Capítulo 112 — Luta entre amigos de mesma função.
Arrumados, Kevyn, Night e Gabriel passaram por um portal e chegaram até um palácio que refletia a luz da lua pelos cristais em sua estrutura tão delicada.
Todo aquele oportuno animou o garoto, que ao ver uma estrutura tão frágil à beira de um penhasco, andou na frente para apreciar tudo aquilo.
Agarrada em seu braço, a garota demônio caminhou junto a ele. Vendo que não poderia ficar para trás, o lorde caminhou na frente para eles não se perderem.
Por uma ponte, assim como o castelo feito de obsidiana quase transparente, o príncipe ainda mais se excitou com toda aquela maravilha.
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Dentro do edifício, Gabriel guiou-os consigo e, ao passar por escadas que pareciam terem sido feitas por gigantes com mínimos detalhes e ainda assim, no tamanho humano. No final, diversas portas enfileiradas, como se os quartos fossem da mesma espessura, ou o mesmo lugar.
O lorde sorriu para os dois e então perguntou:
— Vocês não se sentem mal com viagens dimensionais, né?
— Quê? — O casal perguntou simultaneamente.
Levando sua mão até uma das maçanetas, o homem abriu-a, e do outro lado, uma esquisita sala como uma escadaria?
— Vamos lá, eu já estou um pouco atrasado. — Gabriel atravessou a porta.
Mesmo sem entender completamente, os dois seguiram-no e, do outro lado, uma enorme arquibancada. Lá embaixo, onde seria arena, estava Zeo olhando para seu relógio.
Tudo era feito de mármore branco, menos onde os lordes iriam lutar, que banhado de uma verdejante grama, o tamanho inteiro do local era colossal, até mesmo a arquibancada.
A escadaria antes vista era na verdade os enormes degraus vistos de muito longe, que agora eram perceptíveis de uma das pontas do estádio.
Abismado, Kevyn foi até a ponta do degrau para ver o quão grande era a queda e, com um sorriso, ele olhou para seu irmão e disse:
— Essa é uma arena para gigantes ou o quê?!
Vendo-o tão animado, Gabriel sorriu de volta e respondeu: — Gostou? A arena é indestrutível, sabia?! Fique à vontade para correr pela arquibancada, eu te dou essa liberdade, huhu!
— Oh!
— Enfim, tô atrasado! Tchau!!! — O lorde saltou dali e desceu para chegar na arena.
— Vamos descer também, daqui de cima quase não vai dar para enxergar eles lutando — disse Night, que pegou seu amado no colo e pulou para descer um dos degraus.
— Ei! Aaaahhh!!! É alto!!
Um leve sorriso se fez nos lábios da demonio, que abriu asas demoníacas e disse: — Surpresa! Eu sei voar! Kukukuku!
— Quê?! Desde quando?!!! Por que nunca me contou sobre suas asas?! — Surpreso, Kevyn franziu sua testa.
Corada, a garota planou até o último degrau ainda com um enorme sorriso. — Você nunca mostrou as suas, não tinha porquê.
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— Bom dia, Zeo! — Com seu braço erguido, Gabriel foi até seu oponente sorridente.
— Boa noite, Gabriel — respondeu o dragão, que parou de olhar seu relógio e bocejou.
— Cansado como sempre, velho dragão!
— E você sempre sorrindo, metadinha.
— Huhu… metadinha? Pelo visto tá na vontade de lutar desde que ele arrancou seu braço, não é? Pelo menos, você tá mais parecido com sua foice agora.
Uma leve risada veio de Zeo, que se espreguiçou e o respondeu: — Você por acaso entendeu a minha piada? Olha só para você, também não tem braço, seu gay.
— Ah! Hahaahaha!!! Bobo, não gosto que me faça rir antes da luta! — Gabriel cerrou seus punhos e, de face tão leve, se pôs em guarda alta.
— É difícil lutar com alguém tão bom em combate, tá podendo usar espada, ou nada a ver?
— Lute como quiser, eu vou vencer!
— Oh! Então vamos! — Zeo firmou seus pés e respirou fundo.
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— Ei! Você não vai assistir a luta Yahwehko? — Uma mulher negra de cabelo longo chamou.
Deitado sobre a arquibancada, o homem chamado levemente abriu seus olhos cinzas para vê-la. — Essa batalha já acabou. — O fechar de seus olhos com pupilas que pareciam espiral, seu cabelo negro com leves pontas platinadas voaram em meio ao vento.
— Ah… claro… — Entediada, a garota de olhar roxo fitou a arena.
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Deslize veloz carregado pela força de dois poderosos lordes. Grama real tão lisa e leve que traria locomoção até que os punhos se encontrassem em uma onda de choque inevitável.
Toque suave, “quase imperceptível” causou uma rajada de vento tão intensa que arremessaria uma multidão ao longe. Ainda assim, o solo permaneceu intacto, totalmente indiferente pelo colidir.
Mais forte, Gabriel deslizou seus pés pela grama de forma intencional. Tão próximos, com rápido mover de seus cabelos loiros, veio um chute, uma tentativa certeira de baixo para cima.
Entretanto, o dragão já tinha tudo sob seus olhos cautelosos para prever aquele ataque tão bem executado. Totalmente calculado, uma força inerente levou a Zeo desviar seu rosto para trás.
Mesmo ao errar, para neutralizar um possível contra-ataque, o homem de cachecol um mortal deu. Em meio ao ar, já recobrou sua compostura. Ainda sem seus pés no chão, algo que já esperava ocorreu.
Fios, cordas para lhe dilacerar. Impossíveis de recuar, nylon afiado, pronto para rasgar a pele do loiro.
Por um fio, mas com as mãos em devaneio, surgem gestos que apontam para algo além do acaso. Cortes de vento. Troca de poderes, colisão das oportunidades. Gabriel, da sua magia, se defendeu com outro ataque.
— Usando magia, Gabriel? — perguntou Zeo com um sorriso no rosto.
— Você já começou com essas cordas, não gosto delas! — Finalmente com seus pés no chão, debochou o lorde de cachecol, que levantou os braços em rendição.
— Podemos começar de verdade? — Reconstruindo seu braço agora feito de cordas, o dragão fechou seus punhos e ficou em posição de combate.
— Eu só estava te esperando, Zeo-kun. — Metade luz e escuridão, um braço dessa combinação Gabriel criou para substituir a falta do seu membro superior.
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