Capítulo 174: Fuga [6]
Cli Clank—
Rupert trancou a porta atrás de si.
“Te peguei.”
Um pequeno sorriso surgiu em seus lábios. O fugitivo agora estava preso. Ele se certificara disso.
“Hooo.”
Ao mesmo tempo, sentiu suor frio escorrer por seu rosto.
Se não estivesse extremamente atento, estaria em apuros.
Felizmente, ele estava em alerta máximo. Embora tivesse acreditado na história inicialmente, o fato de seu “colega” sequer olhar para ele era suspeito.
Claro, isso não era o suficiente para justificar suas ações.
A verdadeira razão pela qual descobriu foram os fios saindo do corpo do cadete. Eram finos, quase imperceptíveis. Mas, com atenção, dava para notá-los.
Era quase como se ele quisesse ser detectado.
“…Não, isso é improvável.”
Por que ele quereria ser detectado se seu objetivo era escapar?
Embora não soubesse o motivo, Rupert trancou a porta.
A menos que tivesse uma chave, ele não sairia.
E mesmo se tivesse, não adiantaria, pois Rupert deixara sua chave no buraco da fechadura.
Como um rato, ele estava preso.
“Vou esperar os outros. Eles devem ter terminado de perseguir o outro.”
O fato de haver alguém ajudando o cadete era suspeito, mas Rupert não pensou muito nisso.
Embora o cadete parecesse fraco, ele não subestimaria suas habilidades.
Considerando que conseguira chegar até aqui, não ousaria menosprezá-lo. Além disso, ele estaria em apuros se enfrentasse o cadete diretamente.
“É uma pena que os dispositivos de comunicação não funcionem no bunker.”
As coisas seriam mais simples com eles.
“Hm?”
Não demorou para ouvir passos.
Virando a cabeça, viu seus colegas correndo em sua direção.
“Rupert! Era uma isca! Ele estava morto…!”
“Onde está a pessoa que passou? Onde ele está?”
Eles pareciam assustados e preocupados.
Com um sorriso, Rupert apontou para a porta atrás de si.
“Não se preocupem, ele está aí dentro.”
“Uh?”
“O quê…!?”
Os dois guardas pausaram, olhando para ele com expressões chocadas. Rupert então explicou:
“Estava esperando vocês. Preciso que um de vocês avise os líderes que o pegamos. Ele estava disfarçado de guarda. Felizmente, consegui prendê-lo no depósito. Ele não escapará.”
“Ah! Eu vou!”
Entendendo a situação, um dos guardas saiu correndo.
O outro, porém, olhou para Rupert com preocupação.
“O que foi?”
“…..Foi mesmo uma boa ideia deixá-lo entrar no depósito? Há muitos recursos lá. Coisas perigosas também.”
“Ah, não se preocupe.”
Rupert acenou com a mão.
“Ryan voltará em cinco minutos.”
“E?”
“Você viu o tamanho do depósito. Levaria dias para ele achar algo útil. E os itens importantes estão trancados. Sem os códigos e chaves, é impossível.”
“Verdade.”
O guarda se acalmou após ouvir Rupert.
Realmente, o cadete não teria tempo para fazer nada significativo. E mesmo se tivesse, não saberia onde estavam os itens ou como acessá-los.
Nesse momento, ouviram um som vindo da porta.
To Tok—
Era alguém batendo.
“…..Terminei.”
Uma voz ecoou logo depois.
Terminou…?
Rupert franziu a testa, trocando olhares com o outro guarda.
“Já terminou? Tão rápido?”
“Sim, a água estava perto.”
“….”
Rupert apertou os lábios.
Não entendia o que estava acontecendo.
Ele entrou só para pegar água? Não fazia sentido. Por que arriscaria isso durante uma fuga?
‘Estava com tanta sede assim?’
De qualquer forma, olhando para o outro guarda, Rupert manteve a porta trancada.
“Terminou? Ótimo. Me dê um minuto. A chave está presa.”
Clank, Clank!
Ele mexeu a chave para simular que estava travada.
Achou que fez um bom trabalho.
“Está presa?”
“Sim, só um minuto.”
Clank, Clank!
“Essa maldita chave…!”
Continuou seu ato por alguns segundos. Rupert quase conseguia imaginar a ansiedade do cadete do outro lado.
‘Adoraria lidar com você, mas ordens são ordens, e não quero ver seus truques. Vou mantê-lo preso até os reforços chegarem.’
Na verdade, quase desejava que o cadete tentasse sair. Isso daria uma desculpa para enfrentá-lo.
Embora não o subestimasse, estava confiante em derrotá-lo.
“Hmm, essa chave. Faz muito tempo que não usamos o bunker, então espero que você espe—”
No meio da frase, Rupert sentiu uma vibração sutil vinda da porta.
Franzindo a testa, parou e aproximou o ouvido.
Seu colega fez o mesmo.
Ouviu o som de fita sendo usada. Fita…?
Por que usaria fita?
‘Espera…!’
De repente, uma ideia surgiu, e ele rapidamente virou para o colega, que ainda estava confuso.
Rupert agarrou seu ombro e o puxou.
“Rápido, saia da—”
Mas já era tarde.
BOOOM—
Uma enorme explosão ocorreu, destruindo a porta e engolindo Rupert. O mesmo aconteceu com o outro guarda.
A área tremeu, e a fumaça cobriu o local.
Tak.
Pouco depois, uma figura saiu de onde a porta estivera.
