Capítulo 20 – [Título Spoiler]

『 Tradutor: Hiroto 』

O fracasso é a mãe do crescimento!

As estatísticas de X, que vinham se alimentando de inúmeras tentativas frustradas, voltaram a disparar.

— Tsk tsk, ainda tá faltando algo…

— Tsk tsk, ainda tá faltando alguma coisa…

“O que raios tá faltando?”

Se fosse uma receita do Rei Gourmet, X saberia no instante em que comesse. Entretanto, nenhuma das receitas realmente o impressionava. Por mais incrível que fosse o sabor, sempre parecia que algo essencial estava ausente.

— …E se eu mergulhar no molho em vez de derramar por cima?

Era hora de abandonar a teimosia.

X sempre derramou o molho sobre a carne, como fazia com porco agridoce a vida inteira. Contudo, agora, deixou esse costume de lado. Até o momento, mesmo com o molho, os status só aumentavam — nada grandioso acontecia.

— Achei que não deveria ter pressa, mas…

Já fazia três dias que estava preso naquela caverna, suando para criar receitas.

Agora os temperos tinham acabado, e restava apenas um pedaço de carne de Urso das Cavernas. X olhou para os ingredientes restantes e caiu em reflexão.

“Será que fui apressado demais? Preciso usar a cabeça, não o corpo?”

Ele colocou os neurônios para funcionar. Como outros poderiam apreciar carne de Urso das Cavernas, com aquele cheiro forte e enjoativo? Não era uma pergunta fácil.

— Que temperos e em que quantidade eu deveria usar?

Alguns condimentos podiam transformar o sabor com uma simples pitada.

Porém, mesmo com especiarias, o cheiro persistia. Em certos casos, o gosto piorava.

“Queria que meu paladar fosse mais comum…”

Ele teve que admitir.

Por enquanto, o Paladar Celestial era um obstáculo.

Com esse dom, tudo parecia delicioso — e isso dificultava criar algo gostoso do ponto de vista dos outros. X fitou a carne de Urso das Cavernas.

— Como cozinhar algo que agrade os outros…

“…Espera.”

X franziu a testa.

Subitamente, pegou a carne e murmurou:

— …Por que caralhos eu tô tentando agradar os outros?

A receita era do Rei Gourmet.

Uma receita feita para conceder o poder de um Rei Gourmet.

Uma refeição feita conforme essa receita precisa, realmente, agradar aos outros?

X balançou a cabeça. Não podia afirmar com certeza — não tinha testado.

Todavia, o Rei Gourmet também possuía o Paladar Celestial. Com esse dom, ele certamente enfrentava o mesmo problema: agradar os outros era quase impossível.

Ele sorriu de leve.

— Fui completamente enganado pelo cheiro enjoativo.

O odor característico da carne de Urso das Cavernas era uma armadilha!

Parecia que a receita do Rei Gourmet só se completava ao dominar esse aroma… mas isso era um erro.

“Preciso fazer comida que só eu consiga saborear, sem me importar com o cheiro!”

Grumble!

X reacendeu o fogo. Agora que decidiu seu caminho, era hora de agir.

Pegou o último pedaço de carne e o espetou em um galho.

— Mesmo que eu erre, posso caçar outro.

Decidiu abandonar a pressa.

Aperfeiçoar a receita do Rei Gourmet valia mais do que correr contra o tempo.

X começou a grelhar a carne sobre a fogueira.

“Se não posso eliminar o cheiro… então vou intensificá-lo!”

Durante os três dias anteriores, fez de tudo para suprimir o aroma, falhando.

E no fracasso, encontrou uma verdade:

“O Paladar Celestial valorizava justamente o cheiro da carne de Urso das Cavernas!”

Aquilo não era apenas um mau odor. Tinha seu próprio sabor.

Lembrava-se bem: estava em busca de um sabor celestial oculto.

Graças ao consumo constante da carne, X encontrou o gosto escondido naquele aroma peculiar. E para realçá-lo, decidiu não usar condimentos.

“Vai feder, mas vou comer assim mesmo.”

Nada o impedia. Com o Paladar Celestial, podia ignorar cheiros ruins.

Decidido, começou a assar com extremo cuidado.

“A parte externa deve tostar levemente pra selar os sucos e o sabor… mas não posso deixar queimar de verdade.”

Um clima de tensão o envolveu. X observava as chamas com serenidade. Girava o espeto de acordo com as labaredas.

— Fuuu.

Douradamente crocante!

Colocou a carne assada no prato.

Era só esperar um pouco, e o calor interno terminaria o cozimento por completo.

Talvez fosse por todo o esforço que havia colocado… mas estava ficando com fome.

Sem dúvidas.

X engoliu em seco, observando a carne assada.

Cerca de 10 minutos depois, pegou o prato.

“Hora de comer?”

Cozinhar apenas para si, não para os outros!

X, salivando, deu uma mordida.

Seus olhos se arregalaram.

— !

Uma fantasia tomou conta da sua visão.

“Outro vislumbre?”

Aquela sensação familiar.

Como quando comeu um doce que continha o universo.

