Capítulo 252: Escolha do Destino (8/12)

O rosto de Seol Jihu se tingiu de choque.

O Paraíso tinha várias regras não escritas, mas a mais tabu de todas era tomar posse de uma ruína que já havia sido descoberta por outra organização.

Como o valor de uma ruína era inimaginável e praticamente infinito, isso gerava inúmeros problemas, sendo a principal causa de conflitos entre Terrestres até alguns anos atrás.

Embora as disputas tenham diminuído depois que os Sete Reinos estabeleceram a lei de que ‘todos os direitos sobre uma ruína pertencem ao primeiro descobridor’, os conflitos ainda surgiam de tempos em tempos.

O problema era que, sempre que esses incidentes aconteciam, a situação costumava ser vaga o suficiente para gerar ainda mais controvérsia.

Provar que alguém foi o primeiro a encontrar uma ruína já era difícil por si só, e mesmo que conseguisse, não havia garantia de que conseguiria reivindicá-la para si.

Como resultado, o método mais seguro era manter a descoberta em segredo até o início da expedição, mas esse também não era um método perfeito.

Se alguém descobrisse a ruína durante o período de preparação e alegasse que era sua, lidar com isso seria ainda mais difícil.

De qualquer forma, como conflitos por posse de ruínas eram extremamente complicados, muitos achavam melhor simplesmente não se envolver.

Seol Jihu engoliu em seco e continuou a ler o relatório.

Ao ler até esse ponto, Seol Jihu saltou do sofá.

Seol Jihu não conseguiu contato algum com Kim Hannah durante a manhã e só conseguiu falar com ela com dificuldade ao meio-dia.

Ela comentou sobre como seu dia estava uma loucura e foi direto ao ponto:

— As coisas estão ficando bem interessantes, né?

— O que aconteceu?

— Há dois pontos que são problemáticos na superfície. — Kim Hannah levantou o dedo indicador e o médio, fazendo um ‘V’. — O primeiro problema é que o informante vendeu a informação primeiro para a PAX, e depois revendeu a mesma coisa para a Rosa Branca. Corajoso da parte dele. Bem, isso é óbvio, então não vou me alongar. — Kim Hannah dobrou o dedo médio. — O segundo problema é que a Phi Sora seguiu com a expedição por conta própria. Um detalhe importante é que a PAX só fez a reclamação depois que aquela boca suja zarpou do porto.

— Quando você diz ‘problemático na superfície’… quer dizer que, por dentro, é outra coisa?

— Obviamente. Tem pontos estranhos demais pra simplesmente dizer ‘Ah, entendi~’. — Kim Hannah lambeu discretamente o lábio superior.

— Para de complicar as coisas. Esvazia a mente e foca só em distinguir o culpado da vítima.

— Isso deve ser fácil.

Apesar de o caso estar todo embaralhado e confuso, os papéis eram claros. O informante era o culpado, enquanto a PAX e a Rosa Branca eram as vítimas.

— Por quê? — Mas Kim Hannah fez uma pergunta. — Quem foi que disse que o Bok Jungsik é a vítima desse caso?

O líder da Rosa Branca não era uma vítima?

— O próprio Bok Jungsik não disse isso? Que, por não conseguirem encontrar uma organização parceira, cancelaram o plano da expedição pouco antes da partida.

Seol Jihu assentiu com a cabeça.

— Isso significa que eles cancelaram por vontade própria. Abandonar voluntariamente uma expedição antes mesmo de algo dar errado… não quer dizer que eles já tinham decidido aceitar o prejuízo desde antes?

Kim Hannah enfatizou o ‘já’, apontando a implicação de que a expedição não foi cancelada por causa dos protestos.

E ela tinha razão. Seol Jihu se atrapalhou.

— M-Mas…

— Pois é. E, como resultado, aquela vadia boca suja forçou a expedição. Dá pra ver ela fazendo isso, fácil.

— Mas por quê? Se o líder cancelou a expedição, ela não devia ter ido, certo?

— É isso que você pensa. Mas aquela desgraçada é o trunfo da Rosa Branca. Ela é quem manda de verdade. Embora o Bok Jungsik seja o mestre da guilda no papel, ele é só um fantoche.

Era verdade. Bok Jungsik definitivamente não parecia ter muita influência. E Seol Jihu já tinha visto como ela era descontrolada. Mesmo assim, não imaginava que Bok Jungsik fosse apenas um enfeite.

— E tudo isso aconteceu antes da PAX tornar a questão pública. Eles trocaram 10 moedas de ouro por essa informação, confirmaram a existência da ruína… e aí cancelaram tudo de repente por um probleminha depois de meses de planejamento? Não faz sentido nenhum. — O rosto de Kim Hannah se aproximou no cristal. — Tem outra coisa que me deixa desconfiada — sua voz baixou para um sussurro. — Dez moedas de ouro não é brincadeira. São 500 milhões de won. E quanto você acha que eles gastaram na preparação? Cancelar tudo de repente significa jogar esse investimento no lixo. O que você acha que passou pela cabeça dos membros? Você também não teria duvidado da competência do líder?

— E onde você quer chegar?

— Olha o quadro geral. Um idiota que já estava em posição delicada arma uma situação em que precisam avançar mesmo sem chance de lucro e, do nada, decide desistir. Olhando agora, depois da explosão do problema, não parece que tudo foi armado?

“Depois da explosão do problema?”

Seol Jihu se sobressaltou.

— Espera. Então isso quer dizer que a senhorita Phi Sora está…

— Fodida — Kim Hannah resumiu em uma palavra. — No momento em que aquela desgraçada agiu por conta própria, toda a responsabilidade caiu sobre ela. E não importa o quanto a Rosa Branca ache que foi injusto, a realeza provavelmente vai ouvir o lado da PAX, que comprou a informação primeiro. Agora, pra encerrar…

— …

— Se ela morrer lá, acabou. Mesmo que sobreviva de alguma forma, vai afundar em controvérsias. Ou seja, com ou sem sucesso da expedição, o resultado final já está selado — Kim Hannah esboçou um leve sorriso. — Tirando o informante, quem mais vai lucrar com isso…? Quem?

Seol Jihu encarou o cristal, em silêncio.