Capítulo 40: A recompensa de sua determinação.
Finalizando seu check-up, Althea liberou Kizimu com um grande sorriso do rosto, e o garoto finalmente saiu do quarto.
A garota de cabelos curtos de cor creme, fez sua análise com bastante seriedade, mostrando que ela tinha domínio do que ela chamava de “o básico”.
Fora do quarto, seu peito encheu quando viu uma bela garota encostada na parede. Observou tamanha beleza e começou a se sentir-se um pouco oprimido. Não entendia o porquê, mas ele se sentia um pouco estranho perto de garota bonita, uma espécie de medo irracional.
Sua única exceção era Aisha, que mesmo que fosse linda, sentia conforto em estar perto. Os olhos pretos de boneca o observou e uma animação contagiou a garota.
— Kizimu, que bom, o senhor saiu do quarto.
O garoto se sentiu preenchido, não parou nem um momento desde que acordou e ver a garota animada o enchia de felicidade.
— Pandora… conseguimos.
— Sim, conseguimos.
Observando-a com mais atenção, percebeu que ela usava uma roupa parecida com Esme, mas um pouco mais leve. Sem todos os babados e adornos que a roupa tinha.
Essa roupa também era diferente das roupas amarrotadas que viu quando estava completamente machucada na floresta. Ver ela com essas roupas colocava seu coração vibrante dentro do eixo.
— Essa roupa?
— Ah! Isso, eu fico com um pouco de vergonha, mas é a roupa que Aisha fez para a gente. Eu não consegui usar as roupas que Esme usa, então Aisha fez um vestido mais leve.
— Entendi…
O garoto andou até chegar ao lado de sua amiga Pandora. Ele mesmo não sabia onde se encontrava, nunca andou até a enfermaria ou saiu dela, era a primeira vez, a única coisa que conseguia pensar era que sentia uma fome enorme.
— Poderia me levar até a cozinha? Eu meio que estou perdido.
— Eu levo, mas antes poderia vir comigo para um lugar?
— Claro, eu vou.
Não sabia onde a ela queria levar ele, mas se sentia confiante e confiava na garota.
Pandora estendeu a mão e o garoto lembrou que a todo momento esteve segurando aquela mão pálida, a todo momento esteve em momentos de tensão e nunca notou o quão bela e delicada era. Segurou a mão dela e ela o guiou para fora os fundos da mansão.
A direção da saída passava por diversos quadros belos e grandes, e nunca tinha olhado com tanta atenção. Talvez por ter andado apressadamente quando chegou na casa, queria ver a garota Amelaaniwa para saber seu próprio nome, aquilo que mais tinha dúvida.
Eram belos quadros, e agora andava tranquilamente ao lado de sua amiga, Pandora. Tinha quadros de pássaros, flores, artes renascentistas, um olho estranho, um ser negro com 3 cabeças. Eram muitas artes.
Chegaram enfim nos fundos da mansão, acompanhados por um jardim encantador e milhares de flores belíssimas.
— Aqui é incrível.
— Sim, é. Mas o que eu quero te mostrar é mais no fundo.
A garota andou para o lado esquerdo e o garoto a seguiu. Passaram por arbustos pesados e entraram na mata, até que chegaram em um campo de flores muito belo, com a tonalidade azul bebe. A beleza da vista era tão belo que fez Kizimu parar de respirar por um instante.
— Eu, sempre que queria descansar a mente, vinha aqui.
— Caramba, é… lindo, mesmo, eu nem sei o que dizer, tipo, que flores são essas?
— São Plumbago, eu rego elas todos os dias.
A garota soltou sua mão e andou pelas flores e girou como que dançando. A paisagem se tornou algo inesquecível, queria se afogar naquele sorriso e na felicidade que tanto lutou para proteger.
O mundo das ilusões trouxe a ele sorrisos que não teve desde que acordou, que agora o fez como objetivos a se realizar, porém, ele tinha obstáculos a cuidar.
Os segredos da irmã de Minne.
O demônio que residia em sua empregada.
O sorriso triste de seu cavaleiro.
A arrogância e desejos impuros de sua pesquisadora.
