Capítulo 37 - Vila Crim|Parte 12
Dargan avançou um passo à frente de seu senhor, ergueu a lança e a apontou contra o Rei Dollak, o convidando para um duelo. O monstro respondeu com um rugido gutural e, em seguida, seu corpo descomunal se lançou para frente numa explosão de velocidade que parecia impossível para algo tão colossal.
A brisa vibrou com o deslocamento.
No instante seguinte, veio o choque brutal entre aço e carne. As garras do rei desceram como relâmpagos, encontrando a lança que Dargan brandia com ambas as mãos. O impacto foi tão violento que o solo tremeu; rachaduras se espalharam pelo chão, e os pés do esqueleto afundaram até os tornozelos na terra.
Faíscas saltavam no ar, iluminando por um breve momento os olhos incandescentes do Dollak e o semblante solene de Dargan. Cada músculo, cada tendão da criatura ossuda estalava em esforço, enquanto a pressão monstruosa do rei o empurrava para trás, ameaçando despedaçá-lo a qualquer instante.
Facilmente, o Dollak chutou o abdômen do esqueleto, o arrastando alguns metros. O esqueleto balançou a lança, e o monstro avançou rapidamente; A troca de golpes era insana. O dollak lutava ferozmente, como um animal, seus socos abriam buracos no chão e destruia casas inteiras. Dargan desviava e contra-atacava, mas sua lança não conseguia penetrar a espessa pele do monstro.
Seu corpo suportava os impactos brutais das garras e dos socos da criatura. Embora não sangrasse, o desgaste do seu corpo morto-vivo era evidente, partes de seus ossos começavam a se desfazer em fumaça. Dargan, percebendo que os danos poderiam destruí-lo, recuou por um instante, mantendo distância para tentar controlar o ritmo do confronto.
Com precisão, desferiu uma estocada em linha reta, mirando o ponto mais vulnerável que conseguia identificar na criatura. O monstro, sagaz como uma serpente, desviou em movimentos fluidos e contra-atacou usando as garras. Dargan não se intimidou; manteve-se atento e continuou desferindo uma série de estocadas rápidas.
Mas o dollak esquivava de todas, sua agilidade era surpreendente para uma criatura de seu porte. Aproveitando a proximidade, o rei desferiu uma série de socos, atingindo o rosto e o torso do esqueleto. Por um momento, Dargan pensou que a ausência de dor fosse uma vantagem de seu corpo morto-vivo.
No entanto, sabia que precisava ser mais esperto e agressivo ou séria destruído. Rapidamente, ele começou a identificar o padrão dos ataques do monstro, antecipando os movimentos de forma mais rápida, dessa maneira, ele começou a se defender da maioria dos golpes do rei.
Foi então que, com um grito de espírito, Dargan reuniu sua força em um golpe horizontal poderoso, atingindo o peito do rei. O impacto fez o monstro voar pelos ares, voando cerca de trinta metros antes de despencar sobre uma casa próxima.
Nessa hora, Dargan, virou-se para Jaro e perguntou: — Lorde, conseguiu entender como ele luta?
O rapaz se aproximou, limpando o sangue da testa, ficando lado a lado com Dargan.
— Acho que um pouco… mas você leveu uma surra.
— Hoho, você também não está nada bem, senhor — provocou Dargan, com um leve sorriso.
— Hah, é verdade… — Jaro respondeu, dando um soco no braço do companheiro.
Aos poucos, a fumaça que se desprendia de Dargan começou a se dissipar, enquanto seu corpo se regenerava, emitindo uma luz branca e pulsante.
— Está na hora de acabarmos com isso — comentou o jovem.
— É…
⧖⧗
As esposas e filhas do ancião choravam abraçadas, inconsoláveis e suas lágrimas se misturavam em soluços. O povo escutava o choro em um silêncio tenso, até que o chão começou a tremer com o som de passos pesados.
Primeiro um, depois dois, em seguida uma legião de passos se aproximava.
— Eles chegaram! Se prepararem! — declarou Maelor, um dos vassalos de Jaro.
