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    O escritório do prefeito havia se tornado em algo parecido com um campo de batalha silencioso, isto por causa da enorme presença presente no escritório e sentado em seu sofá de frente a ele, separados por uma pequena mesa.

    “…”

    Lars olhava para ela com olhos ligeiramente rígidos, um pouco de nervosismo escorrendo sobre seu rosto.

    Sentado à sua frente enquanto tomava elegantemente o gole de chá por uma, estava a segunda filha da nobre casa Skarsgard.

    Ela era uma bela mulher de longos cabelos loiros platinados quase ondulados, olhos verdes e marcantes, vestia um vestido de seda bastante elegante que provavelmente custava mais do que a reparação do escritório do prefeito.

    De pé ao lado dela, estavam duas pessoas. De um lado, um jovem guerreiro, com um brilhante cabelo ruivo escuro e um olhar arrogante.

    Seu nome era Corgard.

     Do outro lado, uma bela e jovem guerreira de cabelos loiros acastanhados, caído do lado direito e trançado no esquerdo. 

    Seu nome era Bárbara.

    O prefeito então voltou sua atenção para Aela.

    ‘Assim como Ken previu, ela realmente veio até aqui.’

    Pensou o prefeito, lembrando-se da conversa que teve com Ken na época em que fez a comissão das crianças desaparecidas.

    (Autor: cena do capítulo 94: Peão ou aleado, parte 2)

    Naquele tempo, Ken havia feito uma condição para o prefeito em troca de procurar as crianças desaparecidas, e o pedido era.

    – Uma nobre de uma família influente chegará nesta cidade. Não sei quando, mas quando acontecer, por favor, fale bem de mim para eles.

    O prefeito havia achado estranho seu pedido, mas acreditou que Ken apenas queria subir na vida trabalhando para um nobre e assim ter uma boa vida. Mas depois de o conhecer melhor, acreditou que talvez houvesse mais coisas por trás de seu pedido.

    Mas bem, seja o que for, o prefeito acreditava nele, então estava disposto a realizar o seu pedido sem hesitação, e a nobre que estava na sua frente realmente vinha de uma família realmente grande.

    A nobre família Skarsgard é uma casa condal, mas o diferencial desta casa é que, diferente de outras casas nobres, tiveram seu título de nobre comprados pelos antepassados, mas que ao longo de tempo, por causa dos inúmeros recursos que possuíam, tanto de território quanto financeiros e de seu grande poder de guerrilharia, conseguiram subir até o posto de conde.

    Então, mesmo que não fossem nobres de origem, são uma força que não pode ser subestimada pelo reino, nem mesmo pelos outros nobres.

    A especialidade desta casa vem de sua grande força militar e de seu incrível poder financeiro, já que inicialmente eles eram comerciantes.

    “Não fazia ideia de que a senhorita chegaria pessoalmente até aqui. Se tivesse conhecimento, teria preparado uma recepção mais adequada.”

    Disse o prefeito quebrando o silêncio do escritório.

    Aela então pousou sua xícara sobre o prato e olhou para o prefeito.

    “Não precisas te preocupar, prefeito, a culpa é minha por fazer uma visita antes do dia previsto. Espero não ter incomodado.”

    Disse ela. Seu tom de voz e a forma como falava realmente condizem com alguém da alta nobreza.

    “Ahaha, como me atreveria a me sentir incomodado? E uma honra recebê-la em nossa cidade.”

    Respondeu o prefeito em um sorriso.

    ‘Que mulher difícil.’

    Pensou o prefeito.

    Aela podia ter um olhar tranquilo e respeitoso, mas o prefeito sabia que isto era uma arma que ela usava para fazer seu alvo baixar a guarda, uma tática muito usada em situações comerciais, em que se o lado oposto se deixar levar pela gentileza, cairá nas mãos do atacante.

    O prefeito conseguiu perceber isso por causa de sua habilidade em saber ler as pessoas e também por causa de sua vasta experiência, graças a isso ele conseguia seguir calmamente com a conversa.

    Ela pode ser jovem, mas sabia que não podia ser subestimada.

    “Então, o que a traz a nossa humilde cidade?”

    Perguntou o prefeito.

    “Nossos assuntos não te dizem respeito.”

    Mas então Corgard, o jovem guerreiro, deu um passo adiante enquanto falava em um tom ameaçador.

    “?…”

    A ameaça havia pego de surpresa o prefeito, afinal, sua pergunta não era nada demais, a não ser que a visita deles fosse algo bastante sensível de se falar. O que acendeu uma curiosidade para o prefeito.

    “Corgard.”

    Mas foi então que a voz fria da jovem guerreira, Bárbara, veio em seguida, parando-o na hora. Ela percebeu que a intervenção do guerreiro havia aberto uma porta para o prefeito, por isso o chamou com o tom de voz pesado. 

    “Você sabe que a senhorita odeia ser interrompida enquanto está conversando com alguém. Mostre respeito.”

    Seu tom de voz era frio e direto, não importando se o estava repreendendo na frente de outras pessoas.

    “…Desculpe, senhorita.”

    Corgard, percebendo seu erro, se curvou em direção a Aela enquanto se desculpava. 

