Índice de Capítulo

    Abaixo do escaldante sol da tarde, o som de cascos de cavalos pisando sobre o chão reverberavam por uma longa estrada, sendo seguidos pelos passos rítmicos de inúmeros guerreiros armados que sacudiam o chão.

    Uma elegante carruagem era puxada por cavalos, onde quatro guerreiros andando a cavalos a escoltava pelos lados, agindo como se fossem algum tipo de escudo.

    “!”

    Na cidade de Crystenold, os porteiros do portão sul rapidamente ficaram em alerta enquanto o suor de nervosismo escorria pelos seus rostos enquanto assistiam o grande número de cavalos e pessoas que vinham de longe, fazendo a poeira subir aos céus.

    Embora nervosos, eles seguravam o nervosismo que sentiam ao observarem eles se aproximaram de maneira tão intimidadora.

    Então, depois de vários minutos, os cavalos que puxavam a carruagem pararam bem a frente do portão, fazendo os cavalos relincharem alto.

    Um dos porteiros segurou o nervosismo e conseguiu dar um passo à frente.

    “Desculpem-me a ousadia, mas poderiam me dizer quem são vocês?”

    Um dos guerreiros que andavam ao lado da carruagem,se aproximou do porteiro. Ela era uma guerreira, usando um peitoral sobre seus peitos volumosos, seu longo cabelo loiro acastanhado era penteado do lado direito, enquanto no esquerdo era caído até os ombros.

    Com um olhar penetrante, ela olhou para o porteiro e falou.

    “Nós somos da nobre casa Skarsgard, e a pessoa dentro da carruagem é a segunda filha da Skarsgard, Aela Skarsgard.” 

    “!”

    Os olhos do porteiro se arregalaram após ouvir sobre o nome Skarsgard, e então olhou para o brasão das bandeiras que os guerreiros seguravam e presentes nas laterais da carruagem.

    O símbolo em que uma espada e uma folha de trigo se cruzavam, representando a união entre a guerrilha e a colheita.

    Imediatamente o porteiro bateu com o punho no peito e se curvou.

    “Presto meus respeitosos à casa da família Skarsgard! E me desculpo pela minha falta de modos!”

    Depois, ele se virou e gritou para os outros porteiros. 

    “Abram os portões! E avisem ao prefeito sobre a chegada da casa Skarsgard!”

    Imediatamente os portões da cidade foram abertos e a festa começou a entrar na cidade, imediatamente chamando a atenção de todos os cidadãos e soldados presentes.

    Uma vez dentro, a guerreira andou até a janela da carruagem, onde a sombra de um corpo femenino podia ser visto e se curvou.

    “Gostaria que providenciamos a melhor estalagem da cidade para seu descanso? A Senhorita deve estar cansada depois de ter passado dias dormindo na floresta.”

    Disse ela em tom de respeito.

    A resposta da nobre senhora veio logo em seguida

    “Não posso me dar ao luxo de priorizar minhas necessidades pessoais. Como bem sabes, nosso tempo é curto, então gostaria de priorizar nosso encontro com a guilda dos mercenários e depois nos encontrarmos com o prefeito da cidade.”

    “…”

    A guerreira pareceu um pouco hesitante com a resposta de sua mestra, ela estava preocupada mas ao mesmo tempo orgulhosa por priorizar a missão ao invés de suas necessidades pessoais.

    “Como a senhorita quiser.”

    Sem escolha, ela aprovou as palavras de sua mestra e logo se virou para os outros guerreiros e gritou.

    “Vamos!”

    E assim, sendo liderados pela guerreira, a festa partiu em direção ao destino.

    §§§§

    Em um momento mais tarde, dentro do escritório do prefeito no castelo municipal, Lars se encontrava sentado em seu escritório, apoiado sobre a mesa com o rosto visivelmente ressacado da noite anterior.

    “Ugh… acho que bebi demais…”

    Disse ele, tapando a boca para evitar o roto que queria sair.

    Ao seu lado, o capitão da força de proteção de Crystenold, protestou.

    “Isto não teria acontecido se o senhor não tivesse se excedido na noite anterior, mesmo sabendo que teria bastante trabalho no dia seguinte.”

    “Mas eu precisava fazer aquilo, finalmente havíamos nos livrado dos cânceres que corriam nossa cidade. Eu tinha que mostrar aos cidadãos que estava feliz junto a eles.”

    “Você realmente queria mostrar apoio aos cidadãos ou apenas querias uma desculpa para beber descontroladamente?”

    “…”

    Diante da pergunta direta do capitão, Lars ficou em silêncio, como se tivesse acertado em seu verdadeiro objetivo.

    “Deixando isso de lado…”

    Querendo desviar a conversa, Lars olhou para outro lado do escritório, no sofá, onde Ken e Crystalline estavam sentados um ao lado do outro, e perguntou, com o tom de voz baixa e controlada.

    “…Aconteceu alguma coisa com esses dois?”

     “Ao que te referes?”

    Perguntou o capitão confuso, também baixando a voz.

    “Não sei, mas… você não sente alguma tensão entre eles?”

    “?”