Segurando pequenos objetos circulares, Julien escaneou o ambiente.
Jogando um dos objetos para cima e pegando, seu olhar se fixou em uma figura caída no chão, com os olhos arregalados.
“Você sobreviveu.”
…..Fazia sentido, até certo ponto.
O dispositivo na mão de Julien era uma bomba de mana. Ativada apenas com injeção de mana, era poderosa, mas com raio pequeno e pouco eficaz contra pessoas muito fortes.
Especialmente aquelas especializadas em [Corpo].
Mas era diferente se fossem pegas desprevenidas.
“Pft… Kh…!”
Com as costas contra a parede, sangue escorreu da boca de Rupert enquanto ele olhava para Julien.
Parecia querer dizer algo, mas não estava em condições.
Julien também não podia desperdiçar tempo. Estendendo a mão, fios surgiram, levantando Rupert.
Olhando em seus olhos, Julien permaneceu em silêncio.
Rupert parecia lutar para falar, mas suas palavras caíram em ouvidos surdos.
Colocando as bombas de mana nos bolsos de Rupert, Julien calmamente as posicionou.
“….!”
“Shhh.”
Levando o dedo aos lábios, a outra mão de Julien ficou roxa enquanto ele a colocou no rosto de Rupert.
Então, seu corpo ficou mole.
Foi quando Julien finalmente colocou o dedo em sua têmpora e terminou o trabalho.
Como o guarda era mais forte, era difícil matá-lo apenas com os fios. Uma fina camada de mana protegia seu corpo.
Só após usar o ‘Presas da Pestilência’ a proteção desapareceu e Julien finalizou.
Movendo os fios ao redor do corpo, ele virou-se para o fim do corredor.
“Embora suas roupas estejam bagunçadas, deve servir.”
Recuperando o fôlego, correu.
Ele só tinha alguns minutos. Agora, todos estavam cientes da explosão. Guardas viriam, ele sabia disso.
Com isso em mente, Julien enrolou um fio em uma das bombas e a lançou para longe, guiando-a na direção oposta.
Ao mesmo tempo, correu para o outro lado.
Shhhhh!
O fio se moveu muito mais rápido que ele.
Antes que percebesse, a bomba já estava longe.
“…..Isso deve ser suficiente.”
Ele estalou os dedos.
BOOOM—
Um estrondo distante ecoou.
***
“Há agitação na área externa do bunker! Precisamos de alguém para acalmar a situação!”
“A agitação está aumentando!”
“…..Eles exigem abrir a área interna. Enviem alguém.”
Relatos chegavam um após o outro de guardas em pânico. Ouvindo o que acontecia, os líderes dos postos sentiram uma enorme dor de cabeça.
Assim estava há vários minutos.
“Uma cadete está sendo especialmente barulhenta! Ela está liderando os protestos.”
“Está difícil lidar com ela. Ela é de uma família respeitável, e ninguém quer ofendê-la.”
“Não só ela, mas vários outros! Por favor, façam algo!”
O mesmo não podia ser dito por Aoife, que observava a cena com estranho divertimento.
‘Deve ser ela.’
Só conseguia pensar em uma pessoa que faria isso.
Quem mais senão Kiera…?
‘Acho que ela tem seus usos.’
Embora Aoife não tivesse certeza se Kiera sabia da situação, o que ela fazia era crucial. Com toda a atenção dos guardas focada em Julien, o protesto de Kiera dificultava as coisas para os líderes.
Provavelmente levariam mais guardas para a área externa, facilitando para Julien.
Por um momento, imaginando a cena lá fora, Aoife quase riu.
Felizmente, conseguiu se conter.
“Acalmem-se por um momento.”
Quem acalmou a situação foi o líder do posto da Guilda do Luar. Um homem alto, pele escura e dreadlocks brancos que caíam sobre seus ombros. Seus olhos profundos escanearam a sala.
“….Por favor, detalhem a situação. Há protestos lá fora, correto?”
“Correto.”
O guarda respondeu secamente.
“O que exatamente estão dizendo…?”
“Isso…”
O guarda pareceu desconfortável, olhando ao redor. Franzindo a testa, Lennon Conroy estreitou os olhos.
“Fale, o que é?”
Sob o olhar de Lennon, o guarda finalmente falou.
“…..Você sabe quem é meu pai?”
A sala ficou em silêncio.
Nenhum líder do posto disse uma palavra.
O silêncio era desconfortável, quase tenso. Mas logo foi quebrado.
“Pftt.”
Cobrindo a boca, uma risada escapou dos lábios de Aoife.
Apesar de seus esforços, não conseguiu se segurar.
Imediatamente, todos olharam para ela.
Sentindo seus olhares, a expressão de Aoife mudou.
Ela estava prestes a dizer algo quando a atenção de todos se voltou para outro lugar. Um leve tremor pôde ser sentido, acompanhado pelo som abafado de uma explosão. Vinha da área interna do bunker.
“Isso…!”
Vários líderes se levantaram.
“Esperem!”
Aoife tentou chamá-los, mas suas palavras não tiveram efeito enquanto alguns saíam da sala.
“Rápido! Vejam o que está acontecendo!”
“Eu vou também.”
“Vamos.”
Não demorou para a maioria dos líderes sair, deixando-a sozinha.
“Ah.”
Olhando para suas costas, Aoife mordeu os lábios.
‘…..Espero ter ganho tempo suficiente.’
Esse era o limite de seu poder.
Os líderes dos postos finalmente haviam agido.
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