Índice de Capítulo

    A batalha entre Ig’drolluuth, o mestre das sombras, do terror, e da luxúria contra Samantha e Yllastina, começou em um cenário caótico.

    As ruínas abaixo de Gheskou eram iluminadas pelo cristal que havia caído em cima do príncipe, a escuridão prevalecendo em muitos cantos, um ambiente perfeito para as habilidades de Ig’drolluuth.

    Samantha e Yllastina estavam lado a lado, prontas para enfrentar o príncipe do abismo.

    A cauda dele serpenteava de um lado para o outro enquanto pedras continuavam a cair do teto alto naquelas ruínas.

    — … Essa mana de vocês é uma piada — ele desdenhou, apontando sua espada serpenteante para ambas. — Esse é o tipo de gente que o campeão de Kag’thuzir tem sob seu comando?

    — É mesmo um príncipe do abismo? — perguntou Yllastina, empolgada. — Nunca lutei com um de vocês antes, espero que seja divertido!

    — Divertido? Não será nem um pouco.

    Ig’drolluuth começou a luta desaparecendo de vista, suas habilidades de ocultação tornando-o invisível, mas as duas mulheres sabiam que ele estava ali, sentindo a presença opressiva que ele emanava.

    Samantha foi a primeira a agir, transmutando moedas em arcos e flechas, preparando suas flechas explosivas.

    — Fique alerta, Yllastina. Ele é um usuário do silêncio! — disse Samantha, seus olhos procurando por qualquer sinal do inimigo.

    De repente, a voz de Ig’drolluuth ecoou, profunda e perturbadora. — Vocês não conhecem o verdadeiro terror, né?

    Um sentimento de pavor começou a tomar conta das duas guerreiras. O terror infligido por Ig’drolluuth as fazia se sentir apreensivas e hesitantes. Samantha respirou fundo, tentando manter a calma.

    “Que tipo de magia é essa?”

    — Não deixe ele te afetar! — gritou Yllastina, criando uma espada gigante de mana que flutuava ao seu lado. Ela a apanhou e balançou a espada no ar, tentando acertar o invisível Ig’drolluuth.

    Samantha pensou em intervir, mas a escuridão tomou conta do ambiente, envolvente e opressor. Ela se viu sozinha, cada som e sombra parecia conspirar contra ela.

    O ar estava pesado, dificultando a respiração. De repente, uma figura familiar emergiu da escuridão.

    Era Wiben, seu ex-namorado, que havia falecido na trágica queda de Ultan. O coração de Samantha apertou-se ao vê-lo, seus olhos enchendo-se d’água.

    — Wiben… — sussurrou ela, sua voz trêmula de emoção.

    Ele a olhou fixamente, seus olhos negros chorando sangue, uma expressão de dor e raiva em seu rosto. — Samantha… sua traidora… você se esqueceu de mim!

    Samantha recuou, assustada. — Não… isso não é verdade!

    Wiben deu um passo à frente. — Você nunca me amou. Só se escorou em mim porque você é desprezível. Tão desprezível que nem a mulher que a gerou se importa.

    Cada palavra era como uma facada no coração dela. — Não, Wiben… eu…

    Ele continuou, sua voz fria e implacável. — Você também é uma puta ingrata. Desde que Colin apareceu, você se aproximou como uma barata querendo os restos.

    Lágrimas escorriam pelo rosto dela. — Isso não é verdade! Eu nunca…

    Wiben riu amargamente. — Você sempre foi isso, uma vadia miserável sem nada a oferecer. A sua mãe sempre esteve certa. Você não faria falta nesse mundo.

    Desesperada, Samantha gritou. — Wiben nunca diria isso! Você não é ele!

    Ele a olhou com desdém. — Será mesmo? Por que estávamos seguindo caminhos opostos? Quando Ultan caiu, você pensou mais em Colin do que em mim. Desde que o conheceu foi assim.

    As palavras eram como veneno. — Ele é um homem tão desprezível quanto você, um assassino sádico sem honra, e mesmo assim você não o abandona. Vocês realmente se merecem.

