Capítulo 47: Presságio do Progresso
Aquela noite foi longa, mas imersiva. A lua se negava a se ausentar do céu, mas não era ruim, muito pelo contrário, era tão bom quanto respirar pela primeira vez.
Cada segundo da música criava um evento memorável diferente. Todos sorriam, sem prestar atenção na felicidade que estavam sentindo.
Minutos depois, a música estava a segundos de acabar. Todos os garotos se distanciaram, observando o casal como quem presencia um casamento.
Luna e Douglas cessaram suas danças, ficando um diante do outro, observando fixamente os olhares apaixonados que eles compartilhavam.
Aquele brilho não podia, e nem conseguia, disfarçar a paixão pura que sentiam. De pouco a pouco, seus corações faziam os lábios se aproximarem.
O arrepio do amor percorreu o espinho do casal. Um beijo entre eles já era comum, mas, dessa vez, era além, um evento muito mais do que memorável.
O calor impregnou nos lábios como um batom. Nada mais importava a eles perante a paixão mais profunda que os seres humanos conseguem sentir.
Os jovens observavam aquele evento com um singelo sorriso no rosto, desejando com toda a alma que o amor entre eles durassem para sempre.
Palmas caíam como uma chuva interminável do céu. Cada uma delas era sincera e vinha do coração, como um pai admirando o primeiro passo de sua criança.
Assim que o beijo acabou, Luna olhou profundamente nos olhos de seu amado, com um brilho que podia dizer por si só, mas isso não era o suficiente.
— Eu te amo muito, sabia?
Por mais profundo, verdadeiro e sincero que fosse, o que sua boca conseguia falar era só um fragmento do que sua alma realmente sentia.
Douglas aproximou sua testa com a dela, sentindo seu corpo formigar com tamanho afeto. A língua não sabia o que dizer, mas o coração já tinha escrito um livro pra esse momento.
— Se o que sentimos não fosse infinito, eu diria que eu amo mais.
Um pequeno riso de felicidade teve origem no coração de Luna e nasceu em seus lábios, sem ter mais palavra alguma para se expressar.
Douglas virou seu olhar para os rapazes. Um sorriso agradecia por si só a noite que tiveram, e os olhos mal sabiam como agradecer o bom momento que foi criado.
Seu tom animado de sempre transformou-se em serenidade. Com uma energia tranquila e a calma no coração, disse aos seus jovens companheiros:
— Vamos dormir! Amanhã a gente sai pra assistir um cinema e se divertir mais.
Ônix caminhou para um canto da sala que não havia nada, senão um espaço grande o suficiente para que pudesse posicionar o que queria.
Em seguida, abriu o próprio inventário e selecionou quatro das cinco barracas que havia comprado na loja, cada um com sua respectiva cor.
Uma era um tom azulado forte, a mesma cor dos olhos de Waraioni, servindo como uma referência clara, indicando que aquele seria o seu lugar.
Ao seu lado, estava uma da cor vermelha, referenciando-se aos olhos escarlates de seu irmão, ainda mais notório e destacado do que uma lua vermelha.
À sua direita, a cor que simboliza a alegria que algum dia deseja alcançar: amarelo, destinado a Morfius, um de seus queridos aliados.
Por fim, uma barraca completamente escura, com algumas pintas em tom prateado, como se fosse o universo que mora nos olhos de um certo garoto.
Ônix olhou para seus amigos, dizendo para cada um qual seriam suas barracas, acrescentando que posicionou somente estes porque Arthur, Luna e Douglas tinham seus próprios quartos.
Os olhos de Luna saltaram ligeiramente com a atenção que ele teve com os detalhes. O que era uma de suas preocupações foi resolvida em instantes por ele.
Por fim, o agradeceu com uma genuína felicidade, caminhando para o seu quarto logo após, tendo suas mãos dadas com o seu fiel marido.
Arthur desejou boa noite para cada um deles, também seguindo para o seu quarto, desejando que o amanhã fosse ainda melhor que o dia de hoje.
