Capítulo 231: Caos [1]  

Estrondo—!  

Eu me sentei rapidamente ao ouvir a explosão.  

“O que aconteceu…?”  

Olhei na direção de onde o barulho veio.  

“Reforços?”  

Iríamos ser resgatados deste lugar? Meu coração acelerou com o pensamento, mas Coruja-Poderosa logo jogou água fria em minhas esperanças.  

“É improvável.”  

Virei a cabeça para olhar para ela.  

“Por quê?”  

“….Se fossem reforços, não seriam tão óbvios. Na verdade, considerando o quão importantes vocês são para o Império, tenho certeza que mandariam aquela mulher.”  

“Aquela mulher?”  

Olhei para a coruja confuso, mas como ela se recusou a elaborar, só pude ficar em silêncio.  

‘Quem é ela falando…? E por que sinto algo estranho quando ela mencionou isso?’  

Ela quase parecia assustada, mas ao mesmo tempo não.  

….Era difícil dizer.  

“Julgando pela força do ataque, provavelmente foi feito por um de seus colegas.”  

“Um dos meus colegas?”  

Fiquei surpreso com as palavras de Coruja-Poderosa.  

Embora não conhecesse nenhum deles, pelo poder da explosão, pareciam ser bastante fortes.  

Ainda assim, sabia que algo fora do esperado havia acontecido.  

Olhei para Coruja-Poderosa e perguntei:  

“O que eu faço?”  

“….Aceleramos nossos planos.”  

Batendo as asas, Coruja-Poderosa se moveu e pousou no meu ombro. Pedrinha, por outro lado, se posicionou à minha frente, encarando a porta.  

Olhei para ele por alguns segundos antes de voltar minha atenção para a porta.  

“E agora?”  

“Pressione sua mão contra a porta.”  

“…..?”  

Embora confuso, obedeci e pressionei minha mão contra a porta.  

“Concentre toda sua atenção na porta e use a habilidade que te ensinei. Imagine rachaduras cobrindo a porta toda.”  

“Ah.”  

Finalmente entendi suas intenções e fechei os olhos.  

‘Rachaduras. Rachaduras. Rachaduras…’  

Comecei a imaginar rachaduras como Coruja-Poderosa sugeriu. Na frente, atrás, em todos os lados.  

Levei alguns segundos para completar a imagem, e quando terminei, afastei minha mão e dei um passo para trás.  

“Nada mal.”  

Coruja-Poderosa foi a primeira a me elogiar, olhando para a porta agora coberta de rachaduras.  

Parecia que iria desmoronar com um simples toque.  

“Prepare-se. A porta vai abrir em breve.”  

Acenei e olhei para meu braço.  

Por alguns segundos, meus olhos pousaram na tatuagem em meu braço. Era um trevo de quatro folhas estranho e nada agradável aos olhos.  

Na verdade, era simples demais.  

…..Eu nem gostava de tatuagens, para começar, então me senti um pouco repelido pela visão.  

‘Que desperdício. Ainda bem que este não é meu corpo.’  

“Prepare-se.”  

Estrondo—!  

Olhei rapidamente para a porta que começou a tremer. Meu coração pulou quando ela começou a se abrir, e de repente fiquei nervoso.  

Fios começaram a sair do meu braço, avançando e deslizando pela pequena abertura da porta.  

“Haa… Haa…”  

Sentia minha respiração ficar mais pesada a cada segundo enquanto concentrava toda minha atenção em controlar os fios.  

Suor escorria pelo meu rosto enquanto eu me focava completamente na tarefa.  

Lentamente, os fios começaram a avançar e envolver as pernas da pessoa do outro lado.  

“Agora!”  

Nas palavras de Coruja-Poderosa, fechei minha mão e enganchei os fios ao redor das pernas.  

Estala! Estala…!  

Pensei que tinha conseguido, mas fiquei decepcionado e horrorizado ao ver os fios se romperem assim que se prenderam aos tornozelos.  

