Índice de Capítulo

    A criança alta, agora transformado em um ser perturbador tal como um monstro, avançou na garota de cabelos pretos e pontas azuis. Pandora não ficou para trás, a repulsa que sentiu e junto ao medo da morte e de perder seus amigos, fez seu corpo se transformar em mais uma lenda urbana.

    A mandíbula de Pandora tremia e uma sequência de clicks agoniantes aconteciam. Seu corpo estava enrugado e cinza, os dedos ficaram finos e seus braços mais magros que normal. O corpo cadavérico de Pandora estava andando se arrastando. Seus olhos e esclera estavam negros e sem vida. Ela soltou um grito gutural que ecoou por toda sala.

    A criança sumiu e reapareceu atrás de Pandora, seu ataque era para tentar um golpe de oportunidade, mas foi falha. O monstro, sendo arremessado, usou suas unhas para parar no chão, ele soltou um grito animalesco e seu corpo ficou mais deformado.

    A mesma criança superou sua própria velocidade e conseguiu acertar um soco no peito seco de pandora, ela por sua vez segurou o braço e jogou o corpo monstruoso no chão. O monstro, caindo, se virou, pegou pelo braço que o segurava e jogou o corpo cadavérico de Pandora para mundo longe.

    Eles trocaram uma sequência de ataques por meio de 5 minutos onde a criança ficava mais rápida e mesmo na desvantagem, Pandora, que não estava consciente, superava seu oponente.

    Masha começou a acordar, respirou fundo e usou um ritual para fechar suas feridas. Ela estava meio tonta pela perda gradual de sangue. Mesmo assim, usou um novo ritual para não sentir nenhuma dor. Agora com a ferida de seu braço e barriga fechados, se levantou. O ritual para não sentir dor precisava de 1 minuto para ser ativa.

    A sua frente, um embate fora de controle ocorria, era apenas flashes aparecendo e desaparecendo, com uma troca de garras e sons perturbadores. Observando com mais atenção, percebeu que a criança havia perdido um braço e o sangue escorria com tudo. Pandora estava devorando o braço, de forma nojenta. Não era mais humana.

    Canibalismo é certamente algo perturbador, mas, ali, dois monstros estavam se enfrentando. Era como ver dois animais, duas feras, dois seres devastadores.

    — Eu não posso deixar ela fazer isso.

    E um novo avanço dos monstros ocorreu. Algo voou ao ar. Era a cabeça da criança alta.

    Pandora soltou um grito gutural como comemorando seu triunfo, mesmo que, ela não estivesse no controle de seu corpo. Olhando para sua amiga, Masha, deu um passo a frente.

    — Você venceu Lunática, parabé-

    Masha teve de se teleportar, já que se não tivesse feito isso, com certeza teria perdido a cabeça.

    — O quê? Agora eu sou seu alvo?

    A velocidade de Pandora estava nesse momento superando a criança 10 vezes mais. Um avanço cruel fez um grande ferimento nos seus belos seios. Sangrando com 3 linhas de suas garras, Masha grunhe. A sequência direta a esse ataque foi um chute que arremessou a mulher negra para o outro lado da sala.

    Pandora, a passos lentos, se aproximou. Masha cansada, ainda sobre o efeito da perda de sangue, amaldiçoou-se, por nunca ter ajudado Pandora a controlar sua maldição.

    Se ela tivesse dado importância e procurado uma forma dela controlar, ela estaria nessa situação?

    Ela poderia matar Pandora com facilidade, mas, não iria fazer isso, confiava no destino. Masha cuspiu sangue, quando as mãos de Pandora prensou o corpo da mulher negra na parede. Lentamente avançou no pescoço da mulher e começou a sugar o sangue diretamente de sua garganta.

    Um sentimento de ardência ocorreu quando o sangue fluiu de forma descontrolada. Masha não tinha como sobreviver a essa perda de sangue. Lagrimejava de dor, enquanto tinha sua vida roubada por um corpo amaldiçoado.

    Poderia roubar a alma de sua amiga, assim matando ela, mas não era o certo a se fazer. Essa era sua punição, por tudo que fez de ruim ao mundo. Aceitou seu fim. Aceitou sua morte.

    ✡︎ —————✡︎ —————✡︎

    Kizimu acordou. 

    Lembrou de Kim sendo selado.

