Índice de Capítulo

    Lá estava ela: uma mulher, cujo nome é Luna, observando Saito caído no chão com olhares fracos, como se a dor que habitava no corpo do jovem também fosse sua.

    — Os jovens deveriam se esforçar menos…

    Pousou a mão em seu cabelo azulado, acariciando-o como se fosse seu próprio filho. Sua bondade de mãe aprimorou a dor que já existia em seu coração.

    — Vai ficar tudo bem, garoto.

    Pegou o algodão verde com cuidado, encostando-o no pescoço de Saito. Não demorou muito para que esse mesmo item se fundisse com seu corpo.

    Partículas prateadas vazavam de seus ferimentos, causando o desaparecimento do sangue e a cura dos machucados, não deixando brecha alguma para cicatrizes.

    — Isso vai te ajudar.

    Seus olhos transitaram para o corpo caído de Ônix, de costas para o chão, com os olhos fechados fixos no teto escuro que aquele local oferecia.

    Luna aproximou-se dele, agachando-se próximo ao garoto, observando-o por um momento, sentindo sua fadiga transbordar, mesmo com seu silêncio absoluto.

    — Você também se esforçou demais, não foi, garoto?

    Seus olhos compassivos guiaram sua mão ao peito de Ônix, fechando-o, como se desejasse agarrar um pouco de suas dores para que ela pudesse carregar uma parte.

    No entanto, algo que nem ela esperava aconteceu: seu coração gritou, como se uma montanha moldada por galáxias tivesse pousado em si.

    Uma dor abrupta quase quebrou sua alma, vinda de um absoluto silêncio interior que Luna nunca poderia sonhar que algo assim existia nesse mundo.

    Mas o que mais apertou-lhe o coração foi uma tristeza enorme, ainda maior do que qualquer planeta, estrela ou galáxia poderia oferecer ao universo.

    Era como se diversas almas estivessem em um só corpo, mas não para oferecer força, e sim tristeza, dores, arrependimentos e angústias, tudo isso em um só garoto.

    Seus olhos estavam assustados, mas nenhuma palavra saiu de sua boca, por mais que seu rosto e olhar não pudessem esconder sua surpresa interna.

    — Por que, Pai…?

    Um rio de lágrimas escapou dos olhos, compadecendo-se com a dor que habitava em Ônix, mas, sabe o mais surpreendente? O que ela sentiu não foi nem um por cento do que há nele.

    Enxugando suas lágrimas, pôs o algodão sob os olhos do garoto, esperando que suas dores fossem curadas, mas isso também não foi possível.

    O algodão entrou no corpo de Ônix pelos olhos, mas nenhuma partícula prateada saiu de canto algum de seu corpo, como se nada tivesse sido curado.

    Pouco depois, o mesmo retornou, mas, dessa vez, sua cor verde foi substituída por escuridão, enquanto pontos brancos encharcavam-no.

    Seu retorno indicou seu fracasso, como se dissesse: não há nada nessa terra que possa curá-lo. De repente, o pequeno algodão começou a flutuar.

    Este ficou rente à Luna, como se a observasse com compassividade, assim como uma mãe olha para seu filho ferido, correndo a ela, buscando por ajuda.

    Pouco depois, ele moveu-se para os olhos da mulher, atravessando-os como alguém que entra em uma porta, rumo a um caminho distante e desconhecido.

    Sua fadiga desapareceu; o peso no corpo foi-se junto ao ar; seus respiros pareciam mais leves, como se abraçassem o mais puro oxigênio que poderia existir.

    A gentileza que Luna queria oferecer para o garoto lhe foi devolvida por ele que, mesmo inconsciente e quebrado, ainda era incapaz de não priorizar os outros.

    “Obrigada…”

    Paz, alegria, gratidão… Tudo isso surgiu em seu coração graças à bondade do garoto, mas lágrimas ainda caíam de seus olhos, impedindo-a de esquecer a dor que morava no coração de Ônix.

    Fechou os olhos, enxugando as lágrimas que caíam até que elas cessassem, abrindo-os lentamente enquanto sua visão turva dificultava sua intenção de enxergar.

    Assim que se estabilizou, notou Saito ajoelhado ao lado de seu irmão, fitando-o com olhares tristes e cansados, como se um tornado de dor morasse em sua mente.

    Olhou para o lado, dando atenção aos olhos marejados da mulher próxima a ele, junto a um tom vermelho neles, entregando suas lágrimas recentes.

    Nenhuma dor, senão mental, existia em si. A leveza de seu corpo indicava que havia sido curado, e a pessoa responsável por isso estava ao seu lado.

    — Obrigado…

    Luna sentiu um alívio percorrer seu coração. Mesmo que a espada da dor ainda morasse no coração do garoto, ele não deixou de agradecer a ajuda que recebeu.

