Capítulo 89: Natureza Secundária de Armamentização
“Foi mais fácil do que eu esperava.” comentou Virala enquanto inspecionava as esferas que havia coletado. Eram quatro no total, mas a quarta estava danificada. Era a esfera roxa que ele usou para extrair sangue do coração da Presa Empírea.
Virala examinou-a por um momento antes de esmagá-la. “Está danificada além de conserto. De qualquer forma, não vou precisar dela. Melhor me livrar disso.”
Natureza Secundária — Armamentização!
Essa era a habilidade característica da Ancestral Mamute, utilizada por ela para forjar um dos maiores Clãs de Sumatra. A Armamentização era uma habilidade esmagadoramente poderosa e só podia ser obtida pelos membros do Clã Mamute — seus descendentes.
Mas, para evitar que os indignos a adquirissem, a Ancestral Mamute dividiu sua herança em charadas e a criptografou ao extremo. Somente alguém com inteligência excepcional seria capaz de decifrá-la.
Infelizmente para ela, ela superestimou seus descendentes, pois nenhum deles conseguiu decifrá-la. Com o passar dos anos após seu desaparecimento, sua herança foi esquecida. Depois de milhares de anos, ela foi reduzida a um conto infantil contado aos alunos da Academia de Refinamento.
Sim, o livro mais comum, acessível a todos os membros do Clã Mamute, era, na verdade, a herança da Ancestral Mamute.
Nas Crônicas de Sumatra, frequentemente apareciam versos que faziam alusão aos mundos flutuantes no céu, visíveis em todo o Continente de Sumatra.
Às vezes, havia um mundo, outras vezes dois, e em algumas ocasiões até uma dúzia. Seus números variavam aleatoriamente, mas pelo menos um mundo flutuava no céu. E estava tão distante que não podia ser acessado, já que nenhuma entidade em seu mundo podia voar.
Virala conectou todos esses versos e concluiu que a Ancestral Mamute ainda estava viva. Ela estava em um desses mundos. E, antes de partir, ela deixara uma herança para trás.
Virala levou um mês para determinar que a herança estava no livro infantil. Depois disso, ele só precisou ativar sua técnica de cultivo enquanto lia o livro. Um mês depois, palavras começaram a pairar em sua mente, formando um quebra-cabeça.
Quatro meses depois, Virala terminou de montar o quebra-cabeça, obtendo a herança: a Natureza Secundária da Armamentização.
Virala tinha regras rígidas a seguir para que a Armamentização surtisse efeito. Portanto, não era fácil usá-la. Mas isso não era um problema para alguém como ele.
Dependendo da força do alvo, o número de regras aumentava. Uma vez que Virala satisfizesse todas as regras, ele podia usar a Armamentização no alvo.
Quando aplicada, o alvo não podia se mover, pois seu corpo seria comprimido e refinado em uma esfera do tamanho de um punho. Essa esfera era chamada de Arma da Natureza e continha a Natureza Primária do alvo.
Uma Natureza era a forma como uma entidade vivia. A Arte Óssea Mística permitia que o cultivador refinasse ossos como desejasse, enquanto digeria tudo o que seu estômago consumia. A Armamentização era uma combinação dos dois levados ao extremo.
Ela refinava o corpo do alvo em uma esfera portátil, preservando sua Natureza. Como resultado, a Arma da Natureza possuía em si a essência da Natureza Primária do alvo.
Um cultivador podia possuir três Naturezas no total. Primária, Secundária e Terciária eram apenas os nomes dados aos três espaços.
Por meio da Armamentização, Virala podia equipar e desequipar livremente essas Armas da Natureza em seus espaços vazios. E no dia em que obteve essa Natureza Secundária, Virala descobriu o que Ruvva estava planejando.
Afinal, a Vovó Oyo teve inspiração na Armamentização para criar a Habilidade Primária de Extorsão. Ao interrogar Inala, ela foi inspirada e conseguiu desbloquear algumas peças do quebra-cabeça do livro infantil.
Ela não sabia a verdade e, portanto, parou na criação da Habilidade Primária de Extorsão. Mas, se tivesse se concentrado em sua inspiração e pesquisado profundamente o livro infantil, talvez tivesse descoberto a herança.