    — E-eu…

    Samantha sentiu uma tristeza esmagadora, suas forças a abandonando.

    — I-isso não é verdade, e-eu não…

    De repente, ela sentiu uma mão em seu ombro. Olhando para cima, viu Colin, com um sorriso gentil no rosto.

    — Isso não importa, Samantha. Wiben não passa de um cadáver, sempre foi fraco. Ele nunca teve coragem de desafiar Loafe, nunca conseguiu se impor. Ele cedia a Loafe, cedeu aos seus próprios pais e no fim, cedeu a mim. Você merece algo melhor, não alguém que sempre abaixa a cabeça quando surge alguém mais forte.

    — O Colin que conheço, nunca diria isso! — Ela apontou a flecha para ele, mas sentiu a mão dele acariciando o seu rosto. — Não é culpa sua se interessar por poder. É isso que represento para você, não é? Queria ter a minha coragem para enfrentar Loafe, Ultan, queria ter o meu poder para manter todos seguros, queria ser venerada como Brighid é, queria ser esperta como Ayla e queria saber o que é realmente ser uma rainha, a minha rainha.

    Ela engoliu em seco e desviou o olhar. Era como encarar um espelho, mas ele havia assumido uma forma que ela respeitava mais que tudo.

    — E-eu… eu não sou assim…

    — Por que está se desculpando? Não há nada de errado nisso. Desde aquele dia contra o demônio da estrada… não teve um dia que não pensei em você.

    Samantha engoliu em seco e relaxou os dedos, abaixando a flecha. Ouvir aquilo a deixou momentaneamente enebriada.

    Ele aproximou seus lábios dos dela, e ela cedeu, os dois se beijando de maneira apaixonada. O beijo era intenso, cheio de sentimentos reprimidos e desejos não ditos.

    — Você me ama, Samantha? — perguntou Colin, olhando nos olhos dela.

    Ela assentiu, ainda corada. — Eu… sim…

    — Você daria sua vida por mim? — continuou ele, sua voz suave, mas com um tom de urgência.

    Em um mundo sombrio, onde as linhas entre realidade e pesadelo se entrelaçam, Samantha encontrou-se presa em uma teia de ilusões. 

    O calor do corpo de Colin, o gosto dos lábios, tudo parecia tão vívido, tão tangível. Mas, a fisgada aguda em sua perna a arrancou desse sonho enganoso.

    Os olhos de Samantha se abriram, e a dor e a surpresa se misturaram em sua expressão. Yllastina, ao seu lado, segurava uma adaga ensanguentada.

    — Acorde, Samantha! — ordenou a Orc com urgência.

    A loira pulou para trás, esquivando-se da lâmina serpenteante que passou a centímetros de seu pescoço. O mundo real voltou com força total, as sombras se dissipando.

    Ig’drolluuth reapareceu diante delas, um sorriso sombrio nos lábios.

    Samantha enxugou rapidamente as lágrimas dos olhos, seu rosto ainda marcado pela emoção. — Yllastina… obrigada. — Sua voz tremia, mas a determinação estava de volta.

    A Orc olhou para ela com preocupação. — Ele usou sua magia para te prender em um pesadelo. Você estava em transe.

    O príncipe riu, sua voz ecoando pelo ambiente.

    — Então, a mortal tem um coração fraco. Como esperado.

    Yllastina conjurou uma espada gigante de mana, pronta para o próximo ataque. — Samantha, vamos derrubá-lo! Juntas!

    O demônio se moveu rapidamente, desaparecendo novamente em suas sombras. Ambas estavam preparadas desta vez, de costas uma para a outra, seus olhos atentos a qualquer movimento. O confronto estava prestes a se intensificar.

    — Ele não vai nos pegar desprevenidas novamente! — disse Samantha, transmutando moedas em flechas explosivas.

