Índice de Capítulo

    A carruagem chegou a Scheherazade ao meio-dia do segundo dia.

    Vendo Flone voar animada no instante em que avistou a nova cidade, Seol Jihu correu atrás de Jang Maldong.

    O prédio da Rosa Branca ficava um pouco a oeste do centro da cidade.

    Se edifícios modernos eram torres altas, então o exterior do prédio da Rosa Branca parecia uma bela flor.

    Comparado ao escritório da Carpe Diem, sua escala estava em um nível totalmente diferente, então, enquanto Seol Jihu seguia o escolta, olhava ao redor constantemente.

    Como se estivessem realmente se encontrando em segredo, foram guiados até uma porta dos fundos relativamente isolada.

    Depois de subir as escadas e abrir a porta no final do corredor, foram recebidos por um homem com óculos e roupas simples, que se levantou de sua cadeira.

    — Senhor. — O homem tinha um corpo esguio e rugas ao redor da boca, o que o fazia parecer um pouco mais velho. — Obrigado por virem até aqui.

    — En. Não foi uma viagem tão longa.

    — Mas eu deveria ter visitado em vez disso. Ah. E esse amigo?

    — Não pergunte se já sabe.

    Enquanto Jang Maldong falava de forma direta, o homem riu sem jeito e estendeu a mão.

    Seol Jihu apertou a mão dele.

    — Prazer em conhecê-lo!

    — Igualmente. Meu nome…

    — Eu já sei, na verdade. Seol Jihu, certo?

    Ele estava prestes a se apresentar apenas como ‘Seol’, mas acabou acenando com a cabeça de forma desajeitada.

    — Sou o líder da Rosa Branca, Bok Jungsik.

    Bok Jungsik gesticulou em direção à longa mesa enquanto ainda segurava sua mão.

    — Vamos nos sentar primeiro. Há mais alguém vindo também.

    — Quem?

    Jang Maldong perguntou ao se sentar.

    — Quem mais poderia ser? É alguém que você conhece muito~ bem.

    — O quê? Por que aquela garota está vindo?

    — Isso que eu queria saber. Não pude fazer nada quando ela se recusou a ouvir, não importa o que eu dissesse. Então peço sua compreensão…

    Jang Maldong suspirou levemente antes de se virar para olhar para a porta.

    Clack, clack.

    Um som claro de saltos ecoou no corredor. Seol Jihu, que estava sentado em silêncio ao lado de Jang Maldong, também virou-se para a porta.

    — Falando no diabo — Murmurou Jang Maldong.

    — O que quer dizer com diabo… — Bok Jungsik fez um sorriso amargo. — Você deve ter querido dizer uma flor espinhosa.

    A porta foi escancarada.

    — E quem é essa flor espinhosa? — uma voz clara soou, seguida de uma bela mulher de aparência deslumbrante. — Nosso líder deve estar todo crescido agora, sabendo como fofocar pelas minhas costas.

    — S-Sora. Não é isso.

    — Tanto faz. De qualquer maneira…

    A bela mulher jogou para trás os longos cabelos ondulados que desciam até o peito e olhou de relance para Seol Jihu. Então, ao ver Jang Maldong, um sorriso floresceu em seu rosto.

    — Vovô? — Como se quisesse mostrar suas longas e esguias pernas, ela caminhou até ele piscando de forma encantadora. — Faz um tempo. Tem estado bem?

    — Sim.

    — Que resposta fria. Já faz vários anos desde a última vez que nos vimos.

    Vendo-a inclinar sutilmente a parte superior do corpo sobre a mesa, Jang Maldong a empurrou enquanto franzia o cenho.

    — Fique para trás, você está sendo incômoda. O que acha que está fazendo na frente dos outros?

    — Ahh. Uma neta não pode ser fofa na frente do avô?

    “Neta?”

    Seol Jihu virou-se para encarar Jang Maldong com olhos surpresos.

    — Você está entendendo errado! — Jang Maldong gritou indignado.

    A mulher riu, exibindo um sorriso encantador antes de lançar um olhar para o jovem atônito. Então caminhou tranquilamente até o assento ao lado dele.

    Quando Seol Jihu estava prestes a se levantar, sentiu uma sensação de alguém pressionando seu pescoço. A mulher tinha colocado os braços ao redor do seu pescoço e estava se inclinando para frente.

    — É essa a pessoa? — Ele sentiu ela dar leves tapinhas em sua cabeça.

