Capítulo 10: Leques, Adagas e Laços Improvisados
Sabe… olhando para trás, eu jamais imaginaria que tudo aquilo estava acontecendo. E olha que eu me considero um cara bem paranoico.
Já fazia um mês — talvez um pouco mais — que eu tinha começado na Academia de Fjorheim. Pode parecer pouco tempo, mas aqui… é como se um mês valesse um ano. Cada dia era uma enxurrada de informações novas, desafios, e claro, gente estranha.
Por exemplo, descobri que o Shin, além de ser aquele cara todo certinho, também era absurdamente dedicado aos estudos e às tarefas da academia. Um verdadeiro prodígio — irritantemente perfeito às vezes.
A Holi… bem, a Holi era praticamente o oposto. Toda estabanada, parecia viver tropeçando nas próprias palavras, mas, olhando direito, dava pra perceber que ela era bem inteligente. Só precisava de um pouco mais de… foco.
Agora, a Mina Mei? Ah, essa era um caso à parte. Ela era de um nível de ingenuidade que chegava a ser engraçado. Sério, parecia que ela tinha acabado de nascer ontem e ainda estava tentando entender como o mundo funcionava. Só de lembrar das perguntas aleatórias que ela fazia nas aulas, já dava vontade de rir.
Falando em aulas, teve um dia que tivemos uma aula de geografia com um professor novo. O nome dele era Geovan.
Geovan era… diferente, pra dizer o mínimo. Sua voz, apesar de claramente masculina, carregava uma suavidade estranha, como se estivesse presa entre dois tons. E seu visual… bom, não dava pra ignorar. Ele tinha o cabelo enrolado em dreads grossos, e nas pontas de cada dread… pequenas lâminas metálicas penduradas, balançando a cada passo.
Naquela aula específica, ele falava enquanto andava em círculos pelo salão, quase como se estivesse dançando com seus próprios pensamentos.
— Como eu ia dizendo — ele começou, girando devagar —, a camada 7, Nidavellir, é o coração da mão de obra do nosso mundo. Tudo que é fabricado lá vem das matérias-primas extraídas das camadas negativas. Ah, e por ser cheia de rios, a energia lá é barata e fácil de conseguir.
Enquanto ele falava, seus dreads tilintavam levemente, fazendo um som quase hipnótico.
Geovan parou de repente no meio da sala, as lâminas em seus cabelos cintilando sob a luz.
— Agora — disse ele, com um sorriso curioso —, aposto que alguns de vocês já se perguntaram… para onde vai a água dos rios? Como sabem, cada camada parece uma ilha gigante pendurada num eixo colossal. E nas bordas… abismos sem fim. Vocês já viram: os rios caem nesses abismos, mas curiosamente… não vemos água caindo na camada de baixo. Alguém tem uma teoria?
O salão ficou em silêncio por alguns segundos.
Meu lado curioso, que nunca conseguia ficar quieto, tomou conta. Levantei a mão, meio hesitante.
Geovan apontou para mim, animado:
— Ken Orquídea, pode falar!
Eu pigarreei, tentando esconder o nervosismo. Todos os olhos estavam em mim.
— Eu… acredito que seja pela evaporação da água. — comecei — Tipo, cada camada tem suas próprias estações, chuva, neve e tudo mais. Então, quando a água cai no abismo, ela provavelmente evapora antes de chegar embaixo, formando as névoas que a gente vê rodeando cada camada.
Falei rápido demais. Quase tropecei nas palavras.
Por um momento, silêncio.
Então Geovan soltou um suspiro exagerado, daqueles de “não acredito que ele acertou”, enquanto cruzava os braços e dava uma risadinha engraçada, meio nasalada.
— Ora, ora… que interessante… você está certo! Hahahaha!
Shin me olhou com uma expressão de surpresa genuína, como se não esperasse que eu soubesse aquilo. Até Holi parou de rabiscar no caderno dela para me encarar, impressionada.
Eu senti o rosto esquentar na mesma hora. Sem pensar duas vezes, me sentei rapidamente, encolhendo na cadeira como se pudesse desaparecer.
Geovan ainda ria.
— Muito bom, Ken! — disse, girando de novo no centro da sala — Quem diria, hein? Hahahaha!
O som metálico das lâminas em seus cabelos ecoou mais uma vez no salão, enquanto eu tentava não afundar no chão de tanta vergonha.
Os dias iam se passando na Academia de Fjorheim, o lugar já começava a parecer um pouco mais familiar. As estações também estavam mudando, o que deixava o ar da praça central ainda mais agradável naquele dia.