Por pouco, a única coisa que era genuína era a felicidade de sua amiga Aisha, que perdeu na enfermaria. Mas, o sorriso de Pandora, nunca tinha visto nesse mundo, seu coração encheu de alegria e sentia-se tonto de tanta energia. A beleza que via era de outro mundo, era algo desumano. Estava realizado, mesmo sem perceber, tinha conquistado algo divino.
— Kizimu!
— Oi?
— Preste atenção, por favor.
Kizimu parou, ainda feliz e nervoso, olhou para a garota que brilhava entre as flores. A tensão que envolvia a jovem provava que o assunto viria do fundo de sua alma.
Kizimu ficou calmo e analisou o que a garota tinha a dizer com atenção.
— Eu sempre, sempre, sempre vivi com dores dos meus demônios internos. Eles sempre me assolavam e destruía-me…
A vida da garota foi inundada com dores inimagináveis para Kizimu, desde que a ouviu sua voz pela primeira vez, apenas conheceu uma dor infundada, um sentimento negativo e uma tensão em suas escolhas, agora ela sentia uma felicidade e determinação que queria proteger.
— Ou melhor, isso é mentira, quando era pequena, tinha sim uma vida normal… minhas maldições não me maltratavam… mas…
Kizimu estava conhecendo um passado que não conhecia, algo que nunca fora dito a si.
— Minha mãe viu meus demônios internos e achou que eu era um demônio, ela achou que criou um monstro, então ela…
As palavras saim com dificuldade de sua boca, mas a garota não precisou terminar para ele entender.
— Minha mãe disse que a culpa era minha, que tudo era minha culpa. Mesmo assim, mesmo assim, eu escolhi viver.
Kizimu se sentiu mal em saber de seu passado, provavelmente era algo que ela sentia vergonha, e mesmo assim, ela estava falando para o garoto.
— Eu perdi minha mãe quando pequena, e vivi sozinha nas ruas. Minne me salvou e me trouxe para cá, dizendo que cuidaria de mim. Como… como ela tinha me salvo, eu vivi para servir ela…
Minne, o seu maior mistério até então. Kuzimu tinha algo sentimento em relação a ela, a mesma que indicou a todos da residência procedimentos, quando ele acordou, e mesmo assim, ele não viu ela até agora. Como ela era? Como era sua voz? Pensar sobre isso deixava Kizimu com dor de cabeça, tantos mistérios rodeavam apenas um nome. Mas…
Agora, unicamente deveria pensar na garota em sua frente, que falava com uma voz arranhada. Uma voz arranhada que, de repente, se tornou uma voz cheia de determinação aflorou.
— Eu sou muito grato a Minne, porém. — A garota se ajoelhou sobre um joelho. — Eu não estaria viva hoje se não fosse o senhor, eu fui salva inúmeras vezes por sua pessoa…
Ver a garota ajoelhada, mostrando submissão, uma visão clara de senhor e servo, dava a ele um conforto estranho. Esse era o senhor que ele queria ser. Aquele que salva a todos e que a todos gostam de servir a ele.
— Desde que me encontrou, você não desistiu de mim, ficou no meu pé, ouviu minhas dores, me ajudou, parou momentaneamente minha maldição e ainda me escolheu confiando que seria útil para salvar minha melhor amiga…
Pandora estava feliz enquanto desabafava, ninguém nunca confiou tanto nela. Apenas achavam que ela era um fardo a ser protegido, não que sua força poderia ser útil.
O único que viu sua utilidade foi Kizimu, e ela sentia uma gratidão imensa.
— Eu fui fraca no começo, e novamente você segurou minha mão, você provou que estaria ao meu lado, até mesmo, no fundo, de minha mente…
O discuso da garota, que não gaguejava em sua determinação, com palavras firmes e afirmativas, eram como uma benção de ter lutado tanto. Acordou de seu coma e vivenciou o inferno em poucas horas de sua vida, mesmo assim, determinado a proteger aqueles que conheceu, fez por onde. Essa era sua recompensa.
Sorrisos.
— Eu prometo Kizimu, eu vou viver pelo senhor, eu serei sua, eu vou servi-lo com minha vida, me use para seus objetivos e continue a proteger a todos dessa casa. Me use para o que for preciso, como sua empregada, amiga ou amante, me use como o senhor desejar, pois de agora em diante, eu serei sua. Eu viverei por você.