    Mas Aela não o olhou nem o respondeu, ao invés disso continuava olhando para o prefeito.

    “Peço desculpas pelas palavras de meu guerreiro, como você pode ver, ele é excessivamente leal a nossa casa.”  

    “Imagina, se a própria senhorita está se desculpando, também acredito que devo ter tocado em um ponto fora de minhas questões.”

    “Não, na verdade, agora que tocamos neste assunto, existe uma questão que gostaria da sua ajuda.”

    “Hm? Minha ajuda?”

    Perguntou o prefeito, curioso pelas palavras dela.

    Aela pegou a xícara do prato, tomou um pequeno gole e voltou a olhar para ele.

    “Na verdade, antes de aparecermos ao seu encontro, passamos pela guilda dos mercenários.”

    “Guilda dos mercenários?”

    Perguntou o prefeito curioso.

    “Sim, gostaríamos de contratar alguns mercenários para realizar alguns trabalhos, e ficamos sabendo de um grupo infame que havia chegado de uma missão. O tal chamado ‘guerreiros amaldiçoados’.”

    “Hm? O grupo amaldiçoado?”

    O prefeito pareceu genuinamente surpreso.

    Guerreiros amaldiçoados é um grupo de mercenários bastante conhecidos na cidade de Crystenold, isto porque eles possuem armas amaldiçoadas, que lhes fornecem força em troca de um sacrifício.

    Eles foram chamados de loucos por possuírem este tipo de armas, mas conseguiam resolver qualquer missão destinada para eles, então são, de certa forma, bastante cobiçados pelos clientes.

    Aela então continuou.

    “Nós planejamos pagar pelos serviços deles, e planejamos oferecer o que for necessário. Mas o líder deu uma condição um pouco estranha.”

    “Estranha?”

    Perguntou o prefeito, e pensou.

    ‘Porque eles precisam de mercenários, e mais especificamente os Guerreiros amaldiçoados? Será que a nobre casa Skarsgard está com falta de guerreiros? Ou será que têm outro objetivo em mente?’

    Seja o que for, não era algo que ele poderia perguntar diretamente, então simplesmente decidiu ficar em silêncio e esperar ela continuar.

    Após tomar um gole do chá, ela olhou diretamente para o prefeito e perguntou.

    “Por acaso você pode me falar do Lobo branco caolho?”

    “!”

    A pergunta repentina de Aela fizeram os olhos do prefeito abrirem em surpresa, achando estranho ela ter perguntado sobre ele.

    ‘Será apenas coincidência?’

    Pensou ele.

    “Vendo sua reação, parece que ele é bastante conhecido. Você pode me falar sobre ele?”

    Disse Aela, notando a mudança de expressão no rosto do prefeito, o que indicou que ele realmente o conhecia.

    “…”

    Diante da pergunta de Aeia, o prefeito ficou um momento em silêncio. O que ele deveria fazer? Dizer tudo que sabe sobre Ken ou apenas falar algumas coisas para que ela não prestasse muita atenção.

    Mas então o prefeito se lembrou do pedido de Ken, então, um plano surgiu em sua cabeça e agiu.

    “Me desculpe a ousadia, mas, posso perguntar o porquê de estar perguntando por ele?”

    Falou o prefeito enquanto apoiava os cotovelos nos joelhos e intercalava os braços, abandonando sua expressão amigável para uma mais séria.

    Esta foi sua jogada. A nobre já parecia ter interesse nele, mas ele não apenas o entregaria começando falando bem dele, pelo contrário, agiria como se o estivesse protegendo, o que abriria ainda mais a curiosidade da nobre sobre ele.

    Mas Corgard, o jovem guerreiro, não gostou das palavras do prefeito e interveio mais uma vez.

    “Como um simples prefeito de uma cidade se atreve a-”

    “Corgard, espera lá fora.”

    Mas então a voz de Aela surgiu fria cortando-o no meio da palavra, mandando para que Corgard se retirasse.

    “! Senhorita-”

    “Ela precisa dizer uma segunda vez?”

    Interveio Bárbara, não permitindo que Corgard dissesse mais nada.

    “…”

    Corgard, sem escolha, foi obrigado a se retirar do escritório do prefeito, mas não antes de lançar um olhar insatisfeito no prefeito e fechar a porta.

    Assim que ele saiu, Aela se virou para o prefeito.

    “Mais uma vez peço desculpas pelo seu comportamento.”

    Disse ela.

    “Sem problemas.”

    Respondeu o prefeito, mas desta vez não houve enrolação em suas palavras.

    Esta mudança de atitude pareceu transmitir para Aela que ao ter mencionado o Lobo branco caolho, o prefeito começou a agir com mais cautela, como se fosse um pai tentando proteger seu filho de ser roubado, o que acendeu sua curiosidade.

    Então seus lábios se ergueram em um ligeiro sorriso, sem saber que havia caído na armadilha do prefeito.

    “Parece que esse Lobo branco caolho é alguém bastante importante, levando em conta que o prefeito parece descontente por eu ter perguntado sobre ele.”

    Mesmo após suas palavras, o prefeito não mudou sua reação.