De todas as direções, pequenos humanoides de pele cinzenta surgiam, surgiam das sombras ocupando o topo de casas e rodeavam o círculo de humanos. Os esqueletos nas extremidades do círculo empunhavam suas armas, prontos para a batalha.
— Não saíam do círculo! — Maelor proclamava, enquanto os humanos se encolhiam em posição defensiva. Alguns murmuravam orações, e mães tentavam acalmar os filhos pequenos que choravam desesperados.
— Hieeek!
Um dollak rugiu, e a tensão explodiu, os monstros se lançaram contra o círculo em uma investida selvagem, atacando de todas as direções. Em pouco segundos, o confroto cobrou sua primeira vítima, um jovem ferreiro.
No instante em que um dos dollaks se aproximou, ele tentou atacá-lo, mas a criatura foi mais rápida, rasgando suas costelas com um golpe cortante e começou a devorá-lo ali mesmo, diante dos olhos aterrorizados dos demais.
— Eirik! — gritou sua irmã, correndo para tentar ajudar. Mas antes que pudesse chegar perto, um segundo dollak saltou sobre ela e mordeu sua cabeça, arrancando metade de seu crânio, e a derrubou violentamente no solo para devorá-la.
Mais ao norte, um camponês empunhava uma foice. Com movimentos rápidos, ele cortou a perna de um dollak que rumava, o fazendo urrar de dor. Mas antes que pudesse comemorar, outro dollak saltou sobre ele, mordendo seu braço e arrancando-o.
Em poucos segundos, a criatura devorou o braço do camponês, e o homem gritava desesperadamente, à medida que mais dollaks surgiam e pulavam sobre ele, comendo seu corpo por completo.
Do outro lado, Thervan, um dos vassalos de Jaro, estava no flanco leste. Alguns dollaks vinham em disparada, ele cravou os pés no chão, ergueu o escudo e manteve a espada baixa.
O primeiro chegou, tentando cortá-lo com suas garras. Thervan girou o corpo, acertando o monstro com a borda do escudo, a colisão o arremessou ao chão. Antes que pudesse se levantar, a lâmina do esqueleto atravessou seu crânio até o solo.
Os outros avançaram em conjunto. O vassalo perfurou o rosto de um que tentou mordê-lo. Pela direita, outro investiu, tentando cortá-lo, mas ele contra-atacou, decepando os braços do inimigo antes de atravessar seu pescoço. Logo atrás, um trio tentou cercá-lo, mas um único corte horizontal do esqueleto os matou sem piedade.
— É só isso? — zombou, lançando o olhar sobre os milhares de dollaks que ainda avançavam.
Isgald, outro vassalo do jovem, encontrava-se no centro, cercado por vários monstros que fechavam o cerco.
— Venham todos juntos — disse, batendo a borda do escudo contra a lâmina da espada para provocá-los.
O primeiro atacou pela frente, e Isgald se abaixou, usando o escudo como aríete. O dollak que veio ao encontro dele bateu o rosto no metal e caiu no chão; o esqueleto, sem hesitar, perfurou seu peito. Sem perder tempo, girou e desferiu um golpe horizontal, cortando 4 inimigos de uma só vez abrindo-os ao meio.
Depois, três avançaram simultaneamente. Isgald bloqueou com o escudo, forçando-os a se amontoarem, e então desceu a lâmina em um arco que partiu o crânio do da frente. Antes que o corpo caísse, ele o chutou para trás, derrubando os outros dois.
Um deles tentou se levantar, mas recebeu uma estocada que atravessou sua boca e saiu pela nuca. O outro, que tentou fugir, foi golpeado nas costas por um machado, desferido por Joanan, que estava completamente exausto e muito sangue escorria por sua pele e roupas
— Fez bem — comentou Isgald.
— O-obrigado — respondeu Joanan, nervoso.
Todos os esqueletos abatiam dúzias de dollaks; em contrapartida, eram necessários três humanos para matar um único dollak, enquanto apenas um dollak conseguia eliminar três humanos.
Os vassalos de Jaro começavam a sentir-se pressionados; já não conseguiam se defender de todos os ataques. Se Jaro não retornasse logo, junto de Dargan, os humanos iriam se tornar o jantar dos dollaks.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.