Capítulo 21: O Prêmio do Colecionador
O correr do unicórnio deixava um pequeno rastro de partículas mágicas por onde ele passava que sumiram com o tempo. Apesar do ambiente hostil e nada natural para a criatura, ela exala beleza e majestade.
O unicórnio enfim interrompe sua corrida ao se deparar com uma imensa estrutura metálica à sua frente.
O som de seus cascos contra o chão diminui até cessar por completo, enquanto encara o obstáculo com as narinas arfando e os músculos ainda tensos.
Sua presença ali, isolada e imponente, parecia completamente deslocada do ambiente ao redor.
— Essa deve ser a saída. — disse Craig.
Ao tocarem no portão, eles sentem o frio do metal em suas mãos, ambos ficam imaginando como esse tipo de estrutura poderia existir debaixo de uma “simples” biblioteca.
Antes que pudessem sequer procurar uma forma de abrir o portão, um som profundo e metálico ecoou pelo local rangendo como o rosnar de uma criatura adormecida por séculos.
O chão tremeu levemente sob os pés do grupo, enquanto engrenagens ocultas começavam a se mover dentro da estrutura.
Poeira acumulada por anos foi lançada ao ar, misturando-se a pequenas pedras que se desprendem das frestas do portão.
Em instantes, uma densa cortina de poeira se ergueu, obscurecendo completamente a visão do outro lado. Tudo que podiam ver eram sombras se movendo lentamente além da barreira em suspensão.
Mesmo sem enxergar, todos ali sentiram — o portão estava se abrindo, centímetro por centímetro.
— Parece que nós conseguimos! — disse o jacaré num tom de empolgação.
— Vamos ver o que tem por aqui. — diz Ícarus no meio daquela cortina de poeira, difícil de ser identificado para o grupo. — Pedi para um de meus capangas avaliar aqui embaixo e ele não retornou, eu temo que tenha acontecido algo com ele.
Craig se cala e força sua visão para tentar enxergar em meio aquela poeira mas falha.
Todos do grupo ficam em silêncio esperando a poeira baixar para ver a figura misteriosa na frente deles. O unicórnio começa a andar para trás em sinal de medo, ele reconhece aquela voz.
Ícarus começa a andar lentamente em direção ao grupo, revelando sua face aos que estavam ali presentes.
“Tatuagem, provavelmente usa artefatos e tem cara de ser perigoso. Deve ser ele!” Pensou Ajak.
— Não acredito nisso, um bando de lagartos e um humano, só pode ser piada. Estava esperando para ser bem recebido, como de costume e não encontrei ninguém lá, a não ser manchas de sangue.
— Infelizmente demos um fim a eles. E desculpa te decepcionar, mas estamos levando esse unicórnio conosco. — disse Drax sacando a espada.
— Veremos.. — Ícarus pega sua pistola dourada e mira na direção de Drax.
Antes de Ícarus puxar o gatilho e a arma disparar, Drax faz um movimento rápido avançando com sua espada pronto para desferir um golpe, porém Ícarus puxa o gatilho atirando de forma certeira em seu ombro.
Aquela não era uma pistola comum, cada bala era energizada com mana, então tinha um impacto muito grande ao atingir algo.
A bala perfurou seu ombro direito fazendo um pequeno buraco no mesmo, devido ao impacto Drax grita de dor largando sua espada e o sangue começa a escorrer sobre seu braço.
— Não se precipite Drax, ele não é um oponente comum. — disse Ajak.
Ajak pega suas adagas e entrega uma para Kenji, fazendo um sinal com a cabeça.
— Essa é uma situação diferente, você vai precisar agir, quando eu der o sinal.
Kenji pega a adaga com receio porém aquela situação determinava força, e Kenji precisava agir de acordo.
Ele engole seco.
Craig e Ajak ficam em posição, Drax estava ajoelhado tentando recobrar o movimento de seu braço machucado.
Ícarus corre em direção de Craig, ele era muito mais rápido que um humano comum, aquilo foi uma surpresa para todos, Craig tenta ataca-lo com suas garras com sua mão direita e em seguida a esquerda, mas ele falha miseravelmente.
O corpo de Ícarus se moveu mais rápido do que eles podiam reagir, tendo desviado do ataque como algo instintivo, como se seu corpo se movesse sozinho.
Ícarus, em resposta ao ataque repentino de Craig, move-se com precisão brutal. Com um passo firme à frente, desfere um poderoso soco no estômago do réptil, utilizando a manopla prateada.
No momento do impacto, a manopla emite um estalo elétrico — um choque súbito percorre o corpo de Craig, fazendo seus músculos contraírem involuntariamente.
A força do golpe, aliada à descarga, arremessa Craig como um boneco, lançando-o contra a parede com violência. O som surdo da colisão ecoa pelo salão, seguido por um breve silêncio tenso.
— Parece que vocês não vão sair daqui com o unicórnio e nem com vida. Vocês não sabem com quem estão lidando, e não sabem o quão essas belezinhas aqui são boas.
Observando que o oponente era completamente diferente do que eles já tinham enfrentado, Ajak tentou uma abordagem diferente do habitual, visto que seus companheiros estavam abatidos.
— Já que é tão importante assim, explica! Não tenho a mínima ideia de quem você é. Só sei que você é um idiota que faz leilões.
Ícarus gargalha em resposta ao comentário do réptil.
— Eu sou muito mais do que isso, saibam que eu sou uma pessoa muito importante no ramo de leilões clandestinos. Tenho muito poder aquisitivo e vários artefatos em minha posse, os que estou usando são só alguns deles.
— Você se acha demais pra um simples humano. Seus artefatos são só um reflexo da sua ganância e fraqueza, não consegue lutar como um homem de verdade e se apoia no que te dá poder… você me dá pena!
— E você se acha demais pra um simples lagarto, cuidado com suas palavras, vou fazer você se arrepender disso!
— Quero ver você tentar! Haha
— Cale a boca e lute! Animal estúpido!
Aquela pequena discussão, por mais insignificante que parecesse, começava a perturbar o semblante de Ícarus.
Sempre conhecido por sua postura inabalável, ele agora demonstrava sutis sinais de irritação. Seu maxilar se contraía, os olhos estreitaram e os dedos tamborilam impacientes sobre a manopla.
O komodo, com suas provocações calculadas, havia conseguido algo raro: tirar o barão do sério. Ícarus, mesmo relutante, deixava-se envolver pelo joguinho psicológico do réptil, e sua máscara de frieza começava a rachar.
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