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Capítulo 11: Alimentar?
Finalmente cheguei em casa, expressando um alívio singelo assim que abri o portão.
— Olha filha, papai chegou! Bem-vindo, amor. — Passando pelo portão, fui recebido por calorosa saudação.
Na minha visão, o quintal com um gramado vívido, e quando levantei um pouco mais a cabeça, percebi Natasha me esperando na porta, com Sophia no colo.
Entretanto, mesmo depois disso, não consegui esconder o meu desânimo, embora leve. Debilitado, ainda me questionava sobre tudo que ocorrera minutos atrás, em devaneios.
— Eu cheguei — Na porta, dissera, tentando parecer são.
— Hm? Cê tá bem? — Era óbvio que Natasha perceberia. Bem, não sou do tipo que conseguiria esconder algo dela mesmo.
— Tô, só o dia que foi puxado mesmo. Vou me deitar um pouco — Passei por ela, sem delongas.
Claro, ela certamente continuara a estranhar meu comportamento. Mas naquele momento, almejava um bom descanso, organizar melhor a cabeça.
Fui direto pro sofá, suspirando fundo antes de me sentar, se espreguiçando.
Natasha viera em seguida, tentando uma nova conversa:
— Esses dias estão sendo bem puxados para você, hein? — Sentou-se junto a mim. Olhei de canto, percebendo-a pouco preocupada.
— É — respondi seco, relaxado.
Um breve silêncio iniciara, quebrado logo em seguida:
— É só isso mesmo?
Depois dessa insistência, decidi lhe contar; pelo menos parte do problema onde. E também, ao lado dela, me sentia mais confortável.
— Natasha, você acha que ultimamente eu estou ficando meio… louco? — perguntei, lhe olhando.
Dito isso, um ceticismo espontâneo contornou sua face, respondendo:
— Louco…? Não.
— Entendi — quase murmurei.
— Para mim, você continua o mesmo bobo de sempre. — Ela sorria.
Tamanha fala me fez expressar um singelo riso, me senti até mais aliviado. Porém, não tivera sido convencido completamente.
— É, você tem razão. Acho que devo só estar meio pressionado devido a tudo que aconteceu esses dias.
— Sim, amor, isso é normal. Até eu ando meio avoada as vezes, cuidando da Sophia — ditou, compreensiva.
— Verdade… — Visei Sophia no seu colo, totalmente perdida diante da nossa conversa — Ohh, coisinha fofa! — Meu ânimo voltara ao vê-la, por pouco tinha me esquecido dela.
Levantava meus braços à ela, com Natasha cedendo-a a mim. No meu colo, ela também parecia contente; ahhh! Que coisa mais fofa era seu sorriso, contagiava qualquer um!
— Bem, já que você está agora tão animado, que tal cuidar dela enquanto eu arrumo as coisas da casa? — Natasha propôs.
— Sim, senhorita!
E assim ela partiu.
— E então, filha, o que faremos?
— Grughh! — respondera com grunhidos indecifráveis. Porém, devido a sua animação, de uma coisa eu tinha certeza:
— Brincar, né? — Pareço ter adivinhado — Beleza.
Estar na presença desse doce ser sempre me fazia esquecer os problemas da qual me circundava; preocupações e devaneios não existiam mais, apenas a vontade de passar o restante do tempo ao lado dela, fazê-la. rir, se divertir.
Não vou mentir, os empecilhos relacionados àquele gato, ainda permaneciam em minha mente, embora ofuscados. Mas, de qualquer forma, não me importava tanto mais.
Enquanto brincava com ela, o tempo passou ao ponto de nem ter percebido; o relógio marcava as exatas sete horas da noite, quase duas horas de pura fofura. Sophia agora estava cochilando em meus braços.
— Amor, o que vai querer de jantar, ovos ou frango? — Natasha chegara, ao mesmo tempo que perguntava — Olha só, ela dormiu…
— Não é à toa, pelo tempão que ficou brincando — complementei.
— Bem, vou levar ela pro berço então — afirmei, levantando-me com ela no colo, tendo cuidado para não remexê-la muito.
Antes de partir, lembrei da pergunta de outrora, respondendo:
— Ah, e pode ser frango.
— Ok.
Recobrando aos passos, segundos depois, me encontrava dentro do quarto, tendo acabado de pôr Sophia no berço. Claro, não esqueci também de revesti-la com sua pequena coberta branca, que inclusive combinava com a pintura do berço.
— Bons sonhos.
Feito isto, sai do quarto e fui direto pro banheiro; precisava de um banho, afinal.
Minutos depois, saindo do banheiro sentia minhas impurezas sumirem em instantes.
— Urf…! — aliviei ao sair do banheiro.
Realmente, nada como um banho para dissipar o estresse, um pouco da fadiga e tensão. O banho parecia ser algo mágico! Fiquei até mais relaxado e de bom humor.