Bem em frente ao prédio laranja da academia, uma apresentação especial chamava atenção de todo mundo: alunas do Clã Misticia dançavam sob o céu aberto, vestindo quimonos floridos de cores vibrantes. Cada movimento parecia cuidadosamente ensaiado, com os tecidos ondulando como ondas coloridas no ar. As garotas eram tão belas quanto se poderia imaginar — cabelos negros presos em penteados tradicionais, adornados com pequenas flores brilhantes. Era difícil desviar o olhar.
O Clã Misticia… não tinha como negar, eles eram praticamente o sinônimo de “beleza” no nosso mundo.
Fiquei ali parado por alguns minutos, observando a dança hipnotizante, até que, de canto de olho, avistei o prédio roxo que tinha me chamado atenção logo no meu primeiro dia. Agora que não teríamos mais aulas pelo resto da tarde, pensei: Por que não dar uma passada lá?
Lembrei de ter perguntado ao Levi — meu colega de quarto e amigo — sobre aquele lugar. E, como sempre, ele respondeu de maneira toda exagerada:
— Garoto Orquídea! — disse ele, com a mão jogada dramaticamente no ar. — Aquilo ali é onde ficam guardados artefatos! Uma oficina sagrada para os que sonham em ser guerreiros ou soldados, mas que não nasceram com códigos genéticos tão favoráveis. Eles analisam, fabricam e mexem em armas também! Você vai gostar de lá, confia.
Com essas palavras ecoando na minha cabeça, atravessei a praça e me aproximei do prédio roxo.
Assim que passei pelas portas pesadas, fui surpreendido por um ambiente totalmente diferente do lado de fora. Enquanto a fachada roxa parecia imponente e até meio séria, o interior era… puro caos organizado.
Corredores iluminados com luz forte, contrastando com o exterior sombrio, portas abertas de par em par, e uma bagunça quase viva: ferramentas jogadas, pedaços de armaduras, armas inacabadas… parecia mais uma mistura de oficina e armazém do que qualquer outra coisa.
Caminhei devagar, espiando pelas salas conforme passava. Cada canto parecia contar uma história diferente.
Subi uma escada estreita de madeira, e foi ali que a cena inesperada aconteceu.
Vi Mina Mei — a garota de aparência etérea e sorriso ingênuo — em frente a um armário metálico. Ela parecia concentrada em alguma coisa.
Antes que eu pudesse chamá-la, ela virou rápido demais ao me notar… e acabou batendo no armário com o cotovelo. Um objeto em forma de cone despencou da prateleira direto na cabeça dela.
Poc.
Eu me segurei para não rir — muito.
Ela esfregou a cabeça com um biquinho irritado e me lançou um olhar emburrado, como se dissesse “não diga nada”.
Disfarçando a vontade de rir, perguntei:
— O que você tá fazendo aqui?
Mina ajeitou o cabelo e respondeu, um pouco envergonhada:
— Bem… estou procurando leques novos pra usar. Minhas subordinadas vão demorar pra enviar mais…
Enquanto ela falava, lembrei de algo.
Será que foi o leque dela que eu cortei na nossa luta?
Se for… sinto muito mesmo.
Antes que eu pudesse me afundar em culpa, ela devolveu a pergunta:
— E você? O que veio fazer aqui?
— Só dando uma olhada — respondi, dando de ombros. Então, olhei pela janela atrás dela, de onde ainda se via as garotas do Clã Misticia dançando na praça.
Sem pensar muito, perguntei:
— Por que você não tá lá com elas?
O sorriso de Mina vacilou um pouco. Ela desviou o olhar, e o jeito dela ficou mais tímido, quase recolhido.
— Eu… não me dou muito bem com as outras do Clã Misticia. — murmurou — Por causa do meu sobrenome…
Fiquei em silêncio por um instante.
Desde que a conheci, nunca toquei nesse assunto — não queria ser insensível. Mas era verdade: ela carregava o sobrenome “Mei”, o mesmo da Rank 4 do mundo, Una Mei. Uma figura tão grandiosa que mesmo os rumores sobre sua existência eram tratados com reverência.
E no entanto… não havia nenhuma informação oficial sobre Una ter uma filha. Nada nas redes, nos registros, nada.
Era o tipo de mistério que abria portas para todo tipo de teoria.
Olhei para Mina Mei de novo. Apesar de toda a beleza natural dela, havia algo diferente — algo mais humano, mais real. Um brilho de força silenciosa escondido sob a timidez.
E, de algum jeito, isso fazia dela ainda mais interessante.
Depois de perceber que Mina ficou meio pra baixo, meio sem pensar, estendi minha mão pra ela.
Ela olhou surpresa, as bochechas tingindo de um rosa suave. Tentou puxar a mão de volta, irritada e confusa, mas acabou deixando.
— P-pra onde está me levando, hein?! — ela perguntou, tentando soar brava, mas a voz tremida a entregava.
— Você já veio aqui antes? — perguntei, olhando pra ela de lado.
Mina balançou a cabeça, emburrada.
