Capítulo 29: O enforcado
Onde eu estou?
Tudo que existe foi consumido pela inexistência. A lógica e a plenitude foi puxado para uma falta de realidade. Vagou e vagou e não encontrou um final.
Quem era ou quem deixava de ser, nunca seria encontrado.
Até que finalmente encontrou algo.
Ele encontrou ele mesmo, uma existência dentro do vazio, que não era ele mesmo e, ao mesmo tempo, era.
Ele já sentiu isso antes, quando estava saindo do mundo de ilusões. Era tão real ter sua outra metade dentro de sua alma. Mas agora, sua outra metade estava fora de si novamente, ele não era completo, ele era uma metade falha e sem razão.
Sem seu outro eu, ele era alguém?
Ele não conseguia fazer nada. Era humano. Não tinha nenhum dom. Era apenas uma criança que nunca conseguiria resolver nenhum problema.
Com seu outro eu, poderia proteger seus amigos? Poderia ser o senhor que quer ser? Pode salvar a todos? Pode salvar Aisha, Pandora, Esme, Kim, Ameelaaniwa?
Ver seu próprio rosto era triste.
Muitas coisas passaram em sua mente. Dúvidas, questões mal resolvidas, coisas que nem se ele pensasse por mil anos, ou talvez milênios poderia desvendar. Não sozinho. Não sem sua outra metade. Seu eu. Ele. Não, ele não era ele, ele era diferente, mas, um diferente bom.
Aquele diferente que prova que seu eu, pode ser útil, apenas, que precisa de concerto.
— Por que… Kuzimu… por que você me ajuda?
— Ajudar…?
Kuzimu flutuou no ar e nada disse depois, apenas pensou profundamente por um longo tempo. Um longo… tempo. Kizimu aguardando a resposta ficou quieto.
— …
— Acho que ficaremos infinitamente aqui, se eu não suprir suas dúvidas. Isso não é legal para mim.
— Acho que isso é a coisa mais próxima de uma conversa que tivemos até agora.
Nunca teve isso antes, o máximo entre suas interações foram apenas resquícios de chamadas para ação, isso que estavam tendo, era como um social em casa com os amigos.
Kuzimu olhou para Kizimu com um olhar de julgamento. Ter sua própria face o julgando era estranho, era como olhar no espelho sem fazer as próprias expressões e estar dentro do vazio dava um sentimento oblíquo.
Era como flutuar no ar ou dentro da água. Não sentia o ar ou a gravidade. Flutuava dentro do infinito de frente para si.
— Onde estamos?
— Essa é a carta enforcado. Aqui, até você resolver seus problemas internos, vai ficar preso.
— Isso me intriga, por que parece que você sempre tem as respostas?
Kuzimu ficou quieto, claramente incomodado com a pergunta.
— Desculpa, isso é pessoal?
— Sua inteligência é influenciada por mim, não entendo como mesmo sem mim, ainda consegue fazer tais raciocínios lógicos.
— … Desculpa?
Kuzimu suspirou.
— Por que está se desculpando? Você tem um objetivo aqui. Faça suas perguntas, o que eu puder responder, estou dentro da obrigação de responder, ou ficaremos aqui infinitamente. Aproveite.
— Então, voltarei a minha primeira pergunta. Por que me ajuda?
Kuzimu se calou novamente, uma longa pausa ocorreu e ele enfim disse algo.
— Eu não te ajudo… apenas… todas às vezes que falei algo para ti, eram coisas que poderiam minimamente me afetar, poucas às vezes que te ajudei, foi tudo por que Minne assim faria.
Kizimu ficou curioso, o que ele disse realmente estava dentro do previsto, já era a teoria de Kizimu sobre porque ele o ajudava. Agora o fato que Minne conhecia Kuzimu ou o contrário, isso era algo que gostaria de entender.
— Qual sua relação com Minne?
Kuzimu flutuou novamente sem nada falar. Kizimu começou a entender, o garoto de cabelos pretos a sua frente, estava pensando nas palavras certas. Tinha coisas que não queira dizer, apenas estava pensando na melhor forma de falar, e então finalmente se abriu.
— Você já tem esse sentimento e eu vou confirmar isso. Eu tenho suas memórias de antes do coma. Tudo que viveu com Minne, eu tenho as memórias. Então… apenas é um sentimento de solidariedade. Existe um significado, mas eu não tenho obrigação de contar os meus segredos.
