Índice de Capítulo

    O trio Aisha, Kizimu e Pandora chegaram em sua residência. A garota, que parecia uma colegial japonesa, não estava se sentindo bem, então apenas pediu um tempo e foi para o seu quarto. Kizimu e Pandora foram para a cozinha onde a garota fez a janta do garoto.

    Pandora ainda tinha funções na casa, então logo deixou o garoto sozinho.

    — Bem… eu ainda não vi Althea hoje, acho que vou fazer um check-up.

    Kizimu andou até a enfermaria. Pensando um pouco, essa foi a primeira vez que andou até lá, todas às vezes ele acordou lá por alguma emergência. Kizimu bateu na porta e ninguém respondeu. Bateu mais uma vez e nada. 

    Como era a enfermaria, não deveria ser o quarto de ninguém, então entrou no cômodo.

    — Estou entrando.

    A entrada logo ao lado tinha outra porta, que era um quarto de descanso separado, tinha memorias ruins daquele quarto. Ligou a luz e andou até o centro. O quarto tinha diversas camas separadas por cortinas, no final tinha uma janela grande e uma mesa com diversos equipamentos de medicina.

    Passou pelo quarto aprendendo sobre, e notou um corpo sobre uma das camas.

    Era bela, tinha um corpo inocente e pouco desenvolvido, seu cabelo curto era de cor creme. Seu rosto adormecido era algo confortável de assistir, abaixo de seu olho esquerdo tinha uma pinta linda. Kizimu sentou em um banco que tinha perto da cama e acariciou seus cabelos. A garota delicada tinha uma aparência de adolescente, mas já soube pela “irmã” que ela era adulta.

    O cafuné fora de hora foi confortável para a garota adormecida, e ela fez grunhidos adoráveis. A mesma segurou feliz a mão de Kizimu e puxou para seu busto, abraçando-o. Kizimu se sentiu confortável, mas lembrou que sua irmã disse que não deveria encostar nas partes íntimas das garotas.

    Nesse momento um rubor correu pelo seu rosto, ao se lembrar de Masha. Kizimu retirou bruscamente sua mão de onde não deveria e lentamente Althea acordou.

    — Oi… Que fofo, veio me ver dormir?

    — Eu gostaria de fazer um check-up.

    — Tudo bem. Deixa eu ir ao banheiro primeiro.

    Bocejou com uma voz sonolenta.

    Por que a garota estava dormindo lá? Ela não tinha um quarto?

    — Eu não vejo você na mesa na hora de comer, o que aconteceu?

    — Eu não tenho costume de comer com todos. Na verdade, ninguém aqui tem.

    — Entendi… e seu quarto, você não tem?

    — Fufufu, você está curioso com meu quarto? Quer ir ver?

    Althea se levantou e saiu rindo dizendo um “brincadeira”, a garota foi até o banheiro, deixando Kizimu sozinho. Althea tinha um dos sorrisos mais fáceis de ganhar. A mesma parecia estar sempre de bom humor, igual a sua irmã. O que lhe faz pensar, o que deixou Aisha tão mal?

    Eles conheceram alguém ligado ao passado de Kizimu…

    Uma das coisas mais curiosas sobre a interação, é que existiu um acidente na sua casa, que fez ele parar de ir a escola?

    “Você ainda tem medo das chamas?”

    Por que Kizimu tinha medo das chamas? Tinha relação com o acidente na casa?

    Perguntas e perguntas, mas nenhuma resposta.

    Althea logo chegou com sua roupa de médica. Era engraçado aquela adolescente — Adulta — fingindo ser medica.

    A garota seguiu com o check-up, e tudo fluiu como sempre. Kizimu queria ver o sorriso de todos, mas ela que fazia piadas e fazendo o garoto rir. Era confortável, Althea era divertida e brincalhona, e ver alguém assim deixava uma lacuna de tristeza por não saber o que ocorreu com Aisha.

    — Kizimu. Não precisa se forçar tanto.

    — Me forçar?