“Isso…!”  

A porta se abriu mais, e a figura do outro lado se curvou para entrar.  

Seus olhos vazios e sem vida fixos em mim, e de baixo, suas mãos esqueléticas se estenderam, agarrando-se famintas em minha direção.  

Meu coração acelerou e tentei usar os fios novamente, mas foi inútil, pois a mão varreu os fios, rompendo-os rapidamente.  

“….!”  

“Patético.”  

Avançando, Pedrinha pressionou sua pequena pata no chão.  

Baque!  

O guarda imediatamente perdeu o equilíbrio e caiu de cara no chão. Então, avançando, Pedrinha pressionou sua pata sobre a cabeça dele, e…  

Puchi!  

Esmagou-a completamente.  

“…Ah.”  

Pedaços de carne se espalharam enquanto sentia algo subir das profundezas do meu estômago, lentamente chegando à minha boca.  

“Ukh!”  

Cobri minha boca com a mão e fiz o máximo possível para não vomitar.  

Mas era difícil.  

Muito difícil.  

“Supere isso.”  

Pedrinha disse, olhando para mim com olhos frios.  

“…..Isso não teria acontecido se você fosse mais decisivo. Quem mandou mirar nas pernas? Você claramente não quer matar.”  

“…..”  

Não tinha desculpas.  

O gato estava certo. Eu… falhei porque não apontei para matar, apenas para incapacitar.  

Mas…  

“Como você pode me pedir para matar quando nunca matei antes?”  

Não era como se eu fosse pró-vida ou algo assim.  

….Eu poderia matar se fosse necessário, mas entendia meus limites. Se matasse agora, minha mente entraria em um estado de caos.  

Seria tudo em que eu pensaria nas próximas horas, dificultando minha concentração.  

Mas não era só isso.  

Olhando para os pedaços de carne no chão e o sangue se acumulando sob meus pés, senti meu estômago revirar.  

Isso também era algo a que eu precisava me acostumar.  

“Ukh.”  

Cobrindo minha boca, forcei-me a olhar para a cena diante de mim.  

Certifiquei-me de gravá-la em minha mente.  

‘….Preciso me acostumar com isso. Preciso me acostumar com isso.’  

Para sobreviver…  

….Precisava me acostumar com isso.  

“Hoo.”  

Soltei um longo suspiro e lentamente olhei para Coruja-Poderosa. Ela me encarou em silêncio, e um calafrio percorreu minha espinha sob seu olhar penetrante.  

Foi aí que entendi algo.  

‘Se eu não mudar, ela vai me matar.’  

“Ah.”  

Apertei meus dentes.  

Baixando a cabeça para olhar o corpo mais uma vez, cerrei meus dentes com mais força antes de avançar.  

‘….Você não precisa me dizer isso.’  

***  

“Uakh…! Ukh!”  

Crack!  

Um pescoço se partiu quando Leon apertou sua mão.  

Baque!

Jogando o corpo para o lado, olhou para a porta à sua esquerda e pressionou a mão contra a parede. Não havia senha complicada para destrancar a porta.  

Tudo o que precisava fazer era canalizar sua mana na porta do lado de fora.  

Estrondo!  

A porta começou a se abrir logo depois que ele canalizou seu mana.  

“….Ainda não entendo como você fez isso.”  

Várias pessoas estavam atrás de Leon. Eram ninguém menos que Aoife, Kiera e alguns outros de Haven.  

A primeira coisa que Leon fez ao sair foi ajudá-los.  

Ele não sabia quem estava em qual porta, então apenas abriu qualquer porta que passasse.  

“O que está acontecendo? Quem são vocês…!”  

Uma garota de cabelos roxos apareceu assim que a porta se abriu. Ela os olhou atordoada.  

Leon sentiu um suspiro de alívio ao vê-la e se aproximou.  

“Espere, pare…!”  