Ele sabia, Kizimu apertou seu punho com uma força descomunal, não sentiu dor já que estava em um corpo astral. Não era um corpo físico, não era uma matéria que existia em algum lugar. Mesmo assim sentiu raiva e apertou seu punho de uma forma que se tivesse carne, claramente sangraria.
Kuzimu sabia sobre seu passado e poderia lhe dizer, mas não faz isso. Sua vida, passado, historia, tudo estava sendo aprisionado por uma maldição e nada poderia fazer.
Kuzimu era alguém de muitos mistérios. Ele era uma maldição e seus motivos não tinha como saber se era bom ou ruim. Ele fazia isso por que queria ajudá-lo? Ou para ajudar Minne? Ou para seus próprios princípios?
— Você… se considera uma maldição ruim?
— Demônios nada mais são que a maldade humana dentro de uma alma. Consegue entender que a maldade humana cria as maldições, eles aplicam uma lógica e alteram ao limite máximo do imaginável.
— Eu… não entendi nada.
— Apenas pense que o ápice da maldade humana criou as maldições, como pode dizer que somos bons? Eu não sou bom ou ruim. Apenas tenho meus objetivos. Não sinto altruísmo ou desejo sentir. Apenas tem um sentimento que quero compreender…
Kuzimu não sentia altruísmo e ajudou Kim e Pandora. O que significa que Minne gera um interesse único em uma maldição tão misteriosa. As dúvidas sobre Minne o intrigavam.
Por que Minne não estava na casa? Por que não era o momento certo? Qual era seu passado com a garota? Por que Kuzimu não contava sobre seu passado?
Saiba que, quando se lembrar de tudo, você vai morrer.
O quanto podia confiar em Kuzimu?
— Que maldição você é…
— Eu não quero falar de meu passado.
— Mas não vamos sair até eu saber, né?
— Errado. Existem perguntas que sua mente tem e aquilo que mudaria sua forma de pensar. Essa resposta traria mais dúvidas e não responderia nada. Além de que, eu já disse, eu não sou alguém bom, nem sou algo ruim. Eu apenas existo e quero ficar no meu canto.
Contanto que Kuzimu não seja afetado, ele não se importa com o que acontece com Kizimu. Isso era estranho, ajudar era algo que deveria ser considerado algo comum, fazer pelos outros como gostaria que fizesse a você.
O sentimento de querer ajudar e o altruísmo era algo comum na concepção de Kizimu, o que não era comum na concepção de Kuzimu. Eles eram tão iguais e tão distantes, mesma face, mesmo nome e no fim eram completamente diferentes.
Mas era estranho, porque ali parecia, que, Kuzimu escondia algo, para o bem de Kizimu. A dualidade entre, a falta de altruísmo, e a possível causa da maldição não falar tudo que foi perguntado foi a tona. Realmente, nunca entenderia quem ele era, pois ali.
Um era humano e o outro era uma maldição.
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Pandora acordou, ela estava dentro de um lugar frio. Água estava sobre seu corpo. Seus longos cabelo preto com pontas azuis-escuros estava afundando nas águas rasas.
Ela se levantou e olhou para sua própria face nas águas, refletidas nas águas escuras.
Era triste sua face cansada.
Claro que estava cansada.
Quem não estaria cansado com sua mente explodindo. Gritando. Chocando. Chocalhando.
Ela não aguentava mais, não queira mais viver, seria tão fácil apenas dar um fim a própria vida. Não precisaria mais pensar. Não precisaria mais respirar. Não precisaria se esforçar mais.
Parou de olhar para sua própria face e percebeu que estava em um quarto. O chão inundado dava a impressão de violação de propriedade, como se não tivesse espaço para si.
10 Portas existiam, em um círculo que se formava em volta dela. 6 deles estavam tampados com faixas amarelas vibrantes. E outras 4 portas eram visíveis livres.
Um estava carbonizada.
Um tinha arranhões pesados.
Um não tinha porta
Um violado por completo e quebrado em pedaços.
Podia entender o que cada um era com facilidade. Não tinha dúvida do que encontraria em cada porta. Cada uma das maldições ela tinha uma questão em especial. Agora entendia quem era cada maldição.
O curupira, aparecia se a floresta era violada. Sempre que a vida fosse maculada e sempre que o sentimento de perda ocorresse. Ele era o mais acalentador, já que era um sentimento de querer proteger. Era a maldição mais calma de sentir.
