Capítulo 108: Desumanidade.
A pessoa que se escondia fora da pequena casa de madeira e entrou, era o prefeito da cidade de Crystenold. Lars Olofsson, carregando uma espada presa na bainha na sua cintura.
“Desde quando você me descobriu?”
Perguntou ele depois de parar atrás de Ken, seu rosto sombrio.
Ken lentamente se levantou, virou-se para olhá-lo nos olhos e respondeu, com um tom de voz indiferente.
“Desde o momento em que chegamos no ponto do prazer, acredito que seja a partir daí que você começou a me seguir. Quer dizer, quando começaste a me seguir pessoalmente depois de dispensar seu homem que não parava de me espionar desde a nossa última conversa como se fosse meu rabo.”
“…”
Um silêncio tenso começou a se instalar ao redor deles depois da sua resposta direta. Ken mantinha uma expressão indiferente, mas o prefeito começou lentamente a se sentir nervoso.
“Haa…”
Não suportando a tensão, ele suspirou, começou a coçar a cabeça e disse.
“Apenas fiquei curioso para onde você ia. Sei que você não é alguém suspeito se levarmos em conta seus resultados até agora, e também não quero que você suspeite de mim por estar te seguindo. Eu apenas-”
“Eu não acho você suspeito.”
“?”
A resposta de Ken que cortou sua frase deixou o prefeito genuinamente surpreso. Quer dizer, ele entenderia se Ken o achasse suspeito por estar constantemente o espionando.
“Sério? Isto é um alívio.”
Ele se sentiu aliviado e suspirou para afastar a tensão. Depois, sua expressão se tornou séria enquanto olhava para a passagem subterrânea que Ken havia descoberto.
“E então, o que você acha, é este o outro esconderijo da guilda Martelo imortal?”
Perguntou ele.
O prefeito havia ouvido do capitão da força de proteção sobre a teoria de Ken, de que poderia haver um outro esconderijo da guilda Martelo imortal onde poderiam estar escondidas as restantes das crianças desaparecidas.
“Não da guilda Martelo imortal.”
Respondeu Ken enquanto se virava e começava a descer pela escadaria, e terminou.
“Mas do culto demoníaco.”
“!”
Os olhos do prefeito se arregalaram de surpresa após ouvir o que Ken havia acabado de falar, em choque.
“O quê!? É realmente um esconderijo do culto demoníaco?”
Perguntou ele em choque.
“Sim.”
Ken respondeu indiferente enquanto continuava a descer, vendo isso, o prefeito rapidamente o seguiu por trás.
Ken sabia que este era um dos esconderijos do culto demoníaco por causa do cheiro que vinha da passagem, um cheiro de podridão corrompido e um forte cheiro de sangue, tudo indicando pertencer ao culto demoníaco. O próprio homem que Ken havia seguido tinha um cheiro familiar deles, por isso o seguiu.
Toda aquela comoção que aconteceu na estalagem não passava de um plano de Ken. Ele notou que o homem estava seguindo eles mesmo antes de chegarem na estalagem e como a guilda Martelo imortal estava interligada com o culto demoníaco, depois da Crystalline os ter aniquilado, o homem não perderia tempo e iria contar aos responsáveis do esconderijo, o que os trouxe até aí.
“Se é realmente um dos esconderijos do culto demoníaco, não achas que deveríamos ter trago reforços?”
Perguntou o prefeito com um pequeno tom de nervosismo presente em sua voz, que Ken respondeu.
“Mais pessoas apenas atrapalhariam, e não podemos nos dar ao luxo de perder mais tempo esperando reforços. Você deveria ter pensado nisso antes ao invés de simplesmente ficar me seguindo.”
“Está bem, está bem, já me desculpei por isso.”
Disse o prefeito parecendo um pouco envergonhado.
“…”
Ken podia perceber que o prefeito estava agindo de maneira estranha. Quando se conheceram pela primeira vez, ele agia de maneira astuta, raramente demonstrando suas emoções e era sempre pontual.
