Índice de Capítulo

    Seol Jihu caminhava olhando para o chão, os passos pesados. Estava saindo pelo portão principal do palácio, mas estava tão imerso em pensamentos que nem percebeu.

    Embora já esperasse por isso, agora que se deparava com o problema, percebia o quão absurdamente difícil e complicado era se tornar um líder.

    Além disso, assim como Ian dissera, quanto maiores os objetivos que estabelecia, mais coisas precisava considerar. O peso de tudo aquilo parecia esmagar seus ombros.

    A ponto de fazê-lo admirar Dylan.

    “Dinheiro…”

    Pensamentos diversos giravam em sua cabeça, mas o foco de todos era o dinheiro. Se tivesse uma quantia astronômica, sentia que também teria mais opções.

    Foi então que se lembrou do Estágio 3.

    “Eu devia ter trazido.”

    E pensou nos Desejos Dissonantes que os mortos carregavam consigo.

    Pelo menos, valeriam uma moeda de ouro.

    Apesar do arrependimento, o ônibus já havia partido.

    “Não é hora de ficar parado.”

    Não podia continuar ali parado só porque um grande evento havia terminado. Havia coisas demais das quais precisava cuidar.

    Ao firmar sua resolução, seus passos naturalmente se aceleraram. Logo, encontrou-se no escritório da Carpe Diem.

    Um dos hábitos de Seol Jihu era cuidar primeiro das tarefas mais difíceis e demoradas. Assim que entrou em seu quarto, pegou seu cristal de comunicação e infundiu mana nele.

    — Oh? Quanto tempo.

    Junto de uma voz familiar, Kim Hannah apareceu no cristal.

    — Você só veio me procurar agora que o Banquete terminou?

    — Tive que resolver uma coisa, acabei demorando um pouco.

    — Hnng, tudo bem. De qualquer forma, ouvi dizer que você causou outra comoção.

    — Pois é. Enfim, vamos deixar o Banquete para depois.

    — …Hã?

    Kim Hannah piscou os olhos sorridentes.

    — Preciso te pedir um favor.

    — Favor? Tá sem dinheiro? Posso te mandar um pouco, se quiser.

    — Aceito, mas o favor é outro.

    Kim Hannah deve ter sentido que havia algo estranho, pois endireitou a cadeira inclinada e sentou-se ereta.

    — Que que deu em você? Tão sério assim… não tô acostumada. Enfim, manda. O que é?

    — Quero que me ajude a encontrar alguém.

    Uma das sobrancelhas de Kim Hannah se arqueou.

    — Quem?

    — Consegue?

    — Não vejo por que não. Encontrar e vigiar alguém são minhas especialidades.

    Como era de se esperar de uma mulher que se tornou uma Alta Ranker só com a habilidade de corretora, sua voz profissional transbordava confiança.

    — Eu queria perguntar o motivo… Kim Hannah murmurou com uma pontinha de insinuação, e então perguntou, tamborilando o dedo indicador sobre a mesa: — Mas vou ouvir primeiro. Quem é?

    — Na verdade, são duas pessoas — Seol Jihu falou com calma: — Um par de irmãos. Os nomes deles são…


    Início de julho de 2017.

    Cerca de 300 dias de Paraíso após a abertura da Zona Neutra em 16 de março.

    O evento que atraiu a atenção de inúmeros Terrestres havia oficialmente terminado.

    O quinto Banquete era esperado para ser semelhante ao quarto, também conhecido como ‘O Festival de Sangue’, mas os resultados se mostraram exatamente o oposto.

    Contrariando todas as expectativas, um grande número de sobreviventes saiu do portal.

    A taxa de sobrevivência no Estágio 3 dos Banquetes anteriores sempre fora terrivelmente baixa, o terceiro Banquete teve dois sobreviventes, enquanto o quarto não teve nenhum. Levando isso em conta, o fato de mais da metade ter retornado com vida virou notícia em um instante.

    Em especial, o boato de que um Terrestre da Área 1 havia sido a causa raiz desse fenômeno se espalhou como fogo pelas sete cidades.


    Cidade Sudeste de Eva

    — Você viu o artigo sobre o Banquete? Olha aqui! Nós somos do mesmo ano, sabia? Estávamos no tutorial juntos!

    Como se balançar o artigo de um lado para o outro não fosse suficiente, Shin Sang-Ah pulava por todo canto gritando no topo dos pulmões. As pessoas ao redor estremeceram ao ouvi-la gritar.

    Uma delas até suspirou. — Hahh… Lá vamos nós de novo.

    — Tá bom, tá bom. Senhorita Sang-Ah, entendemos, agora por favor se aca…

    — Eu pareço estar em condições de me acalmar?

    Com um sorriso fraco no rosto, um homem tentou acalmá-la… mas sem sucesso.

    — Não é simplesmente foda? Tipo, dizem que ele já tá no Nível 3! Entendeu? Nível 3!

    — Hã? Ele tá no Nível 3! Tá bom?

    Em meio a uma multidão que suspirava sem saber o que fazer, uma mulher meio lerda, com uma expressão curiosa, cometeu um erro imperdoável.

