Índice de Capítulo

    Sirocos eram espíritos do vento de nível intermediário. Se as Sílfides podiam levantar uma brisa, os Sirocos podiam levantar ventos fortes. Embora não houvesse sequer uma lufada soprando no deserto naquele momento, no instante em que o Siroco foi invocado, uma brisa intensa ergueu a areia do chão.

    Não, não se limitou apenas a levantar areia. O poder de Eugene amplificou a força do Siroco, criando uma rajada de vento que soou como uma explosão. Toda a areia ao redor foi lançada pelos ares num instante, e Laman, que tentava empurrar Eugene, também foi arremessado para trás, dando cambalhotas no ar.

    Uaaah! — gritou Laman em pânico, mas Eugene apenas olhava fixamente para o chão, flutuando no ar.

    Sob a superfície rachada da areia, um homem com uma máscara cobrindo toda a cabeça se contorcia de dor. Sua máscara tinha uma coloração escura, mas as áreas ao redor das orelhas estavam ainda mais escuras por causa do sangue que escorria delas, resultado da explosão repentina.

    — Ele é da guilda dos Assassinos — Eugene o reconheceu.

    Nunca havia apenas um deles. Os olhos de Eugene varreram os arredores rapidamente. Nos pontos onde o vento não conseguia soprar, ele percebia a areia levantada se desviando levemente.

    A mente de Eugene se conectou ao Siroco. O vento sem forma rugiu com ainda mais fúria.

    Whoosh whoosh whoosh whoosh!

    Agora que toda a área estava encoberta por um véu de areia girando, Eugene decidiu lançar alguns feitiços.

    — É bom ter tantas opções para usar — comentou consigo mesmo.

    Dezenas de montes de areia explodiram mais uma vez. A areia lançada por essas explosões voou contra os Assassinos que aguardavam em emboscada. Eles ergueram rapidamente seus escudos de mana e tentaram se lançar para fora do alcance, mas era impossível evitar todos os grãos de areia espalhados por uma área tão ampla.

    O sangue jorrou por todos os lados. O assassino que havia atacado Eugene primeiro estava agora em um estado lamentável e agonizante. Ele estava perto demais da retaliação de Eugene e, já ferido, não conseguiu reagir a tempo. Foi perfurado por centenas de projéteis de areia e acabou parecendo um pedaço de queijo suíço.

    Ainda assim, o homem não soltou sequer um grito. Os Assassinos de Nahama eram treinados para não fazerem som sob nenhuma circunstância. No entanto, só porque não podiam gritar, não significava que fossem imunes à dor, e muito menos à morte. Incapaz de continuar em pé, o Assassino tombou no chão.

    Os demais Assassinos estavam em condições um pouco melhores. Embora estivessem sangrando com ferimentos em várias partes do corpo, ainda conseguiam se manter de pé. Todos recuaram um passo e encararam Eugene.

    Os olhos eram a única parte visível de seus rostos mascarados. Mesmo com um companheiro morrendo diante deles, não havia o menor traço de medo em seus olhares. Dito isso, também não havia nenhum sinal de raiva. Esses Assassinos não tinham necessidade de emoções como essas.

    — Isso foi só legítima defesa — Eugene decidiu tentar conversar, por ora. — Foram vocês que atacaram primeiro. Se eu não tivesse conseguido desviar, meu saco teria sido partido ao meio.

    — A-Abaixem suas armas! — Laman gritou ao correr de onde tinha caído. — Eu sou… Laman Schulhov, um guerreiro a serviço do Emir de Kajitan, Tairi Al-Madani! Saibam que aquele a quem vocês estão mostrando tanta hostilidade é um convidado do meu mestre!

    Embora a confirmação de que realmente havia Assassinos em emboscada ali tivesse abalado Laman, ele não esqueceu o motivo de ter sido arrastado até ali.

    — É por isso que devem abaixar suas armas imediatamente e recuar — continuou Laman. — Se se recusarem, serei obrigado a considerar isso um desafio à autoridade do meu mestre, o Emir de Kajitan.

    Mesmo enquanto gritava essas ordens, os olhos de Laman brilhavam com uma emoção sombria.

    Mas os Assassinos não se retiraram, nem demonstraram qualquer sinal de recuo. Em vez disso, assumiram posturas de combate enquanto emanavam uma fria intenção assassina.

    E não eram só aqueles. Ao longe, a areia se agitou, e mais de uma dúzia de Assassinos se ergueu do chão. No fim, Eugene e Laman estavam cercados por pelo menos vinte Assassinos.

    — Mas por que…? Será que eles não me ouviram? — Laman ficou chocado.

    Embora Laman tenha tentado repetir suas palavras, mais uma vez não obteve resposta. Os Assassinos ergueram suas armas, cujas lâminas reluziam sob o sol, e trocaram olhares entre si.

    Laman tentou argumentar, gaguejando:

    — E-eu estou dizendo que este homem é um convidado do Emir de Kajitan. E, além disso, ele é o jovem lorde do clã Lionheart do Império de Kiehl.

    — É inútil — Eugene respondeu com um dar de ombros, o rosto já demonstrando que esperava por isso. — Laman, essas palavras só vão dar ainda mais motivação para esses cachorros e tornar a decisão deles de nos silenciar ainda mais fácil.

    — Como assim…? — Laman ficou confuso.

    — Já que nos atacaram, não tem como simplesmente nos deixarem ir. Ah, talvez eles decidam não me matar… mas você com certeza vai morrer — informou Eugene.

    — Por que eles não te matariam, Lorde Eugene?