Mas agora ele parecia mais liberal, falando de maneira informal e não se comportando como alguém em uma posição elevada. Mas claro, desde que isso não o prejudicasse, Ken pouco se importava.
Eles continuaram a descer pela escadaria por mais vários minutos até chegarem no final, encontrando um corredor pouco estreito com mais de dez metros de distância até uma porta no final.
O chão e as paredes eram ladrilhados com pedras, e uma luz vindo na porta proporcionava um pouco de iluminação no corredor.
“Cerca de 80 metros abaixo da terra, bem distante.”
Disse Ken.
O prefeito, surpreso pelo que Ken havia dito, olhou para ele e perguntou.
“Você realmente conseguiu contar a distância de profundidade?”
“Não é nada demais.”
Respondeu Ken enquanto começava a andar em direção a porta, sendo seguido pelo prefeito.
Ele voltou a olhá-lo, e pensou.
‘Ele pode ser grande mas não parece ter mais de vinte e poucos anos. Mas, como ele consegue agir de maneira tão calma diante desta situação? Que tipo de vida alguém tem que ter para agir de maneira tão indiferente?’
Quanto mais o prefeito o via, mais ficava curioso sobre sua verdadeira identidade. Mas como uma das coisas mais grosseiras que alguém poderia fazer contra o outro é perguntar sobre sua vida, ainda mais quando não eram tão próximos, apenas parceiros de negócios, ele apenas decidiu ficar em silêncio enquanto andavam juntos.
Assim que chegaram até a porta, que parecia ser de uma madeira resistente, o prefeito lentamente começou a desembainhar sua espada enquanto falava baixo.
“A partir de agora devemos agir com mais calma, não sabemos que tipo de inimigos ou quantidades nos esperam, mas-”
*Powsh!*
“!”
Mas antes que o prefeito terminasse suas palavras, Ken socou a porta de madeira explodindo-a em vários pedaços, deixando o prefeito chocado e de boca aberta, surpreso pela sua ousadia.
O corredor que se revelou do outro lado era bem mais largo e longo, com várias tochas penduradas nas paredes de ambos os lados até o final, iluminando completamente o local
“Quê, que que, que foi isso?! Não ajas de maneira tão imprudente! Agora eles irão notar a nossa presença!”
Gritou o prefeito, indignado pela ousadia de Ken.
Ken, parecendo indiferente diante da situação, continuou a andar enquanto respondia.
“Eles já nos notaram, bem antes de terminarmos de descer a escadaria.”
“O quê?…”
O prefeito pareceu confuso, mas Ken simplesmente o ignorou enquanto continuava a andar. Até que ele parou de repente enquanto olhava para a parede direita, depois, franziu ligeiramente a testa em desgosto.
“…?”
O prefeito, curioso pela atitude repentina de Ken, andou até onde ele estava e seguiu seu olhar.
“!”
Seus olhos imediatamente se arregalaram de horror diante da cena que apareceu aos seus olhos.
Do lado direito da parede havia barras de metal do teto até o chão, estreitos o suficiente para que uma pessoa não conseguisse passar. Eram prisões, e dentro delas haviam várias crianças, alguns sentados no chão enquanto olhavam para eles com os olhos tremendo de medo, enquanto outros pareciam dormir no chão duro, que mais pareciam estar desmaiados.
Elas estavam magras e desnutridas a ponto dos ossos marcarem a pele, suas roupas completamente sujas e esfarrapadas, coberto de manchas de sangue e melado de sujeira, parecendo ser xixi e fezes, criando um odor insuportável.
Era um nível de tratamento desumano, pior que tratar um porco.
O prefeito segurava as barras de metal com tanta força até os nos de seu dedo ficarem brancos, a raiva e a tristeza pelas crianças estampadas em seu rosto.
“Tão terríveis!…Como podem tratar crianças de maneira tão desumana…Eles podem ser o culto demoníaco! Mas vejo que eles realmente se esqueceram da palavra humanidade!”
Ele estava furioso, seus olhos brilhando com uma fúria intensa. Ele então se virou para Ken, zangado por ele ter demonstrar uma reação tão morna mesmo diante de tamanha inumanidade.
