Capítulo 39 – Uma arma rebelde.
Na base escaldante da Torre de Forja do Departamento de Forja e Tecnologia Espiritual, o som de martelos encantados ecoava em sinfonia rítmica, intercalado por cânticos rúnicos de ativação. Faíscas cortavam o ar como estrelas cadentes enquanto a Capitã Jisoo e os mestres ferreiros mais respeitados de toda Tianlong se reuniam em torno de um núcleo girando em meio ao vazio — a forma incompleta da lendária Lâmina Estelar do Vazio.
Era o décimo dia da forja final. A espada, moldada com três núcleos espirituais, estava pronta para ser selada… mas algo deu errado.
Um grito desesperado ecoou dos aprendizes.
— “Capitã! A arma… está absorvendo o ambiente!”
Em um clarão violeta, o chão da forja se rachou, a energia do Vazio saindo em forma de redemoinhos translúcidos, como se a realidade ao redor estivesse sendo devorada por um buraco escuro e girante. O ferro negro líquido, já encantado com runas estabilizadoras, tremia em resistência — mas falhava.
— “A arma está tentando devorar a forja inteira!” — berrou Daran, o velho mestre ferreiro, protegendo dois aprendizes que já estavam sendo puxados pela força gravitacional distorcida do núcleo de Vazio.
Jisoo arregalou os olhos. As runas de contenção explodiam uma a uma.
— “Não! A matriz não vai aguentar!”
O Vazio não era apenas um elemento.
Era nada e tudo, começo e fim. O menor erro… e ele devoraria tudo ao redor.
De repente, a realidade tremeu.
Do alto da Torre dos Deuses, uma aura indescritível rompeu as nuvens que encobriam Tianlong.
Tae-Min.
Aquele que havia desaparecido em treinamento espiritual.
Seu corpo havia se transformado.
Antes franzino, agora possuía ombros firmes, musculatura definida pela pressão insana dos andares superiores. Sua presença, antes apenas intensa, agora era como o nascer de uma nova constelação: firme, solene, divina.
Seu cabelo branco prateado esvoaçava com a força do vento criado pela própria espiritualidade que o cercava, e seus olhos… brilhavam num tom escarlate, como se contivessem o próprio julgamento do mundo.
Tae-Min caminhou sem dizer uma única palavra pela cidade, até chegar à base da Torre de Forja. Soldados tentaram impedir sua entrada, mas pararam ao sentir o esmagador Qi Sagrado que fluía de seus poros como mar revolto.
Ao pisar dentro da forja, o caos o recepcionou: ferreiros no chão, runas sendo dilaceradas por distorções no espaço, e a lâmina flutuando no ar como se tivesse vontade própria, tentando romper o mundo físico ao seu redor.
Tae-Min parou. Observou. Sentiu.
Seus olhos brilharam ainda mais forte.
— “Uma arma… rebelde?” — murmurou, voz grave e carregada de autoridade. — “Você sente o Vazio… mas não compreende seu silêncio.”
A espada girou violentamente no ar, as lâminas de energia ao seu redor tentando estraçalhar qualquer um que se aproximasse. Mas Tae-Min ergueu sua mão.
— “De hoje em diante…”
Seu Corpo do Vazio Estilhaçado pulsou com luz carmesim e negra, e o mundo pareceu perder som. Os redemoinhos do Vazio cessaram. A energia, antes selvagem, congelou em pleno ar, respeitando algo maior.
— “Eu sou… seu novo Mestre.”
A espada tremeu. Brilhou. Tentou se soltar novamente, agora com mais violência, invocando figuras ilusórias no ar — ecos de cultivadores do passado, como se testasse sua determinação com sombras de antigos usuários caídos.
Tae-Min sorriu. Era como se esperasse aquilo.
Ele avançou num único passo, o chão se partindo, e tocou a lâmina com os dedos ensanguentados. Seus olhos escarlates encararam a essência negra e brilhante que girava no núcleo central da arma.
— “Tente de novo.”
Um estrondo abafado soou — a espada explodiu em aura negra, envolvendo-o como um ciclone espiritual, tentando consumir sua alma.
Mas a alma de Tae-Min… já era feita de Vazio.
Com um rugido silencioso, ele liberou sua energia interior como um vulcão reverso, e a aura da arma começou a ceder. Lentamente, a lâmina parou de girar. A escuridão se curvou.
E então… silêncio.
A lâmina desceu do ar.
Se posicionou verticalmente diante de Tae-Min.
E brilhou com runas escarlates, como se reconhecesse, pela primeira vez, um verdadeiro mestre.
Jisoo, ainda com o coração acelerado, caiu de joelhos.
— “Ele… dominou uma arma viva… uma arma feita do Vazio Absoluto…”
Daran sorriu, lágrimas de alívio escorrendo por seu rosto suado.
Tae-Min olhou para a lâmina em suas mãos, agora pulsando suavemente, como se respirasse junto a ele.
— “Capitã Jisoo…” — ele falou calmamente.
— “Sim, Jovem Mestre Tae-Min?”
— “Obrigado… Por me dar uma espada… digna do meu juramento.”
— “É minha honra, poder ser útil ao discípulo da Lâmina Silenciosa!”
E no topo da Torre dos Deuses, observando tudo com os braços cruzados e olhos negros com brilho azul cintilante, Baek Jin, o Semi-Deus da Lâmina Silenciosa, sorriu.
— “O herdeiro do Vazio… deu seu primeiro passo.”
