Glartak ficou parado por um instante, observando o gigante ferido. O ar ao redor parecia mais denso, pesado, como se a floresta prendesse a respiração junto com ele. O Ursarok ainda estava de pé, mas sua postura vacilava. Seus olhos refletiam uma mistura de fúria e dor. encaravam Glartak como um desafio final — um grito silencioso de que não iria ceder facilmente, mesmo naquele estado lastimável.

    A dúvida surgiu na mente de Glartak “Será que ele ainda consegue lutar?” Era uma pergunta que martelava na sua cabeça enquanto ele tentava calcular o risco. Se o urso ainda tivesse forças, um ataque precipitado seria sua morte certa. O silêncio da floresta parecia esperar a resposta, a tensão crescendo como a calmaria antes da tempestade.

    Deu um passo à frente.

    As folhas secas sob seus pés crepitaram suavemente. Ainda que mínimo, o som foi o suficiente.

    O urso virou a cabeça. Seus olhos vermelhos faiscaram. Um rugido rasgou da garganta ferida, um som gutural e ameaçador que reverberou pela floresta como um trovão surdo. Glartak travou.

    Por um instante, o medo falou mais alto. Seus pés recuaram por reflexo, o corpo enrijecido como se tivesse acabado de encarar a morte de frente.

    Mas então… o colosso tombou.

    O Ursarok perdeu o equilíbrio e desabou com um baque pesado, levantando poeira e folhas ao seu redor. Glartak observou com os olhos arregalados enquanto a criatura tremia, arfando, mas não se erguia novamente. Estava acabado. Tinha perdido sangue demais, lutado por tempo demais.

    Aquele rugido não passara de um blefe.

    Glartak cerrou os dentes, recuperando o fôlego e a coragem que o instinto quase lhe arrancara.

    Aproximou-se.

    O rasgo no pescoço do Ursarok, profundo e irregular, pulsava fraco, a cada batida lenta do coração da fera. Era ali. O ponto fraco que restava.

    Glartak subiu no dorso do monstro, firme, decidido, e enfiou a garra direto no ferimento. A essa altura seu braço já estava quase completamente curado. O urso estremeceu. Deixou escapar um grunhido fraco, mas não reagiu. Glartak golpeou de novo. E mais uma vez. E outra.

    — Mesmo à beira da morte… a vitalidade desse urso maldito é enorme… — murmurou entre os dentes, ofegante, o braço já banhado de sangue.

    Por fim, o corpo do Ursarok tremeu uma última vez. O ar escapou pelos pulmões como o suspiro final de um rei derrotado.

    Ele deu um passo para trás, permitindo que o corpo do Ursarok ficasse imóvel diante dele. Foi quando uma notificação do sistema soou — clara e precisa — quebrando o momento.

    < Você alcançou os requisitos para evolução >

    Glartak piscou, sentindo uma mistura de surpresa e satisfação tomar conta. Contra sua vontade, um sorriso involuntário se formou em seus lábios — um sorriso maior e mais aberto que aquele que soltou quando o Ursarok caiu. Era o reconhecimento do sistema, o sinal de que o que ele tanto buscava agora estava ao seu alcance.

    Sua vontade era clara: evoluir ali mesmo, naquele instante, aproveitar o impulso e a adrenalina para alcançar um novo patamar. Mas ele lembrava-se muito bem da última vez que cedeu a essa pressa — a ansiedade quase lhe havia tirado a vida. Não cometeria o mesmo erro novamente.

    Com o coração ainda acelerado, Glartak olhou ao redor e viu que, apesar do silêncio momentâneo, o perigo ainda pairava. A batalha, tão intensa e sangrenta, poderia ter atraído a atenção de outros monstros mais poderosos, famintos por presas ou territórios. Ou o silêncio poderia ser uma armadilha — talvez outras criaturas estivessem se aproximando, atraídas pela luta ou pela ausência dela.

    Então, rapidamente aproveitou do banquete a sua disposição e sem hesitar, ele começou a se afastar, movendo-se rápido e silencioso entre as árvores. O objetivo era encontrar um abrigo seguro — um lugar onde pudesse finalmente descansar e evoluir sem interrupções.

    Após alguns minutos de caminhada tensa, Glartak encontrou uma caverna discreta, parcialmente oculta pela vegetação densa. Um local perfeito para se esconder e recuperar as forças. Ele entrou devagar, a escuridão envolvendo-o como um manto protetor. Finalmente, sentiu-se um pouco mais seguro.

    Sentou-se sobre uma pedra lisa dentro da caverna, soltando um suspiro de alívio. Com as mãos ainda tremendo, abriu as notificações do sistema para entender o que conquistara.

