Capítulo 1: Noite e Dia
Numa noite fria e tranquila, um jovem, envolto em roupas que cobriam seu corpo, carregando uma mochila nas costas, adentra a cidade de Embercliff.
Seus passos eram rápidos e nada discretos, a pressa do rapaz era nítida até para quem não enxergava. Seu caminhar fazia com que os bêbados, próximos a tavernas e bancos de praça, se assustarem, imaginando ser saqueadores ou a guarda da cidade.
Embercliff era uma das cidades mais calmas da capital. As pessoas que lá viviam eram, em sua maioria, simples fazendeiros ou ferreiros. Embercliff era uma cidade que transportava recursos para as cidades e vilas vizinhas, sendo muito conhecida pela sua grande mão de obra.
Após uma caminhada de duzentos metros, o jovem parou em frente à sua casa, tirou as peças de roupa que cobriam seu rosto, revelando uma expressão séria e quase sem vida.
Ao entrar em casa, ele finalmente se sentiu bem, poderia descansar depois de uma longa viagem. O rapaz senta na cadeira mais próxima e joga sua mochila no chão, ele olha ao redor e não vê ninguém para recebê-lo, mas já imaginava que todos da casa estavam dormindo.
No momento que ele se levanta, uma figura feminina logo aparece diante de um breve corredor escuro.
— É você, Kenji? — perguntou a mulher, surpresa.
Yuki, sua mãe, era uma mulher bela, de olhos e cabelos castanhos. Seu cabelo, curto até o pescoço, estava levemente desalinhado, e sua expressão parecia cansada, como se tivesse acabado de acordar. Quando viu seu filho, Kenji, um pequeno sorriso surgiu em seu rosto fatigado. Ela vestia um longo vestido cinza, que se estendia até os joelhos, refletindo sua simplicidade até nas vestimentas.
Kenji tinha cabelos escuros e usava uma túnica preta que cobria todo o seu corpo. Por baixo da túnica, uma camisa branca que deixava seus ombros e braços à mostra, combinando com uma calça preta de tecido fino e confortável.
Quando mãe e filho se vêem, ambos ficam visivelmente felizes, mas suas demonstrações de afeto foram desajeitadas. Trocaram um breve abraço, algo que não era comum entre eles.
— Cadê meu pai e meu irmão? — perguntou Kenji.
— Seu pai está na taverna, e seu irmão… — Ela hesitou por um instante. — …ele está melhor!
O pai de Kenji, Brook, foi um dos primeiros a inaugurar uma taverna em Embercliff. Por isso era muito comum a sua taverna ser a mais cheia, as pessoas se movimentavam em peso para beber e festejar naquela taverna, que trazia nostalgia a todos que entravam lá.
Ele acabava tendo bastante trabalho e não conseguia chegar cedo em casa, isso até gerou algumas discussões em com Yuki mas, atualmente essa fase passou e hoje ela compreende isso melhor.
— O que trouxe dessa vez? — perguntou Yuki, curiosa.
Kenji abriu a mochila, revelando apenas algumas poções, partes de uma armadura velha e seus itens de viagem.
— Um capacete velho, uma bota de ferro, umas poções de mana e resistência. Vou vender tudo e ver quanto eu consigo nisso.
Na manhã seguinte, Kenji acordou disposto. Fazia tempo que não tinha uma noite de sono tão boa e longa, ele estava decidido a falar com seu irmão e com seu pai, já que não os viu na noite anterior.
O sol brilhava radiante, e com a janela aberta, o calor invadia o ambiente. No entanto, junto a ele vinha uma leve brisa que tornava o clima mais agradável e aconchegante.
“Como é bom estar em casa!” Pensou Kenji.
Saindo para respirar um pouco de ar fresco fora de casa, Kenji viu seu pai, Brook, cortando madeira.
Aquilo era um de seus hobbies. Brook era um homem alto e musculoso, com cabelos escuros, um pouco mais longos do que os de seu filho, e uma barba espessa. Estava sem camisa, o corpo coberto de suor, resultado do esforço físico. Usava apenas uma calça verde como vestuário.
Quando seus olhos se encontraram, ambos sorriram e se cumprimentaram com um breve aperto de mãos, antes de Brook voltar à tarefa de cortar a madeira.
— Como têm sido as expedições? — perguntou Brook, tentando puxar conversa.
— Consegui algumas coisas velhas, mas agora quero ver o que consigo vender. O Shiro está bem? A mãe não falou muito sobre ele. — questionou Kenji.
— Ele está do mesmo jeito. Sua mãe exagera um pouco, não se preocupe com isso. — respondeu Brook, cortando um tronco.
Shiro, o irmão de Kenji, tinha apenas dez anos. Era uma criança cheia de energia, sempre brincando e dizendo que um dia se tornaria um grande aventureiro, como o irmão.
Kenji era sempre bem recebido em casa, especialmente por Shiro, que parecia ser a única pessoa capaz de alegrá-lo instantaneamente. Não havia restrições entre os dois, nem para abraços, nem para gestos afetuosos. Contudo, desde a última viagem de Kenji, Shiro estava levemente doente.
Todos achavam que era apenas uma gripe passageira, mas até aquele momento ele não tinha sinais de melhora.
Enquanto os dois homens permaneciam em silêncio, pensativos, o som de um grito e de passos apressados interromperam o momento. Era Shiro correndo em direção a Kenji, com aquele abraço costumeiro.
Shiro vestia uma túnica branca, que ressalta seus olhos azuis e cabelo loiro, não tinha nada de muito especial em sua túnica, só alguns poucos detalhes dourados nas mangas. Ao perceberem a cena, tanto Kenji quanto Brook sentiram um alívio imediato, vendo que o garoto de olhos azuis estava com aquela alegria contagiante de sempre.
— IRMÃO! — exclamou Shiro, correndo em direção a Kenji.
Ele saiu de dentro de casa com um sorriso largo no rosto, visivelmente feliz. No entanto, enquanto se aproximava de Kenji, a animação foi diminuindo. Seus passos foram ficando mais lentos e a empolgação se desfez. Sua visão começou a ficar turva, e ele cambaleou.
Brook, que observava a cena, imediatamente parou o que estava fazendo, largando o machado. Embora confuso, ele aguardou para ter certeza do que estava acontecendo. Kenji, por outro lado, não percebeu nada estranho e continuou esperando pelo abraço do irmão. Quando Shiro estava a poucos passos dele, o garoto desabou, caindo no chão aos pés de Kenji, desmaiado.
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