Ficou sem palavras por um momento, mas tinha que falar algo, ela estava muito feliz. Sem saber o que dizer, ele andou e abraçou ela.
— AH, eu tô tão feliz. Caramba, eu estava tão determinado a te salvar, eu-eu estou muito feliz. Que bom que você está bem e não está sofrendo mais… Eu não sei nem o que dizer.
Pandora se surpreendeu com o abraço e a felicidade veio em uníssono, ela abraçou o garoto de volta e afagou seu coração determinado nele.
O céu límpido brilhava com um sol forte, que coloria as belas flores azuis bebês. O garoto sem memórias e a garota traumatizada finalmente puderam ter o descanso que demoraram tanto tempo para alcançar.
E ali, dentro do jardim escondido conversaram por um longo, longo período.
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A dupla que passou muito, muito tempo colocando o papo em dia, até que escutaram uma voz masculina gritar por Kizimu.
Ambos se dirigiram para fora dos arbustos, em busca da voz que gritava, e viram Kim o procurando.
— Ah, senhor Kizimu, aí está você. Estive procurando-o, é hora do almoço.
Kizimu tinha acordado na enfermaria pela manhã, mas passou tanto tempo com Pandora que já ia se tornar hora do almoço.
— Já?
— Já?! Eu prometi a Esme e Aisha que iria ajudar elas a fazer o almoço. Kim, cuide de Kizimu, por favor. — Pandora deu um último abraço em seu senhor, se despediu e correu para dentro dos corredores.
— E lá foi ela.
— Senhor Kizimu, como está?
— Senhor? Eu já mandei me chamar pelo nome?
— Ã?
O garoto de cabelos loiros, Kim, seu cavaleiro, aquele que confiava tanto quanto confiava em Aisha, era seu amigo. Mesmo assim, os bons modos do mesmo não permitia a informalmente pelo nome.
Kim a todo momento deu um jeito de falar senhor, mesmo que falando sem querer, sua formalidade era tanta, não conseguia se controlar.
— Me desculpe, vou me corrigir, Kizimu, como o senhor está?
— Vai sempre procurar uma forma de colocar senhor na frase, né?
— Ã! Me desculpe.
Kizimu riu da falta de informalidade.
— Eu estou bem, estou muito bem, graças a você.
— Graças a mim?
— Sim, se não fosse sua força, eu não teria conseguido avançar.
— Mas…
Kim estava um pouco mal, já que quando saiu do selo, ele viu seu senhor muito ferido. Ele prometeu proteger seu senhor e não conseguiu cumprir.
No momento em que Kizimu estava ferido, Masha correu para os primeiros socorros e o cavaleiro ficou completamente em choque, achando que perderia o novo amigo que fez.
— Kim, eu ainda sou fraco para ser um bom senhor, mas com meu cavaleiro ao meu lado, sei que poderemos vencer qualquer dificuldade.
— Claro, o senhor pode contar comigo.
— Eu já mandei parar.
Qual era a dificuldade de o chamar apenas de Kizimu?
— Senh… digo, Kizimu, eu fui salvo por seu pai no passado. Ele me trouxe para essa casa e me deu o cargo de cavaleiro de Minne…
O nome Minne atiçou a curiosidade do garoto de cabelos pretos, tudo que poderia ser dado de informação sobre, o trazia o maior foco.
— Ela sempre foi distante em relação a mim. Todos dessa casa, na verdade, são um pouco distante em relação a mim. Com exceção de Aisha que sempre foi amiga de todos. Mas você, desde que me viu, me considerou seu amigo.[
— …
— Eu não, sei como explicar isso, meu passado é tortuoso, e não quero falar sobre isso. Basicamente, eu odeio o meu passado… ter um amigo, me deixa… muito feliz, mais do que imagina.
Dentro do mundo das ilusões, Kim tinha diversos amigos, e observando essa conversa com calma, entendeu que todos aqueles amigos não estavam mais com ele, eram amigos que devem ter encontrado a morte.
A morte que o próprio Kim trouxe.
A culpa inimaginável que corria pelo coração dele, o fazia sentir ânsia do seu primeiro pedido a seu cavaleiro.
