Índice de Capítulo

    O som de ossos trincando ainda ecoava pela “arena” improvisada da Escola 25. O sangue jorrava no solo rachado, e o céu nublado parecia acompanhar o tom da batalha que chegava ao seu clímax. Uiji, coberto de ferimentos, olhos vermelhos e respiração pesada, se levantava novamente como um monstro que recusava a morte. Seu corpo não obedecia mais os limites humanos.

    Yoru estava ofegante, com os punhos trincados e os olhos marejados. Lee, ao seu lado, tremia. Mas quando pensaram que Uiji estava por um fio, ele deu um passo à frente, e com um rugido animalesco, partiu para cima deles com velocidade surreal.

    — Não… Ele ainda tem força! — gritou Yoru.

    Uiji acertou Lee com um gancho de esquerda devastador, jogando-a contra a parede de concreto. A parede rachou com o impacto. Lee caiu no chão, inconsciente por um instante, e Uiji girou o pescoço lentamente na direção de Yoru.

    — Agora… É só você e eu.

    Yoru não conseguia conter as lágrimas. Não era por medo. Era frustração. Era dor. Era o peso de todos os que confiaram nele.

    — Por que você não para…?

    Uiji atacou. E Yoru revidou com todas as artes que conhecia. Boxe, Muay Thai, Keysi… Ele misturava os estilos como uma sinfonia de agressão, mas Uiji ainda era superior. Cada soco dele parecia carregar toneladas de fúria contida.

    Lee, ainda no chão, ouviu o choro de Yoru. Algo dentro dela quebrou.

    Ela gritou.

    — YOOOOOORUUUUUU!!!

    As lágrimas escorriam como um rio em seu rosto. O chão estremeceu. Uma aura violeta explodiu de seu corpo. O sistema reagiu imediatamente na tela invisível de Yoru:


    [Aviso! Lee ascendeu de forma brutal!]


    [Revelando habilidade de ascensão…]


    [Habilidade: Cópia – Lee copia tudo que vê]

    Lee se ergueu. Seus olhos agora brilhavam como espelhos. Ela encarou Uiji e imitou exatamente sua postura. Seus músculos se ajustaram, sua respiração mudou, e a próxima coisa que ele soube foi que ela havia replicado o mesmo gancho de esquerda que ele usava.

    BOOM!

    O impacto foi brutal. Uiji cambaleou para trás.

    Yoru sorriu em meio ao sangue.

    — Lee… Você voltou.

    — Nunca te deixaria, idiota!


    Nome: Lee Yui altura:1,65
    Segunda geração Peso:47

    Força:UR+
    Velocidade: UR+
    Potencial:AA [Despertado]
    Inteligência:C
    Resistência:SSSR+


    Nome: Yoru Akemi altura:1,79
    Segunda geração Peso:69

    Força: LR+
    Velocidade:LR
    Potencial:S [Despertado]
    Inteligência:S
    Resistência:UR+


    Nome: Uiji Koregan altura: 1,85
    Segunda geração Peso:76

    Força:LR+
    Velocidade:LR+
    Potencial:B+ [Despertado]
    Inteligência:B
    Resistência: LR+

    Os dois partiram juntos. Lee copiava os movimentos de Yoru, combinando socos, chutes, bloqueios e esquivas em um balé de destruição. Uiji não tinha mais fôlego para lidar com dois oponentes daquele nível, ainda mais com um que copiava seus golpes em tempo real.

    — Hora da finalização! — gritou Yoru.

    Ele preparou sua técnica: Golpe do Vazio. Era uma habilidade precisa, devastadora, mas difícil de acertar. Ele tentou, mas… errou.

    — Droga!

    Mas Lee viu. Com olhos aguçados, ela entendeu cada detalhe do movimento. E com perfeição, ela copiou.

    O Golpe do Vazio de Lee atingiu Uiji em cheio, atravessando sua guarda e colidindo com sua consciência. Uiji caiu de joelhos, arfando, olhos semicerrados.

    Mas ele não caiu por completo.

    Yoru ativou sua habilidade: Anular.

    A aura de Uiji se apagou. Ele ficou vulnerável. Sem poderes. Apenas ele mesmo.