    — Está indo para cima e para baixo hoje, acho que está tentando alguma coisa, não é?

    Droga, fui descoberto.

    — Por que não desabafa?

    — …

    Althea se sentou ao seu lado e colocou a cabeça do garoto em seu ombro, fazendo carinho na sua nuca.

    — Pode falar para a titia.

    — Titia é… — Kizimu riu.

    Kizimu ficou em silêncio por um tempo. Ele tinha que salvar a todos. Ele tinha que proteger a todos. Ele era o senhor daquela casa. Ele tinha que trazer os sorrisos que ganhou no mundo das ilusões. Disse que traria sorrisos, e então, o que precisaria fazer para ter os mesmos sorrisos daquele dia alegre?

    — Quando invadimos o castelo… um dos inimigos me colocou em uma espécie de mundo de ilusões.

    — Mundo de ilusões é… e o que você viu?

    — Sorrisos. Eu vi sorrisos. Um dia alegre como nunca tinha sentido antes. Desde que eu tinha acordado, apenas vivenciei o inferno, então ver aquele dia alegre, sentir como se todos os dias fossem perfeitos. Eu prometi que traria aquele sorriso para fora daquele mundo.

    Althea acariciava seu cabelo. Lagrimas saíram do rosto do garoto de cabelos pretos.

    — Sorrisos é… isso é complicado. Nem sempre vamos estar sorrindo. Cada um tem o seu problema, e ainda mais nessa casa. Todos têm um passado complicado. Se você ficar com esse peso nos ombros sobre trazer sorrisos a todos, vai… se machucar.

    — Mas eu prometi! — Kizimu saiu dos braços dela e olhou-a nos olhos, a mesma devolveu com um peteleco no nariz.

    — Aiii.

    Althea se levantou.

    — Você pode até tentar todos os dias trazer sorrisos, mas vai ser amaldiçoado a isso, e quando alguém não sorrir, vai se sentir mal. É impossível um mundo de felicidades; por isso, é o mundo real. O mundo que viu, foi um mundo de ilusões, e isso é o nome. Por isso, deve focar no agora. Foque em apenas ser feliz e alegre. Foque na sua felicidade.

    — …

    Althea se abaixou para ficar na mesma altura dos olhos do garoto sentado.

    — Eu entendo que queria trazer sorrisos, mas foque no seu sorriso.

    O sorriso de Pandora, ele conquistou. O sorriso de Aisha ele se perdeu. O sorriso de Kim ele nunca alcançou. Esme escondia seu sorriso em uma casca de perfeição. Cassian sorria para esconder a raiva do tempo. Amelaaniwa não sabia o que era um sorriso verdadeiro. E o seu sorriso? Era verdadeiro?

    — Obrigado, acho que entendi…

    — É mesmo? Fico feliz, veja você alcançou meu sorriso com isso.

    — Ah!

    — Não fique triste pelos sorrisos que não alcançou e foque nos sorrisos que alcançou. Claro, se for ganancioso, busque uma forma de ganhar mais sorrisos, mas saiba que vai ter que ser bem mais intrometido nos sentimentos deles.

    — Entendi…

    Toc, toc, toc.

    Althea disse um “entre” e logo Esme entrou com a janta da garota.

    — Pequena, muito obrigado.

    Esme fez saudação pueril. Kizimu aproveitou a presença da garota para pedir sua ajuda.

    — Esme, acho que Aisha não vai querer ver anime hoje, pode me levar até meu quarto?

    — Claro, venha comigo.

    Kizimu não sabia onde era o seu próprio quarto, então Esme seria de grande ajuda.

    — Tchau Althea, e obrigado pelos concelhos.

    — Pode falar com a titia que eu ajudo.

    — Hehe.

    Kizimu se despediu de Althea e andou até seu quarto junto a Esme. Subiram as escadas e foram até o terceiro andar, andando pelo caminho que ia até o quarto de Amelaaniwa, mas não entraram. O final do corredor tinha 3 portas, uma a esquerda, o de Mel, da direita, que não sabia de quem era e Esme abriu a porta do centro.