    Bok Jungsik, que estava sentado ali, atônito, finalmente reagiu.

    — V-Você!

    — Eu?

    — Sora! Você, você!

    — O quê? Ah, você quer dizer isso?

    — Saia daí imediatamente!

    Sora piscou algumas vezes depois de ser repreendida e tirou os braços obedientemente.

    Mas ela ainda estava apoiada no encosto da cadeira de Seol Jihu, fazendo Jang Maldong cobrir o rosto.

    — Haah… sinto muito por isso.

    Bok Jungsik se desculpou enquanto Jang Maldong balançava a cabeça impotente.

    Seol Jihu inalou levemente. O ar ainda tinha um perfume persistente de rosas.

    Então uma mão apareceu de repente à frente de seu peito.

    — Prazer em conhecê-lo. Eu sou Phi Sora — a mulher continuou. — É um sobrenome interessante, não é?

    Phi Sora balançou a mão estendida. Seol Jihu, que apertou a mão dela instintivamente, ficou surpreso.

    “É áspera.”

    A textura da palma dela era como lixa. Além dos calos grossos, Seol Jihu pôde ver várias cicatrizes ao observar com atenção.

    Ele finalmente pôde deduzir a relação entre Jang Maldong e Phi Sora.

    “Ela é forte.”

    Ele imediatamente entrou em alerta máximo.

    — Vejamos. Até onde já discutiram? Corri para cá assim que ouvi que vocês chegaram.

    Phi Sora recolheu a mão e se jogou sobre a mesa. Em cima da mesa, não na cadeira.

    Era desconcertante, mas Seol Jihu voltou a si graças à energia fria de sua lança de gelo.

    Contando números em sua cabeça, Seol Jihu observou Phi Sora com calma.

    A primeira coisa que chamou sua atenção foi seu uniforme carmesim elegante. E, observando melhor, seu cabelo que caía como uma cascata também parecia ter um tom avermelhado.

    Somando seu olhar orgulhoso e a forma como estava sentada na mesa, ela parecia extravagante e altiva, como uma rosa vermelha em plena floração.

    Cansado do comportamento dela, Bok Jungsik falou.

    — Você vai mesmo continuar assim?

    — O que agora?

    — Você realmente não sabe…? Sente-se direito logo! É por isso que eu disse para você não vir!

    — Ah, por favor. Eu sou próxima do meu vovô, tá? — Phi Sora bufou e se virou para Jang Maldong.

    — Não somos? — Jang Maldong fechou os olhos.

    — S-Senhor.

    — Parei de esperar qualquer coisa desde que você me disse que ela viria.

    — Eu sinto muito. — Bok Jungsik se curvou repetidamente para se desculpar com Jang Maldong e Seol Jihu.

    Como se não se importasse com as costas de seu líder, Phi Sora reclamou de mau humor.

    — Chega disso e vamos logo para a discussão. Você não conhece a personalidade do vovô?

    — Você… — Bok Jungsik, que a fitava com olhos fulminantes, respirou fundo antes de se dirigir cuidadosamente a Jang Maldong.

    — Senhor, está tudo bem continuar assim…? Se não, eu a expulso à força.

    — Me expulsar? Quem? Você?

    — Não precisamos de mais problemas.

    — Peço desculpas pela confusão de hoje. — Bok Jungsik sentou-se novamente esfregando as têmporas.

    — Primeiro.

    — Vamos direto ao ponto.

    — Certo. Primeiramente, posso considerar esta reunião como um sinal de que estão interessados no recrutamento?

    — Hmm.

    Jang Maldong secretamente lançou um olhar enquanto acenava. Seol Jihu endireitou a postura.

    — Uh.

    — Então… hã? Sim, por favor, fale.

    — Yi Seol-Ah e Yi Sungjin estão bem?

    Seol Jihu perguntou com um sorriso radiante. Bok Jungsik piscou.

    — Sim… eles estão bem.

    Uma risada constrangida soou. Era uma risada sem vida, não importava quem a ouvisse.

    Antes de chegar a Scheherazade, Jang Maldong havia lhe dado duas instruções.

    Primeiro, Seol Jihu tinha que agir como se estivesse interessado em saber como os irmãos Yi estavam. Isso era para deixar claro que estavam ali apenas por amizade.

    Segundo, a menos que a Rosa Branca falasse primeiro, ele nunca deveria perguntar o motivo de estarem tentando mandar os irmãos embora.

    Seol Jihu sorriu brilhantemente.