    Lembrou de Aisha sendo sequestrada.

    Lembrou de Pandora quase se matando.

    — AAAAAAAAAAAA!

    Kizimu socou o chão. Não queria acreditar no quão inútil era. Nada conseguiu fazer direito. Ele só teve falhas. Era fraco, não conseguia fazer nada. Não era bom em combate que nem Kim, não entendia de rituais como Masha. Ele apenas era um imprestável que acreditava que poderia ser um líder.

    Seus sentimentos descontrolados, algo fora da lógica comum, a carta A Temperança, trazia uma confusão interna, um afloramento descomunal em si.

    — Droga. Droga. Droga.

    Sua liderança falha separou seu grupo e agora não tinha ninguém, nenhum deles estava consigo. Não sabia se eles estavam vivos. Não sabia onde ninguém estava. Era o pior final que poderia imaginar.

    O que ele precisava fazer para salvar seus amigos? Não era sobre determinação.

    Como poderia não cometer falhas? Errar causava consequências irreversíveis. Se Masha morrer nunca mais vai ver Aisha. Se não for forte, nunca vai conseguir salvar Kim. E ainda nem sabia onde estavam seus amigos.

    Estranhamente um grito horripilante cruzou os corredores.

    Não sabia de quem era esse grito, e nem de onde veio. Mas era alguma pista.

    Onde?

    “Siga os corredores a esquerda e entre na primeira porta da direita. Rápido”

    Seguindo as orientações de Kuzimu, avançou e chegou em uma sala branca como um hospício. E lá viu uma cena horrível. Masha perdendo suas forças e Pandora em uma forma cadavérica sugando seu sangue.

    ✡︎ —————✡︎ —————✡︎

    — Pandora! Solta ela.

    Kizimu sem forças, puxou o corpo cadavérico. No instante seguinte, foi chutado, onde só parou quando chegou na outra parede da sala.

    Ver sua amiga nesse estado, ver Masha quase morrendo. Se lembrar que Kim estava selado. Aisha estava selada. Cassian ainda não foi encontrado. A raiva de si não parava. Aisha no mundo de ilusões estava certa. Veria todos morrer, não poderia salvar ninguém.

    A pouca esperança. As poucas chances deveria lutar para salvar. Não iria ficar parado.

    O corpo de Kizimu doía muito. Ele não era sobre-humano o suficiente para ser jogado contra uma parede com toda força e sair como se nada tivesse acontecido. Caiu no chão sem forças. Sem energia.

    Disse que salvaria sua irmã? Que tolice.

    Disse para Amelaaniwa que salvaria a todos. Que tolice.

    Os clicks se aproximavam de seu corpo. Sem seus amigos não era nada, não era ninguém. Por que achou que poderia fazer algo se não passa de um ser humano normal? Completamente comum.

    Previu, sim, o chute, porém sendo humano, não teve velocidade de reação para esquivar do ataque sobre-humano. O corpo seco avançou e Kizimu se jogou para o lado.

    Fraco suplicou. — Pa-pandora. Argh. — O corpo seco deu um soco em sua barriga e saliva e sangue saiu voltando. Sentiu um desconforto eloquente e seus ossos vibraram com a dor. Não conseguiria se sentir vivo, estando sem energia, sem forças e preste a morrer.

    A mesma avançou em seu pescoço.

    Sentiu sangue fluir de maneira devastadora.

    — Pandoraaa. Não! Controle-se. Fique no controle.

    O sangue fluia como uma torrente e sequencialmente a morte de Kizimu era inevitável.

    O ar dobrou e o corpo seco foi arremessado para outra ponta. Masha, sem energias, usou um ritual e caiu, ajoelhada.

    A garota cadavérica saiu da parede, tremelicando, um grito gutural saiu de sua garganta.

    — Pandora, não se deixe levar pela maldição.

    — Garoto, ela não vai te escutar. Não nesse estado.

    — E não podemos fazer nada?

    Masha estalou a língua. Usou o vento para tentar prender Pandora. A mesma desapareceu e reapareceu com uma velocidade absurda atrás de Masha.

    Chutou a mulher negra na mesma parede que foi jogada uma vez e avançou lentamente nela.

    Kizimu correu, se demorasse talvez fosse pior. Seu corpo doía e não pode usar o máximo de sua velocidade. Corpo doía. Mente doía. Alma doía. A luta contra Tatorian gerou um cansaço fora do comum. Era desumano ele estar em pé, estava pela força de vontade e adrenalina.

