Capítulo 266: Entendendo [6]
“Ah!!”
Gritos de choque ecoaram pelo terreno enquanto todos assistiam Julien cair. A cena ocorrera tão abruptamente que ninguém conseguira ver exatamente o que acontecera.
Porém, nos olhos daqueles do lado do Haven, uma coisa estava clara.
“Você trapaceou!”
“…..Você não esperou antes de lançar o quinto ataque!”
“Esse maníaco!”
“Esperem, acalmem-se.”
Foi Aoife quem segurou todos de reclamar. Olhando para o Vice-Reitor, ela podia ver que sua expressão ainda não estava relaxada.
E como esperado.
“Olhem.”
Logo após o corpo de Julien cair no chão, ele começou a se dissipar diante da visão de todos.
“Ah!?”
Vendo aquilo, os olhos de muitos mudaram.
Antes mesmo que tivessem a chance de se perguntar o que acontecera, uma sombra surgiu atrás do Vice-Reitor. Não era nem rápida, nem lenta. Porém, foi a súbita aparição que deixou todos perplexos.
Todos, exceto o Vice-Reitor.
‘Uma ilusão, interessante.’
De fato, quando atacou, não sentiu que atingira algo.
Mas isso era apenas um sentimento.
Havia algo mais que confirmara seus pensamentos.
….Era a imagem do rosto de Julien momentos antes do ataque atingi-lo.
‘Foi quase perfeito.’
O Vice-Reitor confiava em seus olhos, e embora quase parecesse que atingira Julien, ao olhar mais atentamente, o nariz de Julien estava torto. Não apenas isso, mas seus olhos também. Seu olho esquerdo estava mais desfocado que o outro.
Se alguém não prestasse atenção, não notaria tais mudanças.
E a maioria não notaria.
Em cenários de alta velocidade, quem notaria detalhes tão sutis?
Swoosh!
Virando levemente a cabeça para olhar para trás, o Vice-Reitor vislumbrou uma silhueta se preparando para atacá-lo.
Era bastante silencioso, e se não soubesse que ele estava lá, provavelmente não teria ouvido.
“….Infelizmente.”
Sem pensar muito, o Vice-Reitor acenou a mão para trás e confrontou a emboscada de frente.
Woom!
O ar pareceu se dividir com o sutil movimento de sua mão, enquanto uma poderosa onda de mana condensada disparou na direção para onde acenara.
Seu ataque foi tão rápido que o cadete não teve tempo de reagir.
‘Acabou.’
“Isso deve bastar—”
Deveria ter acabado.
E ainda assim…
Swoosh!
“Hm?”
Para o choque e surpresa do Vice-Reitor… Seu ataque errou. Não, na verdade. Atingiu, mas… nada resultou daquele golpe.
A silhueta se partiu ao meio ao entrar em contato com seu ataque.
Tal desenvolvimento surpreendente foi acompanhado por uma voz frágil vindo de trás dele.
‘Quando!?’
“….I-isso foi por pouco.”
A voz estava extremamente rouca, e o Vice-Reitor sentiu algo pressionar suas costas.
“Ah.”
Quando virou a cabeça, seus olhos encontraram uma figura ensanguentada meio ajoelhada atrás dele. O dedo de Julien estava pressionado contra suas costas, e ele mal conseguia manter um olho aberto.
Seus olhares se encontraram por um breve momento.
Naquele momento, o Vice-Reitor tinha muitas coisas a dizer, e ao mesmo tempo, não tinha.
Ele estava chocado.
‘Isso…’
Como ele aparecera aqui?
Como era possível?
Como era possível!
Seu choque, porém, não durou muito.
“Eu venci, certo?”
A voz de Julien o tirou de seus pensamentos, e ao baixar a cabeça para olhá-lo, o Vice-Reitor se viu engolindo a saliva.
‘Fui enganado.’
O que acontecera finalmente lhe ocorreu. Enquanto sua mente se livrava da confusão e ele organizava suas memórias, começou a ver claramente o que acontecera, e quando viu, de repente se viu explodindo em risadas.
“Hahaha.”
Sua risada ecoou por toda a área.
“…..Então foi isso.”
O Vice-Reitor olhou para o cadete com admiração.
As sutis imperfeições em seus traços antes — o olho desfocado, o olho torto… Aquilo não era por ele ainda não ser bom em criar ilusões, mas o oposto.
Julien propositalmente deixara seu rosto daquele jeito para que ele fosse enganado, pensando que era uma ilusão.
E ele caíra nisso.
“Haa.”
O Vice-Reitor ergueu a cabeça e soltou um longo suspiro.
….Foi sutil, mas eficaz.
Ele podia sentir os olhares de todos sobre os dois, e já sentia uma dor de cabeça chegando.
Porém,
“Sim.”
Acenando com a cabeça, ele olhou para o cadete diante dele.
“Você venceu.”
Ele não era um perdedor amargo.
Uma derrota era uma derrota.
Embora ele estivesse ileso, e o cadete à beira do desmaio, ele conseguira aguentar cinco ataques e até mesmo fazer um ataque próprio.
“….”
Baixando a cabeça, o olhar do Vice-Reitor pausou no dedo que pressionava suas costas.
Uma camada de mana cobria suas costas, e ainda assim…
‘Dói um pouco.’
Ele não sabia o que ele fez, mas trouxe dor.
Isso já era o suficiente.
“….Bom ataque também.”
“Obrigado.”
Julien retirou a mão.
Então, como se estivesse completamente bem, ele se levantou e bateu nas roupas.
A cena deixou os olhos de muitos dos espectadores arregalados em choque.
‘Ele está bem depois de tudo isso?’
‘….Ele não está coberto de sangue? Como ainda está de pé?’
Até o Vice-Reitor ficou surpreso.