    Lee parou. Seus olhos se encheram de lágrimas.

    — Yoru… Olha.

    Uiji estava chorando.

    — Eu… Não queria ser assim…

    A voz dele era humana novamente. Fraca. Cansada.

    — Danilo… Ele… Ele me obrigou a tudo isso. Ele quer a destruição. Ele é mais forte que todos nós juntos. Eu só… não queria morrer…

    Yoru se ajoelhou diante dele.

    — Então se junte a nós. Vamos parar ele juntos.

    Uiji olhou nos olhos de Yoru e Lee. Pela primeira vez, ele se viu ali.

    — Vocês ainda querem um monstro como eu ao lado de vocês…?

    — Queremos você. O humano. Não o monstro.

    Uiji fechou os olhos. Respirou fundo. Se levantou.

    — Danilo está vindo. E quando ele chegar… vocês vão precisar de mim.

    Sem mais uma palavra, ele se virou e desapareceu entre as sombras da escola, deixando para trás um campo de batalha destruído, mas um novo futuro se desenhando para os sobreviventes.

    Yoru e Lee se entreolharam. Vivos. Juntos. Preparados.

    E o próximo inimigo se aproximava.

    A poeira ainda pairava no ar quando Uiji deixou o campo de batalha. Suas roupas estavam rasgadas, seus punhos sangrando, e o peso da derrota pesava como correntes em seus ombros. Os olhos escurecidos pela dor e pela vergonha mostravam um homem transformado. Ele caminhava lentamente, ladeado por seus homens silenciosos. Haviam perdido. Ele sabia disso. A guerra contra os números 10 e 9, Philips e ele mesmo, havia terminado. Mas uma nova guerra se aproximava.

    O som de passos no asfalto molhado o tirou dos pensamentos. Em meio ao nevoeiro da manhã, uma silhueta apareceu diante dele. Era Danilo.

    Uiji parou. Os outros homens também. O ar ficou tenso. O mundo parecia segurar a respiração.

    Danilo deu alguns passos, os olhos frios, calculistas. Seu corpo inteiro parecia relaxado, mas a energia que emanava dele era ameaçadora.

    — Traíram o Haruto… não foi? — disse Danilo, sua voz era baixa, mas cortante como navalha.

    Uiji não respondeu de imediato. Ele encarou Danilo, e por um momento, o antigo respeito entre eles quase se fez presente novamente.

    — Fiz o que achei certo. Haruto… Haruto enlouqueceu. Ele nos usou como peõas descartáveis.

    Danilo suspirou. — Você não entendeu nada…

    E antes que Uiji pudesse reagir, Danilo estava em movimento.

    Uiji gritou, partindo com um soco brutal, mas Danilo não se moveu como um lutador comum. Ele girou suavemente, como uma folha ao vento. Usou o Akido. Absorveu o impacto do ataque de Uiji, girou seu corpo como se conduzisse uma dança, e com um único movimento preciso, ergueu a perna e aplicou um chute no queixo de Uiji.

    O som foi seco. O corpo de Uiji girou no ar e caiu de costas no chão, inconsciente.

    Seus homens recuaram, em choque. Danilo os ignorou. Se aproximou do corpo de Uiji, olhou com frieza e disse apenas:

    — Você teve sua chance.


    Nome: Danilo altura:1,82
    Segunda geração Peso:76

    Força:XX
    Velocidade:XXX
    Potencial:A [Ascenção]
    Inteligência:S
    Resistência: XX+

    Sem mais palavras, ele deu meia-volta e seguiu para a escola 35.

    A escola 35 estava em alerta. Depois da derrota dos números 10 e 9, o medo começava a se espalhar. Mas havia uma aura diferente agora. Uma expectativa. Um suspiro contido antes da tempestade final.

    Danilo entrou nos portões principais como um fantasma. Os olhares se voltaram para ele, e o respeito era quase palpável. Atravessou os corredores até a sala central, onde Haruto o esperava, cercado por outros sete delinquentes, os mais fortes da escola 35.

    Haruto estava sentado como um rei no trono, o rosto iluminado por um sorriso perverso.

    — Então… Uiji foi?

    Danilo assentiu.