    Pandora segurou o corpo da mulher de púrpura e ergueu ela. Kizimu deu um esbarro e derrubou o corpo cadavérico, caindo sobre ele.

    Segurou suas roupas levemente rasgadas e gritou para sua amiga.

    — Pandora! Me escuta! Não pode perder para sua maldição.

    As garras cadavéricas perfuraram a carne, diversas vezes, formas, ataques, furiosas, se misturando a dor que ainda tinha, após absorver os ferimentos de Kim. O sangue queimava, mas não pararia.

    — Eu prometi que iria controlar sua maldição lembra? Então tente me escutar. Escuta minha voz.

    Não sabe dizer como a maldição não se desprendeu ainda, porém estava maculando cada pedaço da carne do garoto. Ficaria com muitas cicatrizes e suas roupas estavam já em cacos.

    — Então eu vou mudar. Corpo seco, eu não entendo o que você é. Não sei quem você é. E nem sei se podemos nos entender. Mas esse corpo não pertence a você.

    Um grito gutural gerou um desconforto e Kizimu foi arremessado para cima como uma bola de futebol. Pandora avançou nele no ar e não acertou o garoto, graças ao ritual de Masha.

    O corpo seco, irritado, avançou em Masha e a mesma teleportou para o outro lado da sala. Kizimu caiu como uma boneca de pano, sem forças e energias. Usando uma força não existente, se ergueu lentamente.

    Ele arrastou seu corpo inútil, deveria salvar sua amiga, não deveria ficar chorando. Não era sobre ser o mais forte, era sobre ser o último a desistir.

    — Corpo seco, me escuta seu lixo. Agora sou eu e você. — Kizimu ergueu o punhal, lutaria contra seu oponente, ao invés de apenas tentar convencer ele com palavras bonitas. — Você não quer ouvir por bem, vai ouvir por mal.

    Masha fez um ritual e uma chama ardente elevou na sua lâmina.

    — Garoto, se não vai ter energia para usar o catalisador, use meu ritual.

    Kizimu avançou com seu corpo dolorido e em contrate a maldição avançou de forma sobre-humana.

    Kizimu se abaixando 7 segundos antes do ataque vir, só pode ver uma mão quase arrancar sua cabeça. Estar a uma distância longa não era o suficiente.

    — O Corpo seco não foi aceito nem no inferno ou no céu. Seu corpo não foi aceito nem na terra. E agora. Eu não aceito você no corpo de minha amiga.

    O corpo, que avançava sobre sua cabeça, foi rasgado por uma lâmina prateada ardendo em chamas. O calor subiu no corpo seco que começou a agonizar de dor. Se esperneando. Irritado, avançou em Kizimu que iria ser acertado.

    O ar ficou denso e o punho não alcançou Kizimu, que aproveitando essa brecha, acertou a lâmina novamente o corpo de sua amiga.

    Não queria fazer isso, mas sua amiga não iria escutar com palavras magicas.

    — Bora Pandora, estamos enfraquecendo ele. Preciso que você mostre que é forte e faça sua parte.

    ‘Eu irei controlar sua maldição. Eu não quero só te ajudar, eu não vou dizer que vou estar do seu lado. Eu vou dar um jeito de controlar sua maldição por você. Dessa forma, até eu resolver por completo…’

    Cadê o anel que entregou a Pandora? Não estava em sua mão, onde estava?

    Não teve tempo de reagir, o corpo em chamas pulou em cima de si e gritou. Kizimu segurou os braços secos que tentavam atingi-lo.

    — Pandora, você não gosta de pessoas que ficavam falando sobre ser fraco, então, eu estou dando o meu melhor aqui. Não estou reclamando, estou me levantando e me erguendo, vamos resolver esse problema juntos. Tome controle de sua maldição.

    Os olhos do corpo seco, que era um preto vazio, se tornaram olhos humanos cheio de lagrimas e mesmo assim, levou Kizimu para cima e jogou ele no chão. No instante seguinte, a carne foi perfurada.

    Sangue escorreu, as chamas lentamente se apagaram. Gradativamente o sangue se espalhava. Esse era o sangue de Pandora, ela havia atingido o próprio peito. Logo em seguida, desmaiou.

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Nota