‘Se eu não for mais eu, me mate.’
O único amigo de Kim, pediu isso, e então Kizimu sentiu o peso de suas próprias palavras. Seu cavaleiro e aquele que mais confiava no momento, deveria ter o seu respeito.
Queria trazer a mesma felicidade que viu no mundo das ilusões. Esse seria seu novo objetivo, não sabe como, mas faria o sorriso do garoto a sua frente, ser tão belo quanto o rosto que tinha.
Desde que o encontrou, o sorriso que o garoto loiro tinha, era um sorriso triste e desanimado, diferente da alegria energética que tinha no mundo.
Kizimu firmou a determinação de seu novo objetivo. Salvar Kim.
— Kim, eu sou seu senhor, e como seu senhor eu digo. Eu serei o seu amigo, e vou estar ao seu lado, até os confins da terra.
O sorriso triste ainda continuou em Kim, mas ele então se curvou.
— Isso será, uma honra.
A formação de cavaleiro e amo, estava feita, a jornada da dupla teria seu início, e com a animação de praxe, a barriga de Kizimu roncou.
— Acho melhor irmos à cozinha.
— Eu agradeço.
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No caminho até a cozinha, Esme vinha na direção da dupla.
— Esme, onde vai?
— A comida está quase pronta, achei que seria interessante regar as flores.
— A comida não está pronta ainda?
— Não, Aisha disse que tínhamos que esperar Pandora, por que ela queria muito cozinhar. Mas eu não vejo a necessidade de 4 pessoas na cozinha, por isso vim regar as plantas.
Regar as plantas, isso o trazia memórias.
— Kim, eu quero regar as flores também, pode me esperar na cozinha.
— Mas…
— Por favor.
Kim ficou muito incomodado, queria passar o máximo de tempo ao lado de seu senhor e, ao mesmo tempo, queria seguir suas ordens. A contra gosto, o garoto loiro suspirou.
— Tudo bem, tudo bem.
Kim continuou andando enquanto Kizimu seguiu Esme, que ficou um pouco intrigada com a decisão. Sem dizer nada, ambos se dirigiram para fora da casa.
— Eu fiquei surpresa quando você pediu para regar as flores comigo.
— Sério, por quê?
— Talvez um preconceito próprio, não consigo ver o senhor de uma casa fazendo as funções de uma empregada
Fazia bastante sentido, para que serviria as empregadas se o senhor fizesse as funções da casa?
— Mas não tem problema de vez enquanto né? Eu quero me aproximar de vocês e estar perto.
Kizimu andou até uma portinhola e pegou o regador. Quando voltou, Esme ficou surpresa.
— Você estava em coma… como sabia onde estava?
Como ele explicaria a ela que essa era a segunda vez que regou as plantas. Uma vez no mundo das ilusões e agora no mundo real.
— Ah! É… Pandora que me mostrou, eu acho.
A garota o observou com delicadeza, uma certa análise infantil cobriu sua face. A garota tinha belos cabelos turquesa e um dente afiado, desde que a viu pela primeira vez, ela tinha algo muito estranho, pelo menos, até então, não mostrou seu demônio.
O garoto estava um pouco nervoso, já que qual maldição tiver, controlaria ele. Respirando fundo, Kizimu entregou o outro regador para ela e ela sorriu.
— Hihi, sua gentileza me lembra alguém.
Alguém? No mundo das ilusões ele soube de informações que nunca ouviu nesse mundo, deveria descobrir quanto daquelas informações eram realidades.
— Esse alguém seria… Kaleo?
Os olhos da garota de cabelos turquesa se arregalaram.
— Sim! Mas, como você sabe?
Se lembrando um pouco de sua conversa com a garota, lembrou da sua pergunta no mundo das ilusões, e ficou curioso.
— Essa é uma longa história. Isso me faz lembrar. Pode me responder uma dúvida minha? Por que você serve a essa casa? Tipo, você é uma criança, não deveria estar sei lá, com sua família?
No mundo das ilusões ela não soube responder a ele. O que aquela garota pequena estava fazendo servindo uma grande cara?
— Eu não sou criança, eu tenho 13 anos, enfim, faz sentido o senhor não saber… bem, como eu explico isso?