    — Não foi difícil. Ele está acabado.

    Haruto riu, um riso que fazia a espinha gelar. — Ele era um peão que pensou ser torre. Você fez bem. Agora… é a hora. Chame todos. Chegou o momento mais importante da escola 35.

    Todos os presentes se entreolharam. Era isso. A preparação final. O fim se aproximava.

    Haruto se levantou. Seu olhar cruzou com o de cada um dos presentes.

    — Chegou a hora de provar ao mundo quem somos. Vamos mostrar que a escola 35 não se curva, não recua e não perdoa. Que comecem os preparativos. Todos serão reunidos. Vamos apagar a escola 25 da existência.

    Lá fora, o vento assobiava, como se soubesse que algo terrível se aproximava. Algo que mudaria o curso de tudo.

    E assim, o começo do fim se iniciava.

    O sol da manhã atravessava suavemente a janela do quarto de Yoru, criando desenhos dourados sobre o lençol branco. Ele estava deitado ao lado de Hina, os dois aconchegados em um sábado preguiçoso. A televisão estava ligada, exibindo um noticiário que falava sobre o caos causado pelos confrontos entre escolas rivais, mas naquele momento, Yoru queria desligar-se de tudo.

    — Parece que o mundo não para, mesmo quando a gente precisa respirar — comentou ele, mexendo nos cabelos de Hina, que sorria de forma suave.

    — Não para mesmo. Mas hoje… é só a gente — respondeu ela, aninhando-se mais contra o peito dele.

    O noticiário falava do sumço de Uiji, da reestruturação da escola 35, e de uma nova liderança sombria surgindo. Mas entre cada manchete e trilha sonora tensa, Hina se virou de lado, com um brilho travesso nos olhos.

    — Yoru…

    — Oi?

    — Cê já pensou em… sei lá… pedir minha mãe pra namorar comigo oficialmente?

    Yoru travou. A televisão pareceu silenciar por um instante. Ele virou o rosto lentamente pra ela.

    — Pedir… sua mãe?

    — É. Ela meio que… sempre soube de tudo. Ela já me perguntou algumas vezes se você ia criar coragem de aparecer por lá. E, sinceramente, eu acho que chegou a hora, né?

    Ele suspirou e olhou para o teto, como se buscasse respostas entre as frestas da madeira.

    — Isso é mais assustador que lutar com o Uiji…

    — Não seja bobo — disse Hina, rindo. — Ela é tranquila. Mas tem um olhar que… bom, vai te julgar por dentro e por fora.

    Yoru se sentou na cama.

    — Então… eu vou ter que encarar ela. De verdade.

    — Vai. E leva flores, chocolate, alguma coisa. E não fala besteira, por favor!

    Naquela mesma noite, o clima tinha mudado. O ar estava mais fresco, o som dos grilos se misturava com os carros distantes. Yoru encontrou-se com Ben e Hayato num parquinho velho perto da escola abandonada onde treinavam algumas vezes. O banco de cimento frio foi onde os três sentaram.

    — Fala pra gente de novo — disse Ben com um sorriso largo. — Cê vai mesmo pedir a mãe da Hina pra namorar com ela?

    Yoru revirou os olhos.

    — Eu não vou pedir a mãe dela. Eu vou pedir permissão pra namorar com a filha dela, seu idiota.

    Hayato gargalhou.

    — Isso é muito melhor que qualquer luta. Você tem noção? O Yoru, o monstro da escola 25, tremendo pra conhecer uma sogra!

    Yoru olhou pros dois.

    — Vocês já conheceram a mãe da Hina? Aquilo lá não é uma mulher comum. Ela tem um olhar que atravessa a alma. Eu lutei com o Haruto, com o Uiji, com o Philips… mas acho que ela é pior.

    Ben deu um soco leve no ombro dele.

    — Fica tranquilo. Você é um cara honesto. Forte, protetor. E ama a filha dela. Só não vai com aquele seu jeito todo fechado… tenta ser gentil.

    Yoru passou a mão no rosto e suspirou fundo.

    — Eu não sei como ser gentil…

    Hayato sorriu.

    — Começa não sendo um delinquente na porta dela. Isso ajuda muito.

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