Índice de Capítulo

    Cidade Capital, Scheherazade

    — Noona! Noona!

    Yi Sungjin correu freneticamente segurando uma folha de papel na mão.

    — Olha! Olha isso aqui!

    — …Hmm? — Yi Seol-Ah, parada ali com expressão vazia, respondeu cansada ao se virar. — O que foi?

    — Você lembra do Hyung, né? O Seol Hyung.

    — Orabeo-nim?

    — É. Anda, olha logo.

    Yi Seol-Ah espiou o papel. E, conforme lia, seu rosto começava a se encher de espanto.

    — Uau… — Como se ler uma notícia sobre alguém conhecido fosse algo tão gratificante, suas pupilas opacas começaram a recuperar o brilho, e seu rosto pálido começou a ganhar cor novamente. — Céus! Isso tudo é verdade?

    — É sim. Incrível, né?

    — Mas que coisa… Ele tá demais…

    — Não tá? Deve estar super bem de vida agora. Bom, sendo o Hyung, até que faz sentido.

    Yi Seol-Ah entrou no embalo sem largar o papel.

    — Sim, é claro! Esse é o nosso Orabeo-nim!

    Yi Sungjin riu ao ver a irmã reagindo com tanta alegria.

    — Ei, Noona. Só chama ele de Oppa. Orabeo-nim soa esquisito.

    — E daí se soa? De qualquer forma, tá dizendo aqui que o nome dele é Jihu. Não era Seol?

    — Ah, isso. Também fiquei me perguntando, mas tenho certeza de que é o Hyung. Deve ter algum motivo.

    Foi só por um momento que eles puderam conversar animadamente.

    — O que vocês dois estão fazendo?

    Os irmãos congelaram quando ouviram a voz afiada que os interrompeu.

    Eles fizeram uma careta involuntária, mas ao se virarem à força, lá estava ela.

    Uma mulher com uma mão na cintura, encarando os dois com uma expressão impassível.

    À primeira vista, seu rosto altivo e sua famosa personalidade cortante faziam parecer que ela exalava uma aura hostil.

    Yi Seol-Ah imediatamente se curvou para cumprimentá-la.

    — O-Oi!

    — O que estavam fazendo?

    Clack, clack.

    Caminhando gravemente até eles, a mulher ignorou o cumprimento de Yi Seol-Ah e arrancou o papel que ela segurava.

    — Ah!

    Yi Seol-Ah instintivamente esticou a mão, mas parou ao ver as sobrancelhas da mulher se arquearem. Lentamente, abaixou o braço.

    — Hmm… — Após dar uma olhada no papel.

    — Quem trouxe isso? — A mulher perguntou com os olhos semicerrados.

    — Fui eu — Yi Sungjin respondeu. Era um tom um pouco desafiador.

    — Sungjin — Yi Seol-Ah sussurrou, mas o garoto não desviou o olhar. Os lábios da mulher se apertaram visivelmente.

    — Hah — Ela soltou um escárnio como se tivesse presenciado algo ridículo. — Ahh. Esses moleques vão me deixar louca de novo, né. — Lentamente amassando o papel com suas mãos alvas. — Ei, você. Yi Seol-Ah. — Ela fechou o punho, amassando ainda mais o papel.

    — Você acha que Paraíso é brincadeira, é isso?

    — Não, eu não acho! — Yi Seol-Ah balançou as mãos em pânico.

    — Não? Então por que tá olhando esse tipo de coisa? Acha que tem tempo livre pra ficar de bobeira?

    — D-Desculpa, Unni.

    — Unni?

    — S-Sunbae. — Yi Seol-Ah abaixou a cabeça, abatida.

    A mulher estalou o queixo para frente e soltou um longo suspiro para que ambos ouvissem. Então, fixou o olhar em Yi Seol-Ah, que se remexia desconfortável.

    — Olha só, crianças. Vocês não vieram parar aqui de graça. Vocês vieram porque eu usei meus pontos de conquista, não foi?

    — Sim…

    — Considerando que me fizeram gastar dois Selos de Bronze, pelo menos ajam à altura deles. Quantas vezes tenho que repetir?

    — …

    — E isso aqui. Por que trouxe isso? Só pra me irritar?

    — …Não é isso.

    — Então o que é?

    Yi Seol-Ah respondeu suavemente, mas ao ouvir o tom da mulher se tornando ainda mais afiado, encolheu.

    — Não sentem vergonha lendo esse tipo de coisa? Vocês são do mesmo ano que ele, não são? Não é como se vocês tivessem se destacado ou quebrado recordes. Não, nem espero isso. Eu nem estaria reclamando se vocês tivessem sido pelo menos medianos.

    — Eu vou me esforçar. Vou treinar mais.

    Aigoo. Nossa mocinha. Sempre dizendo que vai se esforçar, que vai tentar mais. Mas quando é que vai começar de verdade? — A mulher não parava de repreender. — Se não tem talento, ao menos tem que mostrar esforço, não? Não sentem vergonha pela pessoa que deu uma chance pra vocês?

    Ela balançou o papel amassado na frente deles algumas vezes e o jogou fora. Quando Yi Seol-Ah sentiu a bolinha de papel bater em seu pé, mordeu o lábio.

    — Olha só pra ela. Só porque ouviu umas verdades. Ai ai.

    Balançando a cabeça, a mulher se virou e saiu da sala sem mais palavras.

    Mesmo após os passos sumirem aos poucos, os irmãos continuaram em silêncio.

    Um repentino fungar quebrou o silêncio. Yi Sungjin, surpreso, viu o nariz avermelhado da irmã.

