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    Naquele instante, Theo decidiu por-se a risca novamente. 

    Lembrando do que Aidna disse; que era possível aderir capacidades bestiais aos chakras, e misturando este fato com o grito que ele liberou na luta contra Metgeray e Nik’Hael, o general da quinta Legião imbuiu novamente o chakra em sua garganta com uma característica única…

    [Imponência: Rugido de Luarion]

    Um som peculiar foi emitido da boca de Theo enquanto a máscara da lua cobria sua face: um rugido sobreposto pelo uivo de um lobo, como o metal rasgando o mais resistente dos diamantes.

    O troll ficou intimidado.

    “Ainda tenho energia para isso…” ponderou.

    [Imponência]

    — Não se mova!

    Quando uma ordem é decretada através da [Imponência], não importa o quão forte seja o oponente, quando seu corpo cai nas ordens de um ser superior… Demonstra o quão fraco és.

    Naquele instante, todo o abismo em diferença de força física entre eles foi abruptamente jogada no lixo: pois a quantidade de energia era o que, de fato, determinava o final de uma luta.

    Não adianta ter força para destruir uma montanha, se não terá vigor para lutar contra quem pode desviar de seus socos.

    Usando o túnel vetorial, Theo surgiu num instante aos pés do troll e socou o estomago da criatura.

    Uma brisa forte correu pela arena.

    Vendo a fragilidade física de Theo, o troll retornou a si e o atacou com um golpe estrondoso: embora Theo houvesse desviado, o soco do troll abalou até para além das barreiras de ar.

    Theo buscou se equilibrar no canto da arena.

    Juntando as duas mãos num único punho cerrado, a besta rasgou o ar contra o chão: uma pressão de vento vagou pela atmosfera num segundo e quase acertou Theo.

    O general só não foi acertado graças a ressonância, que conseguiu prever a turbulência no ar e fazê-lo desviar com um túnel vetorial.

    A pressão de ar distorceu a barreira invisível.

    — Cara… Você é casca-grossa. Pena que eu sou bem cabeça dura.

    Espalhando éter no ar com a mão esquerda, Theo moveu-se rapidamente para as costas do troll usando o túnel vetorial. Em seguida, ele realizou o mesmo movimento nas quatro direções da arena.

    — Vocês preferem a lua, né? Como seguidor de Alunne, sinto-me grato. Mas, acho que o sol combina mais com você.

    Quatro feitiços similares foram conjurados nos pontos em que Theo despejou seu éter: A Flecha de Ártemis, que rapidamente foram imbuídas em fogo.

    Ao notar a presença do elemento mais eficiente contra sua espécie, o troll desesperou-se e socou o ar em direção ao céu para criar uma turbulência e desfazer os feitiços do general.

    Embora tenha forçado uma oscilação nos arcos de éter e vento, não foi suficiente para desfazer o feitiço.

    — Ártemis: Sagitta Lunae divinae, Ember.

    As quatro flechas atiraram contra o troll e o atravessaram espontaneamente, chocando-se no coração da criatura e reagindo com o ambiente: queimando tudo que representava aquela criatura.

    Ele garantiu que tudo fosse incinerado.

    — Cinco minutos, você sugeriu? — disse Jeanne, rindo ao ver a expressão estupefata de Nora. — Não foram nem quarenta segundos.

    Da fumaça que o feitiço de Theo levantou, o general saiu ileso com dois itens na mão: uma pedra de carvão na mão esquerda e o cristal arcano desfalecido na outra.

    Jeanne correu para seu general enquanto Nora estava paralisada com a atuação de Theo.

    — Parabéns! Agora você tem aceso à Arcádia, a cidade ancestral. Esse pedaço de carvão garante sua passagem, é como uma chave para o portão da cidade. E este cristal é o que usaremos para fazer sua espada — Jeanne explicou — Provavelmente ela existe no seu mundo também, eu tentaria quando retornasse.

    — Ah… Obrigado — agradeceu com um sorriso largo. — Por que ela está daquele jeito?

    Nora engoliu em seco.

    — O recorde dela é de cinco minutos, e você quase atingiu o meu, que é de vinte e dois segundos.

    — Bom, em minha defesa, eu tinha apenas quinze anos na época — explicou Nora, gaguejando.

    — Eu também tenho quinze — retrucou Theo.

    — M-mas eu estava no segundo ano da academia…

    — Eu entrei na academia há alguns meses.

    — Eu não era general na época!

    — Justamente, eu sou um general com as mesmas circunstancias que você. Isso significa que sou mais poderoso.

    — Cale a boca seu fodido! — exclamou. — Você só é general por que tem um rostinho bonito, e, e, por que seu líder estava fraco e por que a minha deusa não conhecia os Titãs e, e… — Ela gaguejou de nervosismo, não querendo aceitar as afirmações de Theo. — Por que vocês se beijaram! Sim, foi por isso!

    Theo riu, Jeanne suspirou com o comportamento infantil.

    — E-então os boatos das criadas eram verdade? Vocês meteram na primeira noite?! — indagou completamente vermelha.

    — Meu sonho — respondeu Jeanne.

    Até Theo ficou envergonhado com a brincadeira de Jeanne, saindo de um menino de ouro para… Um garoto pimentão.

    — Mas, não. Foi só um beijinho caloroso.

    — Seu arrombado!

    — Ui, ui. Tá com medo de que eu a leve para mim? — Ainda vermelho, ele decidiu zombar com a general Nora.

    — Theo, você não se ajuda também… — Jeanne gargalhou.

    — Beleza, parei — respondeu dando de ombros e tomando distância.

    Jeanne olhou para Nora e notou que ela estava realmente nervosa: não pelas provocações de Theo, mas com uma incerteza.

    — Não, Nora. Eu não vou te abandonar — afirmou.

    — Sério? Por que vocês se apegaram muito rápido.

    — Ei — chamou Jeanne. — Você é meu braço direito. Lembra? Nem que eu enjoe da tua cara, eu não posso te abandonar. Fizemos um juramento de sangue, somos irmãs. Para nos separar, terá que ser algo maior que um provável pretendente.

    Nora engoliu em seco novamente e limpou os olhos carregados de lágrimas.

    — Sim! Sou o braço direito de Jeanne Monspeliart, a general da terceira Legião, seu otário! Você é da quinta, então, eu sou sua superior!

    Sentado no chão e guardando as pedras, Theo só pôde rir.

    — Sim, sim. Eu sou sua superior!

    Nora continuou tagarelando aquilo por minutos.

    — Falando em superior… — disse Theo. — Onde está o Malcolm?

    Subitamente, o sorriso de Jeanne foi substituído por desânimo e Nora deixou suas brincadeiras de lado. Um clima tenso bailou com o vento.

    Castelo de Zal, Torre Sul

    Sentado em um dos arcos da torre sul, Malcolm olhava para o horizonte; com um olhar morto e cansado, depressivo, boca trêmula, porém inexpressiva. O céu naquela região estava escuro, o vento frio batia forte com o trovejar de uma tempestade distante.

    O general da primeira Legião esteve assim por muito tempo, até sentir uma presença atrás de si e suspirar forte.

    Theo olhou para o estado de seu colega e lamentou consigo, pois sabia do que se tratava.

    Um silêncio ensurdecedor pairou.

    Ambos partilhavam da mesma sensação naquele momento: o sentimento de ser e, noutra vida, ter tido força para afetar o mundo inteiro.

    Mas, para Malcolm, sua força trouxe o que ele prometeu extinguir aos inocentes: dor.

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