Capítulo 64: Descontrolado
“Lamento que você tenha levado uma surra devido às minhas ações.” O Instrutor Mandu suspirou e ajudou Vuhal.
“Não, você facilitou meu trabalho.” Vuhal tossiu uma vez e curou seus pulmões. “Como você matou Mahuddu uma vez e o transformou em um elite, tenho autoridade para puni-lo por suas ações. Agora é muito mais simples.”
“Como o Líder do Assentamento deu seu veredito, a família de Mahuddu não pode me responsabilizar.” Dizendo isso, Vuhal se aproximou do prédio mais próximo e encarou o cadáver de Mahuddu.
A lança óssea alojada em seu peito saiu lentamente enquanto os ferimentos se recuperavam em um instante. O corpo ficou impecável, sem sinais de lesões. Era basicamente um renascimento, a especialidade do Estágio Vital.
“Seu… Maldito!” Mahuddu olhou furioso para o Instrutor Mandu. “Você destruiu décadas do meu cultivo. Eu vou te fazer pagar…”
“Mahuddu, diga a verdade. Por que você sabotou Lady1 Asaeya?” Vuhal estendeu a mão e liberou seu Prana, comprimindo o corpo de Mahuddu, impedindo-o de se mover.
“Eu não fiz, juro!” Mahuddu estremeceu. Como regrediu para o Estágio Corporal, não conseguia suportar a supressão de um mestre, tremendo diante da aura de Vuhal. “Eu adormeci de repente…”
“Bem, vamos considerar isso como a causa.” Vuhal acenou com a cabeça e retraiu seu Prana.
“Vuhal…” O Instrutor Mandu murmurou.
“Então,” Vuhal anunciou calmamente. “por sua negligência no dever e descuido que prejudicou Lady Asaeya, eu o condeno a 40 anos de serviço comunitário.”
“Quarenta…” O rosto de Mahuddu empalideceu com o veredito. Era chamado de serviço comunitário, mas não era diferente de trabalho escravo no estômago da Presa Empírea, onde ele teria que minerar recursos sem descanso.
Ele não conseguiria cultivar. E cada unidade de Prana que gastasse seria uma unidade perdida, pois mal receberia comida suficiente para sustentar seu corpo, muito menos para recuperar seu Prana gasto. Quarenta anos nesse ambiente garantiam que seu futuro como cultivador acabara.
Seu cultivo regrediria para o início do Estágio Corporal, igual a um estudante recém-formado. Mesmo que tivesse uma vida longa graças à sua Besta Prânica de Grau Prata Iniciante, o Clã não lhe concederia mais recursos de cultivo.
A menos que ele contribuísse o suficiente e reconstruísse sua imagem positivamente, seria negligenciado pelo Clã. Além disso, qualquer um que realizasse serviço comunitário ficava tão traumatizado que perdia a vontade de cultivar novamente.
“Você não sabe quem é meu pai?” Em desespero, Mahuddu não teve escolha a não ser jogar a carta paterna.
“Eu sei,” Vuhal disse calmamente e liberou uma onda de Prana, entrando em contato com alguém. “O Líder do Assentamento emitiu um veredito. Deixe-me ver se seu pai deseja ir contra as ordens do Líder do Assentamento por sua causa.”
Ele estava entrando em contato com o pai de Mahuddu. Alguns segundos depois, Vuhal mostrou uma expressão chocada.
“O que aconteceu?” O Instrutor Mandu perguntou.
“Bem…” Vuhal tossiu constrangido e olhou para Mahuddu com pena. “Seu pai me disse para estender o serviço comunitário para sessenta anos.”
“Que isso sirva de lição para ele. Já estou envergonhado, pois sua contribuição para o Clã tem sido insignificante ultimamente.” Vuhal olhou para Mahuddu. “Essas foram as palavras exatas de seu pai.”
“Bem, vou seguir meu caminho, Mandu. Não perca as esperanças. Pense em algo para ajudar seu aluno.” Dizendo isso, Vuhal carregou Mahuddu e desapareceu.
“Inala… Sinto muito.” O Instrutor Mandu suspirou ao voltar à forma humana e retornou cabisbaixo para casa. Enquanto isso, para evitar irritar a 44ª Presa Empírea, o pedido de Asaeya para ficar ao lado de Inala foi negado.
Ela foi escoltada para seu Assentamento por um grupo de elites.
Dois dias se passaram assim, até que Inala acordou sem muitos problemas. Ele olhou para as pernas, sem sentir nada nelas. “Estão completamente destruídas.”
Ele fechou os olhos e avaliou a condição do corpo, surpreso. ‘Meu Prana aumentou em 13 unidades?’