    De repente, Ig’drolluuth reapareceu, sua presença sentida mais do que vista. Ele lançou outro ataque de terror, mas Samantha e Yllastina estavam preparadas, seus corações firmes não vacilaram desta vez.

    — Isso não vai mais funcionar, demônio!

    Samantha disparou suas flechas, cada uma encontrando seu alvo com precisão.

    Boom! Boom!

    As explosões iluminaram a escuridão, revelando Ig’drolluuth momentaneamente. Yllastina aproveitou a oportunidade para lançar sua espada de mana, forçando-o a se defender.

    Ting!

    Novamente, Ig’drolluuth, invisível, se movia como um fantasma, suas habilidades de ocultação tornaram-no quase impossível de rastrear.

    De repente, a guerreira Orc soltou um grito de dor quando um rasgo se abriu em suas costas, o sangue jorrando.

    Crash!

    — Maldito! — gritou a Orc, girando sua espada de mana na direção do ataque, mas o demônio já havia desaparecido novamente, deixando apenas um rastro de sombras.

    Sangrando e respirando com dificuldade, Yllastina sabia que se continuassem assim seria uma derrota certa.

    — Precisamos achar um jeito de acertá-lo! — disse ela, envolvendo a si mesma e Samantha em uma armadura de mana. — Concentre-se ao máximo, Samantha. Esta armadura não durará muito.

    Samantha assentiu, seus olhos brilhando, determinados. — Yllastina, qual o seu nível de árvore do reparo?

    — Nível quatro, por quê? — a Orc respondeu, sem desviar o olhar das sombras ao seu redor.

    — É o suficiente!

    O demônio riu, sua voz ecoando pelas ruínas. — Eu queria ver o que as companheiras do campeão tinham a oferecer, mas vocês não são grande coisa.

    De repente, ele apareceu atrás de Samantha, sua espada estraçalhando o dorso da armadura de mana dela.

    Scrash!

    A Leerstrom derrapou para frente, caindo de joelhos, mas logo se recompôs, enfiando as mãos nos bolsos e jogando dezenas de moedas para o alto. As moedas explodiram em uma chuva de luz, iluminando toda ruína e revelando Ig’drolluuth momentaneamente.

    A armadura de mana de Samantha se refez, e ela ficou ao lado de Yllastina, ambas suando frio.

    — Isso não vai funcionar por muito tempo Samantha, precisamos de um plano! — bradou Yllastina, sentindo a pressão crescente.

    De repente, a Orc sentiu um toque gélido em seu braço direito. Ela se virou, mas Ig’drolluuth já não estava mais ali.

    Seu braço ficou molenga, e ela olhou com horror.

    — Para o seu cérebro, seu braço não existe mais — disse o Príncipe, sua cauda serpenteando. — O próximo passo é tocar o seu crânio e matá-la.

    Aquelas duas começaram a suar frio, o terror se instalando em seus corações. O demônio estava se movendo mais rápido, suas habilidades tornando-o quase invencível.

    — Precisamos pensar em algo e rápido! — disse Yllastina, sua voz cheia de urgência.

    Samantha cerrou os punhos, forçando sua mente a focar. — Tenho um plano, mas precisamos trabalhar juntas. — Ela olhou para a companheira, seus olhos brilhando, determinados. — Você pode manter sua armadura de mana resistente por um tempo?

    — Vou tentar! — respondeu a Orc, reforçando a armadura ao máximo.

    “Essa criatura consegue fundir o silêncio e a penumbra, mas de algum modo, ataque de luz consegue retardá-lo. Certo!”

    Ela tinha um plano.

    Samantha começou a lançar moedas ao redor da ruína, criando uma rede de luz que limitava os movimentos de Ig’drolluuth.

    Cada moeda que explodia iluminava partes da ruína, forçando o demônio a se mover constantemente. Ele rosnava, frustrado, enquanto tentava encontrar brechas nas explosões de luz.

    — Vamos mantê-lo sob pressão! — disse Samantha, sua voz firme. Yllastina, ao seu lado, conjurava mais armas de mana para atacar.

