Capítulo 28: Convencendo a Multidão com Palavras Habilidosas

Embora Sun Zhang tivesse escolhido evitá-lo, Li Fan não era alguém que desistia tão facilmente.

Pelo fato de Sun Zhang ter tentado consolar Su Changyu naquele dia, Li Fan julgava que ele, no mínimo, não era um homem perverso. Sua frieza provavelmente vinha do desejo de evitar vínculos com os mortais da Terra de Morte Imortal.

E para Li Fan, era muito melhor lidar com alguém que ao menos soubesse parte da verdade do que com um estranho absoluto.

Por isso, ele retornou mais uma vez à frente do Pavilhão do Tesouro Celestial.

— Você de novo? Tá querendo morrer, é isso? — rosnou um dos homens de preto na entrada, lançando a Li Fan um olhar hostil.

— Vim falar de negócios com o Pavilhão do Tesouro Celestial — Li Fan sorriu com leveza. — Nem querem escutar e já estão me expulsando? É assim que recebem os clientes?

Elevando de propósito a voz, atraiu a atenção de várias pessoas que passavam por perto.

— Você…! — o guarda avançou com raiva, pronto para bater, mas foi contido por um colega ao lado.

Um deles entrou para relatar o ocorrido. Algum tempo depois, voltou com uma expressão contrariada e guiou Li Fan para dentro.

Conduzido até uma sala de recepção, Li Fan foi convidado a sentar-se. Uma serva trouxe-lhe uma xícara de chá.

Com calma, ele tomou um gole. Assim que o líquido desceu, uma onda de calor se espalhou por todo o corpo, aquecendo-o como se tivesse passado meia hora sob o sol de inverno.

— Excelente chá — elogiou Li Fan, surpreso.

— Chá de Dragão Flamejante de Dayu. Cresce apenas em crateras submarinas ao redor da Ilha Dayu. Restam poucas dezenas de pés. E agora, com a destruição da ilha, tornou-se um produto extinto — disse uma voz sorridente que se aproximava.

Era Sun Zhang.

— Nesse caso, agradeço ao Ancião Sun pela cortesia — respondeu Li Fan com naturalidade, virando o resto do chá de uma vez.

Só então, ao ver Li Fan repousar a xícara, Sun Zhang semicerrando os olhos, falou com frieza:

— Os assuntos com Da Li já foram encerrados. Entre você e eu, não deveria mais haver qualquer vínculo. Por que veio me procurar de novo?

O tom era ríspido, e em seu olhar havia uma intenção assassina mal disfarçada. Se Li Fan não lhe agradasse, seria morto ali mesmo.

Mas Li Fan não se abalou. Com um sorriso tranquilo, respondeu:

— Ancião Sun está enganado. Eu vim, de fato, tratar de negócios.

— Negócios? Com você? — Sun Zhang pareceu surpreso por um instante, depois soltou uma risada de desdém enquanto analisava Li Fan de cima a baixo.

Li Fan não reagiu. Apenas manteve o sorriso.

Vendo que ele permanecia calmo, Sun Zhang pouco a pouco foi ficando mais sério:

— Que tipo de negócio?

— Gostaria de saber se o Pavilhão do Tesouro Celestial tem interesse nas vagas para as expedições marítimas — disse Li Fan, com voz calma.

— As viagens ao mar rendem muito. Mesmo sem contar os tesouros resgatados, apenas os Peixes Liuli e outros produtos marinhos já são o suficiente para encher os bolsos. Dizer que o Pavilhão do Tesouro Celestial não tem interesse seria mentira.

— Mas essas vagas estão todas sob o controle do Supervisor Qian. Nem mesmo o Supervisor Zhao consegue garantir mais que uma ou duas frotas. E você, um recém-chegado, acha que tem como se meter nisso? — Sun Zhang o encarava fixamente, como se quisesse ler cada detalhe de sua expressão.

— Se eu conseguir uma audiência com o Supervisor Zhao, terei minha própria maneira de convencê-lo — respondeu Li Fan, com convicção.

Vendo aquela confiança, Sun Zhang hesitou por um instante, sem conseguir tomar uma decisão imediata.

Foi quando uma voz preguiçosa se fez ouvir do lado de fora:

— Deixem ele ver o Supervisor Zhao, que mal há nisso? Se não der em nada, basta picar ele e jogar no mar para servir de comida pros peixes.

Li Fan estreitou o olhar ao ver uma jovem vestida com roupas amarelas claras e usando um véu entrar na sala.