“!”
Mas assim que ele olhou direto Ken e encontrou seu olhar, parou.
O olhar de Ken era frio, mas não era aquele frio de indiferença. O prefeito podia notar uma itença furia presente em seu olho negro como a meia noite e uma vibração pesada que emanava de seu corpo, como se fosse uma fera contendo-se para não perder o controle.
*Clang.*
“!?”
Foi então que a porta de metal no final do corredor abriu, e várias pessoas vestidas de robe vermelho como sangue entraram, mais de dez deles.
“Seres miseráveis! Como se atrevem a invadir nosso local sagrado!?”
Gritou um deles que tomava a liderança em tom de indignação e descrença.
“…Local sagrado?…”
Após ouvir aquilo, o prefeito ficou perplexo, sua voz saindo mais calmo que o normal, mas irritado.
“Você está falando sério?”
Voltou a perguntar, olhando diretamente para eles com o rosto contorcido de raiva.
O cultista demoníaco, vendo a reação do prefeito, falou em deboche.
“O que foi, está irritado por ver o estado das crianças? Você não precisa se preocupar, eles estão simplesmente cunprindo um proposito divino-”
“Propósito divino!?”
Desta vez o prefeito gritou, não suportando mais ouvir as besteiras vindo da boca deles.
“Vocês sequestram crianças! Torturam ela! As trataram piores que um animal! E você ainda tem a cara de pau de dizer que é um propósito divino!? Seus desgraçados hipócritas demoníacos!”
Seu rosto ficou vermelho enquanto as veias pareciam que iriam explodir de seu rosto.
“Pft! Ahahahahaha!”
“Ahahahaha!”
“Ahahahahaha!”
“!”
E então, de repente, os cultistas demoníacos começaram a rir às gargalhadas depois de ouvirem a explosão de críticas do prefeito, deixando-o perplexo e depois, ainda mais irritado do que já estava.
Então, o cultista da frente parou de rir, mas com a diversão ainda na ponta da boca, falou.
“O que foi? Não suporta ver crianças sofrerem um pouco? Hehe, pois veja só! Nós não nos importamos!”
“!…”
O prefeito sabia que os cultistas demoníacos são pessoas que abandonaram a humanidade. Mas ouvir isso da própria boca deles ainda causou um grande impacto na consciência dele, e o cultista continuou.
“Fique sabendo que nós não nos importamos com quem tenhamos que matar ou sacrificar para cumprir nossos objetivos, sejam eles jovens, velhos ou crianças. Nós sempre faremos com orgulho e sem nenhum peso na consciência!”
Então, sua expressão ficou mais séria enquanto sacava uma adaga torta.
“E não importa quem for nosso adversário. Vocês se atreveram a vir até aqui e tentar levar nossos gados? Vocês são muito ousados e convencidos, não temem a morte? Em nome do Soberano demoníaco, eu mesmo farei vocês pagarem com o vosso sangue!”
“Desgraçado!…”
O prefeito rangia os dentes de raiva enquanto preparava-se para lutar.
E o cultista gritou.
“Eu matarei vocês em nome do soberano demonia!-”
*Splat!*
Mas antes que ele terminasse de falar, Ken chegou até ele e socou com força seu rosto, fazendo sua cabeça explodir e estilhaçar, espalhando sangue e carne por todos os lados enquanto seu corpo foi jogado com força até a parede por causa da energia cinética, causando um estrondo.
“!…”
“!…”
“!…”
Os cultistas demoníacos e até o prefeito olharam para Ken com surpresa, quase não entendendo o que haviam acabado de presenciar.
“Vocês fazem em nome do soberano demoníaco?…”
Disse Ken, lentamente levantando a cabeça e olhando para eles.
“!”
“!”
Todos os cultistas sentiram um forte arrepio percorrer suas espinhas enquanto olhavam para Ken. Seu olhar era frio, mas carregado com uma imensa sede de sangue que parecia tornar o ar mais pesado, dificultando a respiração de todos.
“Então farei um favor a vocês e os levarei até ele!”
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