Capítulo 433: Conquista [2]
“Haaa.”
Esfreguei o rosto.
Elas só estiveram com a Theresa por dois dias. Mas quanto a mimaram nesses dois dias? Para ela ficar encarando o teto a manhã toda até agora… Fiquei chocado e impressionado.
‘Bem, pelo menos agora ela tem um objetivo para trabalhar.’
Pensando no rosto dela que parecia ter finalmente encontrado esperança novamente, balancei a cabeça.
Elas realmente eram… uma má influência para ela.
“Agora então…”
Mais uma vez direcionei minha atenção para a pilha de livros e anotações na minha frente. Ver tudo o que tinha para recuperar fez meu estômago revirar.
Havia pelo menos mais de uma dúzia de trabalhos diferentes para completar e vários livros que precisava ler.
Levaria pelo menos alguns dias de foco total para me atualizar completamente.
Ainda assim, não tinha escolha a não ser aprender tudo.
Se não quisesse que minhas notas caíssem, esta era minha única opção. Além disso, tudo isso era importante.
‘Mais, meu progresso nos aspectos físico e de Domínio também está indo bem. Posso dedicar algum tempo estudando.’
Na verdade, preferia que fosse assim.
Servia como uma pausa agradável por uma vez.
Ou assim pensei…
Drr!
Uma vibração súbita me tirou do estado de foco. Direcionando minha atenção para minha calça e tirando um dispositivo de comunicação, pausei ao ver a mensagem nele.
“….”
Por fim, com um longo suspiro, levantei da cadeira e saí.
‘É tão difícil assim eu ter um tempo para estudar?’
***
Estrondo!
“Eu desisto!”
Papéis voaram pelo ar enquanto alguém gritava.
“Não aguento mais. A quantidade de trabalho que estou fazendo é simplesmente desumana. Você disse antes que tinha outro assistente. Onde está ele? Por que não está aqui? Não consigo mais. Mal tenho mais que três horas de sono por dia.”
“…..”
Do outro lado dos gritos estava Delilah, que assinou outro papel.
Esse era o terceiro? O quarto colapso que sua assistente teve até agora? Era normal.
Ela xingaria ela antes de pegar os papéis e voltar ao trabalho.
Era assim que normalmente ia.
Porém…
“Chega! Adeus!”
Clank—
Isso já não parecia um colapso comum dela. Ela realmente desistiu na hora. Isso é um pouco problemático… Delilah pensou enquanto encarava as pilhas de papéis em sua mesa.
Calculou mentalmente quanto tempo levaria para completar tudo e sua expressão mudou.
Muito tempo.
Felizmente, estava preparada.
To Tok—
Quando uma assistente saiu, outra entrou.
“Estou aqui.”
Julien entrou na sala.
Mas assim que o fez, sua expressão mudou sutilmente. Então, direcionando sua atenção para ela, seus olhos tremeram.
“Você, não me diga que…”
“Sim.”
Delilah empurrou os papéis para frente.
“Preciso de ajuda.”
“…Ah.”
Os joelhos de Julien tremeram. Parecia que iam desistir dele. O rosto de Delilah relaxou ao ver tal cena.
‘É ele.’
A sensação estranha que uma vez sentiu dele não estava mais presente.
Sua expressão não mudou, mas ficou mais relaxada.
E assim, após resistir um pouco, Julien finalmente sentou do outro lado da mesa e começou a ajudá-la com a papelada. Ele não precisava necessariamente preencher os papéis, mas agora já tinha praticamente memorizado a assinatura dela e só assinava as coisas que Delilah deveria.
Rabisca~ Rabisca~
No quarto silencioso, o único som era o arranhar suave de suas canetas deslizando sobre as muitas folhas de papel à frente.
A atmosfera parecia harmoniosa a princípio, mas…
Rosna—
Tudo se quebrou com um rosnado sutil mas penetrante.
O corpo de Delilah congelou enquanto a cabeça de Julien permaneceu fixa nos papéis. Era como se não tivesse ouvido o som.
Vira!
Instintivamente, sua cabeça virou para o lado.
Mas…
Rosna—
Seu estômago a traiu novamente.
“….”
“….”
Nenhum dos dois falou por um tempo até Delilah ouvir o farfalhar de um embrulho sendo aberto. Quando virou, viu Julien lhe entregar uma barra de chocolate familiar.
O tempo todo, sua atenção estava nos papéis.
Era como se tivesse agido por instinto.
Rabisca~
Com uma mão segurando o chocolate para ela, usou a outra para preencher os papéis.
Sua atenção estava totalmente nos papéis.
“….?”
Delilah piscou os grandes olhos antes de olhar para os lados. Então, puxando seu longo cabelo negro atrás da orelha, inclinou-se para frente e mordeu o chocolate.
Tão bom~
Os olhos de Delilah se contorceram de prazer.
O sabor. Não conseguia viver sem.
Mais.
Clank!
Inclinando-se novamente, deu outra mordida.
E mais uma, e então…
‘Hm?’
Finalmente saindo do foco, Julien levantou a cabeça.
“….!”
Imediatamente, seu corpo congelou diante da visão. Encarando os lábios corais que mordiam o chocolate em sua mão, seus olhos tremeram.
De repente, sentiu a boca secar.
O que diabos…
Sem perceber, lambeu os lábios.
Seu rosto estava a centímetros do dele, e embora já estivesse acostumado com sua aparência, agora tão perto, seus olhos grudaram no rosto dela.