    Assim como o Lars havia dito, havia uma ligeira tensão pairando ao redor de Ken e Crystalline como se houvesse uma parede entre os dois, estavam bastante afastados e não haviam trocado nenhuma palavra um com o outro desde que entraram no escritório.

    Eles não parecem estar zangados um com o outro, era mais como se não quisessem entrar em um assunto para poderem evitar o desconforto. 

    Crystalline, que estava sentada do seu lado, olhou ligeiramente para Ken com o canto dos olhos.

    “…”

    A cena que havia acontecido de manhã ainda estava bastante presente em sua cabeça. De manhã, ela havia acordado, sentindo que não dormia tão tranquilamente desde que acordou de seu selo.

    – ?

    Mas assim que abriu os olhos, se surpreendeu ao ver Ken que dormia sentado em sua cama enquanto segurava sua mão.

    Ela estava ligeiramente surpresa, e como não gostava de ser tocada, não seria surpreendente se ela se sentisse desconfortável e o repreendesse pela sua ousadia.

    – …

    Mas ao invés disso, ela apenas ficou encarando seu rosto que parecia descontraído ao dormir, ao contrário de seu eu habitual que era um olhar amargurado que parecia suspeitar de todo mundo. 

    Haviam dúvidas sobre o porquê ele ter segurado sua mão durante a noite. Mas ela não o acordou e apenas ficou encarando-o.

    Até que Ken começou a lentamente abrir os olhos, e seu olhar se encontrou com a de Crystalline que também o encarava.

    – …

    – …

    Eles ficaram um bom tempo apenas olhando um para o outro sem trocarem uma palavra sequer, até Ken finalmente soltar sua mão e se levantar, depois andou até sua cama e começou a vestir suas roupas novas, e Crystalline fez o mesmo.

    Como haviam combinado de se encontrarem com o prefeito à tarde, assim o fizeram, mas pelo constrangimento que haviam passado pela manhã, ambos decidiram não trocaram nenhuma palavra até mesmo quando chegarem no castelo municipal.

    Após olhar para a mão de Ken, em seguida ela olhou para sua própria mão.

    ‘Será que aquilo voltou a acontecer?’

    Pensou ela.

    Quando Crystalline ainda era criança e estava aos cuidados do homem misterioso, houveram momentos em que ela tinha pesadelos na hora de dormir, em que seus pais eram mortos e todo mundo a culpava e maltratava, o que dificultava tremendamente seu sono.

    Mas, em algum momento, esses pesadelos deixavam de atormentá-la, e estes momentos eram quando o homem misterioso segurava sua mão enquanto ainda dormia, o que de alguma forma a fazia se sentir segura mesmo em seus sonhos mais terríveis.

    Mas desde que o homem misterioso havia desaparecido, estes pesadelos haviam voltado a atormentá-la e se tornado ainda mais perturbadores mesmo depois de ter acordado de seu selo.

    Na noite anterior não era diferente, ela sonhava com a cabeça de seus pais sendo decapitados bem na sua frente, e todas as pessoas ao redor riam e a ridicularizaram, até a cabeça decepada de seus pais pareciam culpá-la pelas suas mortes, deixando-a sozinha naquele mundo sombrio e aterrorizante.

    Todos diziam que ela estaria sozinha e sempre estaria sozinha porque ninguém iria querer estar associado a um mau presságio como ela. Mas, de repente, aquele pesadelo desapareceu quando a mão do homem misterioso aparece no espaço iluminando o mundo e afastando todo ar maligno ao redor.

    Apenas para acordar e encontrar Ken sentado em sua cama e segurando sua mão.

    ‘Será coincidência? Não, eu tenho repulsa só de pensar em ter alguém tocando qualquer parte de meu corpo. Mas…’

    Enquanto pensava, ela voltou a olhar para Ken.

    ‘Por alguma razão não me sinto incomodada quando sou tocada por ele. Era a mesma coisa com o homem misterioso, embora esta mania apenas tenha piorado quando me interagi mais com o poder do pecado capital.’

    Quanto mais ela pensava, mas um sentimento estranho parecia surgir dentro dela, fazendo seu peito se aquecer ligeiramente. Ela não sabia o que era, mas como não parecia nada importante resolveu ignorar. 

    “Como estão as coisas?”

    Foi então que a voz de Ken veio quebrando o silêncio, sua pergunta sendo direcionada para Lars.

    Lars então olhou para Ken e respondeu, sabendo do que se tratava a pergunta.

    “Na verdade, vai tudo muito bem. Conseguimos encontrar várias provas nos escombros da guila Martelo imortal e no esconderijo do culto demoníaco, que provam que eles estiveram trabalhando juntos e de todos seus crimes ao longo dos anos. Também houveram vários comerciantes e várias pessoas que foram vítimas dos atos malignos de Magnus.”

    Após Lars ter respondido, o capitão da força de proteção continuou.

    “Também, embora a mana nos núcleos dos aventureiros da guilda Martelo imortal já estivessem esgotados, ainda haviam vestígios de mana corrompida, comprovando que todos eles estavam trabalhando com os cultistas demoníacos. Então a Lady Crystalline não precisa se preocupar em receber acusações.”

