Índice de Capítulo

    Colin guardava seus últimos pertences na mochila de couro. Vestia uma camisa azul-escura, junto com calças e botas pretas.

    Ao seu lado, Morwyna ajeitava sua túnica escura sobre as calças azuis, completando o visual com botas pretas. Ela colocou a mochila nos ombros, sentindo o peso das provisões.

    — Tudo certo? — perguntou Colin, quebrando o silêncio.

    — Sim — respondeu Morwyna, sua voz doce misturada com um pouco de vergonha pelo que acontecera no dia anterior. — Estou pronta para ir, senhor…

    — Certo, hora de sair desse lugar.

    Mal saíram da cabana quando ouviram um estrondo.

    Boooom!

    Olharam para cima e viram enormes cristais brilhantes desabando sobre o vilarejo.

    — Senhor Colin!

    — Eu sei!

    Antes que atingissem os moradores, faíscas surgiram ao redor de Colin e, num instante, ele estava diante do maior cristal em queda.

    Com os punhos fechados, desferiu um golpe violento que estilhaçou o cristal em milhares de fragmentos luminosos.

    Cabrum!

    Os outros Elfos reagiram rapidamente, criando barreiras mágicas para proteger seu povo. Um enorme buraco se abriu no teto e todos olharam para cima, tensos, enquanto Colin pousava no chão, ainda cercado por faíscas.

    — Um ataque? — murmurou Colin, olhando de soslaio para os Elfos assustados.

    “Isso é culpa minha, essas criaturas me seguiram!”

    Do buraco no teto da caverna, uma horda de criaturas abissais surgiu, com formas grotescas e horripilantes. Elas desciam pelas paredes e saltavam ao chão.

    “São demônios demais, preciso ser rápido!”

    Colin, irritado, levantou o braço direito e um círculo mágico de faíscas vermelhas se formou à sua frente.

    Uma matilha de lobos elétricos gigantes apareceu, avançando contra as criaturas.

    Os demônios tentavam atacar desesperadamente os lobos, mas suas garras e presas passavam através deles sem causar dano.

    Os lobos, feitos de pura energia, despedaçavam seus inimigos com dentes e garras de relâmpagos, cada golpe soando como um trovão que selava o destino das abominações.

    — Rei da superfície! — gritou o Elfo. — O que são essas coisas?

    — Proteja os seus, eu cuido disso! — respondeu Colin.

    Morwyna corria para alcançá-lo.

    — Morwyna! Ajude a proteger os Elfos — ordenou Colin. — Eu vou resolver isso!

    — Tá!

    Ela estendeu as mãos para o céu enquanto sussurrava um encantamento. Uma luz azulada brotou de seus dedos, e ela a teceu no ar como fios de seda. Do chão, surgiu uma redoma brilhante ao redor dos Elfos e dos moradores do vilarejo.

    Enquanto isso, Colin estava no centro da batalha, rodeado por seus lobos elétricos.

    As criaturas do abismo avançavam. Elas só pensam em uma coisa, destruir qualquer coisa que se movesse. 

    A primeira onda de demônios emergiu das sombras e Colin sentiu um sorriso se formar em seus lábios.

    “Perfeito! Estou em desvantagem!”

    Com os passos fantasmas, ele lançou-se à batalha, os lobos avançando com ele.

    “É a primeira vez que enfrento uma horda depois de ficar mais forte… certo, vamos lá!”

    O primeiro demônio caiu sob o peso de um dos lobos, garras elétricas rasgaram a carne demoníaca como se fosse seda.

    Crunch!

    Colin conjurou sua lâmina e a girou, um arco de eletricidade crepitando ao redor da arma e desferiu um golpe brutal em outro demônio que se aproximava.

    Swin!

    A cabeça da criatura foi arrancada do corpo e, correndo em zigue-zague, destroçou dezenas de demônios em segundos, um rastro de mana avermelhada o seguindo.

    “Para minha sorte, esses desgraçados não são tão fortes!”

    Colin avançou contra a próxima onda de demônios, seus lobos elétricos o seguindo.

    — Cuidado!

    Um jovem elfo, ajoelhado atrás de uma coluna de cristal, ergueu o arco com mãos trêmulas, disparando uma flecha de luz azul que ricocheteou na carapaça demoníaca.

    — N-não funcionou?

    “Pirralho de merda, o que está fazendo longe do seu esconderijo?”

    Colin respirou fundo, os olhos arrebatados. Aproveitando a brecha, ele girou a lâmina eletrificada num arco preciso. O estalo do metal rompendo carne sacudiu a caverna e, ao longe, um grupo de elfos exclamou alívio ao ver a criatura tombar.

    Os lobos avançaram como se fossem um.

    Morwyna ergueu as mãos para tecer uma barreira cintilante ao redor de uma família de aldeões e do garoto que havia atacado.

    “Valeu, princesa! Agora, sim, só eu e criaturas que posso matar sem distinguir entre amigo e inimigo. Como eu estava com saudade disso!”

    Os demônios vinham em ondas sem fim, mas Colin não recuava. Cada demônio destroçado só aumentava sua excitação.

    Crunch! Swin! Chunch!

    O som da adaga cortando carne, os gritos de agonia e o cheiro de ozônio misturado com sangue demoníaco eram como música para seus ouvidos.

    Para Colin, cada pedaço de carne rasgada era um estímulo, uma provocação que despertava uma sede insaciável por mais violência.