Todavia, comecei a me deslocar até a sala, pensando em assistir algo na televisão. Porém, antes disso, caminhava à porta do quarto a uns dois metrôs à frente na minha direita, na entrada do corredor; a intenção era dar uma olhada na Sophia.
Chegando, abri a porta devagar, entre olhando para o berço; aparentemente ela estava dormindo. Com isso, fechei a porta e fui direto para sala.
Depois disso, o restante da noite foi até que mais calma do que antes; Natasha e eu, depois de jantarmos, continuamos a assistir one piece… ah, não me cansava desse anime, sério.
— HAHAHA! Olha ele! Haha! Muito bom! — Natasha se desmontava em gargalhadas por uma cena.
— Na moral, eu já vi essa cena antes e mesmo assim continua engraçada demais, haha! — dizia eu.
E perante a risos e breves tensões proporcionadas pela série, o tempo passava. Mas infelizmente, chegara a hora de dormir.
Era nove e meia da noite, não queria passar muito do horário, estava cansado… até mesmo comecei a bocejar de sono. Com Natasha a mesma coisa.
— Uuargg… — Natasha se contorcia de sono — Já deu por hoje.
— É… — Concordei ao bocejar — Bora dormir.
Então, desligamos a TV, escovamos os dentes, apagamos as luzes e finalmente fomos para o quarto. O sono nos chamava.
— Ela está dormindo como nunca. — Natasha apontava, perto do berço, de pé.
Eu já estava na cama, pronto para dormir.
— São minhas habilidades de pai, não tem como mesmo — gabei-me em brincadeira.
— Ava. — Natasha riu levemente enquanto vinha até a cama.
Sem mais delongas, nos ajeitamos na cama. Por fim, uma saudação deu início ao sono:
— Boa noite — falou ela, me olhando, coberta ao meu lado direito.
— Boa noite — respondi, desligando a luz pelo interruptor ao lado oposto. E assim, a escuridão caíra.
Sob o silêncio noturno, minhas pupilas cederam, dando espaço a uma calmaria reconfortante e, em poucos minutos, já estava inconsciente.
Entretanto… um sonho começou a brotar do vazio… não, não um sonho e sim um pesadelo.
De novo, eu estava no espaço, flutuando pela gravidade zero; na minha frente, nada, apenas a penumbra adjacente da nossa estrela mãe. Uma poeira cósmica consumia minha visão e do fundo de uma barreira de asteroides, uma forma colossal começou a se formar.
Aqueles olhos feitos de asteroides em chamas mais se pareciam duas estrelas vermelhas me encarando. As olheiras e corpo feitos de gás e poeira, a calda e as patas formadas por detritos… não havia dúvidas, era a forma daquele gato.
Meu corpo gelou, mais do que o espaço podia gelar; um arrepio sem igual veio e um medo primitivo me preencheu da cabeça aos pés.
O sorriso gigantesco sendo formado por uma energia branca só intensificava a tensão, tornando minha tremedeira permanente.
— Vo-v… você! — O nervosismo afetava minha voz.
Eu era apenas um ponto perante aquela presença montanhosa, cuja forma era destacada pela luz do sol, do qual mais se parecia um eclipse… um eclipse centenas de vezes maior que um normal e com uma amedronta inexplicável.
— William… a refeição de hoje fora uma maravilha. Espero por mais amanhã. — A voz grave e tremula, estranhamente se propagava até meus ouvidos.
— Que…? O que… o que você quer de mim?! Por que me persegue?!
— Fora sua escolha alimentar-me, William…
— Hã? Como assim? Eu não estou te alimentando… do que diabos você está falando?!
— Aprenda a descobrir por si próprio.
Minha raiva aumentara.
— Hoje eu quase fui atropelado por sua causa! Você é só uma alucinação, me deixa em paz!
— Alimentar‐me fora sua escolha, não existe escapatória.
— Ahh! Mas que porra você tá falando, desgraça?! Eu já disse que não estou te alimentando! Me diga logo o que você quer!
— Já tens a resposta.
Depois disso, toda sua formação se desfez.
— Espera, seu desgraça… — Antes de terminar, acordei no mesmo instante.
Bua! Buaaa! Buaaaa!
Do levantar-se brusco do meu tronco, tudo que via fora Natasha, perdida sob os berros de Sophia no berço.
— Ah, não, Sophia… o que foi filha? — Parecia perdida, não sabia se dava a ela uma mamadeira ou algum brinquedo para parar de chorar.
Eu, um pouco despertado, não só pelo choro repentino de Sophia, como também pelo pesadelo, tentava discernir por inteiro a situação.
Olhando para o despertador ao lado, me assustei com a hora: 2:30 da madrugada!
Natasha provavelmente me notou acordar também, pois um mandato entrou pelos ouvidos, fazendo-me despertar por completo:
— O que estava fazendo aí? Me ajuda a acalmar ela!
— Ta-ta! — Corri ao socorro, desleixado.
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