Capítulo 89: Akron (4/6)
Lovellian virou-se para ele com um sorriso orgulhoso e perguntou:
— E então, o que achou?
— …Hm… — o Mestre da Torre Azul hesitou ao responder.
— Sempre ouvi dizer, desde criança, que eu era um prodígio, mas nem eu conseguia usar magia como ele quando só tinha dois meses de prática — Lovellian admitiu.
Isso não se aplicava apenas a Lovellian. Todos os Mestres das Torres haviam sido chamados de gênios desde jovens e se orgulhavam de sua paixão e talento pela magia.
No entanto, nenhum deles havia conseguido controlar a própria magia tão bem quanto Eugene naquele estágio de idade e experiência.
— …Acho que precisamos discutir isso entre nós — murmurou o Mestre da Torre Verde.
O Mestre da Torre Azul apenas assentiu, sem mais argumentos:
— É, acho que sim. Sir Eugene, poderia esperar lá fora por alguns minutos?
— Sim, senhor — Eugene respondeu obedientemente.
— Não vai demorar. Embora você não possa subir para os outros andares… como há muitas coisas interessantes no primeiro andar, aproveite para dar uma olhada por aí.
Eugene fez uma reverência e deixou a sala.
Logo em seguida, o Mestre da Torre Azul se virou para Lovellian e perguntou:
— Mestre da Torre Vermelha, tem certeza de que não o orientou de forma alguma?
— Já não disse isso várias vezes? Não orientei Eugene de forma alguma — negou Lovellian.
— Então simplesmente não consigo entender. Se está dizendo a verdade, isso significa que Eugene Lionheart chegou a esse nível apenas estudando por conta própria, sem que ninguém o guiasse.
— Ele leu todos os tipos de livros com dedicação — acrescentou Lovellian.
— Isso só torna tudo ainda mais difícil de aceitar. Não tenho intenção de menosprezar a qualidade dos livros da Torre Vermelha da Magia, mas não foi você mesmo quem disse que Eugene só leu os textos introdutórios?
Balançando a cabeça, o Mestre da Torre Azul continuou:
— Estudando apenas livros introdutórios… ele realmente conseguiu alcançar essa compreensão da magia?
— Ele é um Lionheart, afinal — quem falou dessa vez foi Honein, o Príncipe Herdeiro de Aroth. Ele fitava a porta por onde Eugene acabara de sair com os olhos brilhando, e prosseguiu: — Um membro do clã Lionheart do Império Kiehl. Um descendente do Grande Vermouth. Todos no continente sabem o quão excepcional é essa ‘linhagem’, certo?
— …Hm… — soaram murmúrios de concordância.
— Mas, Alteza, Eugene Lionheart não é apenas um filho adotado que não herdou o sangue da linhagem direta? — questionou um dos membros do painel.
— Isso pode até ser verdade, mas o sobrenome dele ainda é Lionheart. Mesmo vindo de uma linha colateral distante, o gênio de Eugene Lionheart é inegável. Pelo menos, é isso que parece para mim. — Tirando os óculos, Honein se virou para os outros e perguntou: — O que acham? Eu sinto que acabamos de conhecer um gênio inexplicável em Eugene Lionheart. Acredito que ele merece entrar em Akron.
— …Mas ele é jovem demais — o Chefe da Guilda, que permanecia em silêncio até então, falou de repente. — Não posso negar o gênio de Eugene Lionheart, mas deixando de lado sua engenhosidade, ele ainda é muito jovem, e seu nível de magia ainda é muito baixo.
— Por enquanto, sim — o Mestre da Torre Negra, Balzac, interveio. — Mas é justamente por isso que acredito que este é um momento crucial para ele. Se Eugene entrar em Akron agora, sua magia poderá se desenvolver com muito mais rapidez.
— Mas a questão principal é se há necessidade de dar esse tipo de facilidade para ele — disse o Mestre da Torre Verde, balançando a cabeça. — Quanto mais jovem ele for, mais motivos temos para não apressar as coisas. Também precisamos preservar o prestígio de Akron. Se o Mestre da Torre Vermelha o orientar pessoalmente pelos próximos anos… não haverá problemas em esperar até que ele atinja um nível tal que ninguém possa se opor à sua entrada.
— Não vejo necessidade de postergar assim — Honein retrucou, cruzando os braços de forma defensiva. — Com o talento que demonstrou hoje, Eugene Lionheart se tornará um mago notável mesmo sem qualquer orientação especial. Embora eu me pergunte se sua fórmula mágica pode ser classificada como um Círculo… Se tivesse que apostar, diria que será capaz de lançar magias do Quarto Círculo com facilidade antes mesmo de atingir a idade adulta.
— No mínimo… — quem falou agora foi a única mulher no painel, a Mestra da Torre Branca. Enquanto enrolava entre os dedos alguns fios de seu cabelo cacheado, continuou: — …os feitiços que o garoto Lionheart conjurou agora… embora todos fossem magias do Primeiro Círculo, seu poder estava muito além desse nível. Todos vocês sentiram isso, certo?
— …Hm… — soaram outros murmúrios de concordância.
— Além da pureza da mana e da sofisticação das estruturas mágicas… o mais surpreendente foi a coesão da mana dele — a Mestra da Torre Branca acrescentou. — Embora eu precisasse tentar pessoalmente para confirmar, acredito que nem mesmo uma dissipação mágica do nível do Quarto Círculo seria capaz de anular a magia daquele garoto.
— Concordo — Lovellian assentiu com um leve sorriso.