Seu segundo vislumbre desde então.

X olhou em volta. Procurava o Rei Gourmet.

E lá estava ele, em frente a uma fogueira. Dessa vez, no entanto, não estava sozinho.

— Assim não é descuido demais?

— Ora, só conseguimos grandes coisas com coragem.

— Wow, esse cheiro… o que você está assando?

“…Ele me parece familiar.”

X inclinou a cabeça, analisando o rosto do homem ao lado do Rei.

O Rei Gourmet era bem atlético, mas o homem ao lado era o dobro do tamanho. Algo naquela figura parecia familiar.

— Carne de urso. Tem um efeito tremendo.

— Tão forte, que até dá sono… mas não consigo comer. Que cheiro horrível é esse?

— Sniff… É mesmo tão ruim? Eu gosto!

Como esperado, o Rei estava grelhando carne de Urso das Cavernas.

Brincando, estendeu um espeto na direção do homem.

O homem se assustou e ergueu as mãos. X riu com a cena.

“Sim, pessoas normais se apavorariam com esse cheiro.”

Talvez fosse mesmo impossível tornar aquela carne algo comestível para outros.

Era um ingrediente exclusivo para quem tinha Paladar Celestial.

X sentiu uma estranha afinidade com o Rei.

— Tem certeza que não vai comer?

— Tô de boa. Aliás, você sabe que estamos cercados em pleno território inimigo, né? Tô perguntando porque você tá relaxado demais.

— Tsk tsk, claro que sei. Por isso mesmo tô comendo assim.

Alguém que sabia disso e ainda assim agia com calma?

X olhou ao redor após ouvir a palavra cercado.

Um exército gigantesco preenchia o solo como um manto negro!

O Rei Gourmet estava rodeado.

“E nenhum dos dois tá nervoso…”

Mesmo com palavras sérias, suas expressões eram confiantes. Como se escapar dali fosse uma questão de tempo.

X engoliu em seco.

“Mesmo sendo forte, romper esse cerco parece inviável…”

O exército era composto por diversas classes: corpo a corpo, atiradores, magos…

“Não vejo uma saída.”

Mesmo com o poder que abalava céus e terras, bastava um debuff bem colocado para ruir tudo.

— Tsk tsk, acabei comendo por dois.

— Confio que meu senhor pague a refeição!

— É claro!

Ainda assim, conversavam com tranquilidade.

Logo, o Rei Gourmet virou-se com seriedade:

— Kalsumar, não baixe o escudo nem por um segundo.

— Pode deixar. Não quero ser pego por acidente.

— Então me encontre vivo do outro lado.

“Aquele era o Kalsumar!”

O homem que parecia tão familiar!

Agora percebia — ele era idêntico a Kalon. Mesmo rosto, mesmo porte.

O bisavô de Kalon assentiu, sacou um escudo colossal e o ergueu até o queixo. Uma postura possível graças à Arte do Escudo de Kalsumar, que compensava a falta de ataque.

X observou o Rei Gourmet.

“Será mesmo que ele consegue escapar?”

Mas então, um grito ressoou como um trovão:

— Postura do Urso!

Quad deuk!

X não acreditava no que via. Assim que o Rei bradou, a colina onde estava começou a ruir.

Era o resultado da energia descomunal que fluía de seu corpo.

“Esse é o poder do Rei Gourmet!”

Uma energia imensurável explodiu do Rei. No sopé da colina, os soldados entraram em pânico e lançaram um ataque.

Todavia, era em vão.

— Magia demoníaca não tem efeito!

— As flechas flamejantes se dissipam sozinhas!

— Como um corpo humano consegue isso…?!

Atônito, o Rei ergueu o punho.

Bang!

Golpeou o chão.

CRRRRRR!

O solo subiu, rachando como num terremoto.

Com um soco, ele provocou um desastre natural.

O exército, antes ameaçador, foi varrido como formigas.

Nesse instante, uma sombra surgiu sobre X.

O solo elevado subiu ao céu e o atingiu.

Assistindo a essa cena absurda, X sussurrou:

— …Insano.

A escuridão veio.

Flash!

Ao abrir os olhos, estava de volta à caverna que já se sentia como lar.

O corpo de X tremia.

— Isso tem limite. Esse poder é contra as regras…

O Rei Gourmet era assustador.

Tudo o que fez foi usar uma habilidade chamada Postura do Urso e socar o chão.

E com isso, exterminou um exército!

Um som soou, cortando o devaneio de X.

Tirooo~ling!

— Postura do Urso…!

A habilidade usada pelo Rei na visão!

“Que efeito ela tem?”

Será que é possível mesmo usar aquele poder colossal?

A curiosidade superou a alegria.

X engoliu em seco e conferiu a habilidade:

— Força em dobro? Imunidade total?

Literalmente, um poder que destrói o próprio conceito de equilíbrio!

“O que estavam pensando quando criaram essa habilidade…?”

X ficou sem palavras por um tempo, boquiaberto diante de tamanha fraude.

Capítulo 20 – A Postura do Urso: Primeira Receita do Rei Gourmet