Ela tentou protestar, mas foi inútil.  

Com sua mana selada, não conseguiu resistir muito. No final, Leon a dominou e pressionou sua mão em suas costas.  

Pftt—  

Cuspindo sangue, uma centopeia familiar apareceu para todos verem.  

Aoife a olhou com uma expressão fechada.  

‘Centopeia supressora de mana.’  

Era uma espécie rara de centopeia usada para suprimir a mana de alguém. Dado que havia outros métodos para isso, elas não eram populares, mas não era isso que a incomodava.  

‘Como ele conseguiu essas coisas?’  

Centopeias supressoras de mana eram muito raras e difíceis de encontrar.  

A menos que alguém tivesse muitos recursos, era quase impossível obtê-las.  

Como um culto desse tamanho conseguiu?  

Aoife não entendia.  

“Uh, Leon?”  

Virando-se, os olhos de Aoife pousaram em Evelyn. Seu olhar não estava mais confuso, e seus olhos estavam claros.  

‘Parece que ele conseguiu.’  

Olhando para Leon, Aoife franziu levemente os lábios.  

Ele havia sido quem a salvou, e a todos os outros. Ela ficou extremamente surpresa ao ver que ele havia alcançado o Tier 4 e que conseguiu resistir aos efeitos do Anel do Nada.  

Diferente dele, ela não conseguiu manter sua racionalidade.  

‘…Ele definitivamente está escondendo algo.’  

Do súbito aumento de força à sua capacidade de resistir ao anel. Aoife sabia que Leon escondia algo, mas decidiu conter sua curiosidade.  

Não havia necessidade de bisbilhotar os segredos dele.  

Além disso, ele a salvara.  

Ela não era ingrata a ponto de exigir respostas.  

Estava apenas feliz por estar livre.  

“E agora?”  

A voz de Kiera alcançou Aoife por trás.  

Virando-se, Aoife olhou para Kiera, que brevemente fixou seu olhar nela. As coisas estavam estranhas entre as duas, mas, dadas as circunstâncias, conseguiram deixar isso de lado.  

“Precisamos libertar os outros.”  

Leon respondeu de trás enquanto se levantava e ajudava Evelyn também.  

Andando para frente, olhou ao redor com uma expressão séria.  

“Agora, o Arcebispo deve estar ciente de que escapamos. Não temos muito tempo. Tenho certeza que todos perceberam, mas ele não é muito forte. Os fortes são aqueles sob sua influência. Se formos agora, não temos chance de escapar. Precisamos de mais pessoas.”  

Ouvindo suas palavras, Aoife acenou com a cabeça.  

Seu raciocínio fazia sentido. Ela concordava.  

“….Vamos resgatar os bastardos do outro Império também?”  

Kiera perguntou de repente, e todos ficaram em silêncio.  

O silêncio foi rapidamente quebrado por Leon e Aoife.  

“Sim, claro.”  

“Sim.”  

Todos olharam para eles, e Aoife respondeu por Leon.  

“Eles não só são fortes, como também é uma chance de fazê-los nos dever favores. Se pudermos, devemos libertá-los.”  

“….Acho que sim.”  

Kiera resmungou, coçando a nuca.  

Leon olhou para o grupo antes de olhar para Aoife.  

“Vamos nos dividir.”  

“…..Certo.”  

Aoife concordou sem hesitar.  

Se continuassem no ritmo atual, nunca conseguiriam pessoas suficientes para lutar contra os cultistas.  

Precisavam se separar e libertar mais pessoas.  

“Estamos em dez. Você leva cinco e eu levo cinco. Quando reunirem mais cinco, podem se dividir de novo. Nos encontramos na igreja. É onde fica a saída.”  

“…..Sim.”  

Aoife acenou antes de se virar para seu grupo.  

Seu coração afundou ao notar Kiera, mas rapidamente ignorou seus sentimentos e acenou com a cabeça.  

“Vamos.”