“Bom, isso é bom.” Ele sorriu e ativou sua Arte Óssea Mística, começando a curar os ferimentos. Ele nem estava preocupado com a lesão. Na verdade, estava animado. Se suas pernas tivessem sido destruídas alguns dias atrás, ele teria ficado deprimido.
Mas agora, ele era uma pessoa completamente diferente. ‘Minha eficiência no uso da Habilidade de Reforço Espiritual vai melhorar. No meu estado atual, minha Doença do Fragmento está mais ativa que o normal. Treinar agora fortaleceria meus Recipientes Espirituais. Também posso aproveitar para progredir na Aceitação de Marca.’
“Além disso,” ele sorriu. ‘vou acumular essa experiência de cura e conceituar outra Habilidade através do Criador de Habilidades Místicas.’
Com o Criador de Habilidades Místicas em seu poder, desde que não morresse, todo encontro, bom ou ruim, era valioso, pois poderia permitir que ele derivasse uma Habilidade.
Foi por isso que Inala estava animado. Além disso, era a primeira vez em sua vida que ele se sentira tão desesperado. Suas emoções atingiram o auge, algo que nunca aconteceu em sua vida passada de estabilidade.
Ao acordar, o curandeiro informou-o sobre sua situação. Mas Inala não estava preocupado. ‘Dois anos? Isso seria verdade se eu fosse um estudante normal dos Condenados à Morte.’
Ele possuía várias Habilidades para acelerar sua recuperação. Se ele se dedicasse totalmente, poderia se recuperar em quatro meses. Mas isso só se priorizasse a cura.
Inala precisava ganhar Frutas Parute com seus retratos e também nutrir Asaeya. ‘Mesmo naquela situação, ela conseguiu se acalmar rapidamente e permanecer paciente até ser resgatada. Isso não é algo que uma criança da idade dela conseguiria fazer.’
‘Além disso, ela confiou em mim o suficiente para colocar sua vida em minhas mãos. E antes de desmaiar, pude sentir sua preocupação comigo. Ela chorou por minha causa. Ela é perfeita. Não poderia pedir uma discípula melhor.’ Ele estava ainda mais convencido de aceitá-la como tutelada. Com isso em mente, Inala pediu uma cadeira de rodas na enfermaria e calmamente voltou para casa, retomando seu trabalho.
“Gannala, pensei em algo,” Inala murmurou, inspirado.
…
‘Ela mudou.’ Virala pensou, abrindo os olhos sorrateiramente após uma sessão intensa com Ruvva. Ele deveria ter desmaiado novamente, mas Virala havia se medicado o suficiente para permanecer consciente.
Ele observou Ruvva se vestir calmamente e sair de casa. Uma hora depois, ela retornou com uma cesta de ovos de Víbora de Lama e entrou na sala de trabalho da Vovó Oyo para treinar em segredo. ‘Então é isso que ela tem feito em segredo. Oyo desapareceu por algum motivo, deixando Ruvva no comando de tudo aqui.’
Virala lembrou-se do plano dela nas Crônicas de Sumatra. ‘Despertar? Já? Qual foi o gatilho? No livro, ela só despertou após o Primeiro Grande Desastre.’
Após um momento de confusão, ele se acalmou. ‘Bem, há reencarnados suficientes para atuar como variáveis. Nossas ações podem ter causado uma reação em cadeia, desencadeando seu despertar prematuro.’
“Bem, não importa. Meus planos estão em progressão automática agora.” Dizendo isso, Virala pegou um livro e continuou lendo. O livro era um épico que detalhava a juventude da Ancestral do Clã Mamute.
Era retratado como uma autobiografia, mas tratado como ficção pelo Clã Mamute, pois falava de eventos tão distantes no passado que não podiam ser verificados. Apesar disso, o Clã Mamute valorizava o livro, pois a história era divertida e também valiosa.
Ensinava a melhor maneira de viver como um membro do Clã Mamute. Por isso, o livro fazia parte do currículo de todos os estudantes. Todos tinham uma cópia dele, incluindo Virala. E ultimamente, ele só havia feito isso — ler o livro enquanto mantinha sua Arte Óssea Mística.
Logo, um conjunto de palavras se formou em sua mente, e Virala murmurou: “Fale comigo, Presa Empírea.”
Uma dor de cabeça intensa o atingiu; por um instante, uma conexão foi formada. E naquele breve momento, três palavras foram transmitidas à sua mente, fazendo Virala sorrir.
[Meu filho, Virala!]
- Vou manter o termo ‘Lady’ sem traduzir. Acho mais interessante e soa melhor que os equivalentes em BR no contexto[↩]
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