O corpo seco era pavoroso, abominável e horroroso. Ele trazia um sentimento de morte e desgosto. Era nojento sentir sua mente violando a lógica e como se fosse a podridão da vida tinha um sentimento de rancor dentro de si sempre que essa lenda tomava sua mente.
A loira do banheiro era um sentimento curioso. Sentia uma calma e um sentimento de paz como se o fim da morte fosse a solução. Odiava essa sensação de prazer pela morte, e não havia dúvidas que seu desejo pela morte vinha dessa lenda urbana.
Saci, vindo da loucura e desespero descontrolado. Aquele que vem quando perde o controle de sua vida, quando desmaia ou quando não aguenta mais nada, apenas é atormentada mentalmente pela loucura, esse era o saci o fim ou um novo começo.
Sentia em seu coração que tinha que ver suas maldições para sair daquele mundo, então escolheu. A porta do curupira era o mais tranquilo, a porta carbonizada. Sentia que ele não era algo tão ruim, por isso, seria o primeiro a resolver.
Avançou e abriu a porta, lá um ar puro entrava nas narinas de Pandora, que, se sentia tranquila. Um mundo verde foi percebido, saindo do clima mórbido e molhado. Uma porta perdida em uma mata fechada fazia o sentimento de confusão ser claro.
Pandora andou pela floresta, estava descalça e não encontrava nada, apenas um verde belo e flores muito bem cuidadas. Pandora gostava de cuidar das flores da casa, ver tanta variedade de vida era belo.
Até que viu.
Era linda, tinha seus longos cabelos pretos com pontas em chamas. Tinha uma beleza formidável com seus olhos brancos. Seu corpo era coberto por chamas vermelhas e seus pés estavam virados para trás.
Ela viu ela mesma em sua forma de curupira.
— Essa sou eu?
— Não. Esse sou eu.
Pandora se assustou, não esperava ouvir sua própria voz saindo de outro corpo.
— O que está acontecendo aqui?
— O que está acontecendo? Você está dentro da sua mente. A garota fraca e insignificante, que nunca consegue proteger ninguém, está dentro do meu santuário inviolável.
— O que quer dizer com garota fraca e insignificante.
Pandora ficou incomodada, não esperava essa atitude da lenda urbana mais tranquila.
— Você nunca consegue proteger as belas flores e as plantas em sua volta. E você não me deixa estar no controle e salvar as floretas. Quantas pessoas violaram a vida e você não deixou eu tomar o controle?
— Olha aqui, o corpo é meu. Você não pode simplesmente querer ter acesso ao meu corpo.
O curupira andou em volta de Pandora, a mesma parou e observou. De repente, sem nada dizer, correu até um local fora do seu alcance. Assustada, mas, curiosa, a garota correu para alcançar até que de supetão parou.
Era inacreditável.
O cheiro era horrível, fumaça, cinza, e madeiras carbonizadas. Tudo aquilo era muito triste. A floresta, que era tão bela, mostrava uma face amargurada, solitária e sem vida. Se sua essência era aquela bela vista que tinha, aquilo era a tristeza mais pura do mundo.
— O que aconteceu aqui?
— Quando eu tento entrar em seu corpo, é porque a vida está sendo maculada. Você deixou as plantas morrerem. Você deixou as árvores morrerem. Você deixou as florestas morrerem. Você deixou… flores morrerem.]
Pandora se martirizou, se sentiu horrível em lembrar que sempre tentava controlar suas maldições. Nem sempre conseguia e sempre aparecia em um local com mata queimada ou ferida.
— Você é uma garota fraca que não consegue proteger nada.
— Eu… não consigo.
Era a maior das verdades, nunca conseguiu proteger nada, ninguém, não conseguia proteger nem mesmo a si própria.
— Apenas fala e nada faz. Você não consegue fazer e não se esforça o suficiente. Se você se esforçasse de verdade conseguiria. Mas fica se vitimizando por que é difícil.
Pandora sentiu-se muito mal. Ela a vida toda segurou uma dor de não estar no controle, de se sentir fraca e agora ela estava vendo sua própria boca falando.
Era a verdade? Ele era o interno dela, talvez ela não tivesse se esforçado o suficiente. Uma dor mental quebrava seus pensamentos.
— É uma garota fraca e fica se vitimizando.
— Não…
— Fica tentando impedir a nós que dividimos seu corpo e se acha a vítima.