    Sem uma justificativa profunda, as pessoas eram proibidas de tirar a vida de outra pessoa, mas como os membros do culto demoníaco tinham vestígios de mana corrompida em seus núcleos, era prova suficiente de suas cumplicidades com o culto demoníaca, o que era uma prova mais que suficiente para legalizar suas mortes.

    “Hmph.”

    Crystalline apenas bufou e cruzou os braços, claramente não ligando se seria acusada ou não.

    “…”

    Enquanto isso, o prefeito começou a olhar para ela com uma expressão estranha durante um tempo. Crystalline, percebendo isso, franziu a testa em desgosto e perguntou.

    “O que foi?”

    Sua pergunta direta era claramente um ato desrespeitoso contra um prefeito, o que seria motivo suficiente para prendê-la. Mas nem o prefeito e nem o capitão pensaram nisso, na verdade, o prefeito pareceu envergonhado.

    “Ah, peço desculpas se a deixei desconfortável, é que na verdade tenho uma curiosidade sobre você.”

    “Hm? Curiosidade?”

    Perguntou Crystalline, inclinando a cabeça em confusão.

    “Sim.”

    Respondeu Lars balançando a cabeça enquanto se inclinava para debaixo da sua mesa para pegar algo.

    “Na longa história da nossa aldeia, existe uma heroína que é tratada como uma lenda e é contada nas crianças como fonte de inspiração. Seu nome era Crystalline.”

    Levantando-se, ele segurava um caderno em sua mão, onde na capa tinha o desenho de uma mulher de longos cabelos brancos e pele branca como a neve, andando no que pareciam ser cristais de gelo.

    Não era nem de longe parecida com Crystalline, mas estava claro que foi inspirado por ela.

    Então, Lars continuou.

    “Dizem nas histórias de nossos antepassados que ela lutou contra inúmeros invasores que tentaram tomar esta terra, tomando a gratidão de todos os moradores. Todo mundo planejava servi-la como governante, mas infelizmente ela havia desaparecido misteriosamente, o que entristeceu muito nossos antepassados. Mas como símbolo de agradecimento, decidiram nomear a cidade baseada em seu nome ‘Crystenold’ e qualquer um estava proibido de possuir seu nome original, o que é válido em nossas leis até hoje.”

    “Então você está dizendo que não devo possuir este nome?”

    Perguntou Crystalline diretamente.

    Mas Lars balançou a cabeça em negação.

    “Por favor, não me interpretes mal. Na verdade, queria agradecer por alguém como você ter herdado seu nome.”

    “?”

    Embora não tenha ficado tão surpresa, o que Lars havia dito foi suficiente para que ela suavizasse sua expressão, então ele continuou.

    “Você é realmente parecida com a heroína de acordo com a história, tanto em aparência quanto em poderes. Seria um desperdício se um nome tão belo como o dela apenas permanecesse na história. Então não apenas eu, mas como todos os cidadãos da cidade, estamos aliviados que alguém como você tenha herdado seu nome. Como prefeito da cidade, eu agradeço profundamente.”

    As palavras do prefeito não pareciam vir de simples bajulação ou conversa fiada, mas vindo de pura sinceridade, o que Crystalline podia perceber apenas ao olhar em seu rosto.

    “Hmph. Mesmo que isso incomodasse as pessoas, nunca teria trocado meu nome.”

    Respondeu Crystalline olhando para o lado e parecendo indiferente. Ela não parecia comovida, mas também já não tinha aquela expressão de desconforto, o que ao menos foi um alívio para Lars.

    “Ahaha, sim, eu acredito que sim.”

    Falou ele, logo em seguida as palavras de Crystalline.

    “…”

    Ken, por sua vez, que estava mais próximo de Crystalline,percebeu que havia um leve rubor em suas orelhas, percebendo que ela realmente estava envergonhada.

    “?…”

    Até ele ouvir passos apressados se aproximando da porta que chamou sua atenção.

    *Bam.*

    “!”

    E como esperado, a porta foi apressadamente aberta e um dos funcionários entrou, com um rosto ligeiramente pálido.

    O capitão pareceu bastante descontente com a audácia e se virou para ele.

    “Espero que tenhas uma razão plausível para invadir o escritório do perfeito desse jeito.”

    Disse ele em um tom pesado.

    O funcionário então se curvou rapidamente se desculpando.

    “Eu realmente peço desculpas! Mas…”

    Então rapidamente se levantou e olhou diretamente para Lars.

    “Os guerreiros da grande família Skarsgard acabaram de chegar na cidade! E estão vindo diretamente para cá!”

    “!”

    “!”

    Lars e o capitão da força ficaram bastante surpresos pelas informações que acabaram de obter. Em seguida, Laros olhou para o lado, mas especificamente para Ken, que tinha seus lábios erguidos em um ligeiro sorriso enquanto olhava para o funcionário.

    ‘Assim como ele realmente havia previsto.’ 

    “Ah…”

    E então, a boca do prefeito se abriu em um sorriso nervoso.

    ‘Parece que suas novas presas chegaram até sua toca por conta própria. Embora este castelo pertença a mim.’

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (1 votos)

    Nota