    Saito levantou-se, carregando Ônix nas costas, afastando-se da moça em passos lentos e pesados, enquanto o olhar entregava seus pensamentos reflexivos.

    Luna levantou-se, andando até seu marido caído sem dizer uma palavra, também o apoiando nas costas enquanto levava o olhar para seu filho, dizendo:

    — Arthur, vamos…

    O garoto, sem fazer pergunta alguma, entendeu, seguindo sua mãe em silêncio, compadecendo-se com a dor que acabara de observar, sabendo que não era por acaso.

    Luna olhou para a frente, observando aquele jovem se distanciar cada vez mais. Sem resistir, disse em um tom com que ele pudesse ouvir: “Garoto, espera um pouco!”

    Saito cessou seus passos, movendo seu pescoço levemente para a esquerda, olhando de canto a mulher e seu filho se aproximarem cada vez mais.

    Os passos leves de Luna ecoaram, misturando-se com os de seu filho, enquanto chegava perto do garoto que estava à espera de sua chegada.

    — Venha para a minha casa, sei que você e seu irmão precisam descansar.

    Uma gentileza abrupta, mas seria tudo o que Saito precisava: um refúgio temporário para que seu irmão ferido pudesse, pelo menos agora, descansar em paz.

    No entanto, seus instintos protetores iam levemente contra, alegando que essa gentileza era grande demais, e que não conseguiria retribuir esse favor mais tarde.

    — Desculpa, não consigo retribuir esse favor.

    Foram palavras sinceras, mesmo que desejasse aceitar a oferta. Luna esperava tudo, menos essa resposta, fazendo-a rir brevemente enquanto respondia:

    — Não precisa se preocupar, seu irmão me ajudou muito sem que ele percebesse.

    Saito suspirou em alívio, fechando os olhos por um momento para descansá-los. Ao abri-los, continuou a andar, dando espaço para sua gratidão:

    — Muito obrigado.

    Luna sorriu, respondendo-o que não precisava agradecer, era apenas o mínimo que ela podia fazer, andando junto com o garoto ao portal que estava logo à frente.


    Eles saíram da missão, caminhando pela cidade em silêncio, não por falta de assunto, e sim por saberem que essa seria a melhor resposta por agora.

    Eventualmente, chegaram na casa de Luna. Era marrom e simples, feita de madeira, mas linda e aconchegante ao ver de fora, exalando esforço em cada parte feita.

    — Vamos, essa é a minha casa.

    Luna caminhou em frente, abrindo o portão e o guiando para sua moradia em passos leves, em um suspiro aliviado por ter chegado à sua casa.

    Saito foi levado para um quarto vazio, com uma cama macia e aconchegante à sua espera, enquanto a escuridão era levemente superada pela luz que atravessava a janela.

    — Pode ficar aqui se quiser, tá? A casa também é sua, então não se preocupe.

    Luna se retirou ao completar suas palavras, deixando-o apenas ele e seu irmão, junto ao silêncio que instaurou-se no local, como se tampasse a pequena luz.

    Saito pôs seu irmão deitado na cama, cobrindo-o com um edredom, sentando-se no chão e apoiando as costas levemente na cama.

    “Esse dia não acaba nunca…”

    Fechou os olhos, movendo-os para o teto, respirando o abismo que o abraçava. De repente, um tom azulado pulsava em suas pálpebras, chamando sua atenção.

    Ao abri-los, notou nascer do chão partículas em um tom azul, que se formou no sistema logo depois, entregando as recompensas da missão.

    Sistema de Jogo
    Parabéns! Você concluiu com sucesso sua missão. Uma recompensa especial foi entregue! Sendo ela, a habilidade única chamada “Visão”, permitindo-lhe que veja o coração e sinceridade de qualquer um que queira.

    Não demorou muito para que ele lesse e entendesse suas recompensas, fazendo com que o sistema desaparecesse logo depois, deixando-o sozinho.

    Saito suspirou, levantando-se, observando Ônix com olhos atentos e tristes, usando sua mais nova habilidade em seu irmão para que pudesse compreendê-lo ainda mais.

    Havia diversas rachaduras em seu coração, como se fosse um copo fragmentado que nunca poderia ser restaurado, com eternas cicatrizes em si.

    Não havia paz em sua mente, apenas uma enorme escuridão que o impedia de sentir paz, entregando a Saito que todos seus sorrisos eram forçados.

    “Irmão…”

    Fechou os olhos, levantando o pescoço para cima, mas as lágrimas caíram de si mesmo assim, impedindo-o de disfarçar a dor para o universo e o silêncio.

    Enxugou suas lágrimas, suspirando profundamente e caminhando para a porta logo em seguida, enquanto seu maior objetivo agora era somente um:

    “Eu preciso ficar mais forte.”

    Próximo capítulo: Sistema Prateado.

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