Ao serem empurrados para fora do quarto de Fhastine, Isha dá um leve sorriso e diz.

    — Ela é assim mesmo, não se preocupe. Vamos descer e esperar ela lá embaixo.

    Os dois descem as escadas e ficam esperando sentados cada um em uma cadeira.

    — Você pode me explicar o que tava acontecendo lá em cima? Eu perdi alguma coisa?

    — Sobre isso. — Isha põe o dedo no queixo como se forçasse a lembrar da cena em detalhes. — Bom… Fhastine não queria acordar porque bebeu bastante ontem, ela estava com dor de cabeça, eu falei com ela e insisti muito até ela levantar. Eu comecei a falar as coisas sobre o nosso plano e ela se estressou. Levantou, e deu um soco na parede, eu consegui me encolher para evitar o ataque, você subiu e chegou nessa parte. Isso é tudo.

    “Isso explica o que Ajak tinha dito. O pavio curto.”

    Kenji dá um sorriso de canto ao lembrar.

    — Ela é sempre assim explosiva? — diz Kenji rindo.

    — Bom, ela é uma orc, isso meio que justifica. Então desde que eu a conheço sim!

    — Como que você falou com ela antes se ela tava dormindo? — Kenji diz rindo.

    — Como ela costuma dizer. Eu sou muito chata quando converso com ela, então eu voei até aqui, acordei e expliquei um pouco da situação, ela disse: “Me deixa em paz, isso só vai funcionar com uma arma.” Voltei pra casa, e depois ela continuou dormindo por isso a demora.

    — Isso explica o estresse dela.

    Ambos riem.

    Com o passar da conversa, Fhastine desce as escadas, seus passos eram pesados e nada discretos, coisa que ela não fazia questão de parecer.

    Ela usava uma calça marrom simples ajustada no corpo, adornada por um cinto com um grande detalhe de uma caveira no centro.

    Usava uma blusa branca curta e desgastada, com cortes propositais e amarrações, revelando parte dos ombros e de sua barriga.

    Ela possuía alguns acessórios, como duas braçadeiras uma em cada braço e um colar. As braçadeiras eram feitas de couro reforçado. E o colar tinha um pingente vermelho, indicando ser algum símbolo tribal.

    Apesar de ser uma grande e bruta orc, ela tinha seu charme natural, seu cabelo era bem cuidado, e seus músculos chamavam bastante atenção de quem passasse.

    Ela desce e se encontra com os outros que estavam a sua espera.

    — Algum de vocês viu minha bolsa lateral? Acho que perdi ela.

    “Também, olha essa bagunça.”

    — Esquece, depois eu procuro. Isha me falou sobre o que vocês estavam fazendo e isso é simplesmente burrice! Primeiro, vocês não tem o mínimo de noção do que são essas criaturas, criaturas marinhas não são tão agradáveis como vocês acham. Segundo, uma bússola não vai funcionar, eles vão rejeitar o presente. Tem que ser algo mais interessante, como isso! — ao falar Fhastine caminhava em círculo uma mania da mesma, quando conclui sua fala, do chão ela pega uma espada revelando aquele item reluzente e mortal aos dois.

    Era uma espada simples, feita de ferro. A primeira impressão muito bem afiada, seu cabo era de madeira, ela era completamente lisa, sem nenhum detalhe extra.

    — Basicamente ela sugere que o item a ser presenteado seja uma arma, como essa espada ou qualquer espada. — diz Isha olhando para Kenji com um sorriso sem graça.

    — Quem garante que por ser uma espada, vai funcionar mais rápido?

    — Eu garanto! — Fhastine aponta para si mesma com orgulho. — E por sinal, eu irei com vocês, tenho certeza que estão fazendo errado e não só isso se alguma ameaça aparecer, deixa que eu dou conta!

    — Isso é ótimo! — as asas de Isha começam a bater devido a sua empolgação e ela começa a voar de forma inconsciente. — Então vamos nos apressar, quanto mais rápido a gente for mais rápido terminamos.

    — Então se apressem gracinhas! — disse Fhastine indo em direção a porta de casa, deixando os dois para trás, esperando a deixa deles para a seguirem.

    — Tem certeza que isso irá funcionar? — Kenji pergunta diretamente para Isha.

    — Se não funcionar tentemos de novo, e se mesmo assim nada der certo, aprenderemos muito com isso.