Ela parou um tempo, e ficou com uma confusão clara, como se não soubesse por onde começar.
— Olha, eu sou órfã, isso é a primeira coisa que deveria saber. E eu tenho uma maldição… complicada. Minne e o pai dela foram no orfanato que eu morava e coisas acontecem. No fim, eles me adotaram.
— Então você é irmã de Minne?
— Não, como eu disse, coisas acontecem, não era intenção deles adotarem alguém. Então, eu vim como uma empregada. Cassian que cuidou de mim. Já que o pai de Minne não tinha tempo.
Tudo isso era muito estranho. Por que Minne não aceitou ela como irmã? O que aconteceu no passado dela? Ele tinha a obrigação de salvar a todos, mesmo sem saber como salvaria a todos, será que essa informação tem a ver com salvar ela?
— Minne sempre cuidou de mim como uma amiga, desde que eu era mais nova, mas ela tinha as próprias coisas para cuidar. Respondendo sua pergunta, eu escolhi ser uma empregada, para poder não ficar sendo uma inútil.
— Você não precisa…
Esme balançou a cabeça.
— Você entendeu errado. Eu estou muito feliz como empregada da casa Kuokoa, em comparação a minha vida antiga, agora eu tenho um propósito, uma casa para cuidar e um senhor para servir. Estou feliz que você seja o meu senhor.
Kizimu não entendia o peso que essas palavras tinhas, lágrimas foram vistas escorrem pelo rosto lépido.
O motivo da garota viver na casa, era desconhecido no mundo das ilusões, já que era necessário que ela tivesse uma maldição para ela estar lá.
A garota enxugou suas lágrimas e riu.
— Vamos regar as flores logo, não quero demorar aqui, temos muito o que fazer.
— Ah, claro.
Tudo que ele poderia fazer é ajudar ela, até o dia em que entendesse como poderia salvá-la.
Não demorou muito para que regasse todo o jardim, foi apenas uns 20 minutos com a dupla. A cantoria da garota era familiar.
Não existia uma diferença clara do mundo de ilusões para o mundo real, além da felicidade que não existia nesse, mesmo assim a garota estava tranquila.
Talvez mesmo com a maldição ela ainda consiga ser feliz, ou talvez seja um sorriso falso igual ao de Kim.
Eles enfim terminaram e guardaram os objetos de regar.
— Vamos voltar?
— Por favor, estou morrendo de fome.
O sorriso dela poderia até ser falso, mas era muito belo e vivido. Ela se curvou e agradeceu.
— Muito obrigada pela ajuda, mestre Kizimu.
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Esme e Kizimu entraram na grande casa, passando pelos diversos quadros. O silêncio era incomodo para Kizimu, não sabia por que, mas seu medo involuntário o impedia de começar um diálogo com a garota.
Chegando na cozinha, lá apenas encontraram Masha sentada lendo um de seus livros. Observando em volta, o garoto que deveria estar lá, não estava no refeitório.
— Masha, cadê Kim?
— A parasita chamou o Peste porque a Lunática conseguiu derrubar uma panela inteira de ensopado no chão, então tá um caos na cozinha.
Parasita, Peste, Lunática, no mínimo a mulher é bem criativa. Esme, ouvindo o que mulher de púrpura disse, não se conteve e correu até a porta dupla menor.
— Senhor Kizimu, eu já volto
— Ok, boa sorte.
Com o afastamento de Esme, Kizimu ficou a sós com a bela mulher pele negra e roupas púrpura. A mais bela dentro as mulheres que estavam em sua casa, seu decote sensual e maduro só não o provocava pela sua inocência.
O garoto sentia um medo trêmulo em estar perto dela. Parte por medo de mulher bonita, parte porque Masha era uma mulher desprezível que brincava com corpos mortos, ou por que ela poderia matar os residentes apenas para aprender mais sobre eles.
Sem muito assunto para conversar, pensou sobre o ensopado caído.
— Masha, se está um caos na cozinha, por que não ajuda eles?
— Eu estou proibida de entrar na cozinha.
Proibida?
Por quê? O que torna alguém proibido de ir à cozinha? Ela roubou comida? Ela esqueceu de lavar as mãos e agora está proibida? Quebrou pratos? São tantas possibilidades que ele fica muito confuso.
