Capítulo 105: Começo de um Novo Mundo

Depois da luz cegante desaparecer, Kieran se encontrou numa sala pequena e escura.

Sua mente foi inundada por memórias da sua nova identidade na masmorra, então só bastou um olhar sobre a cama de solteiro e seus arredores bagunçados para que soubesse onde estava.

“Imagino que esse seja meu quarto?”

Kieran olhou para sua mochila sobre a cama. Não havia mudado muito, exceto que havia uma câmera ao lado.

Kieran abriu sua mochila e verificou se todos os itens que ele havia levado estavam lá. Seus suprimentos, balas e granadas estavam intactos.

Kieran pegou a câmera e a inspecionou. Não havia nada de especial. Era apenas uma câmera comum. A única coisa que chamava atenção sobre ela era sua lente longa, que parecia bastante cara.

“Um repórter, hein?”

Enquanto olhava para a câmara que tinha em mãos, Kieran não conseguiu deixar de rir amargamente. Sua identidade era ainda mais ridícula que a qual ele tinha na masmorra anterior.

O celular ao lado de seu travesseiro tocou.

Era um celular antiquado que só fazia ligações e recebia mensagens.

Suas memórias diziam que lhe pertencia, embora parecesse bem barato se comparado com a câmera.

Kieran pegou o celular e viu o ID de chamada. Era um número desconhecido, contudo, Kieran respondeu sem pensar duas vezes.

Depois de três masmorras, incluindo a de iniciantes, Kieran já tinha entendido como o fluxo do jogo.

No começo de cada masmorra, sempre havia alguém que introduzia os jogadores a Missão Principal.

Havia sido Colleen na masmorra de iniciantes, Hunter na sua primeira masmorra, e capitão Ralph na masmorra em equipe.

Esses três nativos tinham gatilhado a Missão Principal de cada masmorra, a única diferença era a dificuldade, que resultava em diferentes aparições e soluções.

Essa ligação era obviamente o ponto de gatilho para a Missão Principal dessa masmorra, ou para ser mais preciso, a pessoa que estava ligando era.

— Opa, Sr. Grande Repórter! O caso que você queria investigar tem algumas novas lideranças. Venha aqui, então podemos falar sobre nossos arranjos! O preço que você ofereceu não vale um furo grande como esse!

A voz do outro lado da linha soava eloquente. A pessoa a quem ela pertencia parecia bem confiante sobre sua atitude e desligou antes que Kieran pudesse sequer reagir.

Kieran não estava bravo, no entanto. Tudo estava progredindo conforme suas expectativas. A pessoa que tinha ligado havia de fato sido o gatilho para a Missão Principal.

O nome do homem era Larry, e ele ganhava a vida vendendo informações para os interessados. Larry era bom no que fazia, e a credibilidade de suas informações era impecável, motivo esse pelo qual esta era a melhor fonte de Kieran.

Em outras palavras, Larry era o informante de Kieran.

De acordo com as memórias na mente de Kieran, se Larry havia soado tão confiante no celular, então isso provavelmente significava que ele estava em alguma coisa grande.

Kieran rapidamente procurou pela sua carteira em meio a bagunça de seu quarto. 

A porta de uma lavanderia comum e pequena num beco da Rua Falcão abriu.

O dono da lavanderia era um homem negro e corpulento com um rosto hostil, que falava com a mistura de um sotaque local e outros.

A estranha localização da lavanderia em combinação com o rosto bravo do seu dono eram a razão pela qual os negócios não iam bem. Porém, a lavanderia permanecia aberta.

As pessoas sempre perguntavam que tipo de magia permitia o negócio permanecer.

Verdade seja dita, a lavanderia havia sido reportada mais de uma vez pelos locais, e a polícia havia aparecido várias vezes. No entanto, toda vez que eles vieram, saíram de mãos vazias. Nunca havia nenhuma droga ou armas de fogo ilegais escondidas na lavanderia como as pessoas reportavam. Os policiais que iam lá para investigar tinha se tornado piada na hora do almoço na delegacia.

Depois de alguns alarmes falsos, nenhum policial estava disposto a pôr um pé no lugar e manchar ainda mais sua reputação.

O lugar se tornou ainda mais famoso depois de dois incidentes como esse. Os policiais tinham recebido informações sólidas como rocha sobre negócios ilegais acontecendo na lavanderia, mas acabou por ser mentira. O dono rancoroso tinha até mesmo processado a delegacia, e dois dos oficiais chefes haviam sido suspensos pelo fiasco.

Desde de então, a lavanderia havia se tornado terra de ninguém para os policiais.

Tudo isso havia sido orquestrado pelo verdadeiro dono do estabelecimento, Larry.

O homem magro com um rosto longo e estreito estava sentado diante de Kieran com um cigarro em mãos, fumando vagarosamente.

A forma como ele estava sentado era muito estranha. Ele tinha uma perna no topo da cadeira e a outra enrolada na perna sobre a cadeira, parecendo mais como um macaco do que com um ser humano.

— Quais são as notícias? Eu não estou aqui para assistir você fumar. — Kieran foi direto ao ponto.

Desde que ele era um velho cliente, ele podia apenas ir atrás da loja e procurar por Larry.

Semelhante, Larry era ainda mais casual e cru com Kieran, que era um de seus clientes mais velhos.

— Me dê 10.000 primeiro e então eu falo! Você sabe que a venda de informação é meu ganha pão, colega, e eu tenho toneladas de bocas para alimentar! Esse é meu único negócio, então a grana tá curta!

Larry fez uma expressão lamentável, mas parecia extremamente falsa. Mesmo uma criança conseguia dizer que ele estava atuando.

— 10.000? Tá bom, mas eu preciso de informações sólidas para justificar todo esse dinheiro!

A carteira que Kieran tinha encontrado em sua casa desorganizada não tinha tal quantia de dinheiro, mas ele ainda tinha alguns cartões bancários. O dinheiro no banco era mais que suficiente para cobrir o preço de Larry.

Kieran podia pagar a quantia desde que a informação valesse o preço.

— É a testemunha que eu peguei próxima da cena do crime. Eu questionei ele, e tenho certeza de que o cara sabe muito mais sobre o ataque. Pela minha honra! — Larry disse com o máximo de sua confiança.

Como um informante, sua honra era sua moeda de barganha mais importante.

Sem sua credibilidade e sua honra, ele ficaria fora de negócios num piscar de olhos.

Kieran lançou o cartão bancário em direção a Larry, e Larry o roubou com uma expressão satisfeita. Ele pegou um pedaço de papel, escreveu um nome e um endereço, e então dobrou e entregou para Kieran.

— Obrigado pela sua generosidade, colega! Esse é o nome dele e o endereço que eu o coloquei temporariamente. É realmente seguro e isolado. Esse cara é um imã de má sorte. Ele definitivamente mexeu com as pessoas erradas. Mas graças a ele, eu fiz uns trocados também! — Larry disse com uma expressão ainda mais satisfeita.

Kieran não respondeu. Ele apenas olhou para a informação no papel e caminhou para fora dando um último aceno para Larry.

Depois de passar por uma passagem estreita, com espaço suficiente para que apenas uma pessoa passasse, ele alcançou a frente da lavanderia. Ele nunca se incomodou em fazer contato visual com o dono. Ele era o dono apenas no nome afinal. Ele era na verdade o guarda-costa de Larry.

No entanto, quando Kieran virou na Rua Falcão, um carro preto passou por ele como um raio e entrou no beco.

Com um guincho agudo de seu freio, o carro parou bem em frente a lavanderia, e dois canos pretos de armas apareceram atravessando as janelas.