    — Ei, Unni, que tipo de pessoa ele é pra te deixar tão empolgada assim?

    Naquele momento, Shin Sang-Ah a encarou com os olhos de uma predadora, enquanto um homem que estava prestes a tapar os ouvidos tremia.

    — Ai meu Deus. Você não sabe quem é o Seol-nim? Então acho que não tem outro jeito senão te contar de novo. Escuta com atenção. Nossos destinos se cruzaram no segundo andar do…

    — N-Nãããããão!

    O homem quase chorava.

    — …do tutorial. Enfim, tinha um filho da puta chamado Kang Seok.

    Shin Sang-Ah então passou a pregar o evangelho do deus-Seol sem pausa.


    Cidade Noroeste de Nur.

    — Eu não acredito!

    Um homem de meia-idade exclamou enquanto folheava o jornal.

    — Ele não só enfrentou um Campeão Orc, como também o matou? Mesmo que não estivesse sozinho, isso não é algo que um Nível 3 conseguiria fazer… Não, pera. Já que ele concluiu o Banquete, acho que é só questão de tempo até virar Nível 4? — O homem murmurava para si mesmo até que sua mandíbula caiu de repente. — I-I-Isso. Ele tá quase subindo de nível uma vez por mês?

    Um jovem usando um boné verde virado para trás deu uma risada ao ver o homem de meia-idade balançando a cabeça.

    — Eu te falei. Ele é diferente.

    A boca escancarada do homem não mostrava sinais de se fechar.

    Havia um limite para tentar entender o que era absurdo. Considerando que um Terrestre normalmente levava de 2 a 3 anos, no mínimo, para alcançar o Nível 4, a velocidade de crescimento de Seol Jihu já havia ultrapassado há muito o nível de ‘incrível’ e era simplesmente assustadora.

    Mesmo em toda a história de Paraíso, sua velocidade monstruosa o colocaria facilmente entre os três primeiros.

    Por outro lado, isso também significava que, embora seu caso fosse extremamente raro, ainda havia outros parecidos. Só após perceber isso foi que o homem de meia-idade conseguiu fechar a boca.

    — De qualquer forma, é uma boa notícia. Depois da senhorita Seo Yuhui, da senhorita Baek Haeju e daquele desgraçado do Sung Shihyun, parecia que a Área 1 parou de produzir gente de destaque. Já fazia tempo que alguém em quem dá pra colocar expectativa aparecia.

    — A Área 1 foi vista como ‘estéril’ por um tempo?

    — Não exatamente ‘estéril’, mas depois dos três figurões, bem, dois figurões e um filho da puta, é verdade que não apareceu muita gente talentosa.

    — Bem, deixando isso de lado por enquanto. Por que você só mencionou gente do nosso país?

    — Ué, não somos todos coreanos orgulhosos?

    — Ughh. O fedor do patriotismo.

    — Seu moleque — O homem de meia-idade o repreendeu. Em seguida, virando-se e dobrando cuidadosamente o jornal, perguntou em um tom mais brando: — A propósito, Sangmin, você não disse que conhecia esse cara?

    — Bom, acho que dá pra dizer que somos conhecidos.

    Hyun Sangmin respondeu como se não fosse grande coisa.

    — Escolher aquele cara no Tutorial foi a melhor decisão que eu já tomei.

    — Sério? Então…

    — Não, nem tenta.

    O homem de meia-idade hesitou ao ouvir o jovem recusar antes mesmo de terminar o que ia dizer.

    — Eu sei o que você tá pensando, mas a gente não é tão próximo assim.

    — Eu sei, mas mesmo assim.

    — Já te falei. A gente pode se cumprimentar na rua, apertar as mãos perguntando como vai a vida e tal, mas depois cada um segue seu caminho, talvez depois de uma refeição juntos. — Ele continuou após estalar a língua brevemente. — E mais do que tudo, eu simplesmente não quero. Além disso, Seol… hã, acho que agora o nome dele é… Seol Jihu? — Ele inclinou a cabeça por um segundo antes de retomar. — Enfim, ele pode até parecer um cara gentil e amigável, mas é do tipo bem direto quando se trata de fazer ou romper laços. Não é alguém que dá pra usar. Definitivamente não.

    — Quem disse que eu quero usar ele? Só quis dizer que a gente devia trabalhar junto como compatriotas.

    O homem de meia-idade retrucou com uma cara amarrada.

    — Esse patriotismo aí… guarda no bolso, vai? E pfft… ‘trabalhar junto’, é? — O afiado Hyun Sangmin então deu um sorrisinho. — Se você quer mesmo fazer algo, então me apoia, pô.

    — Que papo é esse agora? Quanto mais você quer que a gente te banque?

    — Eu só vou passar vergonha se for encontrar ele do jeito que tô agora, né? Preciso de algo pra me dar respaldo se quiser propor uma colaboração com confiança, não acha?

    — Ora, veja só esse cara! Me diz pra não usar os outros, mas tá me usando, é isso?

    Tsk, você percebe rápido demais.

    — Seu moleque…

    Os dois caíram na risada juntos.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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