Apesar da voz indicar apenas dezessete ou dezoito anos, seu corpo esguio e curvilíneo exalava um charme maduro e irresistível.

— Saudações, Gerente — disse Sun Zhang imediatamente ao vê-la, levantando-se com reverência.

— Então, desde já, agradeço pela consideração, Gerente — disse Li Fan com naturalidade, inclinando-se ligeiramente.

— Você parece bem confiante, não parece estar blefando — comentou a jovem ao se sentar à frente de Li Fan, inclinando levemente a cabeça com um olhar curioso.

— Este humilde sempre cumpre sua palavra e é inflexível. — respondeu Li Fan com calma.

A jovem soltou uma risadinha leve.

— Se isso der certo, o Pavilhão do Tesouro Celestial terá que receber sua parte, claro.

— De acordo com as regras da ilha, trinta por cento dos lucros da pescaria ficam com quem participou. Desses trinta, não quero nada. Quinze por cento para o Supervisor Zhao, e os outros quinze para o Pavilhão do Tesouro Celestial — declarou Li Fan, sem hesitar.

A jovem ficou momentaneamente atônita.

Ela olhou Li Fan com mais atenção, intrigada:

— Isso é bem curioso. Se está disposto a abrir mão de tudo isso… o que é que você quer, afinal?

— Quero apenas uma vaga na Piscina Espiritual Purificadora, que é aberta a cada três anos — Li Fan respondeu diretamente.

— Hã… — dessa vez, a jovem ficou verdadeiramente surpresa. Olhou para Li Fan várias vezes, como se precisasse confirmar se ouvira certo.

Li Fan sustentou seu olhar, firme e decidido.

De repente, ela começou a rir alto, como se tivesse ouvido a piada mais absurda do mundo.

— Ah, por favor, tio… Com essa idade toda, ainda quer aprender a cultivar como os jovens? — disse, tentando conter o riso, mas logo explodindo em gargalhadas de novo.

Sun Zhang, ao lado, também olhava para Li Fan com incredulidade.

Li Fan apenas ficou ali, em silêncio, olhando para ela.

O riso da jovem foi diminuindo… diminuindo…

— Ha… ha…

Por fim, ela soltou uma risada seca, desconcertada, e recompôs a postura.

— Busco a longevidade… e mesmo que me custe a vida, não me arrependerei — disse Li Fan, com voz serena.

A jovem ficou um longo tempo em silêncio.

— Está certo. Aceito sua proposta — declarou, por fim. — Quando marcar o encontro com o Supervisor Zhao, mandarei alguém te avisar.

— Então está combinado. Estou hospedado na sexta fileira, sétima casa, do lado de fora da cidade. Podem me procurar lá — disse Li Fan, curvando-se levemente antes de se retirar.

A sala ficou em silêncio, restando apenas a jovem e Sun Zhang.

Depois de um longo tempo, Sun Zhang não conseguiu conter-se:

— Gerente… essa vaga na Piscina Purificadora…

— Apesar da disputa intensa por ela todos os anos, o Pavilhão do Tesouro Celestial ainda tem força suficiente para disputar ao menos uma. E, se ele realmente conseguir obter uma vaga numa frota de pesca, em cerca de cinco anos os lucros se equiparam ao valor de uma entrada na piscina. É um negócio com retorno garantido — respondeu ela com desdém.

— Mas… — ela franziu levemente as sobrancelhas, olhando na direção em que Li Fan havia saído, murmurando para si.

— O quê? — perguntou Sun Zhang, curioso.

— O olhar daquele homem… é assustador… — disse ela, batendo levemente no peito, ainda com um leve tremor no tom.

Sun Zhang ficou atordoado.

No caminho de volta, Li Fan aproveitou para passar em uma farmácia e comprou o Mantra de Purificação do Céu e da Terra junto com os medicamentos correspondentes.

Mesmo que tudo corresse bem, ainda faltavam dois anos para a próxima abertura da Piscina Espiritual Purificadora.

Tempo demais para ser desperdiçado.

Melhor começar logo a cultivar o mantra e testar seus efeitos. Vai que ele, Li Fan, tinha um talento extraordinário e conseguia expurgar todo o miasma por conta própria antes disso?

Nos dias seguintes, Li Fan permaneceu recluso em casa, cultivando e aguardando a audiência com o Supervisor Zhao.

Mas, antes mesmo que conseguisse encontrar Zhao, Li Fan recebeu uma notícia que o deixou profundamente chocado:

Su Changyu estava morto.