Capítulo 161 — A noite chegou mais cedo… (2)
— Hein? — O general segurava um guarda desacordado com a mão esquerda, puxando pela camisa preta do homem.
O guarda que fez o anúncio ainda estava distraído vigiando o outro lado, quando, na realidade, Theo já estava ao seu lado com mais um colega nocauteado.
— Facção rival? Nah. Eu sou da Legião de Alsuhindr.
— A Legião… Argh!
O sangue do guarda voou e caiu na ombreira de Theo, enquanto o próprio homem despencou de quase dez metros. Antes de ser esmagado no chão, Theo usou o vento para reduzir a queda.
— Oito — informou no comunicador.
O galpão foi iluminado com disparos de armas de fogo, todos direcionados para a plataforma que Theo estava.
O general saltou e se estagnou no ar, levitando brevemente graças a uma espada de vento.
“Vamos aprender algo novo com você, al-Riyah.”
Parado no ar, uma onda de vento saiu de Theo e se expandiu pelo ambiente.
Os projéteis das armas de fogo pararam no ar. Consequentemente, ondas de vento afastaram a atmosfera e acertaram o restante dos guardas com uma pressão avassaladora, o suficiente para apagá-los subitamente.
“Ressonância elementar mais conhecimento de al-Riyah, é igual a absoluto!” ponderou Theo.
Com Theo ainda no ar, descendendo casualmente enquanto o vento soprava num domo suave, Selina correu por debaixo do general e avançou para o contêiner.
Com as adagas lunares na mão, Selina executou um corte capaz de rasgar o metal como papel, revelando a luz que se mostrava pelas brechas.
A cena chocou Selina.
Pessoas torturadas estavam no chão, mutilados e banhados pelo próprio sangue, amarrados com roupas sujas e cordas firmes. Dez pessoas encontravam-se nesse estado.
Moris e Jack chegaram no local, encontrando Theo ainda pousando no chão. Ele havia entrado num estado de admiração: aquela sensação foi bela.
Um guarda agonizou no chão, se arrastando até a parede e resmungando de uma dor no abdômen.
Theo olhou para o Titã, que estava avançando na direção do guarda.
— Ei, Titã. Ele queria que a noite chegasse logo — disse Theo.
— Ah, é? — comentou Moris, em sussurros irônicos.
O Titã deu um soco forte que apagou o guarda.
— Boa noite.
Moris ficou de guarda na entrada, enquanto Theo e Jack caminharam até Selina.
O general Mason usou um túnel vetorial e chegou ao lado de sua companheira. Ambos ficaram assustados com a cena.
— Desgraçado. — Theo rangeu os dentes, sua máscara da lua desaparecendo.
— Isso não são mais crimes… É banalização.
— Psicopata de merda.
Enquanto caminhava até os dois colegas, Jack decidiu averiguar o ambiente. Para uma situação como aquela, era impossível que um galpão tivesse quinze guardas e nenhuma cabeça por trás.
O agente Glaciel caminhou inseguro, atento até aos barulhos da tempestade. O sexto sentido estava apitando, como um alarme de incêndio.
Ele se aproximou de uma caixa de madeira.
A poeira entrou em seu nariz, o fazendo fungar um pouco. Teias de aranha tomava alguns cantos inóspitos.
Jack pôs a mão em cima de uma caixa e a poeira tomou de conta, deixando suas mãos totalmente sujas e, ainda assim, a madeira empoeirada.
O agente se esticou por cima da caixa e buscou olhar o que tinha atrás; o motivo de sua inquietação.
O ar estava abafado e quente.
Mas… De repente, um vento soprou na cara do agente Glaciel.
Quando notou, Jack olhou para cima e viu uma pessoa saltando tão alto quanto as plataformas superiores.
No mesmo instante, duas janelas de vidro se quebraram e chamaram atenção de Theo e Selina.
Jack ainda agiu rapidamente, criando um espinho de gelo que atravessou todo o galpão e rasgou o telhado.
O homem que estava fugindo, trajado totalmente por uma batina vermelha com uma cruz dourada, aproveitou a criação do espinho e se equilibrou para fugir pelo buraco no teto.
Instantaneamente, Theo usou um túnel vetorial para perseguir o indivíduo.
Serach saltou por uma das janelas quebradas e alcançou rapidamente um dos fugitivos, sendo capaz de interceptar a fuga em pouco menos de um minuto.
