O escritório estava vazio, com poucas pessoas trabalhando no momento. A maioria estava almoçando, mas eu não. Eu devo consertar um erro meu.

    Acreditava que minha atitude não tenha sido tão ruim assim, mas no meu ponto de vista agora, discordo de mim do passado. Que droga eu fiz…?

    Defender Yachi e salvar sua vida talvez tenha sido um erro, a índole daquele homem é podre. Na visão dos Inquisidores, meu erro não foi salvar Yachi, e sim que fiz isso sem permissão e fugi da minha função sem antes contatar um superior.

    Agora devo me retratar ao capitão da minha divisão: Takashi Oshiro. Dizem que ele é assustador… Estou com um pouco de medo.

    Após me perder por alguns instantes em meus devaneios, vi Yüjin se aproximar da minha mesa, com um sorriso otimista em seu rosto. Ainda bem.

    — Kenji, boa notícia. Eu vou poder ir com você até o capitão! Posso te ajudar a falar com ele. — disse Yüjin.

    Talvez isso me ajude… É bom! Se eles se conhecerem, melhor ainda. Vai ser uma grande ajuda.

    — Obrigado, senhor! — disse, um pouco mais empolgado.

    — É hoje à tarde. Se prepare, ok? — disse Yüjin.

    — Certo. Muito obrigado, senhor. — respondi.

    Isso vai ser bom. O senhor Yüjin pode ser de grande ajuda na minha conversa com o capitão Takashi. Obrigado mesmo.

    — Vai ficar tudo bem, Kenji! Com o líder do esquadrão ao seu lado, o capitão com certeza vai aceitar sua permanência na equipe e que você mude para o departamento de segurança. — disse Satoshi mentalmente.

    — Estou otimista, Sato. Vou conseguir. — respondi mentalmente.

    — Isso aí, essa é a mentalidade! — disse Satoshi.
    Me sinto otimista. Vai dar tudo certo…

    — Não. — disse Takashi Oshiro, o capitão da divisão.

    — Mas senhor… Eu fiz isso pelo bem da vítima, para salvá-la o mais rápido possível. — disse.

    Talvez eu seja mau-caráter por usar Yachi como desculpa. Eu o odeio, mas estou usando ele como vítima para me salvar. Mas isso não me torna como ele, sou melhor que isso.

    — Você descumpriu ordens, desviou sua função e não seguiu as regras. Isso é inaceitável. — prosseguiu Takashi.

    O capitão era um homem muito forte. Ele era alto, e eu precisava olhar para cima para ver seu rosto quando ele estava de pé. Era realmente assustador. Seus braços eram grandes troncos de árvores, marcados por cicatrizes de sua vida de batalhas. Sua barba e seus cabelos eram ruivos, mas possuíam muitas mechas grisalhas, o que deixava nítido sua experiência. Seu olhar era profundo como o mar e sua presença era fria.

    — Senhor… — disse Yüjin.

    — Diga. — disse o capitão, firmemente.

    O capitão estava em pé e com seus braços cruzados. Ele nos encarava de forma profunda e assustadora. Seus olhos dourados reluziam com a pouca luz do sol que entrava na sala pelas brechas nas cortinas escuras que cobriam as janelas.

    Diante de Takashi, eu me sentia fraco. Sua presença forte me amedrontava, mas ainda mais a possibilidade de perder meu emprego e os laços que estavam recém se construindo naquela equipe. Eu devia ter deixado Hanran cuidar de Yachi… Eu estraguei tudo.

    Yüjin olhava para baixo e esfregava suas mãos, nervoso. Era notável que ele estava formulando o que dizer para Takashi. Para me proteger. Ele se importava comigo. Isso me deixa feliz, mas me sinto culpado por colocar meu líder de esquadrão nessa situação.

    — Senhor, eu entendo seu posicionamento e sua opinião, porém discordo. — disse Yüjin.

    Takashi Oshiro ouvia atentamente a fala de Yüjin Yamamoto e ainda nos encarava seriamente. Ele também resmungava baixo as vezes. Tenho medo que ele não ouça Yüjin.

    — Kenji agiu de boa fé, com o objetivo de proteger os cidadãos, e esse é o nosso trabalho. Nós protegemos, e ele arriscou sua vida por isso… — prosseguiu Yüjin.