✅ Vínculo com Arma Celestial — “Lâmina Estelar do Vazio”: Completo
✅ Vontade do Vazio — Integrada ao núcleo espiritual de Tae-Min
…
O céu sobre a Cidade Celestial Tianlong brilhava com uma intensidade azulada rara, como se até os próprios céus tivessem reconhecido as mudanças que ocorreram naquele último ciclo solar. Um ano havia passado desde a reestruturação da Liga da Lâmina Celestial, e o mundo ao redor havia mudado.
As ruas comerciais da cidade, antes apenas um conjunto modesto de lojas tradicionais pertencentes ao clã Baek, agora estavam repletas de movimentação e progresso. Artesãos vendendo armas de ferro negro, alquimistas oferecendo elixires raros, e até mesmo vendedores ambulantes exaltando as criações tecnológicas da Capitã Jisoo, como os vasos purificadores e as banheiras de vapor automáticas que já se tornaram itens indispensáveis nas residências.
Nas esquinas, os rumores não cessavam:
— “Você ouviu? Dizem que o próprio Ancião Baek Jin, a Lâmina Silenciosa, está treinando pessoalmente os futuros Vice-Capitães do Departamento Militar.”
— “Tsc. Isso não é nada! O Patriarca Baek Mu-Hwan… aquele velho cultivador recluso… agora é Capitão do Departamento de Pesquisa Espiritual!”
— “Inacreditável. Um ano atrás ele mal deixava a câmara principal! Hoje, dizem que está à beira de descobrir um novo tipo de energia!”
A atmosfera do clã Baek havia se transformado por completo. A madeira desgastada que compunha os salões antigos fora substituída por estruturas de pedra reforçada por formações espirituais complexas, criadas pelos estudiosos do Departamento de Forja e Tecnologia Espiritual. Torres se erguiam aos céus como lanças cerimoniais, marcando a nova era do clã.
No coração da cidade, a Torre dos Deuses se erguia majestosamente, como um marco eterno do poder de Baek Jin. Cultivadores de todos os lugares, até mesmo de outros continentes, vinham para desafiar seus andares, em busca de crescimento e iluminação. Muitos não passavam do terceiro andar. Pouquíssimos tinham coragem de tentar os andares superiores, restritos a Capitães e Vice-Capitães.
Dentro da sede da Liga, o ambiente havia se tornado mais organizado e fervilhante. Disciplinas eram respeitadas com rigor, e todos os cinco departamentos estavam ativos.
O Departamento de Alquimia, comandado por uma anciã excêntrica chamada Mei Lian, fornecia pílulas de recuperação e cultivo com eficiência nunca antes vista.
O Departamento Médico, agora expandido com tecnologia espiritual de ponta, curava até ferimentos que antes eram considerados fatais.
O Departamento de Forja e Tecnologia Espiritual, sob comando de Jisoo, avançava com armas e armaduras cada vez mais especializadas — incluindo itens que podiam se comunicar diretamente com o Sistema NOVA.
O Departamento de Pesquisa Espiritual, liderado pelo próprio Patriarca Baek Mu-Hwan, tornara-se o mais enigmático e ousado de todos.
Lá, o ancião murmurava para si mesmo em uma câmara de luz espiritual azulada, onde pergaminhos flutuavam e cristais espirituais vibravam em sincronia com suas intenções.
— “Para continuar crescendo, mudanças eram inevitáveis,” disse ele, enquanto estudava os registros que Baek Jin deixara sobre as Leis Superiores.
Leis do Fogo, Água, Relâmpago, Terra, Vento, Metal, Madeira e Natureza, assim como as Leis para cultivadores de constituições raras: Luz, Escuridão, Espaço-Tempo, Vazio e Espírito. — todos conceitos que transcendiam o mundo material. O Patriarca, com seus discípulos de elite, havia ousado começar a tentar o impossível: unir o Qi Interno do Oriente ao Qi Celestial do Ocidente. Era um sonho. Um ideal. Uma ponte entre mundos.
Um de seus discípulos se aproximou.
— “Capitão Mu-Hwan, a fusão dos núcleos ainda apresenta instabilidade… se forçarmos o fluxo, pode implodir toda a estrutura do núcleo espiritual.”
O velho sorriu.
— “Então construiremos um novo núcleo. Um que aceite tanto a pureza do Oriente quanto a fúria do Ocidente.”
Era essa a mentalidade agora. Nada era impossível. Nada era inalcançável.
Os discípulos externos e internos do clã Baek, antes esquecidos, agora disputavam entre si por uma vaga em qualquer dos Departamentos da Liga. O status de um simples Vice-Capitão se tornara mais cobiçado do que o de Ancião Interno. As vestes padrão da Liga — mantos negros com armaduras prateadas e bordados de espada no peito — haviam se tornado um símbolo de respeito por todo o continente.
E, no centro de tudo isso, Baek Jin, o Semi-Deus, o Patrono da Liga, continuava recluso em seus próprios pensamentos.
Mesmo em sua ausência temporária, a cidade prosperava. Seus projetos não paravam. O Sistema NOVA o auxiliava constantemente, enviando notificações de progresso e ajustes para as instalações. Tudo estava fluindo.
Mesmo com o poder absoluto de um Semi-Deus, Baek Jin sabia que o verdadeiro desafio ainda estava por vir.
Porque, no horizonte, rumores sombrios se espalhavam.
O retorno do Rei da Noite Eterna. O avanço lento dos Filhos das Trevas.
Mas por ora, o mundo celebrava.
O nome do clã Baek, que um dia foi sinônimo de mediocridade, agora era sinônimo de glória, inovação e força incomparável.
O futuro ainda era incerto, mas uma coisa era clara:
O mundo havia mudado — e tudo isso começou com um homem silencioso, de cabelos negros e olhos com brilho azul: Baek Jin, a Lâmina Silenciosa.
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