“Como você ainda está bem?”
“…..”
Sem responder, Julien virou na direção daqueles do lado do Haven enquanto se aproximavam dele cautelosamente.
“Você está bem?”
“….Ele não parece bem.”
Todos pareciam um pouco preocupados.
Todos, exceto Leon, que suspirou. Então, sob os olhares confusos de todos, ele deu um passo à frente e chegou diante de Julien.
Os dois se encararam por um breve momento antes…
Baque!
Julien ajoelhou-se no chão.
“Ah!”
“….Que porra!”
“Ele está bem.”
Leon baixou a cabeça para olhar Julien antes de balançar a cabeça.
“Esse cara…”
Ele não sabia o que sentir.
Julien não estava bem. Seu corpo estava desmoronando, e ele provavelmente estava com muita dor. E ainda assim…
‘Ele ainda está consciente.’
Só não conseguia falar.
Ele também provavelmente estava com muita dor.
Mas…
‘Ele provavelmente não sente, não é?’
“…..”
Fechando os olhos, Leon suspirou e balançou a cabeça.
“Maluco do caralho.”
Assim que estendeu a mão para ajudá-lo, Leon notou uma mudança sutil na atmosfera. De repente, parecia que o ambiente ficara muito mais tenso e frio.
Surpreso, ele ergueu a cabeça para olhar.
“O que…?”
No momento em que fez isso, sua expressão mudou significativamente.
Especialmente pois encontrou uma figura parada a alguns metros dele. Sua aparência tirou seu fôlego, e ele se viu incapaz de respirar sob sua supressão.
Mas aquilo não era a única coisa que chamou sua atenção.
Sua aparência era… alienígena. Ele nunca vira alguém tão bonito, mas ao mesmo tempo, também sentia que já a vira antes.
Onde exatamente ele…
“Ah.”
Então ele se lembrou.
“Reitora.”
Imediatamente, ele baixou a cabeça para cumprimentá-la.
“…Reitora?”
“Não é?”
Suas palavras causaram uma reação em cadeia enquanto os outros imediatamente a reconheceram e baixaram a cabeça. Delilah era uma figura incrivelmente importante, e no momento em que apareceu, todos não tiveram escolha a não ser baixar a cabeça.
Todos exceto uma única pessoa.
“…..”
Cerra.
Em silêncio, ela encarou Delilah com os punhos cerrados.
Sutilmente, seu corpo tremia enquanto seu olhar pousava em Delilah, mas nada disso chegou à atenção dela, que silenciosamente encarava Julien coberto de sangue.
“…..”
Era impossível saber o que ela pensava.
Quando alguém conseguira dizer o que ela pensava?
Pelo menos, foi o que Leon pensou inicialmente. Porém, pouco depois de encarar Julien, sua cabeça virou na direção do Vice-Reitor, e enquanto Leon não conseguia ver o que ela fez, vendo como o Vice-Reitor começou a tremer no momento em que seus olhares se encontraram, Leon pausou.
“Hm?”
Ele coçou a cabeça.
“…..Vou levá-lo para se curar.”
Uma voz suave e clara o tirou de seus pensamentos. Quando virou a cabeça, viu a Reitora diante de Julien, e Leon piscou os olhos.
‘…..Algo está estranho.’
Quanto mais Leon olhava para ela, mais sentia que algo estava errado.
Pisca.1
Seu olhar pausou em Julien.
Pisca.2
E então voltou para Delilah.
“…..”
Como se notasse seu olhar, sua cabeça virou e seus olhares se encontraram. Leon de repente sentiu todo o seu corpo ficar mole enquanto sua mente momentaneamente ficou em branco. Era como se tivesse afundado na parte mais profunda do oceano sem como subir.
Tudo o que via era escuridão.
Uma escuridão profunda e inatingível.
Mas dentro daquela escuridão, ele foi lembrado de uma cena que vira não muito tempo atrás, e saiu dela.
De repente, seus olhos começaram a arder enquanto olhava para a Reitora.
Pisca.
Sua cabeça voltou para Julien.
Pisca.
E então para a Reitora.
Pisca. Pisca. Pisca. Pisca. Pisca. Pisca. Pisca.
Como se sua cabeça tivesse mente própria, ela virou para lá e para cá entre os dois. Inconscientemente, sua expressão ficou rígida, e seus olhos ficaram completamente injetados.
…Sua expressão só piorou quando seu olhar baixou e pousou na mão de Julien.
“…..”
Leon de repente sentiu seu coração parar de bater enquanto seus olhos ficaram completamente vermelhos.
Como se fosse uma máquina que não fora lubrificada há muito tempo, sua cabeça baixou rigidamente na direção da Reitora.
“…..”
Pinga!
Algo escorreu do canto de sua boca.
De repente, ele sentiu gosto de ferro na boca.
Em tal estado, Leon ficou parado e assistiu enquanto as figuras de Delilah e Julien desapareceram pouco depois.
Mesmo com os minutos passando, ele permaneceu no local sem mudar sua expressão.
“Leon?”
Foi só quando seu nome foi chamado que ele finalmente saiu do transe.
Quando virou a cabeça, percebeu que quase todos já haviam ido. Era só ele e Evelyn agora, e quando olhou para ela, viu o olhar preocupado em seu rosto.
“Você está bem?”
“…..Estou bem.”
Ele não estava.
“Tem certeza?”
Evelyn parecia conseguir ver através dele.
Ou pelo menos, ele pensou inicialmente. Porém, apontando para o queixo, Evelyn apertou os olhos.
“Não parece que você está nada bem.”
“….”
Leon limpou o canto da boca com a manga e olhou para baixo.
“….”
Silenciosamente, ele encarou Evelyn e fechou os olhos.
“….Eu vou ficar bem.”
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