Índice de Capítulo

    Craig joga os peixes próximo a Kenji, e senta junto ao grupo que estava em círculo.

    Drax começou a remover, uma a uma, as pesadas peças de sua armadura, aliviando os ombros e soltando um suspiro contido.

    A medida que as placas eram retiradas, revelavam cicatrizes antigas e cortes ainda recentes, profundos e escurecidos, alguns ainda em processo de cicatrização. Seus músculos, rígidos como pedra, tremiam levemente com o alívio da tensão.

    Kenji observava em silêncio, impressionado com o quanto Drax já havia suportado. Em seguida ele olha para os peixes e fala com Craig.

    — O que você quer que eu faça com isso?

    — Coma! Não nos leve a mal, mas temos um bom banquete. — Craig se referia aos corpos que eles tinham levado.

    Kenji engole seco, em seguida ele se levanta e pega alguns galhos próximos para fazer uma fogueira.

    Com a fogueira pronta, Kenji começa a esquentar os peixes que Craig tinha pegado.

    Os répteis começam a devorar pedaços dos humanos mortos, assustando Kenji devido a tamanha brutalidade, ele tenta a todo momento evitar contato.

    Kenji saboreia o peixe, que ao seu paladar não era lá tão agradável mas por ser o único alimento por ali, foi forçado a comer.

    — Depois de comer levante! Preciso te ensinar umas coisas. — disse Ajak.

    Tendo terminado de comer todos os peixes, Kenji se levanta e se aproxima de Ajak, que o leva para um ponto afastado do grupo.

    Craig permanecia na água, parcialmente submerso, com os olhos semicerrados e um sorriso discreto no rosto — parecia relaxado, quase contente, como se aquele fosse seu habitat natural.

    No entanto, seu corpo permanecia atento, os sentidos aguçados, pronto para reagir a qualquer movimento suspeito ao redor.

    Drax, por outro lado, repousava em uma grande pedra à beira da margem. Após se alimentar, decidiu descansar, os braços cruzados e os olhos fechados.

    Sua respiração era lenta, mas o sutil tensionar de seus músculos deixava claro: mesmo em aparente repouso, ele também permanecia alerta.

    — Você não parece saber lutar, então vou te ensinar o básico. Essa não deveria ser minha função mas, agora que você está conosco é melhor que você saiba lutar. Venha, me ataque!

    Apesar de estar apreensivo, Kenji fica em posição de luta. Ele começa desferindo dois socos, numa tentativa de acertar o rosto de Ajak, mas pela diferença de tamanho são golpes falhos, Ajak simplesmente anda para trás para desviar dos ataques sem muito esforço.

    — Você está visando meu rosto, mas com essa diferença de tamanho será impossível. Nós agimos rápido em uma luta porque temos um único objetivo… Matar! Se você não pretende matar e quer lutar só usando os punhos, vai precisar pensar em outra forma de acertar o oponente.

    Kenji relembra o momento que foram atacados e percebe que ele tem razão, todos eles agiram de forma brutal só visando atacar para matar, Kenji nunca tinha matado e o que ele sabia de luta era o que via nas brigas em tavernas, não era uma boa experiência.

    — Eu não tenho experiência com lutas, então pra mim isso é tudo muito novo…

    — Ehh.. dá pra perceber. Vamos fazer diferente. — Ajak levanta os braços e abre suas mãos, fazendo-as de alvos. — Você vai socar minhas mãos.

    — Isso é muito básico, não acha?

    — Vamos do básico para que você aprenda. Qualquer integrante do meu grupo precisa saber lutar, não vai ter como te defender sempre. De tempos em tempos eu vou te atacar e você terá que desviar, entendeu?

    Kenji acena com a cabeça em resposta.

    Os dois continuaram fazendo aquele pequeno treinamento até o anoitecer. Ao contrário de quando Kenji cortou madeira, ele não estava cansado e chegou até se divertir naquele momento.

    — Você aprende rápido! Mas isso não será o suficiente.

    Ajak utiliza sua cauda para golpear Kenji pelas pernas, fazendo ele cair seco no chão.

    — Merda! Isso é golpe baixo!

    Ajak ri.

    — Numa luta, infelizmente o inimigo não vai estar preocupado com isso. — Ajak estende a mão.

    Kenji segura na mão de Ajak que o ajuda a se levantar. Mesmo tendo caído ele ainda parecia se divertir com a situação, e ambos riem daquilo.

    Como Ajak tinha dito, em alguns momentos ele atacava Kenji para que ele desviasse, nem sempre ele conseguia desviar, mas ele já estava pegando o jeito.

    Depois de levarem um tempo com o treino, Ajak fez uma pausa.

    — Por hoje está bom. Amanhã a gente pode continuar se quiser, vamos descansar porque amanhã ainda temos uma grande jornada.

    — Tudo bem. Porque você está fazendo tudo isso?

    — Você vai precisar se defender, garoto. Por enquanto você está conosco, mas depois será por conta própria! — Ajak se retira, voltando para o lago onde estava o restante do grupo.

    Enquanto isso, em Mariviel.

    Dois homens altos, com os corpos cobertos por tatuagens tribais e marcas de batalhas antigas, atracaram em um barco de aparência desgastada, mas resistente.

    — O leilão vai ser aqui? Em Mariviel? Quem diria, hein. Hahaha

    Assim que encostaram no cais da cidade, começaram a descarregar algumas caixas de madeira robusta, empilhando-as com cuidado ao lado do ancoradouro.

    O som oco das caixas batendo no chão ecoava suavemente sobre o som das ondas.

    Após alguns minutos em silêncio, um dos homens, de olhos estreitos e voz rouca, se manifestou, rompendo a calmaria com um tom grave:

    — Está quase pronto! Falta mais algumas coisas e o leilão irá acontecer em breve.

    — Essa cidade é mais distante, ninguém imagina que será aqui e se der merda a gente foge pelo mar, vai ser moleza!

    Uma pequena criatura de pele escura, com olhos brilhantes e curiosos, observava atentamente os dois homens no cais.

    Vestia roupas gastas de minerador — colete de couro, calças remendadas e botas cobertas de poeira antiga — e empunhava uma picareta que parecia grande demais para seu tamanho, mas que carregava com firmeza.

    Escondida parcialmente atrás de uma pilha de barris, a criatura franzia o cenho, intrigada com o conteúdo das caixas. Seu olhar, astuto e desconfiado, acompanhava cada movimento dos humanos.

    Devido a falta de luz no cais, os homens não perceberam que estavam sendo observados, então continuaram seu trabalho até as caixas acabarem. Quando terminaram, amarraram o barco e deixaram o local.

    — Espero que o reforço já teja vindo. — disse a pequena criatura.

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