Para o azar do terceiro indivíduo, Moris conseguiu interceptar antes que saísse do galpão: o fugitivo tentou fugir pela frente da estrutura, mas o Titã previu e o captou facilmente.
Theo, no entanto, não conseguiu acompanhar perfeitamente seu alvo. O homem entrou nas vielas do subúrbio e se escondeu como um nativo, encontrando as rotas mais inapropriadas.
A tempestade chegou a ajudar o homem, já que Theo tinha uma certa dificuldade para se adaptar à rotação desnorteada do vento.
Quando ele recarregou sua habilidade de túnel vetorial — havia estourado o limite quando utilizou a habilidade inúmeras vezes no galpão — o General Mason precisou de apenas três investidas com o túnel para achar o alvo.
O homem fugia pelas vielas, se espremendo pelas casas e corredores apertados, saltando escadas e se desequilibrando devido ao cansaço e a chuva insistente.
Theo, por outro lado, tentava o alcançar pelo telhado, sempre tentando prever sua rota de fuga e persistindo em acertar o ponto futuro.
Para a infelicidade do homem, o General descobriu para onde ele pretendia ir. Embora pegasse corredores que fossem para o sentido oposto, ele sempre tentava fugir na diagonal, indo em direção ao centro de Kiescrone. Tanto Theo quanto o fugitivo sabiam que iria demorar horas de fuga, por isso, o General agiu.
Chamas escaparam da boca de Theo.
“É hora de lhe estrear.” pensou Theo, saltando para o centro do beco de forma majestosa, com os braços abertos e de costas para o chão.
Pensando no cristal que ganhou após derrotar o troll, o General ponderou muito em como iria criar um sigilo a partir daquilo. Em como usar a troca equivalente para tornar um minério tão ancestral em uma arma poderosa…
A resposta estava em sua mente.
Não pensar, apenas saber o que tem que ser feito e fazer.
Theo fez isso na pura improvisação e no calor do momento.
A partir de um cristal reivindicado do corpo de um troll guardião, com o pacto correto e o sigilo aplicado, nasceu…
— Venha até mim…
Theo despencou de ponta cabeça contra o chão.
[Zenith]
O éter tomou forma na mão de Theo: não apenas as propriedades do cristal, mas a própria energia etérea se juntou para a formação daquele artefato.
É claro, os encantamentos que Theo aplicou a partir da troca equivalente desejou muito da energia de seu núcleo. Mais especificamente, três quartos do núcleo foi sacrificado.
Chamas, junto do éter, tomaram a mão de Theo.
Um cabo ornamental se encaixou perfeitamente em sua mão, se fundindo com uma guarda discreta. A lâmina foi sendo projetada como se o vento estivesse expandindo, formando uma bela lâmina, longa e fina, prateada com tons verdes intensos nas bordas.
O brilho mais puro do núcleo de Theo bordava toda sua estrutura.
Por fim, Theo despencou no meio da viela como uma bola de fogo.
Ele caiu de joelhos com a espada cravada no chão, emanando chamas por uma pequena região. Entretanto, as chamas eram tão intensas que fez a chuva virar vapor.
A garganta do fugitivo secou intensamente.
Toda a água de seu corpo foi reduzida drasticamente.
O homem travou quando viu as chamas tomarem a viela por inteiro.
Um sorriso meigo escapou do rosto de Theo. Consecutivamente, uma explosão de vento inundou as chamas e afastou tudo no ambiente: até a direção da chuva foi alterada.
O homem foi levemente empurrado para trás no processo, caindo de bunda no chão e sem poder sequer dizer uma palavra.
Quando o show elemental cessou, demorou cerca de dez segundos para a chuva voltar ao estado violento — apenas naquela viela.
Um raio caiu, iluminando o céu. Theo foi tomado por uma sombra e um olhar forte que rasgava aquele clima tempestuoso.
Ele encarou o homem de cima, mas Serach roubou sua presa.
Selina apareceu entre Theo e o fugitivo como se tivesse sido trazida pelo vento.
Seus cabelos, curtos e pretos, caíram molhados acima da máscara da lua. O brilho azul de seus olhos tomaram o vazio escuro da máscara, fazendo aquela visão se tornar a mais próxima de um conto de terror.
Ela aproximou seu rosto da face desesperada do homem e, pondo suas adagas da lua na garganta do invidio, inquiriu com um tom soberano e competente:
— Onde está o desgraçado por trás disso?!
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