    — …essa mulher tem alguma doença que faz ela morrer se não reclamar pelo menos uma vez por dia? — Ele rangeu os dentes olhando para a porta, antes de se virar e coçar a cabeça. — Desculpa, Noona. A culpa é minha por ter trazido o papel…

    — Não, não, não é culpa sua — Yi Seol-Ah balançou a cabeça. — E não é como se aquela mulher fosse diferente algum dia.

    Os olhos de Yi Seol-Ah estavam marejados, mas ao ver que ela cerrava os lábios e fechava os punhos com força, parecia que não havia perdido a determinação.

    Soltando um suspiro curto, Yi Sungjin comentou com a voz chorosa:

    — Que saudade da Zona Neutra.

    Yi Seol-Ah não concordou nem discordou, mas também não negou.

    — Vamos treinar.

    Disse com a voz levemente rouca, enquanto pegava o arco e as flechas e deixava o quarto.


    Haramark. Escritório da Carpe Diem.

    — Claro. Vai em frente.

    A resposta fria de Chohong fez Seol Jihu exibir uma expressão confusa.

    — Faz logo.

    — ?

    — Por que essa cara de quem tem um anzol pendurado na cabeça? Anda, faz logo!

    Bufando, Chohong voltou a se concentrar em seu exercício.

    — Aquele velhote tava todo cauteloso, perguntando se você apareceu e comentou algo sobre a posição de líder. Acho que tá tudo certo agora.

    Por um lado, Seol Jihu ficou impressionado ao ver Chohong suando enquanto fazia abdominais pendurada de cabeça pra baixo, com as pernas presas na barra. Por outro, não pôde deixar de se sentir inquieto, achando tudo muito complicado.

    Ele sabia que Chohong não tinha ambição de ser líder. Mas não querer o cargo e apoiá-lo plenamente como líder da equipe depois de reconhecê-lo eram coisas bem diferentes.

    Por isso, ele havia se preparado com tanto cuidado para perguntar… só para ouvir um “Claro. Vai em frente.”

    Foi uma resposta tão tranquila que quase pareceu fria.

    Vendo Seol Jihu parado ali como um tonto, Chohong falou ao perceber o que se passava na mente dele:

    — Ei! Tá achando que sou idiota? Acha que aceitei assim do nada, sem pensar?

    — Sério?

    — Claro. Você tem feito umas coisas incríveis ultimamente. Então tá preocupado com o quê?

    Como Chohong disse, não havia realmente com o que se preocupar. Ele já havia provado sua singularidade.

    Acalmou o espírito de forma pouco convencional na Floresta da Negação, mostrou coragem ao atrair centenas de Parasitas no Vale Arden e realizou o impossível ao desvendar o mistério por trás da Vila Ramman.

    E isso sem contar o plano que elaborou para a missão de resgate e sua habilidade de comover as pessoas durante o Banquete.

    Sem mencionar seu Selo de Ouro ou a velocidade monstruosa com que crescia. As inúmeras conquistas que ele acumulou, sem nem perceber, naturalmente lhe conferiam as qualificações para ser reconhecido como líder.

    Porém, a história seria outra se Chohong também quisesse o cargo. Mas como ela mesma admitira que atuar como líder temporária tinha sido exaustivo demais, não havia motivo para ele insistir.

    — Não pensa demais. Também não teve nada demais quando colocamos o Dylan como líder.

    Apesar de Chohong dizer para não se preocupar, aquilo não trazia nenhum alívio. Afinal, a visão que ele tinha era completamente diferente da de Dylan.

    Será que era mesmo certo aceitar o cargo tão facilmente?

    Seol Jihu desviou os olhos, meio perdido. Hugo estava olhando pela janela, como se não tivesse ouvido nada.

    — Hehe…

    Ele fitava encantado a casa do outro lado da rua. Mais precisamente, observava Seo Yuhui em frente à porta de casa.

    Hugo nem reagiu quando Seol Jihu tentou chamá-lo.

    — Hugo!

    — …Hã?

    Hugo só respondeu quando Seol Jihu gritou. Mas mesmo assim, fez um gesto com a mão para ele não atrapalhar, sem nem se virar.

    — Tá tá. Beleza. A partir de agora, o Seol é o nosso líder.

    O rosto tenso de Seol Jihu desmoronou ao ouvir a resposta simples de Hugo. Sentiu-se um idiota por ter quebrado a cabeça a noite toda tentando pensar em como convencer os dois.

    — Ufa…

    Chohong, que havia pulado da barra de tração, colocou a mão no ombro de Seol Jihu.

    — Ei. Você deve ter percebido morando com a gente esse tempo, mas o Hugo é o tipo de cara que fala tudo o que pensa. Ele não esconde se tá incomodado com alguma coisa.

    Seol Jihu quase soltou um ‘Você também é assim’, mas engoliu as palavras a tempo.

    — O fato dele estar assim quer dizer que não tem problema com isso. Pensa pelo lado positivo.

    — …

    — E sabe como é. Aquele idiota nem tem muitos pensamentos mesmo.

    Chohong disse em um tom levemente sério. Seol Jihu concordou involuntariamente.

    — De qualquer forma, boa sorte, novo líder!

    Gritando uma saudação animada, Chohong deu um tapa nas costas dele e saiu da sala de treinamento.

    Apesar das costas ainda arderem por causa do tapa, Seol Jihu se aproximou de Hugo, que continuava hipnotizado olhando para Seo Yuhui.

    — Hugo. Podemos conversar um pouco?

    Seol Jihu queria ter uma conversa séria com ele.

    — Conversar? Beleza.

    — Então, veja bem…

    — Nossa… Ela não é linda demais?

    — …

    Seol Jihu decidiu desistir.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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