— Cala a boca!
— Não sei por que você ainda está viva. Ninguém se importa com você.
Isso foi o cumulo. Ela tampou seus ouvidos e correu até encontrar a porta e sair do quarto. Ofegante, e chorando, não conteve a dor da dúvida. Talvez fosse o certo.
Ela deveria, sim, morrer e acabar com isso. Quem ligava para uma garota tão fraca como ela.
Uma garota que não se esforçava o suficiente, apenas se vitimizava por uma dor de não se entender, de não saber quem era ela e quem estava no controle. Se ela fizesse mais, se ela se esforçasse mais. Algo, no fundo, bem, no fundo, não visualizado, talvez não permitisse esse pensamento, mas, esse algo, se afundava e se apagava bem no seu âmago.
Se ela não desistisse. Se ela não fosse tão fraca. Se ela não tivesse falhado em morrer quando poderia. Assim saiu do quarto.
Ela não aguentava estar dentro da sala do curupira, então, na sala ficou. Ela sentou no chão, mas o chão era doloroso. As águas eram inquietantes, as verdades que ouviu ecoavam e sua mente não parava.
Tudo que conseguia pensar era que ele estava certo. Para que viver? Ela não podia ajudar ninguém, nem as florestas, se ela morresse, ao menos, teria alguém que protegeria algo. Diferente dela.
As verdades infundadas eram mais inegáveis, tristes, e reais, e sua mente não achava soluções para negá-las.
Talvez fosse mesmo o certo.
Algo dentro de si, lembrava que não podia ceder. Não podia morrer, não poderia, ainda não, ela tinha coisas a fazer, morrer agora não era hora, mas. Tudo parecia tão leve com a morte.
Aos poucos ela levantou do chão, as águas ainda caindo de seu corpo, as rasas águas de um quarto minusculo. O que faria agora? Sem rumo, e sem pensar muito, apenas seguiu seus instintos.
Lentamente ela foi até a porta destruída. Se ela pensasse mais, não conseguiria sair dali. Tinha que sair, mesmo que não soubesse mais por quê.
Passando pela porta, um ambiente caótico existia. Tudo estava destruído e era um caos na terra. Muitos bambos estavam destruídos perto de si.
No centro desse caos tinha um corpo humano. Era seu próprio corpo, mas com sua pele mais escurecida. Suas pernas eram tornados e seus cabelos estavam tampados por um gorro vermelho. Seus olhos estavam vermelhos e ela olhou para Pandora.
— Saci?
Nada respondeu, apenas um avanço rápido que fez o corpo do saci ficar frente a frente com Pandora.
— Você é a pessoa que nós impedimos de sair. Entendi.
— Desculpa, eu não…
— Chata. Chata. Chata. Chata. Eu quero me divertir e você não deixa. Eu quero ver o mundo e você não deixa. Se eu não posso sair, por que você não se mata? Por que não deixa a gente sair? Por que você ta viva? Uma garota tão sem sal. Uma garota tão ridícula e sem vida. O que você é? Você não faz nada. Então deixa a gente sair. Deixa a gente no controle. Eu acho que…
Tudo explodiu em uma energia de vento descontrolado. O corpo de Pandora saiu do chão e foi levado por grandes tornados.
— Eu acho que eu mesmo vou matar você!
Uma tormenta de tornado avançou na direção de Pandora.
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Hora do chá
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Yahalloi
CaiqueDLF aqui! Novamente, hehe
Caralho, “Cap” passado eu falei que seria no dia seguinte, mas, eu fiquei duas noites sem o pc, aí é foda, mas não se preocupem, tudo vai dar certo. O próximo “Cap” é muuuuito especial, espero que vejam ela, e o de hoje, o 29, é um dos melhores capítulos, talvez meu top 4, algo assim.
Gente, se preparem para o próximo, eu espero mesmo que venham ver o próximo, venham, venham, venham, kkkk, é o meu favorito, e eu acho que quero dar um destaque para ele. Eu vou postar hoje, 24/07/25 às 20:15, então, estejam aqui, o melhor dos melhores dos Capítulos e “Cap’s” do arco 1.
Eu vou amar reler, e revisar o que eu tanto amo, e teremos tantas coisas, mais revelações, mais do que temos aqui. Então, preparem o estomago, e vejo vocês ainda hoje
Bye bye.
Ass: CaiqueDLF
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