    < Habilidade Sombra Predatória evoluiu para Caçador Silencioso >

    Reduz drasticamente a presença do usuário no ambiente.
    A mente de quem tenta percebê-lo tende a ignorá-lo, como se fosse parte do cenário. Mesmo olhando diretamente, é difícil manter o foco ou lembrar com clareza que havia alguém ali.
    A eficácia desta técnica depende da capacidade perceptiva do adversário.

    Era a habilidade que mais o ajudara até agora, e a evolução era uma surpresa muito bem-vinda. Glartak sorriu, entendendo o valor da sombra que carregava consigo.

    Pensou nas duas evoluções que já conquistara. A primeira, quando escapou e se escondeu dos lobos famintos. A segunda, mais recente, quando seguiu o Ursarok por horas e permaneceu invisível durante toda a batalha, até matar um lobo enquanto a luta ainda rolava. Não existia comida grátis naquele sistema ordinário, era um jogo brutal de risco e recompensa.

    “Ou você arrisca e consegue algo, ou não arrisca e muito provavelmente morre”, disse para si mesmo, reafirmando o pensamento que o guiava desde o começo.

    Então abriu a outra notificação, ansioso para ver o que o futuro reservava.

    < Você alcançou os requisitos para evolução >

    Evoluções disponíveis:

    Goblin Soberano

    Um líder absoluto entre os monstros. Seu intelecto, instinto e presença moldaram-no não como um usuário da magia, mas como um símbolo de comando. O sistema reconhece sua natureza como a de um governante nato, destinado a dominar pela astúcia, força e estratégia.

    Habilidades:

    Comando Absoluto

    Sua voz é lei. Pode emitir uma ordem por combate que força monstros aliados próximos a seguirem, mesmo contra o instinto. A eficácia aumenta com lealdade e vínculo. Inimigos mais fracos têm chance de vacilar diante de sua presença imponente.

    Tática Instintiva

    Ao observar o campo de batalha, sua mente trabalha em níveis altíssimos. Podendo para prever movimentos com segundos de antecedência.

    Domínio Corporal Nova habilidade física exclusiva

    Sua evolução física rompe os limites da raça goblin. Você domina seu corpo com maestria sobrenatural.
    Ativa técnicas únicas baseadas em movimentos, golpes e posturas de combate;
    Permite adaptação instantânea do estilo de luta ao inimigo;
    Evolui com o uso, permitindo novos tipos de movimentos e até criação de estilos próprios;
    Não consome mana nem pontos do sistema — é fruto do instinto e domínio corporal absoluto.

    Você não é um monstro qualquer. Você é a lei. Um tirano sem magia, mas com o poder de dobrar monstros e homens pela força, inteligência e pura presença.


    Goblin Monarca

    Um governador entre monstros, cuja vontade despertou uma fagulha de poder que transcende o físico. Agora, o sistema reconhece sua alma como digna de compreender a magia.

    Habilidades:

    Aura Soberana

    Sua presença impõe respeito e terror. Inimigos mais fracos têm chance de hesitar. Aliados próximos tornam-se mais resistentes ao medo e efeitos de controle.

    Corpo do Monarca

    Seu corpo foi aprimorado. Força e resistência aumentam permanentemente.

    Magia Bruta Nova habilidade mágica exclusiva.

    Agora você teve seu primeiro contato com a magia. O sistema reconheceu sua essência e lhe concedeu uma magia única, baseada na sua afinidade.
    Essa magia:
    Não consome mana, mas sim pontos do sistema;
    Cresce com o uso constante, permitindo variações e aprimoramentos;
    Não pode ser trocada: a afinidade é permanente;
    Pode, com o tempo, se expandir — dando origem a técnicas derivadas, segundo sua criatividade e domínio.

    Outros manipulam a mana ao seu redor. Você, não. A magia que carrega é um presente do próprio sistema, moldada por quem você é. E apenas você pode usá-la assim.

    Glartak ficou imóvel, olhos fixos nas palavras que piscavam diante dele na interface transparente do sistema. Era um momento decisivo. As duas opções à sua frente representavam caminhos radicalmente diferentes, e ele precisava escolher qual seria sua próxima etapa.

    O soberano — a força implacável sem uso de magia, mas com controle absoluto de aliados e domínio corporal; ou o monarca que despertava poderes místicos dentro dele, uma nova dimensão de força, que vinha acompanhada da magia bruta, mais desconhecida e perigosa.

    O silêncio da caverna parecia esmagar seus pensamentos, enquanto seu corpo exausto começava a se acalmar, e a fome ansiosa pela evolução apertava o peito.

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