Kenji acorda de seu pesadelo assustado, por conta do susto ele rapidamente se levanta, e percebe que seus olhos estavam marejados.

    — Eu chorei? — ele faz uma pergunta retórica para si mesmo.

    Antes que Isha o pudesse ver naquele estado, ele limpa suas lágrimas e permanece ali parado e confuso com o pesadelo que tivera.

    Após alguns minutos de reflexão Isha aparece, radiante como sempre, tirando Kenji de seu estado de monotonia.

    — Bom dia, Kenji. Dormiu bem?

    — Não exatamente..

    — O que houve? — Isha se posiciona em frente de Kenji e se abaixa fitando os olhos do rapaz.

    Como ele estava sentado e olhando para baixo, aquela foi a posição que ela encontrou para falar com ele olho no olho.

    — Só dormi de mal jeito, eu acho.. — ele responde sem jeito, com a mão na nuca.

    Ele não conseguiu contar a verdade. Não teve coragem.

    — Hum.. Tome café, talvez você se sinta melhor.

    Na mesa, um grande banquete tinha sido preparado para comerem. Dessa vez Isha tinha feito mais coisas que dá última vez, mas ainda continuava com várias opções naturais e saudáveis.

    Tinha várias opções de frutas, ovos, leite, pães de várias formas e tamanhos, cereais e o mel que não poderia faltar.

    Kenji sente o cheiro exalar no ambiente. Se levantando ele senta na mesa com Isha e começam a comer.

    — E então, vamos continuar tentando hoje?

    — Antes de você acordar dei uma saída por aí para ver o que poderíamos fazer, e algumas pessoas me disseram que usar a bússola não foi uma boa ideia.

    — Sério? O item de presente tem alguma influência? — perguntou Kenji degustando uma fatia de pão. — Nossa, isso aqui tá muito bom!

    — Fico feliz que tenha gostado! — Isha sorri. — Não tenho certeza mas talvez usar outra coisa pode ser útil.

    — O que você sugere?

    — Se conseguirmos chamar alguma criatura mais.. consciente, talvez dar algo muito simplório como uma bússola não seja tão bom. Então pensei em algo como algum item de batalha como alguma arma ou coisa do tipo.

    — E quem te contou isso?

    — Bom… Eu falei com uma amiga, e bem.. foi o que ela disse.

    — Amiga?

    Kenji vagamente lembra de seu primeiro encontro com Isha, em que ela conversava com uma outra fada similar a ela. Imaginando ser ela a tal “amiga” que a mesma se referia.

    — Vamos até ela quando terminar de comer. Aí você conhece ela e vemos qual a melhor opção.

    — Tudo bem então.

    Havendo terminado de comer, Kenji junto a Isha saem de casa e partem para o encontro da amiga da mesma.

    — Pra onde estamos indo exatamente? Onde sua amiga costuma ficar?

    — Estamos indo para uma forja aqui perto.

    “Forja? Não sabia que tinha uma forja por aqui.”

    — Desde quando as fadas ficam em forjas? — perguntou Kenji curioso.

    — Ah, sobre isso. Ela não é uma fada, eu não te contei? Você vai conhecer ela, só um instante.

    Chegando na forja, Isha adentra no local voando deixando Kenji para trás que permanece de pé observando a dimensão daquele local.

    A “forja” não tinha nenhuma placa que indicasse o que seria aquele local, como uma loja que anuncia que ali se faz um comércio. Do lado de fora, tinha algumas armas amostra, espadas de vários tamanhos, machados, até algumas picaretas.

    Ele observa ao redor e não fica tão impressionado, ele esperava ver a tal “amiga” de Isha para conseguir dizer o que achava daquilo tudo.

    No final das contas, Isha demorou mais do que o imaginado que foi tempo suficiente para Ajak também chegar na forja e se deparar com Kenji que ali ainda esperava. Eles se olham e se cumprimentam.

    — Kenji! Que surpresa te encontrar por aqui! — Ajak estende a mão.

    — Digo o mesmo. — Kenji retribui e ambos formalizam um aperto de mãos.

    — O que veio fazer aqui? Está esperando a Fhastine?

