Capítulo 238: Aquele que Deseja Vestir a Coroa (1/5)
Ele fez o que precisava fazer e reuniu tudo que era necessário.
— ⟅Lá fora! Lá fora!⟆
— …
Obtendo inesperadamente algo que teria de carregar consigo para todo lugar, Seol Jihu se virou de volta com uma sensação estranha.
A viagem de volta para casa foi tranquila, com exceção de uma situação problemática. Como estava na região mais ao sul, conhecida por ser perigosa, ele deveria ter enfrentado uma jornada difícil.
Viajar sozinho o tornava uma presa fácil, e como os monstros geralmente gostavam do sabor da carne humana, não deixariam uma iguaria escapar tão facilmente.
Como resultado, um grupo de sete monstros iniciou uma caçada enquanto salivava, e só fugiram depois que metade deles foi congelada viva pelas Lanças de Gelo de Seol Jihu.
O problema foi que os sobreviventes avisaram sua vila sobre a morte dos companheiros.
Seria melhor se tivessem ficado quietos, mas o líder dos monstros ficou furioso com a perda de seus subordinados e jurou vingança contra o responsável.
Por mais forte que o humano fosse, ele estava sozinho. Se toda a tribo o emboscasse enquanto dormia, sua morte seria inevitável.
Pensando assim, o líder ficou confiante em seu plano.
Isso até ser espancado até virar polpa.
Se cometeu um erro, foi não perceber que o humano não estava sozinho. E se cometesse um segundo erro, seria o de ter atrapalhado o passatempo secreto de Flone.
Ela estava rindo e se divertindo ao observar o rosto adormecido de Seol Jihu, mas quando uma intensa intenção assassina varreu o acampamento, Seol Jihu abriu os olhos num instante.
Quando seus olhos encontraram os de Flone, a uma distância de um nariz, Flone ficou extremamente envergonhada, e essa humilhação se transformou em uma fúria irracional.
No fim, o bando de monstros que causou essa situação enfrentou a ira de Flone com força total.
Ela não só espancou os guerreiros da tribo, como também despedaçou mães e filhotes trêmulos que se abraçavam. Ao ver isso, Seol Jihu ficou sem palavras.
Uma consequência inesperada desse massacre foi libertar alguns Terrestres que estavam sendo mantidos na vila como se fossem gado mas nenhum dos dois tinha como saber disso.
De todo modo, Seol Jihu retornou a Haramark são e salvo e foi direto ao escritório da Carpe Diem.
Os outros três deviam ter saído, pois o prédio estava vazio.
— ⟅Esse é o seu quarto?⟆
Quando voltou para seu quarto, o pingente flutuou e se moveu de um lado para o outro.
— ⟅Posso dar uma olhada?⟆
— Claro.
Imediatamente, fumaça negra saiu da joia e voou pelo quarto.
A título de registro, Seol Jihu chamava esse estado gasoso de Flone de ‘estágio 1’.
— ⟅Cama!⟆
Em seguida, a fumaça se inflamou e se transformou na figura semitransparente de Flone. Essa forma fantasmagórica, invisível aos olhos de outras pessoas, era o ‘estágio 2’.
O ‘estágio 3’ era quando ela se manifestava por completo, deixando de ser translúcida e tornando-se visível para todos.
— ⟅Uau, uau!⟆
Seol Jihu esboçou um sorriso amargo ao ver Flone se esbaldar na cama.
“Me precipitei de novo.”
Ele achou que Flone seria libertada se a barreira e o feitiço que a prendiam à Floresta da Negação fossem desfeitos. De certo modo, não estava errado. Afinal, Flone havia sido libertada.
O problema era que Seol Jihu associava liberdade com seguir para o além.
Mais precisamente, quando ela se tornou um espírito maligno movido por ressentimento, havia se tornado um tipo de fantasma assombrador. Simplificando: ela ainda não havia abandonado sua vingança, e recusava-se a seguir adiante.
“Fiz papel de bobo mesmo.”
O fato de Flone ficar repetindo ‘O que eu faço?’ e ter colocado o pingente em seu pescoço era só uma forma de dizer que queria ir com ele.
Ele gritou ‘Adeus!’ sem nem saber disso. Como devia ter parecido ridículo?
Quando a barreira e o feitiço que a prendiam desapareceram, ela perdeu o lugar que assombrava, tornando o pingente, que tanto valorizava, seu novo lar. Agora, ela pendia do pescoço de Seol Jihu, aproveitando sua liberdade ao máximo.
— ⟅Posso sair pra brincar?⟆
Seol Jihu sorriu de leve. Enquanto tivesse o pingente com ele, não havia com o que se preocupar.
Estando fora da Floresta da Negação pela primeira vez em séculos, Flone era tão curiosa quanto uma criança, sempre desaparecendo sozinha para explorar e voltando ao pingente para dormir.
— Onde você vai?
— ⟅Dar uma volta. Quero ver a cidade.⟆
— Você sabe que não pode deixar ninguém te ver, né?
— ⟅Uhum.⟆
Flone tornou-se semitransparente novamente e passou pela janela.
— E nada de matar alguém aleatoriamente, entendeu?
— ⟅Tá bom!⟆
Ao ver Flone desaparecer num piscar de olhos, Seol Jihu se jogou na cama, de costas, e ficou olhando para o teto.
— …
Para ser sincero, ainda se sentia um pouco envergonhado. O fato de a Santa Fantasma não ter seguido para o além foi um resultado inesperado, mas não achava ruim viajarem juntos assim.
Havia outros motivos também, mas o principal era que Flone queria continuar em Paraíso.
“Quem diria que eu faria amizade com um fantasma?”
Seol Jihu fechou os olhos, pensando em como a vida era imprevisível.
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