— Por quê?
— Quer mesmo saber?
Engoliu o seco com a pergunta feita com um olhar malicioso, era como se Masha fosse o devorar apenas com seu olhar.
— Quero. — firmou sua determinação.
Ela deu de ombros e riu.
— Em um determinado momento da minha estadia aqui, eu fiquei interessada em fazer a comida. Mas… hihihi. — ela ficou interessada em fazer comida? Uma mulher egoísta que só pensa em seus desejos próprios? Kizimu ficou interessado no motivo, e então se arrependeu.— Eles descobriram que eu coloquei venenos e traças na comida.
— Por que você colocou venenos e traças na comida?!
— Em relação ao veneno eu queria saber quanta dose era preciso para uma pessoa ficar envenenada e a traça, eu queria saber qual a quantidade faz a comida ter gosto de traça.
Kizimu ficou incrédulo, pensou milhares de possibilidades, mas isso nunca passou pela sua cabeça. Ele suspirou e riu.
— Você não presta.
— Hihihi.
— Mas você é minha pesquisadora, e como é parte de minha residência é importante para mim.
Masha fixou seu olhar nele por um momento e ele ficou tenso em ter uma mulher tão linda o olhando. Seu batom vermelho e olhos castanhos. A garganta do garoto ficou seca e ele se firmou.
— Importante… é? Garoto, aproveitando que você está aqui, gostaria de conversar algo.
— O quê? — Kizimu se sentou.
— Eu fiquei pensando sobre a invasão… foi tudo muito estranho.
A invasão.
Samuel o padre entrou na casa pela porta da frente e depois todas as janelas se quebraram e diversos corpos mortos entraram na sua casa.
— Era como se o líder deles já soubesse onde todos estariam. Pelo que eu soube, todos foram atacados, cada um no local onde estavam.
— Agora que você disse. Bento invadiu onde estávamos e a criança loira atacou Pandora. Eles sabiam exatamente onde cada um de nós estávamos.
— Exatamente, como se alguém de dentro tivesse soltado a informação.
Quem poderia soltar a informação…?
— Minne?
— Eu pensei nisso também, mas com certeza não, você e Amelaaniwa são mais importantes para ela do que você imagina.
— …
Não sabia nada sobre Minne, não sabia se poderia confiar nela. Mesmo assim Masha, que não se importava com ninguém afirmou isso, confiava em sua pesquisadora.
— Então alguém de dentro vazou informações?
— Ou eles têm outra forma de conseguir informações de dentro.
— Posso pedir para investigar isso?
Masha sorriu com malícia.
— Com prazer.
A porta dupla menor se abriu, de dentro saiu Esme, Pandora, Aisha, Cassian e Kim, cada uma leva em suas mãos formas com comida, lasanha, escondidinho, ensopado, suco, refrigerante e outras guloseimas.
— Vamos comer família!
Aisha gritou animando o ambiente e no instante em que gritou, Amelaaniwa entrou na sala, pronta para comer também.
Amelaaniwa, ele não viu a garota desde que conversou com ela no quarto dela. Ou melhor, ele não conversou com ela desde que a viu no mundo das ilusões.
No mundo, a garota era muito diferente, alegre, divertida e infantil. Ela no mundo real era fria e quase robótica, não expressava nenhuma emoção, claro ela não era humana.
Sua expressão fria lembrava o próprio Kuzimu, que nunca reagia, ambos eram maldições que tomavam controle do corpo completamente. Mas era diferente das maldições de Pandora que todos tinham suas emoções e personalidades.
A irmã de Minne se sentou e o pescoço e de Kizimu foi envolto por braços finos.
— Querido irmãozão, eu fiz a lasanha, quero sua opinião hein.
— Claro, claro.
Kizimu abraçou o braço que o envolvia e sentiu o conforto do calor em seu corpo. Era confortável como se ela fosse o lar dele.
Não sabia o que dava esse sentimento, mas gostava de estar com sua amiga Aisha.
— Certo vamos comer.
— Sim, por favor, vamos.
Aisha se sentou ao lado de quem considerava irmão e tanto Kizimu quanto Aisha falaram ao mesmo tempo. — Obrigado pela refeição.