    — Fhastine? Eu não conheço.. eu vim aqui com a Isha pra conhecê-la eu acho.

    Ajak ri.

    — Isso explica tudo. Fhastine é uma ótima ferreira, qualquer arma ou item que precisar é só vir aqui. Só tenha muito cuidado, ela tem um pavio curto, quando você finalmente conhecê-la vai entender.

    “Uma ferreira de pavio curto, essa é nova.”

    — Você veio aqui porque precisa de uma arma então?

    — Bem… — Ajak coçou o queixo. — Normalmente eu uso duas adagas e uma delas se perdeu, eu ia pedir pra Fhastine me fazer mais um par de adagas pra ontem!

    — Ah sim, sua adaga, eu tinha me esquecido. — Kenji retira uma adaga de seu cinto. — Eu tinha ficado com ela da última vez, acabei não devolvendo.

    — Verdade! Obrigado por guardar ela pra mim. Mas pode ficar com ela talvez seja útil pra você.

    — Eu prefiro não usar ela, e além do mais não gosto ficar com as coisas dos outros se é que me entende. — Kenji estende a mão exibindo a adaga para que Ajak pudesse pegá-la.

    — Tudo bem então… Obrigado mais uma vez! — Ajak pega a adaga e se retira caminhando para o lado contrário.

    “Porque essa garota tá demorando tanto? Eu vou entrar!”

    Um pouco incomodado com a demora, Kenji entra no estabelecimento se deparando com várias mesas cheias de materiais espalhadas por todo o ambiente, martelos pendurados em algumas paredes de forma nada organizada, armas e peças de armaduras também espalhadas no chão.

    Era um completo caos ali dentro. Aquilo era como uma grande casa que tinha se tornado um depósito sujo e desajeitado de armas.

    Além de que para Kenji, o local tinha um cheiro muito forte que ele não conseguia identificar.

    Seus passos eram lentos, ele tentava captar o máximo daquele ambiente. Até ele ouvir um som de alguma coisa se quebrando ou partindo e foi correndo ver o que era num andar acima.

    — Isha!? — ele sobe as escadas correndo e entra no que seria o quarto.

    Entrando lá, ele vê uma criatura grande e musculosa, tinha pele verde e um rosto suíno com grandes caninos inferiores que lembram presas de javali.

    Ela tinha orelhas grandes e pontiagudas, seus olhos eram vermelhos e seu cabelo castanho que chegava próximo ao seu busto.

    Era uma orc.

    — O que tá acontecendo aqui?

    Kenji vê a orc o que seria dando um soco na parede e não vendo Isha naquele momento.

    — Ah! Um cliente. — disse a orc com a voz rouca.

    — Kenji! — diz Isha que não estava visível aos olhos de Kenji, ela tinha diminuído de tamanho ficando no que seria a forma “real” de uma fada.

    Ela volta para seu tamanho normal e se aproxima de Kenji.

    — Essa é a Fhastine, a amiga que te falei, e bem… ela é uma orc.

    — Esse é o tal Kenji? O garoto humano, pensei que fosse um cliente. — ela tosse e sua voz antes rouca fica normal. — Tá de boa Kenji? A Isha me falou muito sobre você.

    — Oi… — disse Kenji sem jeito. — O que foi todo aquele barulho? Eu pensei que tinha acontecido algo.

    — Foi só a tine um pouco… estressada. Ela teve uma noite difícil ontem e acabou descontando no quarto, que por sinal está uma bagunça.

    — Tine?

    — Olha Kenji, eu sei que nos conhecemos agora, mas você não tem essa intimidade para me chamar de Tine valeu?

    Isha ri.

    — É apenas um apelido carinhoso que eu dei pra ela.

    — Sem meu consentimento por sinal. Olha só, vão lá pra baixo que eu vou me trocar e já falo com vocês.

    Por Fhastine ser uma grande e forte orc, com apenas um empurrão ela consegue expulsar os dois para fora de seu quarto para ter mais privacidade ao se trocar.

    Jogando os dois para fora de seu quarto, a porta fecha abruptamente.

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Nota