Sempre que Ruvva ativava a Habilidade Primária de Extorsão, Virala podia sentir seus efeitos. Mas ele não a impediu. Afinal, ele queria que ela roubasse sua Natureza Primária de Gravidade Inercial Interna.
Quando roubada, isso liberava seu espaço de Natureza Primária, permitindo que Virala equipasse livremente uma segunda Arma da Natureza. Com dois espaços livres, ele podia mudar sua combinação de Naturezas — dependendo da situação — com maior variação.
Isso lhe dava mais liberdade para trabalhar. Por isso, ele esperou pacientemente que Ruvva agisse. Ele já havia satisfeito todas as regras necessárias para roubar as Naturezas Primárias de Ruvva e Luttrena.
Eventualmente, as coisas aconteceram conforme seu plano, exatamente como ele esperava.
A Armamentização tinha algumas limitações, porém. A primeira era que só podia ser usada em um indivíduo com uma Natureza. Ou seja, pessoas como Inala — que tinha três Naturezas — estavam fora de questão. Em segundo lugar, as Armas da Natureza possuíam apenas 75% do poder original.
Mas isso não diminuía o fato de que ele podia mudar livremente suas Naturezas por meio dela. Ele só precisava carregar uma bolsa de Armas da Natureza se manter imparável. Além disso, mesmo perdendo sua Natureza Primária, ele ainda era uma Presa Empírea.
Ou seja, ele tinha a vida útil e a Capacidade de Prana de uma Presa Empírea, permitindo que ele usasse quantas habilidades quisesse livremente.
Virala equipou duas Armas da Natureza e correu pelo canal, retornando furtivamente ao abrigo. Agora que ele havia alcançado o Estágio Corporal, seu objetivo era sobreviver ao Primeiro Grande Desastre. De tempos em tempos, ele atacava os Zingers, sempre à procura de um Rei Zinger.
Ele pretendia capturar um e roubar sua Natureza Primária.
‘A Bomba de Prana é uma habilidade muito útil. Ela me permitirá roubar Prana dos meus inimigos e reabastecer minhas reservas. Também reduzirá meus gastos com treinamento. E a Bomba de Prana de um Rei Zinger é a mais eficaz.’
Havia milhares de Zingers atacando apenas o abrigo, sobrecarregando os membros do Clã Mamute que se escondiam lá. Entre eles estava um Rei Zinger.
Ao notá-lo, Virala equipou as Naturezas de Bomba de Lama e Gravidade Inercial Interna, perfeitas para capturar um alvo. Mas no momento em que equipou a Gravidade Inercial Interna, ele parou e olhou para suas mãos, chocado ao vê-las tremendo sem parar.
“Isso é… medo?”
Após alguns segundos de reflexão, ele percebeu que esse era um medo que surgia naturalmente da natureza de uma Presa Empírea. E só existia uma entidade que podia fazê-los sentir isso:
“o Rei Javali…”
No momento em que chegou a essa conclusão, Virala saiu correndo do abrigo e absorveu as Bombas de Prana que atingiram ele, aumentando seu peso ao limite. Ele correu até a borda do assentamento e lançou uma Bola de Lama no estômago de um Zinger Batedor, aumentando seu peso até o trazer para dentro de seu alcance.
Virala pegou o cadáver de um Zinger próximo e refinou seu osso em uma corda que ele amarrou ao pescoço do Zinger Batedor antes de saltar do assentamento.
Enquanto o Zinger Batedor lutava para se libertar, ele subiu em suas costas e segurou-se com força, observando-o voar para longe da 43ª Presa Empírea. Logo, ele colidiu contra um penhasco, e Virala saltou, agarrando-se a uma raiz de árvore pendurada.
Ele escalou até o topo em seguida e se refugiou no ápice de um Baobá, tremendo ao sentir a presença do Rei Javali se aproximando. Ele observou a manada se afastar dele, testemunhando o colapso de Gannala.
Logo, ele ficou paralisado pelo medo, incapaz de se mover. Nem mesmo respirar era fácil para Virala.
“Merda! Ele é tão poderoso quanto as Crônicas de Sumatra diziam!”

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