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Todos conversaram sobre a última batalha, enquanto comiam a bela refeição. Mesmo falando de coisas aterrorizantes a conversa era cheia de sorrisos e uma alegria contagiante.
Com passar de um longo tempo, Amelaaniwa terminou de comer e sem dizer nada ela apenas se levantou.
— Ah! Mel, um momento, eu quero conversar com você. Aisha, por favor, depois vamos assistir anime, já vá separando um bem divertido.
— Com todo prazer!
Aisha presentou continência em uma animação de praxe e Kizimu se colocou ao lado de Amelaaniwa, que sem responder ao garoto, apenas saiu da cozinha.
Não aconteceu uma conversa até ambos chegarem no quarto. O silêncio incomodo causava uma tensão clara. Quando chegaram no quarto, a garota se sentou em uma poltrona que tinha perto da própria cama.
— O que gostaria de falar comigo? Senhor Kuzimu.
A mente de Kizimu doeu, sinos e chiados se sobressaíram e ele então lembrou. Kuzimu disse que agora ele voltaria se seu nome fosse dito.
— Por favor, me chame de Kizimu.
— Certo, senhor Kizimu.
O garoto de cabelos pretos respirou fundo com a dor de cabeça, com dificuldade, pegou uma cadeira de madeira simples e sentou na frente da garota.
O garoto olhou em volta e lembrou do quarto no mundo das ilusões, era muito diferente, tinha diversos ursos de pelúcia e era uma bagunça descontrolada. Muito diferente do lugar limpo e arrumado que se encontrava.
— Antes de entrarmos no assunto… eu gostaria de te conhecer mais.
— Pergunte o que quiser.
— Você… gosta de desenhar?
— Desenhar?
— Sim com tinta.
A garota parou por um momento, enquanto refletia, isso gerou uma nostalgia em relação a Kuzimu.
— Nunca pensei em fazer isso.
— Gostaria de tentar?
— Na verdade, não, eu tenho meus hobbies, como ler e tomar chá. Eu agradeço a preocupação.
A garota definitivamente era diferente de quem conhecer no mundo. Quem era a Amelaaniwa que conheceu no mundo das ilusões? Talvez…
— Você disse que a irmã de Minne reside em você, certo?
— Isso está correto. A garota está dentro de mim, eu diria.
— Você… — o que ele estava tentando falar? — Você consegue trocar com ela?
Novamente Amelaaniwa parou e refletiu, uma típica forma de agir de uma maldição misteriosa com ela e Kuzimu.
— Isso não é possível. É como se minha existência fosse forte demais para residir ao mesmo tempo, em que a garota.
Salvar a todos…
— Então como? Como eu posso salvar você e a irmã de Minne?
— Isso é algo que apenas você pode descobrir.
Todos os mistérios rodeavam apenas uma decisão, um objetivo, algo criado desde antes dele acordar, um cenário preparado desde o começo.
Todas suas dúvidas rodeavam um grande questionamento que foi preparado como palco para seu maior objetivo. Tudo era respondido com apenas…
Um nome.
— Mel, lembra o que eu disse na última vez que nós encontramos?
— …
— Eu quero que me conte tudo que você sabe sobre, Minne Kuokoa.
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Hora do chá
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Yahalloi
CaiqueDLF aqui!
Finalizamooooos.
Arco 1 finalizado com exito.
Nossa história teve o final do seu começo com sucesso, e como hipocrisia, o verdadeiro Lost Memory se inicia. Novos conflitos, novos problemas, e novas interações.
Dia 1 de agosto já iniciarei o arco 2, então, não se preocupem, nossa história não vai acabar, ou ficar com 1 mês de hiato, como eu acabei fazendo momentos atrás.
Se vocês tiverem qualquer pergunta sobre a obra, esse capítulo, eu responderei coisas, até mesmo com spoilers leves, se precisar, então, não tenham medo, sejam felizes.
Muito obrigado por acompanhar essa historia até aqui, é um sonho se realizando, e novos sonhos estão apenas se iniciando.
Eu aguardo você para o próximo arco.
Arco 2: O filho do medo
Bye bye.
Ass: CaiqueDLF
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