    O príncipe continuava a mover sua espada serpenteante, mas cada vez que ele tentava se aproximar, era forçado a recuar pela luz das explosões.

    As sombras ao redor dele começaram a se dissipar, revelando sua forma esguia e sinistra. Ele sabia que precisava agir rapidamente.

    — Vocês duas são persistentes, mas isso acaba agora!— rosnou Ig’drolluuth, lançando-se para frente em um ataque feroz.

    Sua espada cintilou antes de desferir um golpe brutal que arrancou o braço de Yllastina.

    Swish!

    O grito de dor de Yllastina ecoou pela ruína enquanto ela era lançada violentamente contra a parede com um chute no abdômen, sua armadura de mana se despedaçando em um impacto devastador.

    Boom!

    Samantha, vendo a cena horrível, enfiou a mão no bolso, mas antes que pudesse lançar qualquer moeda, Ig’drolluuth lançou um corte de mana e uma explosão repentina a engoliu.

    Kaboom!

    Ela emergiu da fumaça com um salto, parte de seu corpo queimado, e com horror, percebeu que havia perdido um braço.

    A risada do demônio ecoou cruelmente.

    — Isso foi mais fácil do que eu pensava — zombou ele, seu olhar cruel fixo nas duas.

    A Orc, gemendo de dor, lutava para se curar, o processo desacelerado pelo sofrimento intenso. Samantha, por outro lado, se mantinha de pé apenas pela força da dor que a mantinha acordada.

    Um de seus olhos estava fechado, metade de seu rosto queimado e em carne viva, e seu braço ferido sangrava profusamente.

    Ela olhou para Yllastina, que ainda tentava se recompor, depois olhou para suas próprias feridas. Uma ideia desesperada se formou em sua mente.

    “Se eu sacrificar o meu coração, consigo destruir o coração dele…? Se ele se curar, será inútil, então… certo, já sei o que fazer, isso vai nos dar ao menos uma chance!”

    — Yllastina, ataque com tudo! — berrou Samantha.

    A Orc, embora confusa, concentrou grande parte de sua energia restante, conjurando uma miríade de espadas sem mover seus braços debilitados, e as disparou contra o demônio.

    Ting! Ting! Ting!

    Ele as rebateu sem esforço, sua confiança inabalável.

    De repente, Samantha apareceu diante dele, movendo-se com uma velocidade surpreendente. Ig’drolluuth se preparou para cortá-la ao meio, mas quando Samantha tocou seu tórax, um círculo mágico se formou, e ele sentiu algo diferente.

    Uma corrente feita de mana circundou a cintura de Samantha, puxando-a de volta até Yllastina, que havia recuperado um de seus braços, pegando-a no colo.

    O demônio permaneceu imóvel enquanto as espadas de Yllastina se aproximavam e, as espadas, no entanto, se estilhaçaram contra sua pele sem sequer arranhá-lo.

    Uma veia pulsou em sua têmpora quando ele percebeu finalmente a mudança.

    — O que você fez? — rugiu ele.

    Samantha, com um sorriso fraco, respondeu: — Com minha habilidade de transmuto, criei a condição mais simples do mundo… se eu não tenho magia, então você também não tem… hehe! Yllastina, você tem mais mana que ele agora… desculpe, mas deixo o resto com você…

    Yllastina encostou o corpo desfalecido da amiga na parede com cuidado. — Pode deixar, você já fez o suficiente.

    “Usuários do transmuto… vocês são mesmo um saco!”

    A raiva do demônio se dissipou em um sorriso sinistro. — Mesmo sem mana, ainda sou um príncipe do abismo. Minha força ainda é superior à sua, mulher.

    A Orc, determinada a vencer, cobriu seu corpo com uma nova armadura de mana. Golens de mana pura surgiram de círculos mágicos ao seu redor, prontos para o combate. “Sem mana, ele não pode se curar, então só preciso de uma chance. Samantha já fez mais da metade do trabalho zerando a mana dessa aberração… certo, eu consigo!”

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