    Permaneci sentado. Observava a conversa dos dois atento, quieto, e torcia para que Yüjin conseguisse me ajudar a convencer Takashi.

    — Mesmo desobedecendo as regras, ele arriscou sua vida para proteger. Ele teve uma atitude nobre, honrosa. Acredito que Kenji seja totalmente capaz de ser transferido para o setor de segurança, pois ele tem as qualidades e é apto para isso. — disse Yüjin.

    — As regras foram feitas para serem seguidas, não quebradas. E Kenji foi selecionado para o setor de inteligência, pois era mais apto para isso, não no setor de segurança. — respondeu o capitão.

    Uma moça entrou na sala apressadamente, sem nos ver. A jovem se virou e quando nos percebeu, colocou a mão na boca em surpresa e então olhou para o capitão Takashi.

    — Me desculpe, senhor. Eu não sabia, mil perdões… — disse a mulher.

    — Está tudo bem Riko. Não se preocupe. — respondeu o capitão para a moça, enquanto acenou com a cabeça.

    A jovem caminhou pela sala até ao lado de Takashi. Ela se esticou e curvou para colocar uma pasta com alguns papéis em cima da mesa, e então saiu da sala.

    — Com licença… Obrigada.

    Takashi soltou os braços lentamente. Caminhou até Yüjin e ficou de frente para ele, o encarando de cima para baixo seriamente.

    Yüjin deu um pequeno passo para trás, olhou um pouco para cima para ver o rosto do capitão. Notei ele engolir seco e dar um leve sorriso nervoso.

    — Minha resposta é não. — disse Takashi firmemente, como uma dolorosa sentença.

    Minhas chances estão acabando. Eu não posso desistir aqui. Eu preciso permanecer aqui, preciso salvar minha mãe. Não vai acabar assim.

    — Senhor! — exclamei de forma firme.

    Me levantei da cadeira em que havia sentado e virei meu corpo para Takashi Oshiro, o capitão da divisão.

    Escondi o medo que sentia por trás de uma feição de seriedade. Respirei fundo, me concentrei e reorganizei os pensamentos. Então, uma ideia surgiu em minha mente.

    — Sato! — chamei Satoshi mentalmente.

    — Oi Kenji. Pode falar. — respondeu Satoshi.

    — Você vai precisar me ajudar. Vamos lutar… — falei.

    — Como assim? Com quem? — perguntou Satoshi, confuso.

    — Com ele… Vou propor um duelo. Vou me provar capaz, lutando contra ele. — respondi.

    — É muito perigoso Kenji. — alertou Satoshi.

    — Eu sei, mas preciso tentar. — respondi.

    Olhei profundamente nos olhos do capitão e então falei.

    — Lhe proponho um duelo. Quero que me teste e avalie com os próprios olhos que sou capaz de estar no setor de segurança. — falei firmemente.

    — O que? Como assim? Não é apenas disso que se trata… — disse Takashi.

    — Por favor! — exclamei.

    — Uh… Tudo bem garoto, você pediu. — respondeu Takashi.

    Yüjin se virou e me olhou, impressionado. Ergueu as sobrancelhas e me encarou por alguns segundos, surpreso.

    — Kenji, como assim? — disse Yüjin.

    — Eu devo tentar, senhor. — respondi.

    ——————

    Estávamos em uma sala espaçosa. Sua iluminação era decente, e provinham de luminárias acopladas ao teto e cobertas por grandes de metal. Suas paredes eram cinza-escuro e possuíam algumas rachaduras e marcas de desgaste.

    Takashi Oshiro, o imponente capitão da quarta divisão estava na minha frente. Ele permanecia com sua feição série de sempre, mas agora com os braços soltos. Seus pulsos estavam cerrados e as mangás de sua camisa subiam para expor seus antebraços marcados por cicatrizes.

    Que droga! Como vou provar minha capacidade pra esse cara? O parâmetro dele deve ser muito alto. Acho que no mínimo devo feri-lo, nem que seja um pouco…

    Me sentia impotente perante Takashi, e a sua altura e porte físico intensificavam ainda mais esse sentimento de fraqueza. Sua força era visível e sua aura esmagadora.

    — Vamos começar. — disse Takashi firmemente, como uma sentença.

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