios amigos.

    Ele suspirou para tirar aquela ilusão da cabeça.

    “Preciso voltar para eles…”

    Após declarar isso para si e prometer que iria voltar o mais breve possível, Theo se fechou nos estudos a ponto de esquecer onde estava.

    As horas passaram como uma avalanche descendo a montanha.

    Theo não sentiu sono ou fome, estava praticamente se alimentando da própria energia para se saciar. No processo, ele aprendeu a multiplicar o éter, então gastar aquela mísera quantidade de energia para se alimentar não era nada.

    Ainda assim, era bom satisfazer o estômago. Entretanto, ele ficou no “Quando terminar aqui, irei comer”. Foi assim que ele não sentiu o cheiro da comida durante o resto do dia.

    Invés de Nora, a escolhida para acompanhar Jeanne até a casa dos Monspeliart foi Selina.

    Embora a residência fizesse parte do território do castelo Zal, uma guardiã era necessária para a princesa até dentro de seu quarto. De preferência uma mulher confiável e de personalidade, já que Jeanne confiava apenas em Nietsz de homem.

    A casa dos Monspeliart estava em perfeito estado, mesmo fazendo anos que a família real de Alsuhindr não pisava lá. Jeanne se impressionou com este fato.

    Com certeza a princesa Leonora, que era amiga de infância de Jeanne, fez questão de manter tudo em bom estado, inclusive as roupas.

    — Acho que estão pequenas, mas são o suficiente — disse Jeanne, pondo um vestindo sob o corpo e analisando o tamanho.

    — Não está muito grande? — indagou Selina.

    — Prefiro roupas assim.

    — Entendi…

    Elas vasculharam as roupas guardadas de Jeanne, e a deusa Vanir não pôde deixar de se orgulhar da princesa Leonora; as roupas eram sempre do agrado de Jane. Por tanto ser agradada com suas próprias roupas, uma dúvida surgiu de repente.

    — E ele… Como será que ele prefere? — murmurou baixinho, mas Selina ouviu.

    — Tem um pretendente, senhorita?

    Selina encarou uma blusa curta antes de dobrar e colocar sob o colchão.

    — O quê?

    — Eu ouvi. A quem você quer agradar? Se me disser os traços do individuo…

    — O Theo — interrompeu bruscamente.

    Selina congelou por um instante, pensando que era uma brincadeira de mau gosto. Mas, quando olhou para Jeanne e a viu vermelho e ofegante, notou a gravidade.

    — Você se apaixonou por ele? — Franziu a sobrancelha e manteve um sorriso sarcástico no rosto. — Wow… Você me trouxe por isso…

    — Não! Bom… Qual o tipo de mulher dele?

    — Vocês se conheceram… ontem.

    — Eu sei. Mas, infelizmente, eu possuo sentimentos. Se apaixonar de cara por alguém normal para seres sentimentais. Para ser sincera, vai além do rostinho ou de… Bom, você sabe.

    — Infelizmente eu entendi…

    Jeanne suspirou.

    — Certo… — disse Selina, vendo o descontentamento da garota. Serach jogou-se no colhão. — Lidar com o Theo é o mesmo que ter uma mocinha dentro de casa. Ele expõe os sentimentos quando é pressionado ou quando está para desabar. Fora isso, ele não inicia uma conversa sobre ele mesmo. Muitas vezes apenas para entender a ciência.

    Selina esticou as pernas e as balançou no ar.

    — Aparência?… Acho que ele não se importa muito, já que a Aidna vive dando em cima dele e bom, devemos concordar que ela é um baita mulherão.

    — Aidna gosta dele?…

    — Quem? A druida ninfomaníaca? Ela só queria meter com ele, de resto, nunca se apaixonou. E o Theo não a quis justamente por isso.

    — Como assim? — Jeanne ficou confusa. 

    O Theo não gostava de mulher?… Era uma dúvida genuína que muitos tinham sobre ele.

    — A Aidna já se despiu na frente dele uma vez e a reação dele foi tipo… Legal? Não é que ele goste de homens, longe disso na verdade. Ele só está esperando a mulher certa se encaixar no quebra-cabeça dele. Até lá, ele não pretende ficar com outras mulheres apenas por um momento, ele quer uma pessoa para poderem estruturar um futuro juntos. E o tipo de mulher dele é justamente esse: alguém que seja como é, não alguém que só queira ser.

    Serach olhou para Jeanne e parou suas pernas.

    — Então, seja você. Vista o que quiser, seja quem você é. Do jeito que tratar os outros, trate-o também. Só não force ser alguém agradável; ele odeia falsas perfeições.

    Jeanne ficou pensativa por um momento. Calmamente, a princesa tocou os lábios com o polegar e se lembrou do beijo. Em seguida ela riu felizmente.

    — Então, este? — Jeanne perguntou puxando seu vestido favorito e mostrando para Selina.

    Ao entender, Serach riu.

    — Sim. Este.

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