    A cada demônio abatido, a cada inimigo aniquilado, ele se deleitava na carnificina, sentindo-se cada vez mais compelido a mergulhar na brutalidade da luta, como se cada golpe desferido fosse essencial para saciar uma fome crescente por caos e destruição.

    Já era quase impossível saber se o calor que fervia dentro de Colin vinha do sangue Errante que corria em suas veias ou se era reflexo de uma mente cada vez mais consumida pela loucura.

    “Isso! Continuem! Não parem de me atacar um segundo sequer!”

    A violência tinha se tornado parte dele, tão natural quanto o sangue que o mantinha vivo, e tão enraizada quanto os pensamentos que o empurravam adiante.

    Seus lobos, enormes e ferozes, eram extensões de sua própria vontade.

    Eles se moviam em perfeita sincronia, derrubando inimigos com golpes devastadores. A eletricidade que pulsava em seus corpos iluminava o subterrâneo com clarões brilhantes cada vez que um demônio era atingido.

    Ele era uma verdadeira tempestade.

    Colin estava longe de levar aquela luta a sério, mas matar sem distinção era o paraíso para ele.

    Um demônio maior e mais feroz que os outros avançou. Seus olhos estavam fixos em Colin, como se soubesse que ele era o maior perigo.

    Colin ergueu sua lâmina e sorriu.

    Ele adorava um bom desafio.

    O demônio atacou, mas Colin desviou com agilidade.

    “Lento demais!”

    Com um movimento rápido, cravou sua lâmina no peito da criatura, e um jato de eletricidade explodiu da arma, percorrendo o corpo do demônio e fazendo-o convulsionar violentamente.

    Queimada, a criatura caía, morta antes de tocar o chão.

    Os lobos continuavam sua carnificina, rasgando e eletrocutando qualquer demônio que ousasse se aproximar.

    “Continuem!”

    Os demônios, apesar de sua natureza feroz, começavam a hesitar, percebendo enfrentar algo além de suas capacidades.

    Colin, no entanto, não mostrava misericórdia.

    Ele estava no auge de sua excitação, seus olhos brilhando com uma luz insana.

    A brutalidade com que combatia os demônios era quase artística, uma expressão de sua verdadeira natureza, o tipo de natureza que ele só mostrava em momentos íntimos ou em uma batalha como aquela.

    Seus movimentos eram tão rápidos que pareciam um borrão.

    Finalmente, após o que pareceu uma eternidade de caos e carnificina, a horda de demônios começou a recuar. Os poucos que restaram tentaram fugir, mas Colin e seus lobos não permitiram.

    Ele sentia a necessidade de acabar com todos, de não deixar sobreviventes.

    Ele abandonou a adaga, então suas mãos, transformadas em armas brutais, arrancavam membros, torciam pescoços com um estalo seco e mergulhavam fundo nos torsos dos inimigos, rasgando couro, músculo e vísceras como se fosse papel molhado.

    Seus dentes, afiados e famintos, encontravam gargantas demoníacas e trituravam-nas, o gosto de sangue negro e enxofre escorrendo por seu queixo enquanto ele ria—um som rouco, quase bestial, que ecoava no campo de batalha como o aviso de um predador que não conhece piedade.

    Ele não lutava, ele desmontava.

    Demônios maiores tentavam segurá-lo, mas ele se contorcia como uma fera enjaulada, arrancando pedaços com as próprias unhas, cravando joelhos em costelas demoníacas até as ouvir rachar.

    Um deles tentou agarrá-lo por trás, mas Colin girou como um louco, enfiando os dedos nos olhos da criatura até sentir o líquido quente e viscoso jorrar entre seus nós dos dedos. Quando o demônio gritou, ele aproveitou para cravar os dentes em sua jugular, arrancando um pedaço inteiro com um movimento brusco da cabeça.

    Morwyna observava tudo com os olhos arregalados, as mãos tremendo levemente ao lado do corpo, os dedos contraindo e relaxando como se buscassem algo em que se agarrar.

    A garganta seca, ela engoliu em seco, sentindo o gosto metálico do medo na língua.

    — Isso é… assustador… — A voz quase não saiu.

    Colin, naquele momento, não era o homem que ela conhecia, ele era um vendaval de dentes, garras e fúria pura, algo tão primitivo que fazia até os demônios, criaturas feitas de horror, hesitarem.

    Ela já viu centenas de lutas antes, viu entre os Elfos Negros guerreiros ferozes, mas nada como aquilo.

    Nada que parecesse tão… selvagem.

    “Agora tenho certeza… naquele treinamento do plano simulado, ele estava longe de me levar a sério. Se o fizesse, eu… estaria morta.”

    Um calafrio percorreu sua espinha quando os olhos de Colin, ainda brilhando com o reflexo da matança, pousaram nela por um instante.

    Por um segundo, ela se perguntou se ele ainda a reconhecia—ou se, naquela fúria, tudo o que ele via era carne para ser dilacerada.

    Então, ele respirou fundo e algo humano voltou ao seu olhar.

    Seus lobos, tão selvagens quanto ele, completavam o massacre, saltando sobre os sobreviventes, rasgando tendões e abrindo ventres enquanto Colin avançava, um espectro ensanguentado que não parava até que o último demônio caísse—até que não restasse nada além de silêncio, corpos despedaçados e o cheiro acre de morte.

    E então, só então, ele parou.

    Não havia mais nada para matar.

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