    — Isso é um grande alívio. Se não for um problema, posso vê-los? Não tem problema se for só por um momento.

    — Hã?

    — Não nos vimos desde que saímos da Zona Neutra. Já faz um tempo e eu gostaria de conversar com eles durante o jantar… não pode?

    Bok Jungsik ficou surpreso com o pedido sincero.

    — Bem, vá em frente. Mas depois da nossa discussão… — ele rapidamente mudou de assunto. — Senhor, o senhor também deve estar ciente, mas o dinheiro não é a coisa mais confiável no mercado de transferências?

    E assim o assunto da conversa foi trocado.

    — Mas como o senhor mencionou antes, atualmente não têm muito em termos de fundos — ele continuou depois de lançar um olhar para Seol Jihu. — Então eu estava pensando se poderia nos mostrar algum item de valor que possa ter. Por exemplo, o Desejo que recebeu no Banquete.

    Seol Jihu percebeu a que Bok Jungsik estava se referindo.

    — O Desejo Harmonioso não é algo que possa ser negociado, então isso seria difícil.

    — Claro, o Desejo Dissonante também serve. As recompensas do Banquete são conhecidas por serem de alta qualidade. Não podem ser compradas, mesmo que se tenha dinheiro.

    Tendo feito seu pedido, Bok Jungsik riu animadamente.

    — Eu também não tenho o Desejo Dissonante. Já usei todos.

    A risada parou.

    — Você usou todos?

    — Sim. Eu só recebi um, para começo de conversa, sem contar que era um item consumível.

    — Oh… — Bok Jungsik ficou atônito. Ou pelo menos parecia que ele havia presumido que Seol Jihu tinha saído do Banquete com vários Desejos Dissonantes. — O que fazer…

    Mas devido ao preconceito pré-estabelecido, parecia que ele estava apenas mantendo as aparências.

    — Ouvi dizer que você teve muito sucesso no Banquete, então achei que teria alguma sobra… Parece que foi um erro de cálculo meu.

    Seol Jihu se conteve ao máximo para não bufar.

    — Para ser sincero, Yi Seol-Ah e Yi Sungjin sentiram muito a sua falta.

    — Eles devem ter falado muito de mim.

    — Sim. Mas Yi Seol-Ah parecia estar interessada em muitos lugares, então eu queria tentar mandá-la para onde ela quisesse…

    Foi então que…

    — Fuu.

    Um resmungo foi ouvido. Não era Seol Jihu, mas Phi Sora.

    — Até quando você vai continuar com isso? — fitando Bok Jungsik, Phi Sora continuou com uma expressão entediada.

    — Até quando pretende ficar dando voltas? Vamos acabar logo com isso. Eles já sabem.

    — S-Sora…

    Embora Seol Jihu não tenha demonstrado, ele estava muito chocado por dentro.

    “Eles não eram do mesmo grupo?”

    Parecia que Bok Jungsik estava desesperadamente conduzindo a conversa para um certo ponto antes que Phi Sora inesperadamente interferisse.

    Além disso, seria um mal-entendido achar que a autoridade de Phi Sora parecia maior que a do líder Bok Jungsik?

    — Está tudo bem. Eu começo a falar então. Que bobagens você está falando na frente do meu vovô?

    Phi Sora balançou a mão em desaprovação e desceu da mesa com elegância.

    — Ao contrário dele, eu… — Ela caminhou em volta da mesa de forma séria. — …não consigo dar voltas nem esconder nada. Nem nunca quero.

    Então ela de repente olhou fixamente para Seol Jihu.

    — Querido, ouvi dizer que você era um resolvedor de problemas.

    “O que ela estava dizendo agora?”

    Enquanto Seol Jihu se perguntava se devia retrucar por ela o chamar de ‘querido’ ou por ele ser de repente esse ‘resolvedor de problemas’, uma voz clara soou.

    — Ou pelo menos, é o que dizem. Que você nunca falhou em um trabalho.

    O som dos saltos parou.

    — E que uma vez você até desferiu um bom golpe nos Parasitas?

    Seol Jihu olhou para Phi Sora, que estava lambendo o lábio superior.

    Ele já tinha escutado o pedido impossível deles.

    Isso significava…

    Era hora do pedido ‘especial’ ser revelado.

    As duas mãos de Phi Sora seguraram a mesa despreocupadamente.

    — Querido — e ela falou. — Você não quer trabalhar comigo uma vez?

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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