    Ela continuava empolgada, mesmo com as falhas anteriores nada parecia abalar ela naquele momento.

    O trio segue para o local de antes, atraindo olhares curiosos por conta daquele grupo improvável, e não só isso, a presença de Fhastine e seus músculos fazem com que todos se voltassem para ela, consequentemente para o grupo também.

    “Isso é mais constrangedor do que quando eu cheguei na vila.”

    Por menor que a vila fosse, sempre tinha gente fazendo alguma coisa, trabalhando ou andando por aí, então era muito fácil chamar atenção caso algo fora do comum aparecesse.

    — Eu não costumo sair de casa, e além do mais eu sou a única orc por aqui. — Fhastine diz mais uma vez de certa forma orgulhosa.

    — A única? Porque exatamente? — perguntou Kenji.

    — Os orcs que me criaram já não estão mais vivos, então não tive tanto contato com outros orcs. Depois de várias guerras acabei chegando aqui por acaso. Isha não foi atrás de nenhum orc para as famosas “negociações” então só tem eu por aqui.

    — Orcs costumam ser bem estressados, não creio que chamar toda uma comunidade de orc seja útil para o que estamos tentando criar aqui. — disse Isha.

    — Nesse ponto eu concordo com você. Não me importo de ser a única, tenho vivido muito bem assim.

    Depois de muito caminhar, chegam ao local com o pequeno lago.

    Isha já vai se adiantando e preparando tudo, porém não encontra o galho para fazer o desenho.

    — Que estranho, eu jurava que deixei aquele galho por aqui.

    — Você pode ter se esquecido onde deixou, como eu costumo esquecer das coisas. Haha — Fhastine diz rindo.

    — Não é possível! Eu e Fhastine vamos procurar por aqui. Kenji, você pode procurar o galho pro lado de lá, por favor?

    — Sem problemas. — respondeu Kenji.

    Kenji se afasta um pouco delas à procura do tal galho. Depois que ele para pra pensar, começa a perceber o porquê daquela procura de um simples galho.

    Imaginou que o galho poderia ser mágico, ou ter algum encantamento nele, por isso todo o conceito do tal ritual ser algo mágico.

    “Sério mesmo que eu estou procurando só um galho? Qualquer um que eu encontrar vai servir, não acho que tenha nada de especial nele.”

    Kenji procura pelo chão e atrás de arbustos e estranhamente não encontra nenhum galho. Ele para, coça a cabeça e vê o porquê da procura de Isha, simplesmente não tinha nada lá, nada que pudesse ser usado para fazer o desenho no chão.

    Andando um pouco mais distante entre os arbustos, ele finalmente encontra um galho, um galho completamente liso, sem nenhuma deformidade ou ponta extra.

    Um galho com um pequeno brilho em sua ponta. O galho estava na frente de uma pequena estátua de uma raposa.

    A estátua era do tamanho de uma raposa comum, as pedras da mesma, eram de certa forma brilhantes e bem polidas. Havia rachaduras entre as partes, e algumas flutuam levemente ao seu redor.

    Sua cauda era grande e espessa, toda coberta por musgo, nas pontas de suas orelhas e em sua cabeça também continham uma parte de musgo.

    Sua expressão era calma e a estátua estava, o que seria sentada, olhando para frente. E em seus pés ali estava o galho.

    Kenji olha para aquilo, com demasiada surpresa. Ele lentamente se abaixa fixa a estátua admirando a beleza da mesma. Mas a estranheza daquela imensa coincidência faz com que ele rapidamente pegue o galho e se levante ainda encarando a estátua.

    Quando ele olha para trás, vê Isha vindo em sua direção, ela estava a sua procura.

    — Kenji! Que bom que te encontrei! Já achou o galho?

    — Sim. Foi mais difícil do que pensei. — Kenji fala mostrando o galho em sua mão, que não brilhava mais, era só um galho comum para Isha.

    — Ótimo! Vamos voltar e fazer certo dessa vez. — Isha fala pegando o galho e se adianta na frente.

    Kenji começa a andar, seguindo Isha. Mas rapidamente olha para trás onde estaria aquela estátua e não a encontra.

    “Estranho.”

    Aquilo deixa ele confuso, mas por não ter tempo para voltar e analisar com calma ele segue e volta com Isha para o lago.

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