— …Acho que seria sensato considerarmos isso como um investimento — após trocar um olhar com Honein, o Chefe dos Magos da Corte finalmente quebrou o silêncio. — É um jovem de dezessete anos com um talento excepcional que foi adotado pela família principal dos Lionheart. Embora ainda seja jovem e suas habilidades não estejam no topo, ele transborda potencial. De qualquer forma, se sua idade e seu nível fossem suficientes, ninguém questionaria sua entrada em Akron. Então por que não emitir o passe antecipadamente e aproveitar para construir uma relação amistosa com ele?
— Há necessidade disso? — um dos outros se opôs. — Já temos uma relação bastante amistosa com o clã Lionheart, de qualquer forma.
— Acredito que seria um investimento valioso ter uma dívida pessoal com Eugene Lionheart, e não apenas com o clã Lionheart — argumentou o Chefe dos Magos da Corte.
— …Mas mesmo assim, não é como se ele pudesse se tornar o Patriarca, certo? — murmurou o Mestre da Torre Verde, franzindo levemente a testa.
Diante disso, Balzac deu de ombros com um sorriso:
— Naturalmente, esse deveria ser o caso. Por mais incríveis que sejam suas habilidades, Sir Eugene ainda é um filho adotado. O Patriarca… provavelmente será um dos gêmeos da família principal.
— Cyan Lionheart? — alguém mencionou o nome.
— Sim. Pela ordem de sucessão, Eward Lionheart deveria ter a vantagem, mas devido ao recente incidente lamentável… e considerando que suas habilidades também são bastante deficientes, parece que Eward será inevitavelmente retirado da disputa pela sucessão.
— Mesmo que Eugene Lionheart não possa se tornar o Patriarca, sua posição dentro da família principal certamente não será insignificante. A Segunda Esposa dos Lionheart parece estar bem ciente disso.
— Justamente por ele não poder se tornar o Patriarca é que acredito que investir em Eugene Lionheart vale ainda mais a pena — defendeu o Chefe dos Magos da Corte, voltando-se para os Mestres das Torres e o Chefe da Guilda com um olhar calmo. — Um dia, Eugene Lionheart inevitavelmente terá que deixar a propriedade principal. Caso queira se casar e ter filhos, é uma regra do clã Lionheart que ele deve partir para viver de forma independente da família principal.
— Está dizendo que pretende convidá-lo para Aroth quando esse momento chegar? — perguntou alguém.
— Já que ele certamente terá as qualificações para ocupar uma posição importante quando isso acontecer, acredito que não há nada de errado em nos prepararmos desde já — concluiu o Chefe. — Mesmo que ele não se torne independente, ainda vejo valor em tê-lo nos devendo um favor. Desde que não se torne o Patriarca, continuará tendo liberdade de ação como sempre, e se não esquecer da gentileza de Aroth, com certeza se tornará um aliado valioso no futuro.
Três pessoas haviam se manifestado contra conceder um passe de entrada em Akron para Eugene: o Mestre da Torre Azul, o Mestre da Torre Verde e o Chefe da Guilda dos Magos. No entanto, à medida que a discussão prosseguia, não puderam deixar de ser gradualmente persuadidos.
Tamanha era a genialidade extraordinária que Eugene havia demonstrado. Era impossível não sentir uma pura curiosidade. Mesmo com apenas alguns meses de prática em magia, já era incrível daquele jeito, e se fosse exposto às maravilhas mágicas de Akron… até onde sua magia poderia se desenvolver? E se, além do estudo autodidata, ele recebesse orientação de um professor adequado…
— …Ouvi dizer que ele também demonstrou resultados avassaladores na Cerimônia de Continuação da Linhagem, há quatro anos — comentou Balzac, olhando para a porta fechada da sala. — Até mesmo a linhagem direta dos Lionheart foi obrigada a reconhecer seu talento. Se, além disso, ele receber apoio de Aroth… talvez possamos dizer que contribuímos para o retorno do Grande Vermouth.
— Haha… — o Mestre da Torre Verde soltou uma risada involuntária diante daquelas palavras.
O retorno do Grande Vermouth? Achava curioso que fosse justamente o Mestre da Torre Negra quem dissesse isso.
— …Não consigo deixar de achar que está sendo generoso demais com os elogios. Balzac Ludbeth, essas palavras são mesmo suas? — o Mestre da Torre Verde comentou eventualmente.
— O que quer dizer com isso? — Balzac perguntou.
— Estou falando do Rei Demônio do Encarceramento, com quem você tem contrato. Só queria saber se a influência dele não está colorindo suas palavras — explicou o Mestre da Torre Verde.
— Hahaha — Balzac soltou uma risada alta enquanto baixava os óculos. — O Rei Demônio do Encarceramento está ocupado demais com os assuntos de Helmuth. Além disso… se eu realmente estivesse transmitindo a vontade dele, não teria feito meu argumento dessa forma. Teria pressionado com muito mais força.
— Com força? — os olhos do Mestre da Torre Verde esfriaram bastante.
E não foi só ele que teve tal reação.
Balzac apenas deixou a hostilidade que se voltava contra ele escorrer, dando de ombros e dizendo:
— Me desculpem se minhas palavras soaram ofensivas, mas o peso da vontade do Rei Demônio em mim é mais absoluto do que qualquer outra coisa.
— Não pense que isso te isenta de responsabilidade — disse a Mestra da Torre Branca com um resmungo ao se levantar. — De qualquer forma, não parece que conseguiremos unanimidade com opiniões tão divergentes. Então por que não resolvemos com uma votação por maioria? Quanto mais essa discussão se arrasta, mais entediado aquele garoto lá fora deve estar ficando.
— Seria o melhor — Honein concordou com um sorriso. — Eu sou a favor de conceder a Eugene Lionheart uma permissão de entrada em Akron.
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