    — Porque a minha morte causaria uma bela dor de cabeça para eles. Dito isso, também não podem simplesmente me deixar ir. Mas esses desgraçados provavelmente têm um monte de métodos inomináveis para me impedir de dizer qualquer coisa inconveniente.

    Como venenos ou drogas… talvez até feitiços. Pode haver uma variedade de métodos à disposição deles, mas no fim, todos tinham um único propósito: impedir que qualquer testemunha divulgasse o que havia presenciado.

    Na verdade, o método mais simples era apenas matar. Cadáveres não falam, sempre guardam silêncio. No entanto, como o outro era um membro da família principal do clã Lionheart, era impossível simplesmente matar Eugene sem pensar duas vezes. Assim, em vez de matá-lo, teriam que impedi-lo de abrir a boca. Mas, para isso, precisariam subjugá-lo primeiro.

    — Eles iriam tão longe assim…? Mas por quê…? — Laman empalideceu.

    — Quem sabe — Eugene respondeu com um riso curto.

    Não eram apenas os Assassinos que estavam mais motivados e que agora achavam mais fácil tomar uma decisão. Já que esses caras tinham revelado sua intenção de matar, Eugene só precisava tratá-los da mesma forma.

    Afinal, não tinha sido Eugene quem começou essa briga.

    — Que tal se eu fizer o primeiro movimento? — Eugene perguntou enquanto enfiava as mãos no manto e puxava algumas coisas.

    No instante em que fez essa pergunta, os Assassinos dispararam ao mesmo tempo. O primeiro a se mover foi justamente o que estava caído, morrendo por causa dos ferimentos graves. Ele nem deveria estar conseguindo se mover, mas ainda assim avançou contra Eugene, se arrastando pela areia com as mãos como uma besta.

    Isso não era motivo para pânico. Mesmo após trezentos anos, os Assassinos continuavam os mesmos. Eram desgraçados aterrorizantes que priorizavam ordens e missões acima da própria vida. Mesmo se tivessem todos os membros decepados, ainda tentariam atacar contorcendo os torsos como vermes.

    Durante o tempo de Hamel como mercenário, ele havia enfrentado esse tipo de gente em várias ocasiões. Por isso, Eugene sabia bem o quão assustadores os Assassinos podiam ser, e também conhecia o único método eficaz de parar esses desgraçados, além de ser quem dava as ordens.

    Shiiick.

    A areia no chão se moldou em lâminas. O corpo do primeiro Assassino que avançou sem perceber foi partido ao meio. Estava morto, sem dúvida, mas Eugene nem olhou para o cadáver.

    Os outros Assassinos ainda estavam atacando. Podiam ter abandonado a furtividade, mas seus movimentos eram tão rápidos e ágeis que já não havia mais necessidade dela. Usavam uns aos outros como cobertura, confundindo a contagem, e cada um começava a preparar ataques por rotas diferentes. Se um caísse, o próximo atacava, e se ele caísse, ainda haveria outro pronto para enfiar uma lâmina no pescoço de Eugene.

    Com um sorriso de canto, Eugene abaixou o corpo.

    Flap!

    Seu manto se abriu com um movimento, e seis adagas voaram para frente. Três de cada mão. Embora tivessem sido lançadas ao mesmo tempo, cada uma seguiu em uma direção diferente, mirando em seis Assassinos distintos.

    E não eram simples adagas de arremesso.

    Ching!

    Mesmo com os Assassinos se defendendo com escudos de mana, foram obrigados a recuar cambaleando. De tão pesadas que eram as adagas lançadas por Eugene. Lâminas de areia surgiram do chão sob os pés dos Assassinos que haviam se desequilibrado. Eles já tinham visto esse tipo de ataque antes, então conseguiram reagir, mas aquilo não era a única ameaça.

    Em um instante, o ar ao redor deles se tornou pesado. E não era força de expressão. O ar realmente ficou mais denso, pressionando seus ombros. Isso desacelerou seus movimentos por um momento, o suficiente para que as lâminas de areia que explodiam do solo cortassem tornozelos e quadris.

    Mais uma vez, não houve gritos. Mas também não houve nenhum sinal de alegria. Mesmo naquele estado, os seis Assassinos levantaram suas espadas curtas de uma vez e as arremessaram simultaneamente, como se aquilo já estivesse combinado.

    Eugene não ficou parado no meio disso. Enquanto avançava, transmitiu suas intenções ao Siroco. Sua mana se fundiu ao vento, alterando a trajetória das adagas. Não era necessário que o vento guiasse os projéteis até o final, só um leve desvio já era o suficiente para abrir uma brecha. Uma brecha que Eugene não desperdiçou.

    Kwachik!

    As mãos vazias de Eugene agarraram as cabeças de dois Assassinos, empurrando-os para trás e os esmagando contra o chão. Seu manto se abriu quando ele caiu, e ao se erguer novamente, Eugene segurava um grande machado em cada mão.

    Kwaduduk!

    O machado que Eugene balançou com toda a força rotacional do corpo partiu ao meio os corpos dos Assassinos mais próximos.

    O sangue jorrou, e as entranhas se espalharam pelo chão. Eugene não permaneceu preso ao machado depois do golpe. Depois de decepar todos por perto, ele soltou a arma, que continuou girando no ar até se cravar no peito de outro Assassino.

    E, além desse machado, Eugene ainda tinha muitas outras armas. Como não sabia o que poderia acontecer em Nahama, havia se preparado minuciosamente. Levava comida e água suficientes para vários meses, além de roupas de baixo extras. Depois de preparar tudo isso, enfiou todo tipo de arma dentro do manto.

    E, entre todas as armas que havia guardado, só de machados ele tinha vinte.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Nota