    — Aqui é o seu quarto, senhor Kizimu.

    — Entendo…

    — Irei voltar até minhas funções agora, obrigado pelo dia de hoje.

    Esme se curvou e logo foi-se, Kizimu despediu-se e a garota deu um tchau com uma saudação perfeita.

    Desde que ele acordou, em uma terça-feira aleatória, ele nunca visitou o próprio quarto. Não sabia o que esperava nele. E entrou. Lá ele se surpreendeu.

    Esse era terceiro quarto que viu quando acordou do coma, ou melhor, o local que residia o terceiro teto. O quarto não trazia nenhuma familiaridade, além da memória de quando acordou pela terceira vez.

    O segundo teto era o da enfermagem, o terceiro era o do seu próprio quarto…

    Qual era o primeiro teto?

    Kizimu sentiu um grande desejo por conhecer sua casa por completo.

    — Amanhã eu vou pedir para Kim e Aisha me mostrar a casa! — Triunfou para si.

    …….

    …..

    — Droga, o que eu estou fazendo… — Uma melancolia ocorreu em peso.

    Suas emoções estavam quebradas, muito distantes e ficavam no ápice do momento, esse era A temperança. Os efeitos da carta de Tarotian continuavam em si. Kizimu passou pela poltrona bela — uma espécie de cadeira estranha —, e deitou-se na cama.

    — O que eu estou fazendo…?

    Desde que acordou, não teve um instante para pensar sozinho. Praticamente não ficou sozinho com seus próprios pensamentos, e agora, ficaria uma noite com ele próprio. Kizimu acordou em uma terça-feira aleatória, sem memórias.

    — Quem eu era? Será que eu estou conseguindo ser quem eu era?

    Mas nunca teria essa confirmação. A princípio, ninguém conhecia o Kizimu do passado. A única suspeita de conhecer, escondia se sabia ou não. Gostaria de saber mais sobre si. Gostaria de recuperar suas memórias. Mas…

    — Se eu recuperar minhas memórias… eu vou esquecer quem sou agora?

    Quem poderia saber do seu passado? Aisha? Minne?

    Kuzimu?

    — AAAARGH.

    Um corte na linha do tempo.

    Estava no penhasco. Sozinho.

    O que você fez?

    Sem resposta.

    Só por garantia, olhou para baixo no penhasco para saber se não jogou algum dos seus amigos, mas era escuro demais, ficou ansioso.

    — Porra Kuz- Porra, o que você é!? Droga. Eu não entendo mais nada.

    Kizimu pisou na grama molhada, deveria ter chovido. Olhou a paisagem escurecida do penhasco. Era belo, a lua iluminava a paisagem ofuscada pelo breu. Uma pintura gradativa refletiu a imagem de seu cavaleiro.

    “Essa é a espada de Cassian”

    Seu cavaleiro não conseguia sorrir pelas mágoas do passado, escondia-se atrás de um sorriso. Talvez, se eles resolverem o passado do garoto… talvez assim conseguiria ver seu verdadeiro sorriso. Kim estava sem sua espada, poderiam ir à sua terra natal e pedir uma espada nova. E se o fizesse reconciliar com todos? Talvez assim…

    Alcançou o sorriso de Pandora. Não conhecia o sorriso de Minne. Não poderia alcançar o sorriso de uma maldição que não sabia o que era sorriso. Tinha que passar da casca de Esme e Kim. Masha não tinha nenhuma mágoa e ela parecia ser a pessoa mais natural da casa. Não sabia onde estava Lins. Althea sorria naturalmente também. Aisha e Cassian pareciam resolvidos em seus traumas do passado…

    — Espera. Minne, eu, Mel, Pandora, Kim, Esme, Masha, Lins, Althea, Aisha, Cassian…

    Kizimu contou nos dedos cada residente e notou algo.

    — ESTÁ FALTANDO UM! – Gritou, e logo, logo, dormiria no próprio penhasco.

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