— Então vamos explorar juntos. — Sorri de canto.
Curiosamente, eu não senti vergonha nenhuma nesse momento. Era estranho… mas parecia certo. Eu queria animá-la, e segurar sua mão parecia o melhor jeito.
Seguimos pelos corredores bagunçados de mãos dadas, e eu sentia a tensão dela pela ponta dos dedos, mas ela não soltou. Era quase engraçado.
Depois de alguns minutos andando sem rumo, algo chamou minha atenção: uma porta entreaberta de onde vazava uma luz forte, meio dourada, meio prateada.
Claro que, como bom curioso, eu não resisti.
— Vamos ver o que tem aí. — puxei Mina junto, largando sua mão quando entramos.
Na hora, sem eu perceber, ela franziu a testa, irritada. Mas ficou calada.
O lugar era completamente diferente do resto do prédio: o ar tinha um cheiro forte de flores, e uma leve neblina preenchia o chão como uma camada baixa de fumaça. A iluminação suave refletia nas partículas suspensas, criando um efeito meio mágico, meio suspeito.
De repente, um som abafado quebrou o clima: um gemido de dor, quase como um choro.
Arregalei os olhos e procurei a origem do barulho. Quando vi, fiquei surpreso — Mina ao meu lado só revirou os olhos, cruzando os braços.
Havia uma mulher no chão, ajoelhada e choramingando baixinho.
Ela segurava uma das mãos com a outra, como se tivesse machucado feio. O rosto molhado de lágrimas e até… ranho escorrendo do nariz. Uma cena meio triste, meio cômica.
Ela tinha cabelos roxos claros que caíam desarrumados pelos ombros, olhos verdes brilhando de lágrimas, e uma pele tão pálida que parecia de porcelana quebrada.
Aparentava ser jovem, mas não parecia uma aluna. Vestia um vestido longo de tecido pesado, que dava um ar mais formal — ou pelo menos tentava.
Quando percebeu a nossa presença, ela saltou do chão tão rápido que quase caiu de novo. Tentou se recompor, ajeitou o vestido desajeitadamente, e numa tentativa desastrosa de se reverenciar, bateu a bunda numa mesinha atrás dela.
Crash!
A mesinha virou, e algumas ferramentas e vidros rolaram pelo chão.
Ela virou para nós com um olhar apavorado, como se fosse desaparecer de vergonha a qualquer segundo.
Mina, ao meu lado, murmurou sem se preocupar em disfarçar:
— Que mulher… esquisita.
E eu não poderia concordar mais.
Antes que pudéssemos dizer qualquer coisa, a mulher respirou fundo, enxugou as lágrimas apressadamente com a manga do vestido e, com uma voz calma e doce (bem diferente da confusão que ela parecia ser), falou:
— Me desculpem! Eu estava… no meio de um experimento e… me distraí.
Ela se virou para nós e, tentando recuperar um mínimo de dignidade, se apresentou:
— Meu nome é Maria Donroxye. Eu sou uma das administradoras da Academia Fjorheim, responsável pelo prédio roxo…
Na hora, Mina, que até então só observava em silêncio, arregalou os olhos.
— Donroxye? — repetiu, surpresa. — Você é da Família Donroxye? Uma das famílias mais influentes da Segunda Camada?
Maria assentiu timidamente, como se preferisse que isso não fosse mencionado.
Eu olhei ao redor mais uma vez… Então essa bagunça toda reflete a mente da administradora… Faz sentido. Um lugar tão caótico quanto sua dona.
Maria ainda parecia nervosa quando perguntou, meio desajeitada:
— E vocês… são?
Dessa vez, ela olhou direto nos nossos olhos, como se, só agora, estivesse realmente nos vendo.
E naquele instante, algo mudou.
Os olhos verdes dela brilharam como se tivesse encontrado um tesouro.
— V-vocês… você… — ela apontou para Mina, gaguejando — é do Clã Misticia, não é? — Seus olhos correram pelas roupas tradicionais de Mina, que mesmo fora de contexto, nunca poderiam ser substituídas pelo uniforme comum da Academia.
Depois, virou-se para mim. Seus olhos se fixaram especialmente no meu rosto, ou melhor, no meu olho direito.
O brilho nos olhos dela ficou ainda mais intenso.
— E você… do Clã da Escuridão… — murmurou, quase sem respirar. — E esse seu olho… rosa…
Era como se ela estivesse vendo algo muito além do que nós mesmos podíamos entender.
Maria se aproximou de repente, sem cerimônia, e segurou meu rosto com as duas mãos pequenas e frias. Seus olhos verdes brilharam intensamente enquanto encaravam de perto meu olho direito. Ela estava tão próxima que eu podia sentir sua respiração levemente tremida. Mina, ao meu lado, ficou completamente vermelha, um misto de irritação e vergonha estampado no rosto.