Começou a notar coisas que não havia antes.
Do comprimento dos cílios à suavidade impecável da pele, a profundidade dos olhos escuros e a cor suave dos lábios.
“….?”
Como se notando seu olhar, Delilah olhou para cima.
Dando outra mordida, piscou os grandes olhos enquanto a ponta da língua lambia os lábios.
Foi quando algo dentro de Julien despertou e ele também se inclinou.
Com um lenço, limpou o canto de sua boca.
“Tem algo aqui.”
O rosto de Delilah não mudou.
Ela apenas aceitou.
“Aqui também.”
E ele continuou até perceber o que fazia. Era algo comum nele desde jovem.
“…Ah.”
Quando percebeu, a atenção de Delilah estava totalmente nele. Seus olhos negros o encaravam profundamente enquanto ele lutava para achar as palavras.
Por fim, quando ia se explicar, Delilah abriu a boca, seu rosto incomumente sério.
“Desenvolveu outro Conceito?”
A atmosfera congelou.
***
“O que é isso…?”
Kiera olhou o papel que Theresa lhe entregou. Uma permissão da Theresa? Que tipo de coisa seria isso? Pensou, mas rapidamente dispensou com a mão.
“Não tenho tempo. Irrite outra pessoa com suas bob—”
“Liberdade.”
“…O quê?”
Kiera olhou para Theresa.
Theresa a encarava com extrema seriedade. Entrando no quarto, foi até a mesa mais próxima.
“Ei, o quê!?”
Suas ações deixaram Kiera perplexa.
Não que Theresa se importasse, batendo o papel na mesa e apontando.
“Isso. Liberdade.”
Seu tom agressivo lembrava Kiera dos delegados das casas nobres que iam à sua casa fazer negócios.
Eles eram sérios e agressivos.
“Assistir seu show é liberdade?”
Aceno. Aceno.
“Direito humano.”
Kiera esfregou as têmporas, sentindo uma dor de cabeça.
Mas então, pensou em algo e um sorriso surgiu.
“…E todos humanos merecem liberdade?”
“Sim.”
“Mas e se o humano fez algo ruim? Como matar todos que conhecia?”
“…!”
“…E se o criminoso quebrou seu aparelho?”
“…!”
“Ainda acha que merece liberdade?”
A expressão de Theresa se desfez.
Quebrar seu aparelho?
“Tal malfeitor precisa ser derrotado a todo cust…!”
Theresa se controlou a tempo. Seus olhos se arregalaram.
Ah!
Quase escorregou.
Theresa apertou os olhos e encarou a oponente.
Que decepção terrível.
“Mas que porra…”
Kiera estava tão surpresa que nem notou que xingou. Não que se importasse, já que xingava como respirava.
Theresa olhou em seus olhos e empurrou o papel.
“Agora. Assine.”
“Eu… Não ouviu o que— de quem foi essa ideia?”
“Papai falso.”
“Aquele desgraçado…? Ah, certo. Quero dizer, aquele cara?”
Dessa vez, Kiera notou, mas tarde demais para se corrigir. Ainda tentou, mas Theresa já ouvira.
“Desgraçado?”
“Deixa pra lá. Se foi ele, tudo faz sentido. Só ele faria algo assim. E pensei que tínhamos concordado… Espera.”
Kiera pegou o papel, e seu rosto desmoronou.
“Evelyn assinou…?”
“Sim.”
“Mas que… Haa…”
Kiera olhou para Theresa.
“Não me diga que fingiu chorar para ela assinar?”
“…!”
Que percepção incrível!
“Então realmente fez isso…”
Theresa olhou para longe e chutou o chão.
“A resposta é não.”
“…!”
“Volte. Tenho coisas para fazer.”
“Sniff…?”
“Isso não funciona comigo. Sabe bem que adoro ver crianças chorarem.”
“…?”
“Opa.”
Talvez percebendo o lapso, Kiera cobriu a boca.
“Isso saiu errado…”
Ou será?
Por sorte, Theresa estava distraída demais para notar.
Como a habilidade ‘ganhar simpatia com lágrimas’ falhou, mudou de tática.
Felizmente, viera preparada. Não ficara ociosa nos últimos dias.
Theresa cerrou os punhos.
Honestamente, hesitava. Guardara essa arma por um tempo, para a ocasião certa. Mas pensando, percebeu. Não havia ocasião melhor.
E assim.
“Vem.”
Cutucou Kiera com seus bracinhos.
“O que…? Ainda não desistiu?”
“Vem.”
Cutucou novamente.
“Tá bom, o que é.”
Por fim, Kiera cedeu e se aproximou. Theresa sussurrou algo em seu ouvido, e logo Kiera sorriu.
“Está falando sério? Realmente fará isso? Realmente dará um tapa naquela vad— ela?”
“…Sim.”
“Deveria ter dito antes.”
Arrancando o papel, assinou rapidamente.
“Kakakaka.”
E riu como uma bruxa.
Theresa pegou o papel de volta.
“…”
Seus lábios se curvaram em um sorriso vago ao ver a segunda assinatura. Logo rompeu em risadas.
“Kakaka.”
E assim.
No quarto silencioso de Kiera.
Uma adulta e uma criança riam, suas vozes ecoando como uma bruxa demente.
“Kakakakakaka.”
“Kukukukuk.”
A segunda Rainha Demônio havia sido conquistada.
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