    “Peço desculpas se estou parecendo desrespeitoso, mas a pessoa de quem vocês estão pedindo informação é um herói que ajudou muito nossa cidade de muitos infortúnios, então não apenas eu, mas todos na cidade o respeitamos profundamente.”

    “Entendo…”

    Aela pareceu realmente interessada.

    “Você não precisa se preocupar, na verdade, apenas perguntei sobre ele porque o grupo mercenário amaldiçoados apenas aceitaram nossos serviços se por acaso o Lobo branco caolho fosse com eles.”

    “! Sério?”

    O prefeito pareceu bastante curioso.

    ‘Porque os Guerreiros amaldiçoados pediram por isso?’ 

    Perguntou-se em dúvida, claramente não entendendo porquê, e Aela não parecia mentir sobre isso.

    “Por isso perguntei sobre ele para ver se poderíamos aceitar suas condições ou negar. Então, gostaria de saber diretamente do prefeito para saber se ele é confiável ou não.”

    “…”

    Mesmo diante da negação do prefeito, Aela continuou falando com calma e respeito. Deste modo, se ele continuar negando contar sobre Ken, seria colocado em uma situação difícil contra a família Skarsgard, o que ele queria evitar a todo custo.

    E também, ele já havia alcançado seu objetivo.

    “Tudo bem, irei contar.”

    E como também as ações de Ken já haviam se tornado públicas, Aela poderia descobrir sobre ele se investigasse mais pela cidade, então ele apenas sairia a ganhar se contasse.

    Então começou a contar para elas sobre os recentes eventos que ocorreram na cidade, de como ambos haviam derrotado um grupo de criminosos dentro da floresta do monte azul, encontrou crianças desaparecidas que eles vinham procurando durante meses e ainda eliminou o culto demoníaco, derrotando dois usuários de aura avançados de quatro estrelas e um de cinco.

    “…”

    “…”

    Aela e Bárbara ouviram em silêncio toda a história contada pelo prefeito de forma resumida. Era tão incrível que parecia mentira.

    “O que você disse realmente acabou de acontecer?”

    Perguntou Aela em tom seria, não querendo ser enganada pelas palavras do prefeito.

    “Eu não me atreveria a contar mentiras para você. Tudo que aconteceu foi comprovado com nossos próprios olhos. É uma vergonha admitir, mas eu praticamente não fiz nada enquanto eles salvaram a cidade em questão de dias. Mesmo se você não acreditar em mim, os cidadãos podem confirmar.”

    “…”

    Mais uma vez, Aela ficou em silêncio, tentando processar as informações que acabara de receber e analisando seus próximos passos.

    “Se o que você disse for realmente verdade…”

    No meio de suas palavras, ela se virou para sua guerreira, Bárbara, parecendo que iria falar alguma coisa.

    *Bam!*

    “!”

    “!”

    Mas foram surpreendidos por um alto som baque vindo do corredor, que rapidamente colocou a todos em alerta.

    Bárbara rapidamente desembainhou sua espada e ficou de frente da sua mestra protegendo-a, enquanto o capitão também desembainhou sua espada enquanto olhava para a porta.

    “…O que foi isso?”

    Perguntou Aela com cautela. Bárbara respondeu na hora.

    “Por favor mestra, fique no escritório enquanto eu vou ver o que está acontecendo!”

    “Espera.”

    O prefeito tentou pedir para que ela esperasse, mas Bárbara já havia pulado do sofá e saiu do escritório ao abrir bruscamente a porta.

    “!”

    Quando olhou para o lado esquerdo do corredor, descobriu a causa do som. 

    A pelo menos dez passos de distância, estava o outro guerreiro, Corgard, sendo agarrado fortemente pelo pescoço e levantado no alto contra a parede. Seu rosto estava contorcido de dor.

    A pessoa que o levantava era um homem grande de roupas e manto escuro, uma pele branca como papel, cabelos brancos platinados amarrados em um rabo de cavalo, e usava um tapa-olho esquerdo. 

    Haviam destroços de madeira espalhados no chão, que pareciam pertencer a uma porta, mas tudo que Bárbara estava vendo era seu companheiro sendo ameaçado. 

    Ela não perdeu tempo, pisou forte no chão e avançou com sua espada até o alvo, que simplesmente olhava para ela se aproximando sem mudança de reação em seu rosto.

    Quando chegou até ele, rapidamente cortou com sua espada, mirando em seu braço que agarrava seu companheiro.

    *Bang!*

    “!”

    Mas então sua espada foi fortemente rebatida e o ataque refletido, fazendo ela recuar vários passos para trás.

    “!?…”

    Quando olhou para frente, percebeu que uma mulher de pele branca como a neve e um curto cabelo prateado segurando uma espada que parecia ser de vidro havia surgido, provavelmente a pessoa que havia rebatido seu ataque.

    ‘Eu…não a vi chegando!…’

    Pensou a guerreira em choque, a mão que segurava sua espada tremendo por causa do rebate recebido.

    A pessoa que segurava o homem pelo pescoço, e a mulher que havia aparecido misteriosamente, não eram outros senão Ken e a Crystalline.

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