Maria, alheia a tudo, soltou meu rosto e recuou, levando a mão ao queixo num gesto pensativo enquanto falava em voz alta, quase como se esquecesse que estávamos ali:
— Que magnífico… — seus olhos cintilavam de animação — Os membros do Clã da Escuridão possuem olhos roxos como marca registrada… Mas você… — ela apontou para mim, o sorriso se alargando — Seu olho direito é rosa… que coisa mais interessante! É lindo! Eu estou tão animada para te estudar… claro, se você permitir!
“Estudar?” pensei, meio desconfiado. Mas logo dei de ombros mentalmente. Ué, por que não deixaria? Até desviar o olhar e ver Mina bufando ao meu lado, com os braços cruzados e uma expressão visivelmente incomodada.
“Ciúmes?”, me perguntei, tentando não sorrir. Bem, interessante… mas melhor deixar quieto — por enquanto.
Sempre achei que esse meu olho era só uma peculiaridade estética, uma marca minha. Minha mãe adotiva dizia que minha mãe biológica tinha uma leve fenda rosada no centro dos olhos… talvez estivesse ligado a isso. De qualquer forma, não via problema em deixar Maria analisá-lo.
Enquanto arrumava a mesinha derrubada, Maria voltou a falar, como se lembrasse de algo:
— Mas, afinal… o que vocês dois vieram fazer aqui?
Antes que eu pudesse abrir a boca, Mina se adiantou, falando com um tom irritado:
— Eu vim buscar novos leques. — Ela cruzou ainda mais os braços, claramente emburrada. — Meu código genético precisa deles como catalisador.
Maria andou pela sala desajeitadamente até um armário encostado na parede. Abriu a porta e, depois de revirar algumas coisas, tirou um par de leques vermelhos com traços azuis vibrantes.
— Estes são feitos por uma linhagem de artesãos do Clã Misticia. São bem resistentes. — disse, estendendo-os para Mina com um sorriso tímido.
Mina pegou os leques meio contrariada, soltando um resmungo baixinho:
— Humph…
Então, os olhos de Maria se voltaram para mim, cheia de expectativa. Nem precisei perguntar.
Abri calmamente um portal negro com a palma da mão — meu espaço de armazenamento — e puxei minha adaga de lâmina larga. Apontei o punho na direção dela para que pudesse ver.
— Bem… — comecei, — eu queria que você analisasse essa adaga. Meu antigo mestre disse que ela tem uma habilidade peculiar… cortar qualquer coisa que eu desejar.
Maria segurou a adaga com cuidado, como se fosse uma relíquia preciosa, examinando cada centímetro da lâmina.
— Eu nunca vi nada parecido… — murmurou, com brilho nos olhos. — Não sou exatamente especialista em armas, mas posso tentar analisar se você me permitir.
Assenti de boa. Sem problemas.
Enquanto colocava a adaga sobre a mesa recém-arrumada, Maria virou para nós de novo, meio sem jeito:
— Vocês… querem tomar um café? Ou chá…? — sua voz saiu tão tímida que parecia até pedir desculpas por perguntar.
Mina, ainda emburrada, foi a primeira a aceitar, o que arrancou uma risadinha discreta de mim. Aceitei também, claro.
E assim, passamos o resto da tarde naquele salão bagunçado e cheio de fumaça suave.
Descobri que a família Donroxye era uma das grandes responsáveis pelo avanço da medicina no nosso mundo — pesquisadores, cientistas, curandeiros. Maria era a oitava filha entre catorze irmãos, e desde pequena mostrava essa personalidade meio avoada e uma paixão enorme por experimentos.
O mais curioso era que, apesar de sua importância e da tradição familiar, ela não se gabava nem um pouco disso. Nem mesmo quando descobriu que Mina carregava o sobrenome da Rank 4 do mundo — algo que normalmente deixaria muita gente intimidada. Ela simplesmente continuou sorrindo e falando, como se estivesse apenas batendo papo com dois amigos.
O tempo voou. E, antes que percebêssemos, o céu já começava a escurecer.
Quando finalmente cheguei no meu quarto, encontrei Levi parado na frente do espelho, penteando com toda calma seus longos cabelos escuros, como se estivesse se preparando para uma sessão de fotos.
Ele me olhou pelo reflexo, os olhos frios, mas com um brilho sutil de preocupação.
— Jovem Orquídea, — começou com sua voz arrastada e séria — eu disse que horários de sono são sagrados. Você ficou fora até tarde e já perdeu exatos vinte e três minutos de sono. Isso vai comprometer seus rendimentos futuros.
Revirei os olhos.
Ele parecia mais um irmão mais velho superprotetor do que um simples companheiro de quarto.
Mas… era bom ter alguém assim também.
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