Segundos depois, os rapazes entraram em suas respectivas barracas, apreciando o silêncio que a noite oferecia com gentileza para cada um deles.
Na barraca universal, Ônix, antes de se deitar para dormir, ajoelhava-se com a testa no chão, fechando os olhos para mais uma de suas infinitas orações.
Agradeceu pelo dia que teve e pelo descanso que virá, pedindo forças para continuar sem ceder nos momentos difíceis, junto ao desejo de perdão pelos pecados que cometeu e que cometerá.
A noite agradável veio a todos, no entanto, apenas um deles estava amaldiçoado com sonhos ruins, observando a vida de cada um dos mortos que refugiava-se em sua alma.
A lua caminhou lentamente pelo céu, aproveitando cada segundo do seu tempo até que o sol se faça presente e faça de luz o que era escuridão.
Os pássaros cantarolavam ao vento, canções leves do cotidiano, entregando-se ao calor e aconchego que o sol oferecia às asas que voavam sem ter um limite.
O fofo brilhar da estrela atravessava a janela e abraçava as barracas como uma mãe que gentilmente agarra seu filho que acabara de nascer.
Ainda era muito cedo para que aqueles jovens acordassem, menos para um deles que havia acabado de acordar com a gentileza daquele luminar.
Seus olhos universais se abriam sutilmente, como se despertasse do primeiro sono que teve em vida, bocejando em um tom baixo para não acordar ninguém.
Sua visão era embaçada, como se estivesse numa miopia que exige óculos, mas era só efeito de um leve sono que sentia após uma noite confortável.
Observou o teto da barraca por alguns segundos com os olhares neutros, como alguém que reflete sobre o sonho que acabara de ter, um indesejado.
Suspirou profundamente, tentando esquecer dos detalhes que encontrou, mas tudo se fez inútil perante a uma de suas maiores maldições.
Em uma das tentativas de tentar esquecer o que havia visto, arrumou com cuidado seu edredom, de uma forma lenta o suficiente para que alguns minutos se passassem.
Assim que o terminou, não havia mais nada a ser feito, senão se retirar da barraca que usou para dormir, e foi exatamente isso o que fez.
No lado de fora, mesmo que estivesse sendo protegido pelas janelas, pôde sentir os dedos do brilhar do sol tocando seu corpo, como se desejasse abraçá-lo.
Ao direcionar seu olhar para onde o brilho vinha, era convidativo demais, como se as próprias estrelas o chamasse para respirar ar puro.
O cantar dos pássaros o lembrou da natureza, e a natureza o lembrou das flores, e isso fez surgir em seu rosto inocente um singelo sorriso.
Caminhou em direção à porta lentamente, abrindo-a no mesmo ritmo para que o barulho não incomodasse o sono de seus irmãos e amigos.
O convite se fez real assim que a porta se fez aberta. O ar dançando ao redor de seu corpo, as canções dos pássaros se tornando ainda mais audíveis, a pureza do ar impregnando suas narinas, tudo.
A alegria se fez tão presente que ele quase esqueceu de fechar a porta antes de procurar pelas flores juntamente ao regador, que garoto bobinho.
Logo depois, caminhou na grama com pressa, verificando se o regador ainda se fazia presente perto das flores e, para sua agradável surpresa, ele ainda se mantinha lá.
Como o esperado, começou a regar. A paz lhe foi tão imersiva que ele nem percebeu que, enquanto regava, horas se passavam, o suficiente para que todos os seus amigos acordassem.
Enquanto as flores eram cuidadas, o almoço era feito, juntamente ao planejamento do dia e o que fariam na semana para descansarem das missões.
Sem que ele percebesse, mais um tempo havia se passado. Seus amigos já saíam de casa, sem se preocupar por onde Ônix estava, pois ouviam a água repousando gentilmente sobre as flores.
Próximo Capítulo: Progresso da História.
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